Zugzwang escrita por MB


Capítulo 30
Capitulo 30




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Reid andou até uma das secretárias do hospital e falou o nome de Charlie, querendo ter informações. Não haviam o atendido quando retornou, no caminho do hospital. A mulher apenas sorriu e pediu para ele ir até o quarto dela, mas um doutor o parou antes que ele pudesse entrar no elevador.

— Spencer Reid? – ele fez que sim. – Beaumont vai demorar um tempo para se recuperar totalmente, visto tanto a agressão física quanto psicológica que sofreu. Talvez não queira contato humano, por enquanto. O tempo que ela ficou desacordada ajudou na melhora dos ferimentos, mas quanto ao psicológico... As memórias vão voltar aos poucos, então... 

— O que...? – ele tentou segurar um sorriso. – Ela está acordada?

O doutor fez que sim e Spencer não deu tempo de ele falar mais nada, apenas entrou no elevador e apertou o botão do quinto andar. Batia as mãos nervosamente nas pernas enquanto mordia os lábios. Quando ele ouviu o som avisando que havia chegado ao quinto, olhou diretamente até o terceiro quarto do andar.

Spencer ficou em choque no primeiro momento, quando a viu de olhos abertos, fixos em um ponto do teto, mexendo os pés lentamente. Ela levantou um pouco a cabeça quando ouviu alguém andando até o quarto. Sentiu seus olhos se encherem de lágrimas quando viu Spencer com os olhos inchados olhando para ela, sem saber exatamente o que fazer.

— Spence. - ela chamou sorrindo e sentiu seu queixo começar a tremer. Sua voz ainda estava fraca. - Por que está tão longe...? Me ajuda a sentar?

Ele andou até ela e a ajudou, abraçando-a em seguida, sem se lembrar de todos os curativos. Passou os dedos pelo cabelo de Charlie, já que seu rosto estava afundado em seu ombro, e percebeu que ela chorava, mas passou os braços ao redor de Spencer. Charlie sentia uma felicidade inexplicável ao vê-lo ali.

— Eu achei que nunca mais ia te ver. - ele falou a beijando rapidamente no rosto e voltou a abraçá-la com mais força. Charlie sentiu um desconforto na coluna vertebral, mas ignorou completamente. - Eu te amo tanto.

Ela continuava sem falar, só passava uma de suas mãos pelo cabelo dele, querendo memorizar como sentia em seus dedos. Virou seu rosto para o pescoço dele, respirando fundo, sem imaginar o quanto sentira falta de seu cheiro, ou de como ele a abraçava com paixão.

— Me desculpe, Charlie. - ele resmungou, mas ela maneou a cabeça, não querendo ouvir desculpas, ou nada relacionando àquilo. - Eu sinto muito...

— Spence, eu te amo. - ela disse finalmente, sem conseguir controlar a voz falha. Ele se afastou e segurou o rosto dela, acariciando-o com os polegares e limpou suas lágrimas com os mesmos, prestando atenção em cada detalhe, como seus olhos brilhavam ao ver a imagem de Spencer, e em como seu sorriso era lindo, mesmo com a boca estando mais pálida do que ele jamais tinha visto. Ele encostou suas testas e respirou fundo, sentindo seu toque, as mãos de Charlie ainda em seu pescoço. Então juntou seus lábios em um beijo apaixonado e intenso. Ela estremeceu com o contato, a princípio, imaginando em seu interior se não seria um sonho, mas só conseguia sorrir enquanto sentia as mãos dele em seu rosto, e retribuiu, querendo matar a saudades que sentiu do toque macio dele. Quando se afastaram, ela sorriu mais. - Senti falta disso.

Ele soltou uma risada fraca, e mais lágrimas caíram de seu rosto.

— Spence, há quanto tempo você tem chorado...? - Charlie deu um sorriso triste e limpou seu rosto. - Meu Deus, nunca achei que fosse amar tanto alguém...

Ele sorriu e a puxou para perto, segurando o rosto dela contra seu peito e lhe beijou a cabeça, sentindo seu coração bater rapidamente.

— Eu me lembro de quando você me achou. – ela disse baixinho, entrelaçando seus dedos ao redor do corpo dele. – Você também é tudo pra mim... E gostei quando me chamou de “amor”.

Ele sorriu, apoiando a cabeça na dela, percebendo que Charlie o abraçava cada vez mais forte. Pensou no que o médico havia dito, sobre as memórias voltarem aos poucos. Ele estava certo, era como se ela não se lembrasse do porque de estar lá. Ficaram naquele abraço por quase dez minutos, de olhos fechados e respiração tranquila por estar um com o outro. 

— Amor. – ele a chamou cauteloso, depois de engolir em seco. Ela levantou o olhar para ele. – Eu estou aqui por você.

— Eu sei, Spence. – ela sorriu, mas no momento em que iria voltar a abraçá-lo, se afastou bruscamente. – Ah, meu Deus.

Não pareceu tão aos poucos para Spencer. Ela o olhou com desespero e segurou a ponta da cama com força, como se seu cérebro repassasse tudo o que viveu por um momento.

— Spence... – ela choramingou, mas ele já estava sentado ao lado dela, com o braço ao redor de seus ombros, enquanto outro segurava seu rosto, que estava apoiado em seu peito. Charlie chorava desesperadamente. 

— Eu estou aqui, amor... – ele não sabia o que fazer, mas para Charlie, a abraçar já era o suficiente. – Está tudo bem agora.

— Ele me mostrou ela morrendo. – ela disse depois de um tempo.

— O que...?

— Eu vi minha irmãzinha ser morta. – a feição de Spencer ficou congelada em surpresa e desespero. Sentiu seu coração parar de bater pela milésima vez naquele dia. 

 - Eu sinto muito. – ele conseguiu dizer, a abraçando cada vez com mais força. – Eu vou ficar aqui com você, vai ficar tudo bem.

— Spence, ela pediu desculpas para mim. – resmungou após um tempo, olhando para ele, que não soube o que fazer, senão a puxá-la para mais perto depois de lhe beijar a testa. Charlie começava a se acalmar depois de alguns minutos. - Eu quero ir pra casa.

— Você vai ter que ficar mais um tempo, você sabe. – ele disse em uma voz suave. - Há quanto tempo está acordada?

— Quase quatro horas. Por isso já estou sem o aparelho para respirar. – ela respondeu depois que Spencer pegou sua mão. Ele tentava distraí-la, fazer sua mente ir para qualquer lugar, menos para Blauman.

— Desculpe não estar aqui quando você acordou.

— Algo me diz que não saiu daqui. – ele sorriu e abaixou o olhar. – Uma enfermeira loira disse que um homem de cabelo bagunçado só saia daqui quando o horário de visitas acabava. Robert está em New Haven, então... – ela disse séria para provocá-lo, mas não conseguiu segurar o sorriso quando o viu arregalando os olhos. – Estou brincando, Spence!

— Você é a única pessoa que faz isso em um momento assim...! – ele disse depois de respirar fundo e Charlie percebeu seu olhar mais aliviado.

— Que dia é hoje? Elas me falaram que estou dormindo há quase seis dias, mas me perdi nas contas...

— 24. – respondeu após um tempo.

— O que...?

— Agora... – ele olhou para o relógio. – 25. – Spencer respirou fundo e sorriu para ela, um sorriso ainda triste. - Feliz Natal.

— Feliz Natal. – respondeu segurando o choro, e ele a abraçou.  – Feliz Natal, Spence. Ah, meu Deus, feliz Natal...

Spencer passou os dedos pelo cabelo dela, percebendo que ela tinha uma mistura de surpresa, dor e alivio em seu tom. Repetia para tentar entender.

— Sua equipe deve estar fazendo um jantar e você aqui... – Charlie olhou para ele, mordendo o lábio inferior com uma expressão um pouco culpada.

— Charlie, Rossi me convidou para comer comida chinesa, porque não sabia o que falar para eu me sentir melhor. Ele nunca fica nervoso para tentar puxar assunto. – ela riu um pouco. – Eles provavelmente estão tendo uma ceia agora, mas comida de hospital é muito melhor.

— Me desculpe. – ela sorriu um pouco e Spencer lhe beijou mais uma vez. Quando se afastaram, ele ainda tinha as mãos no rosto dela. Charlie sorriu e sentiu suas pálpebras começarem a pesar. – Você vai ficar, ou...?

— Sabe que não conseguiria me fazer sair. - Charlie deu um sorriso mínimo e Spencer ficou a olhando por um tempo, antes de lhe beijar a testa. Ela decidiu gostar desse novo costume dele. - Pode dormir, amor.

Spencer se levantou e a ajudou a se deitar na cama. Ele se sentou no sofá.

— Prometo acordar. - ela brincou sorrindo para a imagem dele a sua frente.

— Prometo estar aqui.

Ele cumpriu a promessa algumas horas depois, quando Charlie começou a gritar e chorar, ainda de olhos fechados, e quando Spencer a acordou, querendo mostrar que era um sonho, ela se afastou bruscamente dele, fazendo os fios conectados às suas veias se soltarem.

— Está tudo bem. - ele falou quando ela começou a chorar, sem olhar para ele.

— Não... Spencer, não me toca. - a fala de Charlie o fez congelar por um tempo, até ver o ar desesperado em seus olhos. - Ele vai me sequestrar de novo. Não me toca.

— Charlie. - Spencer a fez olhar em seus olhos, mas sem encostar-se a ela. - Ele está morto.

— O que...? - o coração de Spencer pesou ao ver os olhos confusos e encharcados dela. 

— Quando nós te achamos, ele morreu.

— Como...? - ela ainda não acreditava.

— Uma bala no cérebro.

Charlie começou a chorar mais e Spencer não tinha certeza se poderia tocar nela. 

— Spence, eu estou tão confusa. - ela choramingou puxando-o para um abraço. - Ele disse que não importava quanto tempo passasse... - ela soluçou. - Ele ainda iria me pegar se eu ficasse com você.

— Ele estava mentindo, amor, você sabe... - Spencer beijou a lateral de sua cabeça. - Ele não pode fazer mais nada. 

— Certeza? - sua voz estava fina e falha.

— Certeza.


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