This Love escrita por arizonas


Capítulo 2
This love is bad


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus cheirosos!

Sei que demorei, e peço desculpas :( Tive os meus últimos quatro vestibulares agora em Dezembro, e graças a Deus esse ano começo a faculdade, e isso acabou me tirando um pouco do tempo livre. Além disso, toda a minha família veio ficar em casa durante o Natal e o Reveillon, então conseguir escrever tão ocupada tava quase impossível.

O importante é que voltei, né? Um feliz ano novo pra todos vocês! Que ele seja maravilhoso. Já aproveito pra agradecer os lindos reviews que deixaram no primeiro capítulo, e a todos que escolheram acompanhar essa história. Vocês são lindos!!

Esse capítulo é no POV do Peeta. Espero que gostem :)



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Ela era linda.

O vento era tão suave que parecia ser feito de fios de algodão. A melodia do farfalhar das folhas das árvores era tão gentil quanto agradável. No 12 o frio era quase constante, mas naquele dia, numa trégua milagrosa, tímidos raios de luz atravessaram as nuvens cinza claras e agraciaram os seus moradores. A neve estava derretendo, dando espaço para as primroses que ele plantara no centro da Aldeia dos Vitoriosos começarem a despontar. Os sabiás cantavam canções de inverno, e por um instante, tudo estava em rara paz.

Ainda assim, ela era tudo que ele conseguia ver. Sentada com as costas contra o batente da porta, como ele, ela parecia parte permanente dali, como uma pintura. Seus olhos estavam semi cerrados para proteger-se do tão incomum sol, as mãos descansavam nos joelhos. Mãos que já haviam segurado as suas, tanto em momentos de tranquilidade como quando o veneno de suas falsas memórias ficava muito forte para que ele pudesse suportar sozinho.

Em seus lábios rosados, aqueles lábios que tanto havia beijado e que tanto amava, um sorriso que parecia quase esperançoso, como se aquele dia pudesse durar uma eternidade. Peeta sabia que se morresse naquele instante, ao lado dela, morreria feliz.

Ela era linda, a coisa mais bonita que já havia visto.

Peeta observou a esposa adormecida enquanto visitava as lembranças daquele pacífico dia, que já havia passado há anos. Naquele instante, com o peito a subir e descer em um sono confortável, ela parecia tão pacífica quanto naquele dia do passado para qualquer um que olhasse para ela, mas ele a conhecia muito bem para ser enganado. Ela dormia, sim, talvez até mesmo sem sonhos desagradáveis, mas o que passava por sua mente não era nada além de preocupação.

Fazia dias desde que Katniss havia derrubado uma bomba na cozinha dos dois depois que voltara do Prego com sacolas de compras e uma expressão perturbada. Peeta soubera que havia algo de errado desde o instante que entrou pela porta, mas ele a conhecia o suficiente para saber que era melhor não pressioná-la e deixar que se abrisse de sua própria maneira. Bom, sua Katniss era uma verdadeira granada, ainda a garota em chamas, então tinha feito o que sabia fazer bem.

Ele se lembrava da maneira exata com que o seu coração pareceu parar por um breve instante quando ela tão abruptamente tinha revelado a sua suspeita. Era incrível como tanta coisa parecia passar pela sua cabeça, e ao mesmo tempo, ele não conseguia dizer nada. Sabia que deveria, que olhar para ela com sua expressão de choque só pioraria qualquer coisa negativa que Katniss estivesse sentindo.

— Como... — Ele começou, não sabendo ao certo o que perguntaria.

Ela o interrompeu.

— Eu não tenho certeza. — Katniss murmurou, encarando-o a madeira da mesa como se fosse a coisa mais interessante do mundo. — Muitas mulheres estão aparecendo grávidas no doze. Eu estava no prego, e... Ouvi algo hoje. Sobre isso. — Fez uma breve pausa, como se ponderasse o que fosse dizer em seguida. — Uma leva de injeções de anticoncepcionais foram substituídas por placebo. Para que possamos repopular a nova Panem. Eram só rumores, mas não pode ser coincidência que esteja acontecendo com tanta gente ao mesmo tempo. É apenas lógico que tenha acontecido comigo também.

Peeta sabia que a explicação racional de Katniss deveria fazer com que ele saísse ao menos um pouco do transe; naquele momento, nem tinham como saber com certeza se aquela manobra do governo iria afetá-los também. Todavia, continuou estranhamente confuso. Tudo o que podia pensar em fazer eram perguntas. Havia muito a questionar: Estaria ela disposta a acompanhá-lo ao médico para que pudessem fazer exames e tirar a dúvida? Há quanto tempo estaria carregando a criança, caso ela de fato existisse? Como lidariam com aquilo juntos? — E, o mais importante: teria aquilo força o suficiente para serpará-los, se o pior acontecesse?

Ele optou pelo questionamento mais urgente, engolindo as dúvidas crueis para dentro de si.

— Bom, se você estivesse grávida, isso seria tão ruim assim?

Aquela pergunta já tinha sido feita a si mesmo mais cedo naquele dia, quando descobrira sobre a gravidez do casal conhecido que sempre fazia compras na padaria. Ele tinha retornado mais cedo para casa com o intuito de mencionar o caso para Katniss e observá-la de perto, ver se as notícias traziam qualquer emoção para o seu rosto. Peeta não se lembrava a última vez desde que tivera coragem o suficiente para tocar naquele assunto; um ano, dois talvez? Teria algo mudado dentro de Katniss desde então, para que ela se tornasse ao menos um pouco menos apavorada com a ideia?

— Peeta... — Ela suspirou, o tipo de suspiro cansado de uma esposa que tinha se cansado de repetir as mesmas frases. — Eu não posso falar sobre isso agora. Nem sabemos se estou certa ou não. Irei ao médico, ele fará os exames que precisa e depois de recebermos os resultados, podemos voltar ao assunto, está bem?

Katniss estava no automático, como se fosse uma máquina. Era assim que ela se portava quando ia caçar ou quando queria avaliar muito bem o que falava para não machucar alguém. O fato de que ela se preocupava o bastante para fazer isso naquela situação significava que, talvez, as coisas estivessem mais complicadas do que ele pensava.

Ele queria dizer que não estava tudo bem. Queria puxá-la para o seu abraço, beijá-la, diminuir aquela distância que parecia formada de milhões de quilômetros entre eles, aonde ficava a mesa da cozinha que os separava. Queria garantir que a protegeria, e que protegeria a criança, mas ele sabia que não era o momento certo. Ela precisava do seu silêncio, e ele o daria a ela, mesmo que de mau grado.

Fez que sim uma vez, e sorriu para ela para que não desconfiasse do turbilhão que passava dentro dele.

(Enquanto Katniss subia as escadas, Peeta estava certo de que ela sabia mesmo assim.).

XXX

Os exames ficaram prontos rápido, apenas algumas horas depois de que Katniss os fez na companhia de Peeta no único consultório do doze.

Os funcionários do local pareceram surpresos com a presença conjunta dos dois, como se participantes conhecidos da antiga Resistência não pudessem precisar cuidar da sua saúde. Era verdade que uma simples ligação poderia trazer o médico até a eles para que mantivessem sua privacidade, mas Katniss insistiu que fossem até a clínica.

Quando chegaram em casa mais tarde, o papel com os resultados dobrado ao meio nas mãos magras de Katniss, Peeta sentia que não havia chão debaixo de seus pés.

Subiu até o quarto em silêncio, aonde encontrou Katniss puxando a barra de sua blusa para tirá-la. Os últimos resquícios do dia entravam pela janela ao seu lado, iluminando apenas metade de seu rosto. O aposento parecia imerso em vácuo. Ela encarava sua própria reflexão no espelho comprido a sua frente, e o olhar de Peeta repousou sobre a sua barriga ainda lisa. Estaria ela também se perguntando em quanto tempo iria inchar? Em quanto tempo sua situação ficaria tão óbvia que não mais poderia ser escondida? Estaria ela pensando em suas opções?

O médico havia mencionado o assunto como se fosse corriqueiro. Fazia sentido, que nem todas as mulheres surpresas por uma gravidez pudessem considerar manter o filho e cuidar da criança devido às suas condições financeiras. Era por isso que o Sistema Único de Saúde fornecia a suas cidadãs a possibilidade de terminar a gestação por meio de um procedimento simples e seguro. Os poucos orfanatos recém construídos estavam sobrecarregados, e em comparação a adoção, o aborto era muito incentivado.

Você tem uma escolha, Katniss, o homem de jaleco havia dito, como se Peeta não estivesse presente, como se não fosse de seu filho que falassem. Você não precisa ter esse bebê. A maneira tão estéril e sem emoção com a qual a frase foi dita era doentia. Quando aquele mundo havia ficado tão acostumado a morte que nem mesmo novas vidas eram bem vindas nele?

— Katniss. — Peeta a chamou, lutando contra a náusea que tomava conta de si. — Você está bem?

Ele já sabia a resposta, mas precisava começar a conversa de alguma forma. Não podia mais suportar sua ignorância, não saber o que passava pela cabeça dela. Ele tinha o direito de saber, precisava disso.

Sua esposa demorou-se a responder, os dedos trançando os cabelos longos e escuros enquanto o seu torso ainda estava nu. Pareceu se encarar mais uma vez antes de virar para ele pela primeira vez desde que voltaram do consultório.

— Eu não posso, Peeta. — Ela declarou. — Eu não posso.

— Katniss...

— Não. — Ela o interrompeu, cortando o movimento que ele fez para aproximar-se mais dela. — Eu não estou pronta para isso, e nunca estarei. E nós estávamos bem. Estávamos tão bem... Os meus pesadelos diminuíram, e os seus ataques também. Mas agora... Com isso...

— E podemos continuar bem! Podemos ser ainda mais felizes. — Peeta exclamou, exasperado. Caminhou até ela, esboçou um sorriso esperançoso e colocou ambas as mãos em sua barriga ainda lisa. — Isso é uma coisa boa, Katniss. O bebê. Eu sei que não estávamos esperando que acontecesse, e que você está assustada. Estou assustado também, mas podemos fazer isso juntos. Podemos fazer funcionar.

— Eu não quero fazer funcionar! — A resposta dela foi tão rápida que o deixou estarrecido por completo; afastou-se dela como se sua pele queimasse. Era como se nem houvesse escutado o que ele dissera, como se qualquer argumento não valesse nada. — Como, depois de tudo que vimos, tudo o que passamos, você pode querer colocar uma criança num mundo desse, Peeta? Nós perdemos todo mundo. Sua família, minha irmã, Finnick. Alguns deles vimos morrer. Eu não posso perder mais ninguém. Não suportaria.

Ela estava ofegante. Havia fogo a queimar por trás de suas íris azuis, um fogo que ele havia amado por completo até então; naquele momento, todavia, ele o temia pelo que representava. Era uma chama que ameaçava destruir algo bom, puro e mágico que haviam feito juntos. Como ela podia ver o filho dos dois como uma ameaça? O único perigo ali era a insegurança dela, e o que poderia tirar dela, deles dois.

— Você não perdeu todo mundo, amor. — Peeta murmurou. — Você tem a mim, mas às vezes parece se esquecer disso.

— Me desculpe, Peeta. — Katniss balançou a cabeça, duas lágrimas envergonhadas caindo de cada um de seus olhos e deixando uma trilha por suas bochechas. — Mas isso não é o suficiente, não agora. Nem mesmo você pode me prometer que nada de ruim vai acontecer a essa criança, e é por isso que não posso tê-la. Se você não pode aceitar isso, vá embora.

Peeta arfou, uma dor fulminante em seu peito o tomando junto do espanto. Era assim o gosto da traição em último grau? Deveria ser; nada poderia descrever a sensação melhor do que um coração partido, um pânico súbito, o sentimento de abandono. Depois de tudo pelo o que haviam passado, ela havia desistido do futuro? Desistido de tudo o que haviam prometido cumprir, como estarem sempre juntos, como nunca abrir mão? Era isso o que ele significava para ela, apenas uma mosca que a incomodava e que ela enfim resolveu enxotar?

Os pensamentos envenenados tomaram conta da cabeça dele em um instante. Ela era uma assassina. Havia matado a sua família, a dele, e mataria mais um inocente em breve. Katniss Everdeen era um monstro. Ela tinha de ser eliminada—

Ele voltou a si rapidamente, abrindo e fechando os olhos com força para espantar as falsas imagens há tanto tempo plantadas que insistiam em voltar em momentos como aquele. Procurou pela visão de sua Katniss desesperadamente numa tentativa patética de acreditar que tudo que ela havia acabado de dizer era fruto das torturas que havia sofrido da Capital anos atrás.

Tudo o que precisou foi ver o rosto da mulher que amava manchado de lágrimas para saber que era real. Dessa vez, não precisava perguntar a ela.

XXX

Haymitch pareceu desinteressado quando ele entrou em sua casa naquela noite, carregando apenas uma pequena mala e o coração pesado dentro de si.

Estava em seu local usual a frente da televisão que exibia um documentário sobre peixes, as garrafas de cerveja ou qualquer outro álcool de sua escolha que fosse se acumulando ao redor dele. O cabelo grisalho, antes loiro, estava preso em um rabo de cavalo preguiçoso, e a barba por fazer. Para qualquer um que o visse, diriam que era uma ruína, mas tudo o que o velho Abernathy precisou foi olhar para Peeta para encher-se de sua usual sabedoria.

— Até que enfim você engravidou a rabugenta. — resmungou, tomando um longo gole de sua bebida antes de prosseguir.

— Tão óbvio assim? — Peeta fez um movimento numa tentativa de tirar a garrafa de Haymitch com uma risada sem humor, mas ele desviou.

— Se vai ficar na minha casa, vai me ver beber. — Ele censurou. — Pode ficar com o sofá.


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Notas finais do capítulo

É, minha gente, a coisa tá feia. Mas nada de perder as esperanças, ok? Sei que tá difícil de acreditar num futuro bom, mas no capítulo que vem já vamos ver no que tudo isso vai dar. A Katniss não demonstra, mas ela quer ter o bebê tanto quanto o Peeta ;)

Até a próxima!!



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