Zugzwang escrita por MB


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito obrigada pelos comentários! Fico muito feliz ♥
Esse é curtinho:



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— Spence. - JJ o chamou quando ele saiu da sala e passou reto por ela. Ele fazia seu caminho para a saída da delegacia. - Ei, Spence.

— Como ele sabia disso, Jennifer? - ele perguntou se virando para ela.

— Spence, eu não sei. - ela se aproximou dele, que começava a ficar com os olhos marejados. - Mas ele estava mentindo, você sabe.

— Não, ele não estava. Cheguei tarde pra salvar Maeve e não estou conseguindo descobrir... - ele mordeu os lábios e se interrompeu quando viu os outros agentes andando até ele, enquanto um policial guiava Everett até uma viatura. - Vou ligar para Garcia.

— Já liguei, Reid, ela está mandando os possíveis endereços. - Morgan disse cauteloso e Spencer assentiu, ainda contraindo os lábios. - Você quer falar sobre...?

— Não. - disse rapidamente. - Eu não sei.

— Reid, você não precisa ir conosco se não quiser. - Hotch disse sério, mas Spencer negou. O celular de Morgan apitou.

— Temos um endereço.

 ~*~

As crianças estavam magras e mal tiveram forças para gritar devido ao susto que tiveram quando viram adultos armados entrando na casa. Cada uma em um canto. Spencer teve que sair de lá quando viu uma garotinha autista usando suas últimas forças para tentar fugir de JJ. 

Morgan ligava pedindo mais uma ambulância do lado de fora e quando desligou andou até Spencer, que tinha o polegar em um dos olhos e o indicador em outro.

— Reid, o que aconteceu lá? - perguntou sério.

— Nós achamos as crianças, Morgan. - respondeu se assustando um pouco quando ouviu sua voz e demorou para se acostumar com a claridade quando abriu os olhos.

— Que ameaças, Reid? - continuou.

Ele não respondeu. Não queria que eles o olhassem com piedade novamente toda vez que falava algo ou quando simplesmente ficava um tempo olhando para o nada.

— Reid.

— Eu vou pro hospital. - ele falou guardando a arma. - Vão pegar as coisas ainda, não vão?

— Vamos. – respondeu preocupado.

— Então encontro vocês lá. Tenho que avisar Hotch, eu...

— Reid, eu falo com ele. – Spencer engoliu em seco e balançou a cabeça positivamente, dando um sorriso fraco para ele em seguida.

Ele entrou no hospital ainda com o colete à prova de balas. Andou até a sala onde achava que Charlie estaria discutindo um dos casos com sua equipe e acertou. Ela estava virada de frente para a porta e quando viu Spencer não disse nada, só andou até ele o abraçou, passando os braços pelo pescoço dele, percebendo que ele estava mais abalado.

— O que aconteceu? - perguntou. - Everett disse alguma coisa? As crianças, elas...?

— Está tudo bem com as crianças. - ele se afastou e observou o rosto dela. A boca pálida estava entreaberta e respirava nervosamente ao ver o estado de Spencer. - Eu tenho medo que algo aconteça com você.

— Nada vai acontecer, Spence. - nenhum dos dois estavam sendo racionais se abraçando no meio de um corredor que, embora vazio, ainda tinha câmeras. Ela entendia o medo dele. Viu a ex-namorada ser morta na frente dele, e sabia que ainda se culpava sobre isso. "Cheguei tarde demais", foi o que ela ouviu nas primeiras em que conversaram. 

— Não quero chegar tarde por você. 

— Você não vai, porque eu vou ficar bem. - ela olhou em seus olhos, que falharam por um momento. - E mesmo se algo acontecer, você vai me ajudar, herói. - Charlie brincou e ele deu um sorriso fraco, fazendo-a se sentir melhor. Só então ela percebeu o colete. Sorriu percebendo o quão lindo ele ficava daquele jeito. 

— Doutora - eles ouviram o diretor do hospital a chamando. A UAC tinha acabado de sair do elevador e Spencer não olhou para eles. - Considerou as propostas?

— Desculpe...? - ela se virou para ele com os olhos começando a marejar. 

— Quântico ou NY? - ele levantou as sobrancelhas.

— Oh. - ela olhou de relance para Spencer e sentiu seus olhos ficarem praticamente encharcados. - Hm, recebi a notícia ontem, eu...

— Ambos hospitais gostariam da notícia até fim dessa semana. - ele disse e se afastou. 

— Ok, te aviso.

O diretor assentiu e cumprimentou os agentes com um breve aceno de cabeça, antes de pegar o elevador. Spencer se virou para Charlie.

— Você deveria pensar nisso. - ele limpou suas lágrimas e a abraçou novamente.

— NY, né? - brincou. - Eu vou.

— Me avise.

— Ok. - ela respondeu, ainda com o olhar perdido em algum ponto do chão. Eles ficaram mais um momento no abraço, até Spencer achar que se ficasse mais um pouco não iria conseguir sair. - Boa viagem. - ele estava entrando na sala e se virou para ela, sorrindo um pouco.

— Obrigado.

Ela passou pelos agentes e deu um pequeno sorriso para eles, antes de abaixar a cabeça novamente e andar até as escadas, limpando o rosto.

~*~

Eles já estavam no jatinho, Spencer conseguia sentir os olhares nele. Não estava prestando atenção no livro, só lia cada palavra sem raciocinar direito.

Ele revivia cada momento da manhã, se repreendendo por sorrir para o nada algumas vezes.

— Reid. - ele levantou o olhar quando ouviu Morgan o chamando. - Está tudo bem? - Spencer assentiu. – Você precisa nos falar o que está acontecendo.

— Você ouviu Everett falando, não preciso explicar. - ele deu de ombros.

— Reid.

— As mensagens e cartas que ela recebe são ameaças por minha causa. – disse sabendo que Morgan não desistiria. - Porque nós falamos por telefone.

— Ciúmes? - ele franziu as sobrancelhas e Spencer assentiu.

— Ele fica com raiva por conversas há quilômetros de distância. O que ele não faria se...

— Ei. - Morgan o interrompeu, realmente preocupado. - Primeiro: finalmente. - os dois sorriam um pouco. - Segundo: por que não nos contou sobre isso e como sabe que é "ele"?

— Porque não teria nada que pudéssemos fazer e ele deixa bem claro nas cartas. 

— A mão?

— A única ele deixou na casa dela hoje. - Derek balançou a cabeça e olhou de relance para os agentes que estavam nos assentos atrás de Spencer.

— Eu deveria falar para você ser racional e simplesmente esquecer. - se disse sincero. - Mas é notável a diferença em você quando está perto dela. Só... tomem cuidado.

— Obrigado. - ele sorriu e Morgan bagunçou mais seu cabelo.

— Lembra há uns anos atrás quando seu cabelo era penteado e com gel? - ele implicou rindo e Spencer não conseguiu responder. - Nós podemos procurar esse cara, é só você pedir.

— Eu sei, obrigado, mas Strauss nunca deixaria que algo pessoal se tornasse um caso e eu não vou conseguir passar por tudo isso de novo.

— Strauss não precisaria saber, usaríamos o horário pessoal, não acho que ninguém se importaria. 

JJ se levantou e sentou ao lado de Morgan, ficando à frente de Spencer.

— E sobre as propostas de emprego que Charlie recebeu? - perguntou querendo acabar com o clima ruim. - Só eu ouvi "Quântico" como um dos possíveis locais?

— Quântico e NY. - ele confirmou.

— E...?

Ele encolheu os ombros, não muito no clima para falar. JJ olhou para os outros atrás dele e para a imagem de Garcia roendo as unhas na tela do computador. Rossi fez um gesto para que os dois saíssem e ele se sentou na cadeira à frente de Spencer, algum tempo depois.

— Reid, lembra-se quando te contei sobre Emma? - ele assentiu. Lembrava-se da história dela com Rossi. - Quando eu a conheci, sabia que a amaria pelo resto da vida e nós tínhamos doze anos.  Ela dizia que estávamos condenados a um amor amaldiçoado, destinados a imaginar como poderia ter sido. Eu deveria ter me casado com ela, mas eu deixei os Fuzileiros Navais e fui recrutado pelo FBI, comecei na UAC e quando vi, uma vida tinha se passado. Eu perdi uma vida com Emma porque eu fiquei obcecado com a perseguição. 

— Qual seu ponto? Rossi, ele está a ameaçando. - Reid disse com a voz baixa. – Eu não posso simplesmente...

— Nós vamos pegá-lo, Spencer. Você não precisa perder uma vida com Charlie. Quando isso acabar, você não vai querer ficar se perguntando por que deixou alguém que te faz feliz escapar.

— Mas eu também não quero me perguntar o que poderia ter feito para salvá-la. – ele levantou o olhar das mãos.

— Eu sei que é difícil, mas tente parar de pensar no que viveu por um segundo. – ele falou com a voz calma. – Você não precisa ficar se torturando o tempo todo. Se ela se mudar para Quântico, só aproveite e nós vamos achá-lo. – Rossi sorriu e Spencer também, ainda que pouco. – Só pense no quanto ela te faz feliz e esqueça as ameaças nos momentos certos. Você sabe o que John Dryden escreveu: “O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos; e cada pequena ausência é uma eternidade”. Reid, não transforme as horas em meses, e os meses em anos. Não faça como eu fiz com Emma.


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Notas finais do capítulo

Estão gostando? O que acham que poderia ser mudado?



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