Dcaa escrita por NMCMsama


Capítulo 12
Banheiros e Espelhos - Parte VII


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora povo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/663324/chapter/12

Vocês devem entender que ao se ver confrontado por uma criatura sobrenatural o melhor que deves fazer é se manter calmo e agir com uma frieza calculista. Ou seja, o oposto do que eu fiz...

— Ai meu santo Hades! Você é mais feia que os outros! – ousei exclamar, para minha defesa devo enfatizar que não estava falando nenhuma mentira.

A senhorita Schwarzenegger dirigiu sua mirada demoníaca para mim, notei os músculos do seu peitoral balançarem como... Sei lá!.. Tivessem vida própria?! Nem sabia que se podia mover os músculos do seu peito dessa forma, eu mesmo não conseguia em vida, muito menos na morte.

— Querido, isso não é nada educado de se dizer para uma dama. – ela tinha unhas vermelhas perigosamente longas e afiadas e agora apontavam para mim ou melhor para a garota humano que estava totalmente paralisada com a visão logo atrás de nós.

— Agora se me derem licença, tenho hora marcada com o cabelereiro e preciso da alma dessa menininha. Odeio me atrasar, Francisco faz um trabalho absolutamente magnifico em minhas mechas, sei que a descrição do trabalho diz “loira do banheiro”, mas agora eu quero ser ruiva... Menos chiche, não acham ? “ Ruiva do banheiro”! Parece mais estiloso!

Não pude opinar muito quanto esse quesito, já estava achando a loira bastante assustadora, não acredito que a mudança na tonalidade do cabelo iria fazer alguma diferença no quesito: pavor.

— Roubar almas de humanos é ilegal. – Noir disse de forma simples e incisiva. Chamas negras começaram a se manifestar em seu entorno.

— M-minha alma? – a garota gaguejou, ela ainda não desmaiou? Bem, deve ter uma resistência maior do que imaginei.

— Não se preocupe, ela não vai ter a sua alma. – tentei tranquiliza-la.

— Você é um filho de Hades? – a “loira” do banheiro falou com desdém – Meus companheiros de trabalho andaram reclamando de sua espécie. Sabe que um dos meus amigos perdeu um braço? Você sabe que nosso plano de saúde não cobra perda de membros?

— Esse caso especifico foi culpa do meu irmão Dante. Porém não pretendo pedir desculpas pelo o ocorrido. Como disse antes e volto a repetir, o trabalho de vocês é ilegal, todos os demônios em sua organização devem retornar ao submundo para serem julgados por seus crimes contra o equilíbrio entre o mundo dos vivos e mortos.

Nesses momentos fico orgulhoso de Noir, sempre tão profissional...

— Dane-se o submundo! Lá não tem manicures boas e tão pouco um bom cabelereiro! Acha que irei mesmo para um lugar tão deplorável?

— Ei! – agora me senti ofendido – O submundo não é tão ruim assim!

— Lógico que um cachorrinho de Hades falaria algo assim. – mais uma vez ela emitiu um sorriso de desprezo. Rangi os dentes. O submundo me ofereceu muita mais coisa do que tive em minha vida humana... Amigos fiéis, um trabalho fixo e uma família. O submundo agora era o meu lar! Não iria admitir que uma dama bombada desconsidere o lugar onde vivo!

— Já chega. – Noir estava irritado, dava para perceber pois seus olhos escuras ficaram ainda mais escuros. Parece algo idiota de se dizer, mas conforme você convive com um filho de Hades praticamente 24 horas por cada dia da semana (bem que o tempo no submundo passa mais lentamente então é meio difícil estipula-lo) você aprende algumas coisas, como por exemplo, a cor da íris do 13° filho de Hades é de um negro semelhante a uma noite sem estrelas, porém agora essa coloração ainda mais obscura, como o própria vazio...

— Eu não sou uma simples funcionária, sabia? – se gabou a demônio– Vocês estão olhando para a funcionário do mês! Na verdade eu ganhei essa indicação por 6 meses seguidos!

— Oh! – fingi surpresa  – Parabéns.

— Obrigada, fofinho. – ela piscou para mim, senti um calafrio percorrendo minha espinha... Não preciso de outro admirador, já basta o Bob!

— Mas o que queria dizer que ao contrário dos meus colegas, não irei fugir e sim eliminar o problema.

Noir soltou uma espécie de riso incrédulo, o que não é próprio de sua personalidade... Na verdade, estou começando a me preocupar pois mais daquelas chamas negras estão se manifestando ao seu redor, Hades tinha me avisado quanto a necessidade de conter o poder de sua prole principalmente aqueles que não atingiram a maioridade, como é o caso de Dante e Noir. Agora o porquê disso? Eu não saberia responder...

— Acha que você pode lutar contra um príncipe do submundo? – ao falar isso uma esfera se formou em sua mão e foi lançada sob a loira do banheiro. Essa foi lançada para trás e colidiu com o largo espelho que cobria metade da parede, oposto a área dos sanitários, logo acima das pias. O espelho se partiu em uma chuva de cacos.

—  Noir! –  exclamei  –  Esqueceu que não deve usar o seu pod...

— Quieto, Eric, essa luta é minha. –  disse simplesmente retirando a parte de cima do seu terno e me entregando como eu fosse uma espécie de mordomo. Quase joguei a roupa na cara dele se não tivesse que preocupar com a humana que acabara de desmaiar a qual tive que amparar também, pelo visto meu papel além de ser consultor dos ceifadores era ser “cabide”.

— Isso nem doeu. – rosnou a demônio, seu corpo (já bastante musculoso) se contraiu, seus músculos vibravam e para minha surpresa observei quando seus braços cresceram, suas costas se curvarem e suas pernas diminuírem. Era como fosse o resultado do cruzamento de um gorila com Arnold Schwarzenegger... Era uma versão bombada do Donkey Kong... Um demônio capaz de ficar mudando de forma dessa forma só poderia ser indicação de alta força sobrenatural. Temi que Noir não pudesse contê-lo.

— Deveríamos chamar reforço... – pensei imediatamente em Otto e Bill, mas antes que eu pudesse fazer alguma coisa meu chefe se virou para mim, uma fumaça negra saia de suas narinas, nada charmoso, devo enfatizar.

— Já disse que essa luta é minha. – Noir rosnou, sério! Não sabia que ele era parte cachorro!

Franzi o cenho, não gostava desse novo jeito metido e mandão do 13° rebento de Hades, por isso nem fiquei aflito quando viu a loira do banheiro se lançando sobre Noir em um ataque de fúria.

Talvez eu tenha ficada um pouco aflito...

Ok, tinha ficado extremamente preocupado!

Felizes?! Admiti!

Noir conseguiu se desvencilhar da loira-gorila-demônio, usando seu poder das chamas negras para repeli-la. Funcionou, pois sua oponente fora novamente lançada para outra extremidade do pequeno banheiro, só então eu notei mais dois corpos desmaiados no chão sujo... Deviam ser as companheiras da humana que eu tinha nos braços. Perfeito. Isso só complica ainda mais as coisas, afinal dois seres sobrenaturais estavam batalhando em um pequeno banheiro sem levar em conta os civis que supostamente os ceifadores deveriam proteger!

“Noir, teremos uma longa conversa sobre prioridades quando voltarmos para casa.” Pensou enquanto se deslocava com cuidado, evitando ser alvo de alguma esfera de energia ou soco, para os corpos desfalecidos.

— Não irei voltar a ser escrava de Hades! – rugiu a demônio.

— Meu pai não escraviza ninguém. – respondeu Noir, as chamas que exibiam uma natureza rebelde antes, como uma chama de fogo comum (só que negra e não tendo a capacidade de queimar), pareciam convergirem para a mão do príncipe do submundo, formavam uma espécie de instrumento... Era uma foice?

— O governo do meu pai confere direitos e deveres a todo cidadão do submundo. O que você deseja é uma liberdade sem limites, não levando em consideração a consequência de seus atos para os dois mundos! – ao falar isso segurou com firmeza a sua arma feita de chamas e avançou. A loira do banheiro versão símio desferiu um soco, Noir desviou com destreza para depois tentar atingi-la com a lâmina negra de sua foice, mas antes de tocar seu inimigo as chamas se dispersaram.

Desta vez, o soco acertou em cheio o rosto de um estupefato Noir. Gritei por ele e o vi se chocar de encontro a porta de um dos boxs onde se confinava os vasos sanitários.

Nesse momento algo estranho aconteceu, olha que falo como um habitante do submundo então eu já devia estar acostumado com o estranho, mas o que vi foi o corpo de Noir crescer... Melhor dizendo: envelhecer. Ali, sentando no chão do banheiro, havia uma versão jovem adulto do meu chefe, devia ter uns 18-20 anos, seus cabelos negros haviam crescido, seu corpo adquiriu alguns incrementos, músculos e tal. Cara, ele estava bonito! Digo... Um homem pode achar outro individuo do sexo masculino atraente, isso é totalmente normal e natural! Pois, essa versão mais velha de Noir me fez sentir igualmente estranho. Quase senti meu coração bater e olha que tecnicamente como fantasma isso não devia ocorrer.

— Eu vou te despedaçar e alimentar Cerberus com os seus restos! – uma explosão negra emitiu de Noir, observei com assombro quando as paredes em nossa volta começaram a rachar. A coisa estava ficando fora de controle!

— Noir! Você tem que parar! – Tentei chama-lo mas fora inútil, ele estava preso naquele turbilhão negro, fora do meu alcance.

— Idiota. – alguém disse, na verdade só pude ver uma longa foice (essa era sólida e não tremulante e maleável como a foice de chamas conjurada por Noir momentos atrás) que cruzou com rapidez o local e se direcionou ao 13° filho de Hades. Me levantei, abandonando minha função como o carinha que guarda volumes (no meu caso, estou guardando corpos humanos desfalecidos e um casaco) e tentei conter a foice, mas não pude chegar perto o suficiente, havia uma energia ... Eu sabia que energia era aquela... Era própria de um filho de Hades.

A foice alcançou Noir que rugia enfurecido, e lhe golpeou a cabeça com a parte de trás da arma, oposto a grande lâmina negra. O meu chefe, de imediato, desmaiou e assumiu a sua forma digamos...Pocket!

— Mas... Quem...

— Ah! O garoto tem muito que aprender... – uma mulher, sei lá de onde surgiu, estava ao meu lado, vestia um longo sobretudo de couro negro com um capuz, pude notar que na parte de trás da roupa estava costurada uma caveira em chamas e com um tapa olho, a baixo em letras metálicas e garrafais constituíam o nome: The Death.

— Ai meu Hades... – balbuciei nervoso. Não podia ser...

—  E eu estava tão tranquila tomando sol nas praias daqui... – reclamou, ela tinha uma máscara do “pânico” no rosto.

Não podia ser... Essa mulher seria ela?

Levantou a máscara revelando o rosto jovial e extremamente parecido com Noir, sendo uma versão feminina e com bastante expressão facial, se podia ver isso em seu meio sorriso arrogante que se formava em seus lábios e o fato de estar mascando chiclete.

— Você é... – ainda não podia acreditar.

— Oh! – ela se virou para mim, fazendo uma grande bola rosada e depois estourando, parecia ignorar a situação em que estávamos com a loira do banheiro metida a macaca se recuperando e rosnando ameaçadoramente – Sou a primeira filha de Hades, Morte!

Mordi o lábio para ignorar uma exclamação de surpresa e de certa decepção, pois aquela era uma das lendárias ceifadora de Hades, sua primogênita e chefa do departamento de captura e acolhimento de almas... Apesar de eu nunca a vir trabalhado...

 – Todos os filhos de Hades devem ser destruídos. – urrou a nossa inimiga se lançando sobre Morte. Essa (ainda mascando chiclete) fez um leve movimento com sua foice e uma rajada de vento elevou a loira do banheiro de encontro a um espelho que milagrosamente ainda estava inteiro e ela submergiu no mesmo. Morte a tinha feito escapar?!

— Nós devíamos captura-la e descobrir o covil deles!

— Shh, Gasparzinho... Eu sei o que estou fazendo. – disse isso enquanto lançou a sua foice de encontro ao mesmo espelho, a arma  também submergiu.

— Agora só esperar A foice fazer o seu trabalho. – cantarolou feliz. Sinceramente eu esperava mais da Morte. O espelho tremeu subitamente e a foice retornou.

— Isso foi muito rápido! – reclamei – O que você fez, exatamente? Você não os matou... Não é?

Se alguém teria o poder de matar um habitante do submundo esse alguém seria a Morte.

— Oh! Não, querido! – gargalhou – Só os mandei para o submundo, usei o espelho para isso, mandei a... Sei-lá-o-que-era-aquilo pela a passagem de onde ela veio e assim direcionou minha foice ao “covil” dos demônios, chegando lá um portal fora aberto e todos eles caíram no submundo.

— Simples assim? – disse ainda incrédulo.

— Simples assim. – concordou ela com um sorriso.

— Então, se podia fazer isso... Por que não fez antes? Tipo, sabe quantas almas eles levaram? Noir e Dante tentaram captura-los e...

— Eu não posso resolver todos os problemas. Ainda mais, Noir e Dante tem que aprender. Pense nisso como um treinamento. – falou isso e colocou sua máscara do “pânico” e bateu com o cabo da foice no chão e esse se abriu por debaixo de seus pés e ela caiu rumo as trevas. Ela escapara antes mesmo de eu falar alguma coisa e nem ao menos nos ajudando a limpar a bagunça deixada por Noir!

Perfeita irmã mais velha era ela... Perfeita chefe...

Pelo menos, esse foi o fim dessa louca saga.

Mirei o meu chefe que parecia dormir profundamente, tentei não pensar muito na sua versão mais adulta... Será essa a sua forma madura?

Sacudi a cabeça e me concentrei no mais importante (prioridades!) em como fazer toda aquela destruição parecer um simples acidente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa saga está terminada ! Desculpe a demora povo... Mesmo!

E o que venho a pedir é sugestões de lendas urbanas para a próxima mini-saga dos ceifadores.

Estava pensando e fazer me baseado em alguns filmes de terror como O chamado, O grito entre outros, o que acham?

E sobre os filhos de Hades? Eles não envelhecem como os humanos, sua forma está diretamente relacionado a sua maturidade de energia, ok? Noir e Dante ainda são considerados "crianças" do ponto de vista dos filhos de Hades. Entendi? Se tiverem dúvidas podem perguntar!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dcaa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.