Zugzwang escrita por MB


Capítulo 16
Capítulo 16




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Oi.

Spencer não conseguia dormir, e de qualquer jeito, uma mensagem não iria acordá-la.

Oi.

Ela respondeu rápido.

Estava dormindo?

Não. Pensando em uma paciente.

O que aconteceu com ela?

Não sabemos. Temos que pesquisar muito ainda e prestar atenção nos detalhes.

Deve ser difícil.

Não mais difícil que arriscar a vida. Eu fico em uma sala, só com livros e computadores.

Na maioria das vezes eu também.

Por que não está conseguindo dormir?

Estou pensando em você.

O que sobre mim?

Sobre como eu te quero bem.

Por que eu não estaria bem?

Você sabe.

Não recebi mais nada.

Que bom, duas cartas em um dia seria mais preocupante.

Não estou me arriscando por não andar disfarçada por aí né?

Eu não sei. Muitas ameaças?

Não. Só a você, por isso me preocupo.

Não deveria.

Desculpa, FBI.

Ele riu, imaginando o tom irônico dela.

Estou pensando de verdade em procurar quem é ele.

Não está fazendo mal a mim, não precisa.

Está ao seu psicológico.

Posso trabalhar o psicológico. Não foi só por isso que mandou oi.

Como sabe?

Porque eu não quero que seja.

E não foi. Estava com saudades.

Nos falamos hoje mais cedo, Spence.

Ela sorriu, apesar disso.

Eu sei.

Mas também estou. Do seu cabelo.

Meu cabelo?

Do seu cabelo e do relógio que usa por cima da camisa.

Por que?

Ele sentiu seu estômago se revirar de uma forma boa quando leu.

Porque eu sinto sua falta.

Ela demorou um pouco para responder.

Você já me disse isso.

Não fale comigo como se estivesse me interrogando, Reid.

Ele riu ao perceber que provavelmente ela estava vermelha.

Por que acha que estou te interrogando?

Porque quer tirar coisas de mim.

Tem algo para tirar?

Spencer! Não.

Você não está se ajudando. Charlie, você seria uma cúmplice horrível.

Merda, meus planos de planejar um ataque se foram.

Foi quando ele teve certeza que ela queria falar algo, usando o humor para desviar a atenção.

Ok. Ela enviou por fim. O que aconteceu quando desligamos mais cedo hoje?

O que acha que aconteceu?, enviou receoso, sem saber exatamente como responder.

Estava tensa, acho que você também.

Sim, ele concordou, não sabendo se gostava dessa explicação e sem a mínima ideia de que Charlie a odiava. Não está com sono?

Não estou a fim de dormir sabendo que posso falar com você.

Que bom que sente o mesmo.

–--x---

– Bom dia. - JJ falou com as sobrancelhas franzidas, ao ver Spencer esfregar os olhos quando chegou à delegacia. Ele bocejou e acenou para todos, sem ver direito quem estava lá. - Que horas foi dormir?

– Três e quatorze. - respondeu com a voz lenta.

– Está tendo pesadelos de novo? - perguntou preocupada, abaixando o tom de voz, fazendo só Rossi, Blake e Hotch ouvirem.

– Não. - ele balançou a cabeça negativamente.

– Insônia? - Rossi levantou o olhar dos papéis.

– Não, fiquei conversando com a Charlie. - tomou um gole de café e percebeu que Morgan não estava lá, sempre se atrasava quando eles ficavam em um hotel melhor.

– Até três da manhã? - JJ levantou as sobrancelhas e sorriu para os outros agentes.

– É. Estávamos sem sono.

– Percebe que estão namorando, não percebe? - Rossi riu. - Relacionamento à distância normalmente não funcionam, falo por experiência própria, mas vocês dois estão se saindo bem.

Morgan entrou na sala andando rápido, interrompendo Spencer que começaria a falar.

– Desculpem, eu me perdi no horário e...

– Não foi o único. - Hotch disse e Derek franziu as sobrancelhas.

– O que descobriram? - se sentou.

– Garcia congelou os bens dos Sparks mais cedo hoje, mas alguém pouco acima de Bayside Branch conseguiu sacar 10 mil de sua conta conjunta de poupança. – JJ explicou e eles perceberam que ela estava no viva-voz.

– Ligue em Branch, se ainda estiverem, não deixe sair. - Hotch disse e Blake e JJ saíram da delegacia.

– Se o suspeito tem que quer, os pais de Sammy são dispensáveis. - Spencer pensou alto e olhou preocupado para os outros agentes.

Garcia ligou algum tempo depois.

– Procurei por todos os "L" e nada. Número 50 também, caso fosse algo tipo número romano e de novo, nada.

– Sammy tem algum parente próximo? - Spencer perguntou.

– Adam tem uma irmã, que foi vista a última vez no Texas. Elizabeth.

– "L" pode ser Lizzie. - Reid continuou. - Temos que achá-la rápido.

Ela concordou nervosa com a cabeça e desligou.

– O suspeito tem o dinheiro que precisa, por que não soltou eles? - Morgan perguntou.

– Alison tentou sacar 40 mil em Bayside, mas só conseguiu 10. Ele quer uma quantia específica e só vai soltá-los quando tiver. – JJ explicou.

– Disse para a gerente que 10 mil não era suficiente. O suspeito falou para os Sparks quanto queria. - Blake continuou o raciocínio.

Tinham o perfil:

O homem estava em risco de perder a propriedade ou negócio. Focaram em moradores com famílias grandes, de renda única. Não tinha a intenção de machucar as vítimas e o sequestro dos Sparks foi um mal necessário aos fins. Devido ao derramamento de óleo, pescadores desempregados e donos de barcos são fortes possibilidades. Trabalha meio período, ou por fora. Pode ter perdido alguém, então procuraram pessoas em meio a pedidos de divórcio e custódias de filhos.

Sammy continuava desenhando e Spencer não o deixava fora de vista. Estavam procurando pela tia dele, mas esperavam que enquanto isso pudessem se comunicar melhor com ele.

A diretora da escola dele entrou na sala, junto com Elizabeth, tirando Reid do quase transe que estava, encarando o chão por um bom tempo. Ela tirou alguns pedaços de papel da bolsa e entregou para Sammy.

– O que é isso? - Spencer perguntou.

– Ajuda algumas crianças com autismo a aprender as rotinas. - ela contou. Ele ignorou-a completamente e começou a bater os dedos acima do desenho que segurava.

– Ele está tentando digitar? - perguntou a mulher e Spencer negou.

– Ele está tentando tocar algo.

Depois de muita relutância da diretora, eles o levaram para a cena do crime. Sammy não demonstrou reação, não além do normal. Ele se sentou no piano e passou os dedos pelas teclas, sem fazer nenhum som sair.

A tia de Sammy e Rossi observavam, ela mais preocupada.

– Sammy, tudo bem se eu sentar aqui? - Spencer perguntou com uma voz suave. O garoto olhou para o lado oposto e não teve reação ruim quando Reid se sentou ao seu lado e apertou algumas teclas em uma sequência simples. Parou em seguida, esperando a reação dele, que fez a mesma coisa. Spencer sorriu abertamente. - Estava escondendo isso de mim. Sammy, que tal você tocar essa nota. - ele apertou uma tecla grave. - Para sim e essa - apertou outra aguda. - Para não.

A criança apertou a grave.

– Isso! Assim. - ele sorriu. - Você se lembra quando um homem entrou e pegou seus pais? - grave, mas começou a tocar um acorde, repetidas vezes. - Essa música significa algo pra você...? - ele não respondeu, mas pegou a mão de Spencer e colocou a cima das teclas, o fazendo tocar a mesma coisa que ele, em um tom diferente. Ficaram um bom tempo, quase dez minutos tocando, quando Reid percebeu que nem Rossi nem Elizabeth estavam na sala.

– Olhe isso. - o agente andou até ele e entregou para Spencer os papéis presos por uma argola. - A rotina dele.

– Ele está tentando se comunicar, mas vê a vida em imagens. - ele pegou os desenhos e espalhou no chão. - E o L não é um L. É o horário. Três horas, a hora que conheceu o suspeito.

– Onde ele estava? - Elizabeth perguntou.

– Duas e meia, a loja. - Rossi respondeu.

– Sammy. - Reid o chamou novamente e mostrou o relógio. - São três horas, deveria estar em algum lugar?

– Loja. - respondeu simplesmente e se levantou, andando automaticamente para fora da casa.

Quando chegaram à loja, Sammy foi diretamente para o piano, tocando a música que aparecera no vídeo das câmeras de segurança as 2:30 da tarde.

No vídeo, trinta minutos depois, um homem chega carregando uma encomenda, parando no caixa, à frente do teclado onde Sammy tocava.

O homem era um pescador, que tinha um trabalho de meio período como entregador. Empréstimos para pagar contas de luz e água, além de comprar um barco. Bill Thomas.

Reid ficou com Sammy na loja enquanto os outros foram em direção ao endereço que Garcia lhes passou.

– Mamãe? - ele perguntou com uma dicção lenta.

– Isso, mamãe. - Spencer sorriu nervoso. Não poderia negar isso. Percebera o quanto a criança pareceu aliviada, mas também não poderia prometer nada. - Vão tentar achá-la.

Ele continuou tocando por quase quarenta minutos. A mãe de Sammy não quis ir para o hospital ou delegacia, foi diretamente para a loja quando a soltaram. Ela não esperou a criança se acostumar com o toque, só o abraçou desesperadamente.

– Obrigada por cuidar do meu filho. - disse chorando para Spencer que sorriu agradecendo.

– Reid, você definitivamente você vai ser pai. - Morgan deu tapinhas nas costas dele e ele sorriu, não surpreso com o primeiro nome que veio a sua mente.


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Notas finais do capítulo

Queria pedir desculpas por esses últimos capítulos não estarem sendo os melhores. Nas notas do meu celular, tenho uma pasta só com resumos e rascunhos de alguns capítulos para frente e estou muito animada para finalmente conseguir colocar na história.
O próximo (que já está pronto), eu gosto muito, e queria postar logo em seguida, mas ainda tenho que arrumar algumas coisas.
Tenho resumo para casos originais e vou colocá-los logo em seguida.
Espero que continuem acompanhando e obrigada pelos comentários e acompanhamentos!
Gostaram da nova capa?



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