Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 9
Niklaus é um mala




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Cruzei as pernas e mexi em meu cabelo observando Niklaus, ele estava completamente relaxado enquanto se enchia de vinho e eu o observava com atenção, muito mais atenção do que já havia o dado em tempos. Olhei para meu busto ensanguentado e fiz careta.

– Mas o meu sangue? Pelo que entendi só pode ser o da Petrova. Não é? - o olhei hesitante.

– Isso até eu quebrar o feitiço. Hoje em dia não se precisa nada mais do que de sangue. - piscou lentamente.

– Mas...

– Desde que você seja humana. Eu posso usar seu sangue para fazer outros híbridos. E você não tem ideia do quão difícil vem sendo achar duplicatas. Antes de você me conhecer eu havia voltado de uma viagem, estava procurando.

– Qual o motivo? - estava confusa.

– Quando as bruxas perceberam que se tornou possível transformar lobisomens em híbridos somente usando o sangue de qualquer duplicata humana, elas passaram a caçar essas duplicatas. - me olhou sério.

– E como funciona isso?

– É mais fácil do que antigamente. Só precisa misturar o sangue de um vampiro, com o de um lobisomem e o de uma duplicata. Só preciso do seu sangue. Espero que seja mais fácil do que foi com Elena. - revirou os olhos.

– Está dizendo que se eu achar um lobisomem, e der meu sangue para ele e o de um vampiro... ele vira um híbrido? - comecei meus pensamentos perversos, que logo foram quebrados.

– E precisaria disso. - me mostrou uma pedra em sua mão - É só colocar sobre o coração. Simples assim. - abriu um sorriso perverso.

– Que pedra é essa?

– Quer saber demais. - guardou a pedra dentro do bolso.

Poxa, não vai nem me deixar tocar? Rolei os olhos.

– Mas não sei se esse método funciona. Eu li em um livro. - olhou ao redor.

– Vai me usar?

– Se você for esperta, teremos uma aliança amigável. - apenas sorriu divertido - E sem mais dicas, eu me divertiria mais pelo modo que você não gostaria.

Fiz careta, Mikaelson e essas manias de fazer tudo no modo difícil. Bem... ele queria que eu achasse um método de resolver a situação sem que ele precisasse bancar o bonzinho, um método que fizesse parecer que a ideia era minha e que não o afastasse de uma certa loira.

Dei de ombros olhando toda a biblioteca, é... hum... realmente não tem nada de bom para se fazer nesse museu.

– Em uma dessas pesquisas eu descobri algo... na Islândia. - comentou com descaso, soube imediatamente que ele queria aprontar.

– O que? - deitei no sofá.

– As duplicatas eram usadas como armas de guerra durante um tempo, se forem treinadas podem ficar extremamente fortes. - falou sugestivamente.

– Como um vampiro? - confirmou com a cabeça.

– Mas isso não as faz imortal.

O encarei brevemente e percebi que Klaus era muito mais mala do que eu havia enxergado, estava ali o tempo inteiro na minha cara. Era um tremendo de um fingido.

– Você sabia que eu era uma duplicata. - acusei sorrindo, eu estava gostando da brincadeira.

– Eu imaginava que fosse. Eu lembrava de ter visto um rosto parecido em retratos antigos, mas não cheguei a conhecer Anellise.

– Então se aproximou de mim... - olhei firmemente.

– Eu estava curioso. Confesso. Se não fosse amiga de Caroline... eu já teria arrancado seu sangue a força. - riu bebendo um vinho.

– Me manipulou. - fechei os olhos sorrindo.

Vai ter troco, Niklaus vai enlouquecer de ódio. Eu sou perita no assunto.

Dei de ombros. E então me lembrei.

Elijah havia falado comigo por poucas vezes, mas me contara sobre os contratos sobrenaturais, especificamente os feitos por bruxas. Com sangue. Discutiria isso com Klaus depois , depois de ouvir a opinião de uma pessoa não sensata que me apoiaria.

Me aproximei dele o analisando brevemente, respirei fundo e ergui a cabeça me lembrando das histórias que Stefan havia me contado sobre Klaus. Tudo que ele havia provocado. Tentei ficar com raiva, mas... era inútil, eu já o considerava parte de minha vida. E sinceramente não o via como uma ameaça física. Ainda mais sabendo de seus planos.

Ele era um tremendo de um maldito manipulador e isso só me atraia mais ainda, definitivamente eu tenho sérios problemas mentais. Claramente ele não confiava 100% em mim.

– Vou dormir aqui hoje. - avisei passando por ele e indo em direção quarto em que haviam denominado como "meu".

Voltei batendo a porta.

– Quero uma roupa quando sair do banho. - fechei a porta.

Sou abusada mesmo.

Assim que terminei o banho e sai para fora do banheiro com apenas uma toalha no corpo, tive um vislumbre de um pacote indesejado. Damon estava sentado na cama segurando uma garrafa de bebida enquanto olhava em minha direção, dei de ombros e vasculhei o quarto.

– Ele mandou você olhar o "seu" closet. - se levantou indo para o banheiro.

Fui até o closet e o encontrei lotado de roupas, mordi a bochecha e observei as roupas que tinham lá. Corei vendo a infinidade de lingeries e peguei uma, achei algumas camisolas de seda e olhei confusa para as roupas. Vesti a peça de roupa me sentindo extremamente confortável, eu nunca havia usado uma dessas.

Eu já sabia que Damon dormiria na casa, era mais do que óbvio. Ele não queria estar mais tão próximo de Elena que estava um porre e me surpreendi ao ver que ele preferia a casa dos horrores. Assim que o moreno passou pela porta do banheiro vestindo apenas a calça social, o chamei com o dedo e ele se sentou na enorme cama me observando com seus brilhantes olhos azuis.

– E o que tem para hoje?

– Eles podem nos ouvir? -perguntei.

– Klaus dormiu, Rebekah e Matt... hum, acho que você não quer saber. Elijah não está. Kol também não. - deu de ombros.

– Ótimo. Pensei em algo.

– Lá vem você com suas ideias. Diga logo. - resmungou fechando os olhos.

– Usam duplicatas para fazer híbridos não é? - ele abriu os olhos.

– O que está pensando? - se sentou me olhando atentamente enquanto abria um sorriso malicioso.

– Em um tratado de paz. - se inclinou em minha direção, comecei a falar mais baixo - E se eu der o meu sangue para ele? Não sabemos nem se vai funcionar esse novo método... Mas é um jeito de fazer ele parar de os perseguir não é? Um modo de ter o que quer sem perder a loira dos sonhos dele, ele sai como o bonzinho e eu como a amiga justa.

Mas e se Klaus já souber que o sangue funciona? Provavelmente o sangue funciona. Ele não teria feito sugestões se o sangue não funcionasse, Niklaus estava jogando comigo querendo saber até onde eu iria.

Damon sorriu mais ainda.

– Continue... estou entendendo seu raciocínio.

– Os últimos híbridos foram mortos. Ele não encontra mais duplicatas por ai. Se eu der isso a Klaus não acha que podemos ter um acordo? - questionei.

– Não seja ingênua.

– Não estou sendo. - peguei as mãos dele - Uma palavra. Bruxaria.

Ele bagunçou o cabeço rindo.

– Um contrato? - colocou a mão sobre o peito, mania que eu odiava.

– Exato.

– Não creio que vá aceitar. Em troca de que?

– De paz. Ele vai, eu tenho algo que vai fazer ele se interessar. - sussurrei - Klaus gosta de ser desafiado. É o que vou fazer.

– Desleal. - abriu um sorriso malicioso - Usar os sentimentos dele?

– Não. Serei justa. Leal. Ele sempre vai saber os motivos de tudo. Eu tenho certeza que ele já aceitou, mas acho que essa hesitação esconde outro motivo... Ele está aprontando outra coisa.

– Ainda acho que ele não aceita. - olhou de esguelha - Klaus é manipulador.

– Eu também. Mas você não quer se livrar dos problemas? Finalmente as guerras, as brigas irão acabar. Só vamos nos preocupar com os inimigos de fora. Que não são poucos. E estaremos preparados para quando Mikael vier. Ele não vai se satisfazer só com Klaus.

Klaus brevemente havia me contado dos planos de seus pais, eu seria de bom uso nessa guerra. Mikael estava tentando voltar, assim como Esther.

Damon ponderou. Era verdade, Mikael mataria todos os vampiros possíveis. Eu era o tratado de paz, já que era certeza que Katerina não iria colaborar. Na realidade nem sabíamos se o sangue dela poderia funcionar, já que ela havia passado anos como vampira.

– Sabe que convencer Stefan... Caroline... - o interrompi.

– Problema de Klaus. - abri um sorriso malicioso saindo do quarto sem deixar ele falar.

Abri a porta do quarto de Klaus com força ja que ela era muito pesada, ela se fechou com uma batida e o loiro acordou, mas antes mesmo que ele pudesse reagir eu já estava sentada em sua barriga com uma perna de cada lado.

– Posso saber o motivo para ter o meu descanso interrompido? - perguntou com a voz rouca e eu reprimi a vontade de dar uns beijos nele.

– Um acordo. - ele abriu os olhos verdes imediatamente enquanto sorria malicioso.

– Que acordo? - colocou um enorme travesseiro abaixo de sua cabeça, percebi que era o meu que eu havia esquecido.

– Meu sangue pela paz de todos os meus amigos. - sorri cínica.

Me olhou duvidoso e abriu um sorriso sarcástico.

– E se eu não quiser o acordo? - pausou.

– Você não se livra de Esther. - falei com simplicidade correndo meu indicador pela sua barriga - Fora que talvez ganhe uma chance com uma certa beldade loira.

Não é isso que ele tanto quer?

Me repreendi, mas não parei. Ele prendeu minha mão sob a sua e a levou acima de seu coração.

– Não adianta me trancar. Amarrar, amordaçar. Hipnotizar. - corri meus dedos pelo seu peito - Eu conseguirei. Você não deve subestimar minha capacidade. Eu estou pronta para o que você irá aprontar... sei o que se passa na sua cabeça e você não me engana. - afirmei com convicção.

Ele não duvidava de mim, vi em seus olhos.

– Eu serei leal a você e sua família. Fiel. Serei sua irmã, amiga, companheira, protetora e protegida. - continuei olhando firmemente em seus olhos - Eu estarei lançando tudo em suas mãos, e você vai ter o poder que tanto quer. Com a minha ajuda.

Klaus me lia com facilidade e eu sabia que ele não enxergava a mentira em meu olhar, afinal, eu não estava mentindo. Os olhos verdes passaram para azuis, ele estava se rendendo.

– Não farei nada amor. Prometo. Agora sente-se e se acalme ok? - a voz estava rouca e o sotaque ecoou em meus ouvidos.

– Eu quero o contrato. Com sangue. - ele despertou mais ainda e subiu um pouco o corpo enquanto eu me afastava e me sentava ao seu lado dobrando os joelhos.

– Não confia em mim? - ele me olhou intensamente.

– Não.

Não quero correr riscos, ele pode dar a volta e fazer o que bem entender.

– Eu pareço ser manipulável? - arqueou a sobrancelha e eu me permiti rir pela primeira vez em meses. Rir de verdade. Ele me olhava assombrado.

– Eu estou te manipulando agora. Você ainda não me expulsou. Eu estou lhe jurando lealdade Klaus, em troca de uma coisa simples. A felicidade dos meus amigos, isso inclui você e seus irmãos. Eu farei qualquer coisa. - fechei os olhos - Me deixem tentar. Se alguém for sair machucado, você sabe que não será você.

Afirmei. Apesar de eu ser um cubo de gelo por diversas vezes, eu jamais superaria a morte de um amigo. Jamais superaria a perda de uma amizade. Até mesmo dos Mikaelson. Menos Kol. Claro.

Klaus segurou minha mão e a apertou suavemente.

– Eu não sei o que é ser um vampiro ou um híbrido poderoso. Não sei como é passar mais de mil anos esperando que alguém te ame por vontade própria. Alguém que não ligue para o seu passado e presente sangrento. Mas sei o que é ser rejeitado. Sei o que é ter medo de ficar sozinho.

– Sage...

– Eu ouvi falar que Niklaus é um amargurado, estrategista incrível, guerreiro e frio. Ouvi falar de Klaus é aquele que gera pânico, vingativo, passa por cima de tudo para ter o que quer sem pensar nas consequências, que se desespera quando é traído e magoado. Mas quem eu conheci foi o Nik que é um homem alegre, criativo, irônico, atencioso, charmoso, protetor. É assim que eu te vejo. Todos me falaram aquelas coisas horríveis de você, mas só eu conheci o homem que há por trás de tudo aquilo. Você me mostrou seu lado bom. E fez com que eu não me importasse com o que Niklaus Mikaelson foi. - suspirei e ele ainda me olhava atentamente - Confie em mim. Me ame como você ama todos aqueles que te traíram e você os manteve vivos porque eram valiosos demais para você. Eu te garanto que tem um espaço no meu coração para você, e que pode confiar em mim, eu nunca vou te decepcionar. Independente do que aconteça, eu serei a pessoa mais fiel que você poderá ter.

Me olhou pensativo. Era uma batalha grande, ele deu um sorriso duro e eu me lembrei dos comentários sobre Klaus o manipulador. Mas me lembrei que Klaus poderia ser o tipo de pessoa mais cruel do mundo, mas sua virtude era a sinceridade. Ele nunca mentia. Nunca. Poderia esconder, mas nunca mentia. Pelo menos para mim. Ele estava ponderando enquanto me olhava, ele queria zombar, queria me tratar como trata seus inimigos, mas por fim decidiu abrir um sorriso irônico.

– Espero que cumpra a sua palavra. - soltei sua mão.

– Vou cumprir.

– Eu tenho certeza que sim. Afinal, você veio ao quarto de um híbrido sedento de sangue no meio da madrugada, pulou na barriga dele enquanto dormia, bateu a porta, fez um jogo de provocações, um discurso que convenceria até o mais sábio dos homens, tentou salvar a vida de seus amigos trocando pela sua paz e liberdade e ainda quer que tenha dúvidas? - ajeitou o lençol no corpo.

– Vai aceitar?

– Algo mais?

– Os híbridos. Aceito criar como exercito, mas quero que eles tenham suas próprias vidas. Eu disse que te daria lealdade e vai servir por todo um exercito.

– Milhares vão me amar. - debochou.

– Milhares vão te temer. E ninguém ama uma pessoa que lhe passa medo.

Ele sabia que eu estava certa. Mas um Mikaelson jamais admitiria isso não é?

– Veremos isso depois, mas... - se levantou.

Klaus foi até seu closet e voltou com um brilhante no dedo, estiquei o pescoço e ele se sentou ao meu lado pegando minha mão e encaixando o anel enorme em meu dedo com o brasão da família Mikaelson. Uma pedra do sol.

Eu sou uma Mikaelson. Me abanei mentalmente, porém continuei gélida por fora.

– Esse será nosso contrato por hora. Use esse anel sempre. Irei pensar a respeito desse contrato, admito que possa ser vantajoso para ambas as partes.

Tentei imaginar o que se passava na cabeça dele, mas nem eu mesma conseguia pensar de forma coerente.

– Ok. Uma Mikaelson temporária. - abanei a mão com o anel e me levantei rapido demais quase caindo.

Klais revirou os olhos e se levantou. O puxei, dei um abraço rapido nem esperando ser correspondida e sumi de seu quarto.

– Você não conhece a maldade - Damon comentou enquanto folheava um livro.

Orelhudo. Me joguei na cama.

– Niklaus Mikaelson não é ruim, ele não quer ficar só. Não percebe que eu sou igual, mas que a diferença é que eu tive vocês ? Nós fazemos coisas horríveis pra não ficarmos sós. Vocês são imortais e tem a eternidade inteira pra se lamentarem por uma falha. Assim como na minha cabeça a cabeça de Klaus deve estar fervilhando por mil anos se questionando o que ele fez pra ser odiado pelo próprio pai, eu me pergunto a mesma coisa.

– Vamos ver até quando você vai o aguentar. - provocou sorrindo - Little... você se ferrou no momento em que botou os olhos no primeiro Mikaelson.

Fiz careta. Insensível, nem para me elogiar.

Me movi na cama o olhando inquieta.

– Quando você me conheceu... você só não me matou por causa de sua irmã, não é? - deu um sorriso torto.

– Exatamente.

– É por isso que me atura? - coloquei o cabelo atrás da orelha.

– Você não se parece em nada com Anellise. A aparência lembra bastante, mas nada em você lembra minha irmã. Personalidades opostas me faz enxergar vocês de maneira diferente.

– Já me viu como uma substituta? - estiquei os pés.

– Não. Não vi. Como eu disse, você não se parece em nada com a minha irmã. Digamos que vocês são como Katherine e Elena. - deu um sorriso malicioso - Você é Katherine. - esclareceu.

Fiz uma careta.

– E Stefan... me vê como substituta? - eu sabia que ele seria duro.

– Sim.

– Ele não superou a morte dela. - afirmei e ouvi passos no corredor.

– Não. Estávamos ocupados demais disputando a vadia dos cachinhos castanhos... nos esquecemos de nossa irmã. Só soubemos como morreu, nem chegamos a ver ela. - comentou arrependido - Stefan olha para você...

– E enxerga outra pessoa. - completei chateada.

– Mas ele sabe que não são a mesma pessoa. - tentou me confortar.

– É... - bocejei - Como ela era?

– Doce, pacífica, caridosa, amorosa. Era o Stefan em sua versão feminina. Você se parece comigo. - deu um sorriso convencido.

Bocejei.

– Então meio caminho andando. - olhou o anel.

– 90%

– Não seja vaidosa. -bocejei de novo.

– Klaus verá um dia que não é quantidade e sim intensidade.

– Vai seduzir o híbrido?

– Obvio que não. Amizade? Quer coisa mais bonita que isso? - ironizou, bem que eu queria algo mais.

Como eu sou boba, era só pedir que eu tenho certeza que ele faria. Mas eu era a virgem que acreditava no amor eterno, então shiu. Aproveito, mas não forço.

– Se ele aceitar os outros ficaram agradecidos, mas muito chateados com você. - bocejou também enquanto ia para a ponta da cama e eu colocava algum travesseiros entre nós os abraçando.

– Vamos criar um exercito pelo que eu percebi senhor Salvatore. Eles não me assustam.

– Se você diz.

~°~

Eu simplesmente havia apagado como em nunca, meus olhos estavam pesados demais quando os abri e quase dormi novamente se não fosse pelo som de Damon saindo do banheiro e o cheiro doce de shampoo invadindo o quarto. Me sentei na hora coçando os olhos.

– Vejo que já está acordada e pronta pra outra. Tão adorável essa palha que você tem na cabeça. - mostrei o dedo do meio e prendi o cabelo.

– Me poupe de elogios. - o empurrei para longe e fui escovar os dentes.

Quando voltei Damon ainda era uma estátua no meio do quarto com uma toalha enrolada na cintura. Será que todo homem bonito é um vampiro? Pecado, é namorado da amiga. Balancei a cabeça.

– Não sei como consegue. Isso é um covil. - revirei os olhos.

– Mansão Salvatore também. Um combo vampírico. - ele abriu um sorriso e piscou.

– Somos os mocinhos.

– Então hoje você é bonzinho? - cruzei os braços e me encostei na parede.

– Hoje estou de bom humor. Só preciso de um bom sangue e uma rapidinha e estou ótimo.

– Me poupe.

– Vou para casa. - avisou olhando ao redor.

– E não foi ontem por...

– Estava cuidando de você. - se referiu a Kol.

– E por isso vai agora? - não era difícil imaginar que Kol já havia chegado.

Afinal, Damon me queria em pânico.

– O vampiro sensato já chegou. Se me der licença. - retirou a toalha da cintura deixando ela cair no chão.

Corei mil tons e rapidamente sai do quarto.

– Se comporte Damon. - gritei.

Como Elena aguenta esse cara?

~°~

Eu escondia a risada a cada farpa matinal trocada entre os Mikaelson enquanto bebericava um copo de licor? Não sei, que Elijah havia me dado. Matt havia saído antes mesmo do sol aparecer, Kol não estava conosco. Rebekah e Klaus estavam sentados na mesa enquanto discutiam sobre um assunto ao qual eu ainda não entendi. Suspirei e os olhei.

– O que eu como? - aliás ontem teve festa ne? Com centenas de vampiros, vai que aquilo que parece vinho não é vinho?

– Comida? - Elijah falou confuso.

– Onde?

– Na geladeira? - Rebekah revirou os olhos.

– Oh sim. Bem é que sabe ne? - cocei a cabeça - Não quero achar um braço ou uma cabeça por ai. Não satisfaz minha fome. Muito menos minha sanidade.

Rebekah riu e foi em direção a enorme geladeira pegando um prato com as centenas de aperitivos que tinham servido na noite anterior. Eu nem sabia o que eram aquelas coisas, só torci para não ser nenhum bicho nojento. Apesar do gosto bom.

– Então me diga irmãzinha, como devo encarar seu relacionamento com Matt? - Klaus recomeçou.

– Não deve. Pois não há Nik. - Rebekah se sentou de frente para ele novamente.

– Foi por isso que ele saiu daqui com um sapato quase enfiado no crânio? - engasguei. Hã?

– Ele te dá uma bela noite de amor e é isso que você faz com ele? - Damon surgiu na cozinha e se sentou em uma cadeira colocando os pés em cima da mesa.

– Hã? - Rebekah corou, corou muita e pela primeira vez eu vi uma feição de fúria na cara de Nik.

Realmente. Era assustador.

– O que essa casa está virando? - Klaus resmungou - Estão juntos? - nos olhou curioso.

– Eca não, não pegaria esses cem anos de germes. - fiz uma careta para Damon.

– Não gosto das novas.

– Elena é um bom exemplo disso. - sarcasmo é tudo.

Ele fechou a cara.

– Sim. Dormimos juntos, mas sabe como é. Little bird não está pronto para provar os prazeres da liberdade. - fechei a cara.

– Não é o que me parece. - Klaus pareceu se lembrar de como eu quase o ataquei.

Isso não pode estar acontecendo. Não mesmo.

Logo todos reiniciaram as trocas de farpas e eu me mantive quieta, chega de humilhações. Isso foi suficiente para um dia. Suspirei e levantei rapidamente, Damon acenou e desapareceu enquanto Elijah me guiava para o jardim.

– Está mesmo disposta a fazer isso com Niklaus. Digo, esse acordo... ?

– Sim. Estou. - sorri para ele me pendurando em seu braço.

– É um risco. Não confie muito em Niklaus, é meu irmão... mas não deixa de ser perigoso. - me olhou atentamente.

– Não consigo ver ele como uma ameaça. Tento, mas não dá. Eu já o vi sem a mascara e é o suficiente. Não serei burra Elijah. - sorri segura.

As notícias aqui correm não é?

– Eu não irei falhar com meus amigos Elijah. - o olhei - Posso falhar comigo mesma, mas com eles não.

– Sua confiança é assustadora. Não fique confiante. Klaus pode agir como uma bala, mas também pode ser bem lento.

Dei de ombros.

– Ele não me assusta. Tenho mais medo de Kol do que dele. - e era verdade. Kol me assustava desde sempre.

– Peço desculpas por ele. - segurou minha cintura quando eu quase fui ao chão.

– Eu já esperava algo assim. - dei de ombros - Não espero nada de bom vindo do seu irmãozinho. - segurei meu cabelo o impedindo de voar.

– Espere um pouco e ele vai aceitar. - voltou a atenção para Klaus.

– Eu sei que sim. Eu o desafiei. - me gabei - Hum... você é sempre tão controlado assim? - ele segurou meu pulso me virando para ele.

– Sou um pouco mais impaciente que Niklaus.

– E mais sensato. - ele pegou uma mexa de meu cabelo o segurando.

– Não se engane com ele. Eu estarei aqui se precisar. - deu um sorriso de canto e gente, Elijah é muito encantador.

– E eu virei correndo. - sorrimos e eu o empurrei de volta para a mansão.

Entramos e eu vi Klaus segurando uma loira pelo pulso. Ele iria se alimentar. Sentei e o olhei em expectativa, mas ele pareceu incomodado. O que?

– Por que não caça igual Stefan? Eu tenho um arco sabe. E uma flecha. - olhei para a loira que encarava o nada e me voltei para Klaus que ria abertamente.

– Acha que Stefan caça assim?

E não é ué? Ele se alimenta de bichos.

– Amor... Eu não bebo sangue de animais. Ninguém dessa família. - voltou a gargalhar e depois se controlou - A menos sabe usar?

– Claro que não. Acha que se eu soubesse eu teria só uma flecha? Perdi todas.

– Então resolveremos isso logo.

~°~

Com uma rapidez invejável ela passou a jogar dezenas de roupas ainda com etiqueta para trás me acertando.

– Aqui so tem coisa ultrapassada.

– Nem tanto assim Rebekah. Tem coisas ótimas - mostrei o vestido colorido ainda com etiqueta.

– Amiguinha, metade dessas roupas não cabem em mim. O Nik sempre pega dois números menor. Fora que são edição do mês passado.

– Então me dê ué! - pedi ja pegando a mochila e a enchendo de roupas.

– Pegue o que quiser. Farei compras depois. - a loira deu de ombros - Então é namorada de Kol?

– Deus me livre. Eu não. Ele que tem essa mania de achar que todo mundo quer ele, praticamente me forçou a ficar com ele. Não que eu ache ele feio, longe disso, mas poderia ser alguém mais normalzinho né? - reclamei.

– Eu te avisei. Fiz de tudo pra não se aproximar dele ontem, mas não teve jeito. Aquela confusão com a vadia da Katerina me ocupou. Eu tenho certeza que ela fez de propósito. - bufou.

– Katerina merece outra surra. E você e o Matt?

– Nada bem. Te procurou, mas Klaus não deixou ele ficar muito tempo. Ele me chamou de mimada. E loira falsa. Eu sou mimada, mas não aceite que me chamem disso. Não mesmo. Joguei meu sapato nele.

Gargalhei e me recompus.

– Se eu fosse você eu não ficava muito perto do Elijah sabe. Ele se apaixona fácil, claro que não é igual ao Kol, mas ele tem uma leve queda por casos perdidos. - se sentou na cama - E ele está se aproximando bastante de você. - balançou a cabeção em negação.

Como assim? Eu mal tive contato com Elijah... bem... é, eu andava um pouco próxima dele depois da descoberta de que ele era quase pré-histórico.

– Sim?

– Katerina...

– O que? - oh não.

– Ele a amou muito. E todas as outras mil que morreram e que fugiram dele.

– Quem são essas loucas? Fugindo daquele pedaço de mal caminho? Aquele homem gotoso? Se ele não fosse da sua família eu me enroscava nele e não soltava mais. Como largam um homem desses por ai? E aquele cabelo e corpo sensual? Olha, o Kol é fofíssimo com aquele rostinho de menino bonzinho, mas para né o Elijah é tudo de bom e um pouco mais. - inflei o ego dele.

Mas me lembrei que eu só faço merda. Eles me ouviram. Como eu sei? Rebekah gargalhou e a voz de Klaus e Elijah aumentaram de volume. Eu corei, corei muito, como nunca em toda a minha vida. Tive medo de vazar sangue e minha vergonha só aumentou mais ainda ao ouvir uma batida na porta.

– Bekah está tudo bem? A Sage está sangrando? - olhei para a porta, mas esta não se abriu.

– Está sim.

– Está Elijah. - sussurrei e o ouvi se afastar - Eles ouviram tudo ne?

A loira assentiu com a cabeça.

– Posso sair pela janela? Que tal você me arremessar de volta pra casa?

A loira riu e me puxou me ajudando com a mala. Assim que chegamos no andar de baixo eu corei e pode ver os dois homens mais velhos rindo, Kol não estava a vista para sua sorte, me virei para Elijah. Tentaria dar uma de senhora livre e desimpedida. E cara de pau. Afinal, eu não disse mentiras.

– É a verdade. Você é gostoso mesmo e eu não acharia ruim te ter na minha cama. - vi com prazer quando ele abriu um sorriso discreto.

Eu sei conquistar, viu?

– E eu amor? Não tenho um espacinho na sua cama? - Klaus sorria se divertindo ao me ver envergonhada.

Oh perdição. Tem em todo lugar.

– Você...- fui interrompida pelo celular, viu no visor o nome de Caroline.

Damon! Fofoqueiro.

– O que foi Caroline? - gritei.

O que eu fiz?– a loira perguntou assustada.

– Como assim o que fez sua vadia? Eu passei a noite inteira te procurando e o Damon vem com o papo que você foi embora e me deixou! E depois ele foi embora e me deixou! Sabe como eu fui pra cada Caroline? Você sabe? ANDANDO! - esbravejei sentindo uma raiva desnecessária aparecer, céus, eu mentia e ainda sentia raiva por mentir - Ah e não me diga que o senhor Salvatore foi dar mil e uma desculpas, por sua culpa eu levei uma queda Caroline.

O que? Oh meu Deus amiga, me desculpe, me desculpe! Por favor, espera... sua vadia! Mentirosa! Cretina. Vem pra casa AGORA.

– O que? Caroline se eu for para ai agora, eu vou pro seu pescocinho que nem galinha!

Pode vir! Saia das garras do Mikaelson e venha! Você não me contou que estava de fuxico com o híbrido maluco! Eu sabia que ele iria aprontar alguma coisa com você, tinha certeza disso!

– E você não me contou que era uma vampira! - gritei irritada puxando o cabelo. - Eu vou te matar Caroline!

Caroline berrou e eu respondi com outro berro. Senti a mão de Klaus segurar meu pulso enquanto ele tomava o celular de minhas mãos, antes dele falar ouvi a voz de Stefan pelo celular. Klaus conversou com ele brevemente e se virou para me olhar com uma expressão determinada. Um enorme sorriso se abriu em seu rosto.

Suspirei.

– Hora de negociar um contrato.


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Notas finais do capítulo

Oi, oi gente tudo bem?
Sei que esses capítulos estão um pouco grandes, mas isso é bom ou ruim?
Preciso saber pois existem bem maiores que esses, então pode ser que tenha a necessidade de "quebrar" alguns capítulos e adicionar um a mais para a leitura não ficar tão cansativa.
Bem... beijos!



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