This Love escrita por arizonas


Capítulo 1
This love is good


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente bonita e cheirosa!

Pros que já me conhecem, é ótimo vê-los novamente. E pros que chegam agora... Espero que gostem da minha história! É um prazer tê-los todos aqui.

Como já indicado, 'This Love' será uma short-fic de no máximo quatro capítulos, talvez três, e esses não serão muito grandes. Resolvi escrevê-la depois de assistir Mockingjay parte 2 e desidratar de tanto chorar.

Todas as minhas fics até então têm sido Universo Alternativo, então vamos ver como me saio na atmosfera dos livros.

Sem mais delongas...



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O surgimento aleatório de rumores era uma praga comum desde o nascer da nova Panem.

Ela já havia escutado coisas absurdas das bocas de qualquer um. Sobre como a morte de Coin supostamente havia sido forjada pela própria para que se tornasse um mártir e governasse como conselheira do primeiro presidente interino. Que os nascidos após a Revolução teriam como dever civil trabalhar para o Exército, já que esse não mais existia. De um grupo de comerciantes, até mesmo ouvira uma garantia de que a República da Eurásia havia financiado a rebelião para tomar o controle econômico e político da Capital uma vez que Snow caísse.

Algumas vezes, os rumores eram até mesmo sobre ela. O perdão público pela sua última flecha disparada para matar um ser humano, que recebera com a ajuda de Haymitch e o restante dos rebeldes mais fieis, manteve as coisas relativamente tranquilas mas era inevitável que alguns conspiradores acusassem-na de atos absurdos. Não que ela se importasse. Sua vida há tempos deixara de ser dela, quando ela se tornou uma Vitoriosa há tanto tempo atrás, e lidar com a atenção indesejada já era rotineiro.

Sim, a memória de Katniss Everdeen estava repleta das loucuras que ouvia numa base diária. Mas naquele dia, pela primeira vez, ela decidiu prestar atenção.

— Não sei o que farei, Madge. — Uma voz fina e desconhecida confessou entre lágrimas para quem costumava ser a filha do prefeito, e agora era uma simples fornecedora de verduras, legumes e frutas no restaurado Prego. — Silas ainda não se acostumou ao trabalho na indústria, e estão mandando os menos capacitados embora. Eu sou dona de casa! Não podemos ter um filho, não agora.

— Acalme-se, Halle. — Katniss focou no tom simpático de Mags enquanto depositava mais nozes e macadâmias em sua sexta, que usaria para complementar a carne do jantar daquela noite. — Estou certa de que Silas não perderá o emprego, e veja bem, uma criança é sempre uma bênção—

Katniss revirou os olhos consigo mesma enquanto Madge oferecia o discurso otimista para a mulher de pele cor de avelã e de olhos amarelos. Ela lembrava-se dela agora: sempre se encontravam durante o dia das injeções anticoncepcionais no único consultório nos arredores reconstruídos do que costumava ser o Distrito 12, ainda chamado dessa maneira. Uma sensação estranha se estabeleceu no fundo de seu estômago enquanto assistia Madge entregar —gratuitamente, Katniss sabia— uma cesta de bonitas beterrabas.

Sentindo os olhos da amiga pousarem-se nela segundos depois, Katniss pagou pelas suas castanhas e se aproximou da barraca de Hortifruti de Madge. Sabia que não deveria, que havia sido falta de educação ficar ciente da confissão da pobre Halle, mas a sua língua pinicava para que perguntasse a Madge por mais detalhes. Incomodava-lhe que uma mulher que tomava os remédios necessários para evitar uma gravidez todos os meses, como ela, estava presa em tanta aflição.

Por sorte, não precisou dizer nada. Madge estava em clima de fofoca, como sempre parecia estar, e enquanto ajeitava as folhas de alface para parecerem mais atrativas em seus compartimentos de madeira pintados de um azul claro, desembestalhou a falar.

— Pobre Halle. — Balançou a cabeça, denunciando que o seu discurso sobre as maravilhas de uma nova vida não era exatamente sincero. — Já é a quinta essa semana.

— Quinta o quê?

— Quinta que descobriu que embarrigou, Katniss. — Madge respondeu como se fosse óbvio e deixou escapar um suspiro quando notou que as mãos estavam sujas de pó. Apressou-se em limpá-las contra o avental branco. — Não é de se admirar, não é mesmo? Parece que o que disseram sobre as injeções falhas era verdade, afinal de contas.

— O quê? — Katniss questionou mais uma vez, com toda a certeza parecendo tão idiota quanto se sentia.

Madge revirou os olhos e riu enquanto escolhia para uma segunda cliente alguns pares de cenouras.

— Você vive mesmo no mundo da lua. — Ela disse brincalhona. — Todo mundo estava comentando sobre uma levada de injeções de anticoncepcionais que o Sistema Único de Saúde produziu com placebo de propósito. Acho que eles querem que o maior número possível de mulheres engravide, agora que a poeira abaixou, para repopular o país com gente que presta dessa vez, e para trabalhar nessas brilhantes novas indústrias que eles estão espalhando em todo lugar. Nós não somos mão de obra o suficiente. Ninguém tinha certeza se era verdade, mas suponho que sim. Ah, aqui está. — Madge parou de falar para entregar para a senhora a sua cesta de cenouras e receber o pagamento. — Ei, espere aí. Você não toma essas injeções também?

Katniss estava muito em choque para responder. Sabia que Madge e sua boca grande comentariam sobre o comportamento dela após receber aquelas apelantes notícias, mas o seu corpo não conseguia reagir. O máximo que pôde fazer foi esboçar um sorriso falho e pedir por alguns ramos de salsa e cheiro verde. Por sorte, Madge era prestativa e logo lhe entregou uma sacola de papelão com o que pediu. Katniss limitou-se a pagar e despedir-se, ignorando a pergunta que queimava nas partes mais profundas de sua mente.

Você não toma essas injeções também?

Sim, ela tomava. Todos os malditos meses, por quinze anos, e elas haviam feito um excelente trabalho em previnir que o indesejável se tornasse possível.

Até agora.

XXX

Peeta havia sido dela por muito tempo, e ela, dele.

Ele sabia quando ela precisava de um tempo sozinha na floresta, nas horas em que ela não podia suportar as lembranças, e nunca perguntava quando voltaria; sempre estava esperando com uma assadeira repleta de pães de queijo quando ela entrava pela porta da frente com o arco, as flechas e sangue de peru até o meio de suas pernas. Por outro lado, ela sabia quando ele estava tendo um dia ruim, quando os vestígios mínimos do veneno faziam com que a confusão fosse maior do que a razão, quando o 'real' ou 'não real' não era suficiente para que ele voltasse a sorrir. Naqueles dias, Peeta dormia sozinho, e ela o recebia com um abraço na manhã seguinte, normalmente.

Quando ela chegou até a casa dos dois na Aldeia dos Vitoriosos, a que um dia pertencera a ela, sua mãe e Primrose, encontrou Peeta sentado à mesa da cozinha com uma xícara de chá (sem açúcar) a sua frente. Os raios alaranjados do por do sol que ele tanto amava iluminavam o lado oculto de sua face, e como de costume, parecia um anjo. Quando ele levantou o rosto e seu olhar encontrou o dela, Katniss estava certa de que ele estava bem. O sorriso dele era a prova suficiente disso.

E é claro, o seu cavalheirismo exagerado também.

— Aqui, deixa eu te ajudar com isso. — Peeta apressou-se ao levantar da cadeira e tomar quase todas as sacolas das mãos de Katniss, deixando-as apenas com a cesta leve de castanhas.

Por um instante que pareceu uma pequena eternidade, Katniss observou o seu padeiro enquanto ele ajeitava com agilidade as compras nas prateleiras da cozinha. Ele parecia ansioso, tão ansioso quanto ela, e aquilo apenas fazia com que ela desejasse desistir do assunto e esquecer do que tinha escutado de Madge no Prego há apenas poucos minutos atrás.

Ela andou lentamente até a cozinha, temendo que sua expressão a denunciasse. Por sorte, Peeta estava muito entretido em sua tarefa para notar. Diabos, ela precisava se recompor, precisava certficar-se de que estava incluída no grupo de mulheres afetada pelo remédio falho antes de dizer qualquer coisa. E se tocasse no assunto sem necessidade alguma? Deus sabia que seria impossível fazer com que Peeta parasse de falar nisso se ela o fizesse. Decidiu por passar na farmácia mais próxima com urgência no dia seguinte, antes mesmo que saísse para caçar, para tirar suas dúvidas antes de começar uma tempestade.

Só então percebeu que havia uma xícara de chá para ela também. Aquilo só podia significar uma coisa: ele queria conversar. Sobre algo sério. Conversar sobre algo não casual, algo que não poderia ser sussurrado entre lençóis e cabelos esparramados em travesseiros. Katniss sentiu as entranhas arderem de antecipação, mas sentou-se quase ao mesmo tempo que ele.

— Como foi o seu dia? — Peeta perguntou com a voz no mínimo um tom mais alta. Agora, ela estava certa de que qualquer coisa que viesse não seria boa.

— Bom. Normal. — Ela respondeu, franzindo o cenho enquanto tomava um gole do chá de camomila e colocava a xícara novamente sobre a mesa. Levantou uma sobrancelha, e, cuidadosamente perguntou. — Peeta, está tudo bem? Você parece... Agitado.

Com a menção de seu estado de espírito, Peeta levantou as sobrancelhas loiras e deixou escapar uma risada nervosa. É, Katniss pensou. Melhor eu me preparar para o show. Algo definitivamente estava acontecendo na cabeça dele, e ela não estava certa de que queria saber.

— Ah, estou bem. — Peeta balançou a mão como que desprezava a importância do que iria lhe contar em seguida. — Foi um dia bom na padaria. Bastante movimento.

— Certo. — Katniss concordou, sabendo que a boa clientela na padaria que há pouco tempo os dois haviam terminado de reconstruir não era o motivo para aquilo.

— Edgar passou por lá. Arin está grávida. Ele está muito animado, apesar de preocupado. Trabalhar nas indústrias não deve ser exatamente fácil, com o perigo de ser demitido a qualquer instante, e eles não estavam esperando as notícias, claro, mas—

A audição de Katniss pareceu mais uma vez falhar ao captar o restante do falatório animado de Peeta. Ela detestava coincidências como aquela. Qual era a maldita chance de Peeta também encontrar uma família vítima do erro proposital do Sistema de Saúde? Tinha de ser uma piada cruel. Ela nem ao menos tivera alguns dias para confirmar se também estavam inclusos naquela bagunça, e se estivessem, o que iriam fazer.

Katniss sabia bem para onde aquela conversa estava indo; os dois quase nunca tocavam nesse assunto, só quando ele chegava até eles de forma indireta Peeta conseguia a coragem necessária para dar a ela mais incontáveis argumentos do porquê os dois deveriam ajudar repopular o país. No fundo, ela conhecia todos eles. Sabia que ele seria um excelente pai. Sabia que não haveria mais jogo algum que pudesse tomar os filhos de si, como ela fora tomada de sua mãe quando se voluntariou. Sabia que viviam num mundo diferente agora, apesar de ainda manipulador. Ela sabia de tudo aquilo.

Mas Peeta também conhecia os motivos dela. Ela estava farta de repeti-los.

Decidiu então dizer algo novo.

— Eu acho que estou também.

— Está o quê? — Peeta questionou, surpreso por ter sido interrompido. Se Katniss observasse bem, poderia ver as pontas de seus dedos tremendo.

— Grávida. Eu acho que estou grávida também.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, obrigada por terem lido!
Estou muito ansiosa para saber o que acharam, então por favor, deixem um review!

Caso ainda não participem do meu grupo no Facebook, juntem-se a gente lá! (https://www.facebook.com/groups/581676645266081/) Juro que sou legal, e sirvo cookies e brownies virtuais! O:) Por lá avisarei quando essa fic for atualizada, além de postar notícias sobre os meus outros trabalhos.

Até o próximo capítulo!