Zugzwang escrita por MB


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Yay! Mais um acompanhamento e obrigada Ysabeau por favoritar e Aline Silva pelos comentários!



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Ela estava deitada na cama, olhando para o teto quando bateram na porta. Charlie se levantou em um pulo, pensando ou não se deveria atender. Caminhou até a porta na ponta dos pés e ficou um tempo parada, com a orelha grudada na porta branca. As batidas fortes que vierem em seguida a fez pular para trás por conta do susto.

— Eu sei que você está ai! – uma voz masculina grossa gritou. – Vamos, Charlotte! Eu tenho uma criança aqui!

— Não, você não tem... – Charlie resmungou, procurando o celular no quarto desarrumado. Ela fechou os olhos, tentando fugir de um gemido de dor que definitivamente não era o cara que bateu na porta.

— Abra a porta, Charlotte! – Charlie respirou fundo e destrancou a porta, vendo um homem alto e moreno segurando um garoto, que não podia ter mais de oito anos, pelo pescoço e apontando uma arma para a cabeça dele. Assim que Kutner viu Charlie, largou a criança, que saiu em disparada pelo corredor. São quase seis da manhã e as pessoas vão começar a acordar, pensou Charlie, achando que isso traria a ela algum tipo de vantagem. Robert entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. Charlie estava no meio do quarto, procurando discretamente pelo seu celular. – Eu vim te salvar!

— Você não precisa me salvar. - Charlie se afastava mais. Respirou aliviada quando viu o aparelho em cima da cômoda, o pegou discretamente e ligou para o primeiro número que viu que era um dos agentes.

— Você não entende! - Kutner gritou quase chorando, com a arma apontada para Charlie tremendo. - Ele vai voltar! E ele vai machucar você e a sua irmã!

— Robert, abaixa a arma...! Como você entrou no hotel? - a garota colocou o celular em cima da cama e colocou as mãos pra cima.

— Não importa! O que importa é que eu vou proteger você do seu pai!

— Ele não vai voltar e não vai me machucar. – ela tentava olhar nos olhos dele, para demonstrar confiança.

— Você mente! - ele gritou, fazendo-a dar um passo para trás, mas Kutner a estapeou no rosto, descontando parte de sua raiva. - Igual ele! Igual Rachel e Courtney!

— Não, eu não estou mentindo, Robert – Charlie entiu um liquido quente escorrer por seu rosto e sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca um tempo depois. Não sabia como ganhar mais tempo. - Quem são elas?

— Minhas irmãs. - ele destravou a arma. - Diziam que meu pai não fazia nada, mas ele fazia. Todo dia enquanto eu estava na escola! E é por isso que eu vou fazer você parar de sofrer!

— Eu não estou sofrendo. - Charlie forçou um sorriso, com as lágrimas embaçando sua visão. - Vê? Eu estou feliz, porque meu pai não está por perto! Só abaixa a arma, Robert...

Charlie não terminou de falar e gemeu de dor quando uma bala entrou em seu ombro. Ela se abaixou, colocando a mão por cima do ferimento e não conseguindo segurar as lágrimas que agora substituíam o pavor pela dor.

— Isso é o que acontece quando o sofrimento não acaba de uma vez! – ele se aproximou de Charlie, fazendo-a se encolher mais perto do pé da cama.

— Não, Robert... A dor passa. Você não precisava matar suas irmãs, nem nenhuma das outras garotas. Não cometa o mesmo erro comigo. - conseguiu falar, com sua voz apenas como um fio.

— NÃO! - Charlie fechou os olhos quando outra bala foi disparada próxima ao seu pé, acertando o chão. - EU NÃO AS MATEI!

— Eu sei...! - a garota se levantou e falou, desesperada.

— Por favor, me deixe te salvar...!

— Não, Robert - Charlie deu um passo para trás, mas ele a seguia. - Eu não preciso ser salva.

— Precisa e só eu posso fazer isso!

— Você... – ela engoliu em seco e sentiu sua boca tremer enquanto segurava o choro. - Você salvou Frances?

— Sim! - ele sorriu. - E ela ficou tão feliz!

Charlie o olhou por um tempo, ainda segurando o ombro ferido. Piscou algumas vezes e sua visão ficou mais limpa, com as lágrimas agora escorrendo pelo seu rosto.

— Me deixa ir, Robert. – Charlie percebeu que o rosto dele se tornava mais suave a cada vez que ela pronunciava seu nome e se perguntou se seria outro trauma de infância. O problema é que logo aquele sorriso maníaco voltava a aparecer. – Por favor.

— Não, Charlotte! – Kutner destravou a arma e atirou na coxa esquerda da garota, fazendo-a cair novamente, se apoiando nas duas mãos, mas tendo que se contentar apenas com um braço por conta do ferimento em seu ombro.

— Robert, para, por favor... – ela suplicou quando ele recarregou a arma.

Antes que ele pudesse responder, ouviram batidas na porta, seguidas pelo grito de uma voz que Charlie reconheceu sendo de Morgan.

— FBI! Abra a porta!

— Eu vou protegê-la! - gritou Robert de volta, levantando Charlie pelo braço machucado e a segurando pelo pescoço ao seu lado. Do outro lado, os agentes se afastaram e Derek chutou a porta, fazendo-a abrir. Kutner puxou a menina para mais perto, ela sem conseguir conter as lágrimas pela dor e medo que sentia.

— Robert. - Spencer falou em seu tom mais calmo possível. - Abaixe a arma.

Ouviram o som dela sendo destravada e Kutner apontou para a cabeça de Charlie. Seu suéter agora estava vermelho e as pontas do cabelo bagunçado que encostavam no ferimento estavam encharcadas.

— Você não precisa ajudar Charlie. - Reid se aproximou, levantando a arma cuidadosamente e em seguida colocando-a no chão. - O pai dela está morto. Está tudo bem agora...!

— Eu preciso de provas! - Robert gritou e apertou a arma contra o crânio de Charlie. Agora ela parecia mais cansada que o normal, não tinha mais forças de olhar para frente, então mantinha a cabeça baixa, com o cabelo todo em seu rosto e as lágrimas já paravam de cair, mas seu rosto continuava molhado. Os agentes perceberam que ela estava perdendo mais sangue do que imaginavam.

— E eu posso mostrá-las. - Reid continuava com sua voz suave e calma. - Mas você precisa soltar Charlie.

Robert puxou os cabelos dela, fazendo-a olhar para frente, com seu olhar perdido na direção de Spencer.

— Ela quer que eu acabe com o sofrimento dela, não quer? – Robert perguntou próximo ao ouvido dela, que não conseguiu evitar uma cara de nojo.

— Não. – Charlie tentou usar uma voz firme e voltou a olhar para Spencer.

— Não! Você quer! A gente não percebe até que aconteça, garota. – Robert gritou, fazendo Charlie fechar os olhos e se encolher. A bala da arma de Morgan foi disparada antes de qualquer um perceber, acertando Kutner na cabeça.

Charlie cambaleou, tentando ficar longe dele e Spencer a segurou, abraçando e guiando-a até o outro canto do quarto, onde ele se abaixou, apoiando-se em uma das paredes, pois sabia que ela não conseguiria ficar muito tempo em pé.

— Ei... – Charlie estava ao lado de Reid, com a cabeça apoiada em seu peito, próxima ao pescoço dele, mordendo a parte interior da boca para tentar controlar a dor que sentia. Ele afagava seus cabelos, tomando cuidado para não machucá-la mais. – Os médicos estão chegando, vai ficar tudo bem, ok? Você vai ficar bem.

— É verdade...? – Charlie resmungou. – Meu pai morreu?

— Não, Charlie... – ele apertou uma de suas mãos, sem saber o que fazer para ela se sentir melhor.

Tudo o que ela fazia era assentir. Estava com os olhos fechados e queria se sentir o mais protegida possível, mesmo que inconscientemente, por isso parecia se aconchegar mais em Spencer. Ele não sabia porque, mas estava mais preocupado com ela do que esperava. Ele só se tocou que o corpo de Kutner não estava lá quando Charlie se encolheu ao sentir uma dor enorme na perna.

— Ela está sentindo dor, droga! – Spencer disse alto o suficiente para que JJ e Blake ouvissem.

— Já chamamos ajuda, Spence. – a loira falou com a voz mais doce que conseguia naquelas condições e se ajoelhou ao lado dos dois, deixando Blake para explicar aos outros hóspedes o que estava acontecendo.

— Hey, não fala, ok...? – Spencer disse baixinho quando achou que Charlie diria algo, ainda afagando os cabelos dela.

— Nem estou perdendo tanto sangue. – resmungou, apesar de ter escutado o que ele havia dito, ainda com os olhos fechados e apertando sua mão cada vez mais forte. – Mas a dor junto com a pressão psicológica podem fazer coisas impressionantes com o corpo humano...

Spencer riu fraco e JJ sorriu pela expressão do colega, se levantando e voltando para o lado de Blake.

Quando a ambulância de Charlie chegou, a garota já havia desmaiado.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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