Zugzwang escrita por MB


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem:



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Charlie estava na sala em que sua equipe havia ficado mais cedo naquele dia. Eram onze e meia da noite e a UAC estava na sala da frente, por isso ela estava de costas. Não queria ficar levantando o olhar do livro que lia, toda vez para observar o trabalho deles. Seu jaleco estava pendurado em um cabideiro roxo que Kate havia colocado para “dar uma cor” na sala. Cada um da equipe tinha uma coisa ali. Kate o cabideiro, Rob o pôster de Game Of Thrones, ao lado do de Dr. House de Charlie e Adam um boneco de colecionador do Batman.

Ela se levantou, tomando o resto do seu café com leite da caneca com o brasão da família Lannister, que pegara emprestada de Rob. Colocou alguns livros dentro de sua bolsa e saiu da sala depois de apagar a luz e trancar a porta. Fingiu que ainda havia algo na caneca para não ter que olhar para os agentes. Estava sendo idiotia, ela sabia, mas sentia que a qualquer momento iria desabar. Ela ouviu a porta abrindo e Morgan a chamou. Charlie se virou sem sorrir, mas não mal humorada. 

— Os resultados dos exames ainda não saíram. – ela disse antes que ele perguntasse algo.

— Não é isso. – ele sorriu. – Vocês lá pareciam do FBI.

— Ah. – ela riu fraco e ajeitou a bolso comprida no ombro. – Achar determinados genes é como procurar uma moeda no oceano.

— Por que acha que ele tem mais alguma coisa além da dupla personalidade?

— Vi algumas coisas, mas devo estar só imaginando. Ele deve estar fingindo a maioria das dores para não ir para a cadeia.

— É, algumas ele está. – Morgan riu.

— Por que não me falou quais...?

— Porque você soube todas. – Charlie abriu a boca em um “ah”, sem muita expressão. 

— E o que descobriram?

— Temos uma lista de possíveis lugares, mas a maioria muito impossível. – ela viu que Spencer analisava o mapa da cidade. JJ e Blake estavam dormindo desconfortáveis nas poltronas e Rossi parecia que cada vez que piscava, tinha um sonho diferente, exatamente como Hotch.

— Vão pra nossa sala. – ela entregou a chave para ele, que começou a protestar. – Você viu o sofá maravilhoso que tem lá dentro?

Ele havia visto um branco, no fundo da sala e pegou a chave.

— Valeu, Charlie. 

— De nada. Só não mexam em nada, porque eles vão te matar. 

— Pode deixar. – ele sorriu e ela também, se despedindo, e começou a andar, sem perceber que Spencer a olhava. – Ei, o que aconteceu entre você e o gênio?

Charlie se virou e Reid desviou o olhar.

— Não tenho ideia. – ela respondeu e então viu as fotos da casa de Everett pregadas no quadro. – Você tem uma cópia daquelas fotos?!

— Não, mas pode tirar uma... – ele respondeu estranhando o comportamento dela. Charlie abriu a porta e Rossi acordou. Ela tirou as fotos do armário da cozinha dele e viu um vidro de Disulfiram. 

— Eu já devolvo. – falou o mais baixo para não acordar as mulheres.

— O que você está fazendo? – Spencer perguntou.

— Se ele tomou isso nas últimas 48 horas, ele pode morrer... – ela tirou o celular do bolso e ligou para Rob. – Falei que ele tinha outra coisa. Vem pra cá.

Vinte minutos depois Robert chegou à sala, praticamente correndo. Charlie franziu as sobrancelhas quando viu como ele estava vestido. Usava um terno. Ele abriu a porta e a deixou passar antes.

— Mas que por...? – começou a questionar as roupas dele.

— Depois te explico, Charlie. – ele fechou a porta atrás de si e foi a última coisa que os agentes ouviram. Eles pegaram alguns livros e colocaram na mesa, Charlie abriu um notebook branco e começou a digitar rapidamente.

— O que foi isso? – Spencer perguntou para Morgan que ainda segurava as chaves da sala. Ele deu de ombros.

— Pelo jeito vai salvar a vida dele.

 Spencer não conseguiu se concentrar no perfil geográfico. Ver Charlie com Robert, às vezes segurando a risada, pois falavam de um assunto sério, o deixava cada vez mais distraído. Aproveitou que Morgan estava praticamente dormindo quando releu a ficha de Everett pela quinta vez naqueles últimos minutos, e que Robert não estava na sala e andou até lá.

Ele bateu na porta e ela levantou os olhos dos papéis jogados pela mesa, um pouco surpresa.

— Oi. – ele falou.

— Oi.

— Tem uma cópia da ficha atual? – ele perguntou, querendo ter qualquer motivo para falar com ela. Charlie assentiu, se levantando e indo até a uma das gavetas próximas a prateleira cheia de livros. O paletó de Rob estava jogado em uma das cadeiras.

— Está uma confusão, talvez demore um pouco. – ela avisou, ainda de costas para ele. – Se quiser pode pegar a ficha que estamos usando, posso pedir outra.

— Não, obrigado. Preferimos uma cópia. – ela assentiu levemente enquanto ele passava o olhar pela sala. Viu uma foto dos quatro da equipe. A mão de Rob na cintura de Charlie. - Por que foi jantar com ele? - Spencer perguntou.

  - Por que quer saber? – ela abriu uma pasta preta, ainda com a voz calma.

  - Por que você foi? – ele continuou, mantendo a voz no mesmo tom.

  - Acho que não te devo explicações, porque até onde eu sei, não estamos namorando. – ela sorriu. - E mesmo se estivéssemos, desde quando eu precisaria lhe dar motivos para sair almoçar com um colega de trabalho?

   - O mesmo cara que está obviamente interessado em você?

  - Ah meu Deus, Spencer! - ela olhou para cima antes de voltar a encarar o agente, com os olhos que ele jurou estar marejados. – E eu vi você olhando pra Kate, não pode cobrar nada de mim. E desde quando isso te incomoda?!

   - Desde que eu fiz o perfil dele!

   - Agora você está sendo paranoico! Pra que você faria isso?

   - Porque eu me importo com você, Charlotte!

   - Não me chame assim! E não, voc...

   - Se você disser que eu não me importo...!

   - Vai fazer o que? Me chamar de Charlotte pro resto da vida?

   - Sim, porque eu sei o quanto você odeia sentir que as pessoas estão se distanciando e quando usam seu nome inteiro é quando você tem certeza que isso está acontecendo. 

   Charlie ficou sem falar, só maneou a cabeça e revirou os olhos.

   - Eu tenho que tentar fazer um assassino falar onde ele escondeu cinco corpos. - ele disse saindo da sala. - Depois nos falamos.

— Você esqueceu sua ficha, Reid. – ela o parou no meio do corredor e estendeu dois papéis grampeados a ele. 

Ele pegou sem olhar para ela e entrou na sala. E pôde ter certeza que ela ficara com ciúmes de Kate. Isso o fez sorrir um pouco.

  Quase meia hora depois, Blake, Hotch e Spencer se levantaram, achando que já teriam um bom fator estressante para fazer Everett quebrar, e falar. Apenas mencionar a mãe dele não teria efeito. Haviam pesquisado sobre a filha e a mulher de John.

Rob apontou com a cabeça para fora da sala, se levantou e os parou.

— Vocês não podem interrogá-lo. Não agora.

— Por que? – Hotch perguntou.

  - O remédio que Ch... Dra. West achou é para dar suporte para o alcoolismo. Ele tomou antes de vir para cá e ainda não saiu por completo do seu organismo, assim como o álcool. A mistura desses medicamentos, junto com os anestésicos e outras drogas que foram dadas a ele durante a cirurgia, pode afetar o coração se ele ficar sob pressão e por conta da dupla personalidade, pode ter um ataque de miocárdio. 

  - Infarto. - Reid disse para os outros.

  - Nós sabemos, Reid. – Blake disse baixo para ele e se voltou para o outro doutor em seguida. - Vamos ter que esperar quanto tempo?

  - Nove horas. - ele disse com um tom de pesar em sua voz. Charlie agora estava ao seu lado.

 - Charlotte, se esperarmos esse tempo as chances das crianças podem cair até 5%. – Spencer falou sério se virando para ela e os agentes não disfarçaram a surpresa ao o ouvir falando seu nome inteiro.

— Desculpa, não tem nada que possamos fazer agora, Spence...r. – ela olhou para baixo rapidamente.

— O que aconteceria se o interrogarmos agora? – Blake perguntou. - As chances de um ataque.

— 56%. – Rob respondeu e Spencer odiou perceber que ele e Charlie pareciam um casal.

Ela entregou as fotos para Morgan e disse baixo.

 – Obrigada, ajudou muito.

— De nada. – ele as dobrou no meio. – Já que não podemos fazer nada se não esperar, eu vou dormir.

— Boa noite. – os agentes falaram e ele andou até o melhor sofá da sala deles, deixando Rossi e JJ nas poltronas. Charlie se virou quando Rob a chamou, ela estava praticamente na metade do corredor.

— Não vai pra casa? São três da manhã. – perguntou.

— Clínica. – ela respondeu.

— Já não cumpriu seus horários? – ele andou até ela e Hotch e Blake perceberam o desconforto de Spencer.

— Sim, mas eu realmente não quero ir pra casa. – Charlie colocou os cabelos para trás das orelhas e voltou a andar. 

O médico deu de ombros e pediu licença para os agentes, entrando em sua sala em seguida e pegando o seu jaleco, que estava pendurado. Apagou as luzes e trancou a sala, andando na direção do elevador.

— Reid, você deveria ir para o hotel. – Blake falou.

— Todos vão dormir aqui, não vou ser o único num hotel. – ele disse, mas foi quando viu JJ e Rossi saindo da sala e Blake os seguiu.

—--x---

Morgan, Reid e Hotch passaram a noite naquela sala, sem se importar com os olhares constantes de quem passava por aquele corredor e via três homens dormindo em três poltronas diferentes.

No dia seguinte, Kate e Charlie atendiam na clínica, enquanto Rob e Adam supervisionavam qualquer mudança no organismo de Everett. Faltavam quatro horas para ele poder ser interrogado e era nesse meio tempo que as menores mudanças poderiam ser cruciais. Makin viu Charlie andando até ele e sorriu, saindo da sala.

— Uma paciente, Esther Gray, precisa de um rim. – ela falou para ele, os dois parados no meio entre as salas dos pacientes e onde as secretarias ficavam.

— Ok, peça um transplante. – ele disse não entendo porque ela havia andando até lá para falar com ele.

— Ela não tem seguro e não tem condições para pagar um.

— Porra, Charlie... – ele coçou a nuca, sem saber o que fazer. – Não podemos colocá-la na lista, você sabe, a não ser que ela pague, mas...

— Ela não tem condições e você colocou Mark Earl. - ela argumentou.

  - Desculpe. - ele negou com a cabeça.

— Robert...! Você é a única pessoa que consegue, Mark Earl está perfeito agora, um rim é muito mais fácil!

— Charlie, eu posso tentar, mas... – ele parou de falar quando viu JJ correndo até eles.

— Tem algo errado com Everett.


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Notas finais do capítulo

Queria agradecer do fundo do coração a todos que favoritaram, estão acompanhando e comentando! Me deixa muito feliz mesmo!
Gostaria que vocês me falassem o que acham que poderia ser melhorado ou mudado na fic, assim posso tentar deixar cada vez melhor ❤️
Obrigada mesmo!



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