Faziam sete meses desde que havíamos deixado Konoha. O final de outubro e uma maior incidência de vento nos últimos dias anunciavam que o outono havia chegado. Sasuke-kun e eu nos mantínhamos em nossa viagem rumo a uma vila localizada no País do Ferro, conhecida por seus enormes templos de grande exuberância.

O caminho era pacato e caminhávamos por um gramado já meio seco, ao nosso redor as robustas árvores exibiam seu tamanho e cores em um nuance de amarelo e vermelho. O cantar dos pássaros no céu misturavam-se aos barulhos da natureza que vinham das árvores.

Um tempo depois avistamos a vila, caminhamos mais alguns minutos e fomos recepcionados por um túnel de árvores com folhas amareladas e em formato de leque, as quais faziam sombra pela estrada que dava entrada a vila. Era realmente lindo. Sasuke-kun caminhava ao meu lado, permanecendo num silêncio que sempre combinou com ele. Não demorou muito e adentramos a vila, logo via-se que era um lugar bem diferente e chamativo, onde as ruas eram caminhos que interligavam alguns templos, lojas e santuários. Não via-se muitas casas ou acomodações comuns, o que me fazia concluir que tratava-se mais de uma vila turística, onde pessoas vinham para orações ou rituais... algo mais espiritual, o que não era o caso de Sasuke-kun e eu, estávamos aqui mais por curiosidade e para nos alimentarmos, podendo assim continuar nossa viagem.

Andando pelas ruas tão exclusivas do lugar, eu observava a arquitetura tão diferente dos templos – chamada de Pagode – graças a estrutura oriental semelhante a uma torre de vários níveis com coloração vermelha e com Fūrins (Sinos de Vento) destacando as famosas lanternas orientais. Dentro dos templos notava-se pessoas ajoelhadas como se orando, tudo em extremo silêncio. Já havia ouvido falar de tal atividade mas jamais havia presenciado.

Durante as próximas horas caminhei pelo lugar apreciando os diferentes tipos de templos e lojas, porém já estava no horário do almoço e resolvemos parar em um restaurante próximo para uma refeição. Enquanto Sasuke-kun mantinha-se sentado a mesa esperando nossos pedidos eu fui até o banheiro do restaurante, ultimamente vinha sentindo uma necessidade excessiva de ir ao banheiro, algo que para mim era fora do comum, porém não dei muita atenção. Voltei-me a mesa e Sasuke-kun permanecia na mesma posição, com os dedos entrelaçados e o queixo descansando sob as mãos assim como fazia quando criança, achei nostálgico e sorri internamente. Sentei-me de frente para ele e conversamos um pouco sobre as coisas que tínhamos visto na vila, logo nossa refeição chegou e o silêncio se instaurou novamente.

Durante o resto do dia continuamos a admirar os lugares da vila, após os templos vinha um conjunto de lojas me fazendo pensar que aquele seria a parte comercial da vila, assim resolvi comprar uma lembrancinha que me recordasse esse lugar tão interessante. Seguindo mais a frente a paisagem começava a mudar, as ruas nos levavam á alguns santuários realmente deslumbrantes, na entrada deles haviam um torii na entrada, ou seja, aquele portal vermelho de madeira o qual indicava que a área dentro do portal era um espaço sagrado. Ao redor dos santuários existiam árvores que os cercavam dando um toque especial e natural, o que era comum já que as atividades nos santuários recebem uma certa influência da natureza. Da rua conseguia-se ver espaços específicos dos santuários, como fontes de águas junto a lindos jardins provavelmente local onde eram realizados os rituais de purificação, clássicos dessa região. Mas o que me chamou mesmo a atenção foi um local reservado para treino de samurais, eu devia ter previsto algo assim pois o país do ferro é conhecido por seu poder militar, sendo a grande ocupação de samurais.

– Veja o modo como lutam Sasuke-kun. Aquelas espadas se assemelham a sua katana. – observei distraída nunca tirando os olhos dos dois homens que treinavam não muito longe de nós. – Você já tinha visto algo assim antes? – perguntei agora olhando para ele.

– Hn. Eu assisti um treino uma vez e deu para aprender algumas coisas, porém existem muitas regras e tradições. Tsc. – comentou ainda observando os homens treinando, sua mudança de tom no final da frase me dizia que ele não havia gostado muito, que não era um estilo que ele agregaria a seu jeito de lutar e manejar sua katana.

Não respondi, apenas voltei a olhar o treinamento por mais um tempo e logo continuamos nossa visita pela vila.

[...]

Quase um mês havia se passado e o outono estava em seu auge, em todos os lugares poderia se ver as árvores com as folhas amareladas ou avermelhadas desenhando uma paisagem incrível misturada a grama seca e aos diversos animais que saiam de suas tocas e caminhavam em busca de alimentos, provavelmente estocar para o inverno.

Sasuke-kun e eu encontrávamos na Vila da Fechadura – localizada no Pais das Chaves – um lugar pouco explorado onde os ninjas dessa vila são conhecidos apenas por serem especialistas em espionagem, a fim de obter informações para negociações com maiores e mais poderosas nações. Porém o que na verdade nos trouxe aqui foi o fato da minha respiração estar um pouco alterada, eu tentava ao máximo escapar dos olhos atentos do meu marido que me fitavam, aliás sendo quem é não deixava um só detalhe passar. Mesmo assim, ao decorrer da viagem minha respiração não era o único problema e eu sentia uma fadiga tomar espaço em mim, assim pedi para Sasuke-kun que parássemos um pouco na vila mais próxima, no caso a Vila da Fechadura. Nessa vila não se tinha muita coisa, era relativamente pequena e as pessoas não eram as mais amigáveis, porém tudo o que precisei mesmo foi entrar em um restaurante e usar o banheiro enquanto Sasuke-kun pedia nosso almoço, eu sentia uma vontade estranha e repentina de comer algo. Ao entrar no banheiro eu me olhei na espelho acima da pia, buscava algo diferente em mim que me explicasse o que poderia estar acontecendo e de imediato não encontrei nada. Uma dor de cabeça já vinha me atingindo a alguns dias, mas claro não disse nada a Sasuke-kun, fiz novamente apenas o que tenho feito em todos os outros lugares que vínhamos passando... usei meu chakra para regular minha respiração e afastar a fadiga junto a dor de cabeça. Assim, usei o banheiro e logo sai indo em direção a mesa onde encontrava-se Sasuke-kun, o qual me olhava um pouco desconfiado.

Não falei nada de início e logo nossa refeição chegou, olhei meu prato e notei minha comida preferida.

– Parece que você já sabe meus gostos Sasuke-kun – comentei tentando ser o mais alegre e normal possível.

– Hn. –resmungou e o vi levemente sem graça. Olhei seu prato e lá havia uma quantidade considerável de tomates, típico dele. – Você está bem? – escutei sair dele.

– A-ahh sim, estou ótima. – respondi focando em minha comida ao tentar não prolongar o assunto. Ele pareceu notar mas ignorou e concentrou-se em sua refeição.

Um tempo depois deixamos a tal vila e continuamos em nossa viagem, eu esperava que nada voltasse a me acontecer já que para mim tudo foi apenas um mal-estar.