Torne seus Momentos Inesquecíveis escrita por Éden


Capítulo 3
Momentos de Silêncio


Notas iniciais do capítulo

Finalmente... Atualizada!



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O silêncio transforma, encanta, enfatiza e apaixona, isso sem precisar desferir nenhuma palavra. Palavras podem ferir, mas o silêncio é uma poderosa arma contra a ignorância. Nem sempre a maior das batalhas se ganha com armas e pedras, às vezes o simples calar da boca pode derrubar exércitos de homens e Deuses.

Jonatas sabia bem como o silêncio podia curar e como as palavras podiam ferir. Sempre fora alvo de palavras dolorosas vindas da família, dos amigos e das pessoas ao redor, para se curar, se fechava em seu mundinho pessoal e chorava. Chorava como nunca havia chorado antes, deixando toda a mágoa e a tristeza se esgueirarem pelo corpo e sumir, para não mais voltar. Mas ela sempre voltava, mais forte do que antes, destruindo todos os patamares da força que o rapaz havia criado dentro de si e deixando-o cada vez mais ferido, mais marcado pela melancolia, mais perdido, mais enganado.

Depois do acontecido com Conrado, Jonatas havia feito o que seu coração covarde sempre fazia em situações confusas, se escondeu e chorou. Ele não sabia porque chorava, as lágrimas apenas caiam. Trancado na antiga casa na árvore, construída na juventude, tendo que se abaixar para ficar lá dentro, o rapaz observava toda fazenda e pensava nas atitudes e sentimentos perante o sedutor peão. Ele não queria ser anormal, mas seu coração mandava ele se aproximar cada vez mais. Conrado era como uma droga, depois de tocar seu corpo não podia simplesmente ignorar, ele queria tocar novamente, mas não só tocar, ele queria beijar, abraçar, amar. Mas o medo era tão grande, maior que a distância entre a terra e a Lua, só que seus desejos chegavam a serem maiores, como a distância entre o amor e o amado.

O silêncio rondava toda fazenda. Jonatas evitava contato visual e oral com Conrado, sempre dando um jeitinho de escapar e se perder em seus pensamentos em algum lugar remoto da fazenda, como a antiga casa da árvore ou o quarto da falecida avó. Já completavam três dias desde os acontecidos que, por pouco, não mudaram o jeito Jonatas de pensar sobre seus sentimentos libidinosos sobre Conrado. Hoje era o dia em que as amigas chegavam da capital, elas saberiam o que fazer... Infelizmente, traziam consigo noticias de lá, que, com toda certeza de Jonatas, não seriam nada agradáveis.

Trancado na casinha na árvore, Jonatas observava que, ao longínquo da estrada, poeira era lançada para o alto aos montes, sinal que um carro se aproximava. Não eram comuns automóveis em Macaraju, tornando as teorias do rapaz quase nulas, era sua mãe e suas amigas, a “Comitiva BH”, como Conrado ironizava, tentando cortar o gelo com Jonatas. Ele parecia ter passado um apagador em todos os acontecimentos, fingindo nunca ter tipo vontade de beijar o amigo, mas todos sabemos que ele tinha e não era pouca. O carro foi se aproximando, uma Picape preta, com o som ligado no seu máximo, à música era escolha de Carolina, ele tinha certeza. A amiga tinha um gosto musical bem apurado, não conseguindo ouvir qualquer coisa. Tocava “Rachel Platten ─ Fight Song”. Animado e, um tanto receoso, Jonatas desceu da casinha e foi até a entrada da fazenda, sendo recebido por uma nuvem de poeira densa, que foi se acentuando na terra e deixando o carro das amigas a mostra. O vidro abaixou, Della dirigia, trajava um chapéu enorme, óculos escuros e tinha uma fita amarrada no pescoço, estava imitando a mãe de Jonatas, sinal de que ela não estava por lá.

─ Licença, o senhor poderia me informar onde diabos é a fazenda... ─ imitando a voz da mãe de Jonatas, Della fazia gestos graciosos e forçava os olhos para ler uma folha de papel nas mãos, Carolina se perdia em gargalhadas no banco do carona, o rapaz ficava sorrindo, adorava o jeito da amiga ─ Fazenda Paixão ─ e soltou uma gargalhada maléfica.

─ Della... ─ Jonatas repreendeu sorridente. Seguidamente, abriu a porta do carro. Della jogou o chapéu e o lenço para o banco de trás da Picape e se jogou para fora do carro, mostrando toda sua graciosidade e criatividade para combinações de roubas, em tons floridos e coloridos, além de seu cabelo curto, alinhado a um sorriso branco. Ela se aproximou de Jonatas e o abraçou, eufórica.

─ Finalmente você terminou com a Ágata, não aguentava mais te ver assim, desanimado ─ ela olha Jonatas de cima a baixo, percebendo que algo o incomodava ─ Mas parece que não adiantou muito, já que você continua com cara de cemitério.

─ Ai Della, já chega implicando! ─ exclamou Carolina, uma linda negra de cabelos longos e cacheados, especialista em moda, usava roupas chiques e nem tão coloridas quando as de Della. Ela se aproximou da amiga e também abraçou Jonatas, com um olhar simpático de alegria ─ Então, como anda esse coração?

─ Péssimo ─ ele respondeu, perdendo o sorriso ─ Eu não sei o que esta acontecendo comigo e precisava falar com alguém... Acho que me perder no silêncio dessa vez não vai ajudar muito!

─ Nunca ajudou ─ respondeu Della, ajeitando o óculos no rosto e trancando a porta do carro. Conrado apareceu na porta da fazenda, com um olhar curioso de uma criança que acabara de ganhar um presente, olhou para as garotas e acenou, entrando novamente, em seguida. Della e Carolina arregalaram os olhos, surpresas ─ Oh my god.

─ Oh my god ─ disse Carolina, concordando com a amiga.

─ É... É... Oh my god ─ respondeu Jonatas irritado ─ Digamos que minha confusão começa nele e termina em mim... ─ ponderou o rapaz, deixando as amigas confusas.

─ Você é gay? ─ perguntou Carolina, curiosa.

─ Eu não sei ─ respondeu, perdido ─ Mas eu não consigo explicar o que sinto por ele, é muito forte, mexe muito comigo, mas é errado... ─ e então, fez uma expressão triste, deixando uma lágrima escapar pelo olho esquerdo. Carolina e Della se entreolharam, sorridentes, seguidamente, abraçaram o amigo.

─ Amar não é errado, Jonatas ─ exclamou Della, abraçando o amigo.

─ Errado é se prender em algo que não te traz felicidade, como a Ágata, por exemplo ─ respondeu Carolina, desprendendo Jonatas do abraço e guardando a chave que Della lhe entregou no bolso ─ Além do mais, sempre soubemos que você é gay ─ disse ela, fazendo o rapaz arregalar os olhos, assustado.

─ Como assim vocês sempre souberam? Nem eu sei se eu sou de verdade! ─ exclamou, assustado.

─ Amiga sempre sabe, assim como mãe ─ respondeu Della, começando a caminhar na direção da fazenda. Carolina e Jonatas vão atrás.

─ Quer dizer que a minha mãe sabe? ─ pergunta o rapaz, confuso. Della e Carolina se entreolham novamente.

─ Bom, acho que sua mãe não conta ─ respondeu Della, aproximando-se da porta e a abrindo, deixando Jonatas e Carolina entrarem na frente ─ Mas é melhor deixar esse assunto para depois... ─ ponderou a garota, percebendo que Conrado se encontrava na sala, colocando coisas dentro de uma mochila. Cobertores, travesseiros e comida, como se ele fosse fugir. O rapaz, percebendo que as garotas haviam chegado, joga a mochila de lado e se levanta, retirando o chapéu e estendendo a mão.

─ Conrado, muito prazer ─ disse ele, cordialmente. Nem parecia o Conrado de antes, estava totalmente educado e bem criado. Della se apressa e aperta a mão do rapaz, sorridente.

─ Delila, mas pode me chamar de Della ─ respondeu a garota, dando uma leve piscadinha para Jonatas. Conrado solta a mão da garota e estende para Carolina.

─ Carolina, muito prazer ─ ela aperta a mão do peão e abre um largo sorriso olhando para o amigo, coisa típica de amiga, zoando com o amor dos amigos. Conrado novamente se senta e volta a guardar as coisas na mochila ─ Poxa, nem nos conheceu e já esta fugindo... ─ ironizou a garota. O peão da uma leve gargalhada e desvia o olhar para Jonatas por alguns instantes, abrindo um belo sorriso e depois encara Carolina, ainda sorridente, mas não diz nada, parecia tímido, longe.

─ Bom, acho que a gente devia conhecer o resto da fazenda... ─ ponderou Della, cortando o silêncio atordoador e despertando Jonatas no transe hipnótico de olhar para Conrado.

─ É, vamos então ─ respondia o rapaz, perdendo o sorriso e caminhando em direção a cozinha, mas antes da uma leve olhada para o peão novamente, percebendo que ele escondia algo curioso na mochila, uma foto. Então, começou a cogitar se essa seria a foto que ele havia perdido.

 

─ Espera, vocês são amigos de infância? Porque nunca contou desse peão arrasa-corações, Jonatas Paixão Vieira? ─ questionou Della, se jogando nas almofadas do antigo quarto de Jonatas. Carolina deu-lhe um peteleco e clamou por mais educação por parte da amiga ─ Ai, Carol! É o Jonatas, para que fazer cerimônia?

─ Acho que você não capitou parte da historia: Nosso amigo acabou de se assumir gay e esta com o coração perdido e você fica falando umas coisas nada-a-ver! ─ repreendeu Carolina. Jonatas ficou corado de vergonha.

─ Eu não assumi nada... Eu só disse estar confuso!

─ E essa confusão se chama A M O R! ─ disse Della. Colocando o braço atrás da cabeça e despencando sobre as almofadas, suspirando com a maciez ─ Isso aqui é muito bom...

Jonatas olhou para a amiga estirada no chão e sorriu.

─ Era aí que o Conrado dormia quando eu estava na fazenda... Bom, pelo menos nas primeiras horas, porque eu costumava ter muitos pesadelos e ele dormia comigo para me acalmar. Inocência de infância... ─ comentou Jonatas, se deitando na cama com certa dificuldade. Carolina se deitou ao lado, com os pés virados para o rosto do amigo. Ele riu ─ A gente dormia assim...

─ Que amorzinho! ─ disseram Carolina e Della, simultaneamente. Jonatas se pegou sorrindo novamente, se irritou e colocou as mãos sobre o rosto, envergonhado.

─ Merda, porque eu não consigo parar de falar dele?

─ Porque você o ama ─ respondeu Carolina.

─ E porque é seu coração falando ─ completou Della.

─ Preciso extravasar e expulsar isso de mim. É só confusão pós-término. Você é psicóloga, Della, não existe uma explicação cientifica para isso? ─ questionou irritado. Della e Carolina trocaram olhares. ─ Que foi gente?

─ Você esta em negação ─ disseram juntas. Jonatas se levantou e caminhou até a janela.

─ Vocês estão exagerando. Nunca fui e nem serei anormal!

─ Para de chamar um semelhante a você de Anormal! Você esta que nem o seu pai! ─ repreendeu Della, irritada ─ Anormal é a homofobia que você anda disseminando por aí. Estamos no século vinte...

─ Vinte e um ─ corrigiu Carolina.

─ Sim, exatamente ─ exclamou. Jonatas se envergonhou, ficando vermelho ─ Você é muito melhor que isso e tenho certeza que vai perceber que você ama o... ─ e, antes de completar, Conrado surgiu na porta. ─ Conrado... Antes que perca a chance de estar com ele ─ sussurrou no ouvido e Jonatas, que só tinha olhos para o peão.

─ Desculpa atrapalhar a prosa doceis, mas é que a senhora sua mãe ligou e avisou que chega amanhã! ─ informou Conrado, sorridente. Jonatas bufou e jogou a cabeça para trás, acreditando que seu sossego havia acabado. ─ E também vim ver se oceis não quer ir dar uma volta na cidade mais tarde... ─ perguntou, evitando contato visual com Jonatas.

Pronto para sibilar um “não”, Jonatas foi interceptado pela mão de Carolina em sua boca.

─ Íamos adorar! ─ ela exclamou. Conrado sorriu e, próximo a deixar a sala, deu uma leve olhada sobre Jonatas, ergueu as sobrancelhas e fez uma expressão carismática. Assim que ele saiu, Carolina tirou a mão da boca do amigo, olhou para Della e gargalhou. ─ Fase Um: Encontrar um motivo para estar perto do bonitão, concluída.

─ Meu Deus, com que cara vou aparecer para ele? ─ questionou assustado.

─ Não entendi a pergunta. Você tem algum motivo para ter vergonha de aparecer para ele? ─ perguntou Della. Jonatas, ao perceber que falara demais, engoliu seco e olhou para as amigas, que aguardavam uma explicação.

─ A gente quase se beijou... ─ ele começou, receoso. Carolina e Della escancararam as bocas surpresas ─ E eu acho que peguei na bunda dele... ─ completou. As amigas quase gritaram, surpresas, mas se seguraram.

─ E como é? ─ perguntou Della, surpresa.

─ Como é o que?

─ A bunda, dã!

─ Mole. E grande ─ respondeu, corado de vergonha. Della olhou confusa para o amigo.

─ Eu não acho que a bunda dele seja mole... ─ ela novamente abriu  a boca, vociferando um demorado ‘aa’.

─ Que que foi? ─ perguntou Carolina. Ela olhou para Della, que continuou dizendo apenas “aa” e, lendo sua expressão, entendeu o que se passava. ─ Aaaaaaaa... ─ sibilou maliciosamente. Jonatas continuou perdido.

─ Oi? Terra para mim? O que ta acontecendo? ─ perguntou confuso. As amigas riram.

─ Acho que você pegou em algo mole, mas não era uma bunda... Hihihi... ─ disse Della, aos risos. Jonatas demorou para entender, mas quando entendeu, se fez surpreso com a malicia das amigas.

─ Não! Você não disse isso! ─ ele exclamou. As garotas riram demasiadamente, ressoando suas gargalhadas por toda a casa.

Conrado, que estava no quintal aguando as plantas, sorriu ao ouvir a risada abafada de Jonatas no meio da das garotas. Ele mordiscava o lábio, olhava para o céu e sentia uma nostalgia avassaladora de sua infância, em especial a que passou com Jonatas.

Ele sentia algo maior que a amizade, mas assim como o outro, tinha medo de assumir. Por fim, suas memórias pararam em um momento importante de sua juventude: o dia em que se conheceram. É, você vendo como esses dois são unidos nunca saberia o quão difícil foi o nascimento dessa amizade.

A avó de Jonatas, Teresa, trazia o neto para a casa na fazenda pela primeira vez. Ele com seus cinco anos, ainda estava tímido e assustado com toda a novidade daquele ambiente e, a primeira coisa que fez ao chegar, foi correr e se esconder do garotinho magricela que vivia ali. Conrado custou para ter um “oi” de Jonatas, que vivia escondido debaixo da cama, mas ele era insistente… Tanto fez, que o garoto da cidade abandonou a timidez por alguns instantes e aceitou ter um principio de amizade com ele.

 

─ Ei, bonitão ─ a voz de Della cortava os devaneios de Conrado, que acorda e percebe a moça debruçada na janela ─ Já estamos prontas, quando você pode nos levar? ─ ela questionou. Conrado deixou a mangueira de lado, sorriu e olhou para a moça.

─ Vambora? ─ Della sorriu maleficamente, voltou para casa para chamar os outros, enquanto Conrado tirava a velha caminhonete da garagem e estacionava na frente da fazenda. Jonatas e as amigas saíram da casa, as duas olharam para o veículo com malicia, sorriram e empurraram o rapaz para ir no banco do carona, ao lado de seu maior problema.

─ Vou matar vocês ─ sussurrou Jonatas, sentando-se no banco com as bochechas coradas. Depois de muitas tentativas frustradas, Della e Carol finalmente subiam na traseira do carro. Conrado abriu o mais sincero e bonito sorriso quando Jonatas se sentou a seu lado. Já sentiu quando você está pensando em alguém importante e ele cai de paraquedas na sua vida? Era assim que ele sentiu-se.

 

─ Eu realmente acho que… ─ começou Jonatas, após vinte minutos na estrada de terra, sendo cortado por um dos centenas de buracos que o faziam dar pulinhos no banco. Della e Carolina estavam eufóricas com a viagem, gritavam e cantavam a todo momento na traseira. Conrado, de quando em quando não conseguia segurar seus olhos e fitava o amigo com demasiada e confusa atração, mas nunca tinha coragem de puxar um assunto ─ … a gente devia falar sobre aquele dia ─ completou Jonatas, tremulo pela viagem e pelo medo. Apesar dos pesares, tinha receio de tocar nesse assunto.

Conrado mordeu o lábio e desviou os olhos assustados para Jonatas e, próximo a falar, Della bateu na janelinha de vidro que dava acesso da cabine do motorista a traseira da caminhonete. Jonatas sorriu forçadamente e abriu-a, não querendo que o peão tirasse as mãos do volante.

─ Aoo cowboy! Toca uma moda pra nós aí no rádio! ─ pediu Della, observando o climão entre os dois e sibilando “xi…”. Conrado sorriu para a moça e, a seu pedido, ligou o rádio. A garota voltou para a traseira e sentou-se ao lado de Carol. Jonatas se limitou a uma troca de olhares entristecidos com o peão, enquanto a música começava:

Em festa de rodeio não dá pra ficar parado

─ Oh my god ─ gritou Della eufórica ─ Eu AMO essa música ─ vociferou, soltando a voz para acompanhar a música ─ Tem cowboy e boiadeiro e mulher pra todo lado… Em festa de rodeio, coração atravessado… Seria meu sonho arrumar um peão forte, rústico e carinhoso? ─ ela disse, Conrado riu, enquanto Carolina se fechou envergonhada e Jonatas se perdeu em pensamentos ─ Conradinho, querido, se tiver um amigo assim para me apresentar… ─ ela sorriu maleficamente.

─ Tem uns sim, na cidade cê vai conhecer eles ─ respondeu o rapaz. Della riu e se espojou na traseira, feliz da vida.

─ To feita.

 

Eles finalmente chegavam a Maracaju. Era uma cidadezinha pequena e aconchegante. Daquele tipo em que as lojas eram todas próximas, numa mesma rua; com barzinhos e lojas de tudo para todo lado; quitandeiras vendendo doces na praça; namorados conversando em frente a paróquia; crianças jogando queimada na rua e animais para todos os lados. Jonatas amava o clima de lá. Parecia ter voltado no tempo. Essa sensação se aflorava ainda mais com Conrado a seu lado… Ah, como ele queria ter vivido toda sua vida aqui, em vez de a perder naquela cidade cinza e sem alegria… E, para a felicidade de Della, peão era o que não faltava.

Conrado estacionou a caminhonete em frente a padaria Brasão, onde Jonatas comeu seu doce preferido pela primeira vez: Torta de doce de leite. Bem que ele procurou na cidade grande algo tão gostoso quanto a de Maracaju, mas era impossível. A torta da Tia Joaninha não podia ser copiada. As garotas saltaram da traseira e trocaram olhares com dois rapazes gêmeos que passavam de cavalo ali perto. Eles sorriram e elas bateram as mãos eufóricas. Jonatas saiu do veiculo e se juntou a Conrado. A padaria estava sendo olhada pela dona Endorsa, uma velhinha carrancuda e surda que devia estar beirando a casa dos cem. Ele estava decidido. Precisava falar com o peão sobre tudo e, por isso, lançou as amigas um nada sutil olhar e elas entenderam o recado: Eles precisavam ficar sozinhos.

Conrado entrou na padaria e Jonatas correu atras, enquanto Della e Carol entraram em uma loja ao lado. O coração de Jonatas estava acelerado. Sua boca conspirava contra ele. Suas mãos estavam tremulas e ele decidido: Ia falar o que sentia.

─ Conrado eu te… ─ e, antes que pudesse terminar de falar, entrou na padaria uma moça de cabelos em tranças e roupas floridas.

─ Amoor! ─ a moça gritou, se atirando nos braços de Conrado e lhe forçando um beijo na boca. Jonatas engoliu seco.

─ Jonatas, essa é a Belezinha ─ começou Conrado, em um tom receoso ─ Minha noiva.






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