Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 66
Odiável




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Coloquei a cabeça nas mãos em desespero, o que é isso? Socorro! O que é isso por favor? Estalei os dedos tentando voltar e vi que não acontecia nada olhei em desespero da enorme serra para o mar, senti minha espinha gelar ao ver que não havia um único sinal de vida humana. Onde caralhos eu fui me meter? Inventei de treinar o tele porte e vim parar no buraco do mundo. Eu ainda estava em New Orleans? Eu ainda estava nos Estados Unidos?

— Onde eu estou? – gritei em desespero.

Olhei várias cabras correndo de um lado para o outro despreocupadamente e comecei a andar pelo local e então segundos depois eu corria tentando me situar completamente, eu não tinha cartão de banco, eu não tinha dinheiro, eu só tinha meu celular e não tinha sinal algum. O lugar era maravilhoso, a água de um azul lindo, areia amarela perfeita e montanhas de um verde incrível. Parecia o céu, eu morri? Eu fiz a merda de um tele porte e fui para o céu? Logo cheguei a cidade e vi que era observada por todos, achei uma figura simpática e me aproximei dela sentando na cadeira do bar ao seu lado.

— Moço onde eu estou? – ele usava uma roupa leve e muito colorida e só pelo modo como se portava eu sabia que era um turista.

— Em Kingston. – o homem me respondeu analisando as minhas roupas que não pareciam em nada com os habitantes locais, eu estava com um casaco grosso, tênis e uma calça jeans extremamente apertada, fora as luvas.

— Onde Kingston fica exatamente? – o olhei de olhos arregalados.

— Na Jamaica. – ele me olhava com medo.

— Puta merda. – sussurrei – Como eu um vim parar aqui? – como eu vim parar na porra da Jamaica?

— Moça está perdida? Precisa de ajuda?- o olhei atentamente.

— Não, obrigada. – apertei suas mãos em agradecimento e comecei a correr pela cidade, eu precisava arrumar dinheiro ou precisava que alguém me buscasse.

Peguei meu celular e disquei o interurbano e liguei para Niklaus esperando impacientemente, quando ele atendeu eu já estava histérica, mas é claro que estaria eu estou em um lugar que nunca vi na vida, com gente que nunca vi na vida, separada de tudo com um marido de merda que não quis me acompanhar ou que não confia em mim o bastante pra me deixar com meus próprios documentos.

— Nik? Nik! Niklaus socorro! – ele ria e eu podia ouvir a voz de Marcel o contando alguma coisa.

— O que foi amor? Se perdeu de novo?- ele ria e isso me irritava, comecei a chorar e vi que ele parou imediatamente de rir – O que foi Sage? Sage o que foi que você fez? Se descontrolou de novo.

— Aqui é tão quente, eu estou torrando aqui nesse inferno. – sussurrei me escondendo no matinho vendo que as pessoas me encaravam como se eu fosse louca, entrei mais ainda na mata quando vi que alguém vinha em minha direção e corri para longe ficando dentro da floresta onde a temperatura era mais agradável.

— Como assim Sage? Você não estava com Davina? – em New Orleans estava nevando,

— Me tele portei.

— Ótimo, onde está?

— Na Jamaica. – ao contrário do que eu pensei ele riu, gargalhou, explodiu em risadas e eu desliguei o telefone na sua cara, como diabos eu iria para a porra de New Orleans sem dinheiro? Sem documentos?

Gritei em irritação e fui assaltar um banco, eu iria pegar o dinheiro e ir clandestinamente. Coloquei o capuz sobre minha cabeça e escondi o rosto entrando de uma vez no local usando minha velocidade sobrenatural e quebrando vidros provocando pânico no local, não falei nada, me movi como uma bala e passei direto pelos funcionários que nem me enxergaram, quebrei o imenso cofre e peguei a maior quantidade de dinheiro que consegui e fugi do local após invadir o centro de vigilância ao lado e quebrar todos os computadores e colocar fogo no local eliminando as gravações. Eu só precisava achar o meio para sair de lá, de avião comercial seria impossível.

Desci em direção ao mar sabendo que provavelmente deveriam ter embarcações que fazem viagem clandestina e fui até o local onde haviam centenas de embarcações, o cais simplesmente estava lotado de pessoas e logo entendi que o local era um ponto clandestino nada discreto, fui para perto da embarcação mais suspeita. Se ele tentasse algo eu o mataria, jogaria o corpo no mar e assumiria a embarcação e provavelmente iria chegar na África, onde Nataniel se mete em uma hora dessas? Ele é o sabe tudo!  Cheguei dando um olhar para o cara bem significativo e ele se aproximou de mim olhando para os lados, ou ele me achou muito estranha ou era mesmo um bandido.

— Quero ir para o Estados Unidos. – falei baixo olhando ao redor por de baixo do capuz.

— A Jamaica faz parte dele moça. – sussurrou tocando meu braço e me jogou dentro do barco sujo me fazendo cair sentada naqueles bancos imundo e molhados – Onde quer ir?

— New Orleans. – ele franziu a testa.

— Posso te deixar no meio do oceano. – sussurrou – Não chego perto daquele lugar de marginais.

— E eu vou pra lá nadando?- perguntei irritada.

— O que a senhora faz depois não é da minha conta. Roubou um banco?- ele olhou para minha roupa.

— Obvio que sim, está achando que eu consegui esse dinheiro como? Trabalhando por aqui? – que absurdo, Niklaus me corrompeu completamente, eu não sabia mais o que era um trabalho honesto.

— Não preciso saber onde e nem como vem, só preciso que chegue. O máximo que posso fazer por você é arrumar um avião pra te pegar.

— No meio da água? – ele me olhou estranho.

— A senhora já fez isso antes?

— Não.

— E quem te disse que eu faço essas viagens? – ele cruzou os braços.

— Você é a única pessoa daqui com cara de bandido canibal.- sussurrei ele rolou os olhos ligando o barco e o pilotando, fui para o lado dele sentindo o corpo balançar junto com o barco, era desagradável – E quanto vai sair essa viagem hein?

— Por 6 mil, eu te deixo lá e o avião te busca.

— Ah sim, ótimo. – me afastei indo contar o dinheiro e vi que eu tinha pelos menos uns 12 mil. Quer dizer, tinha bem mais... mas eu parei de contar depois de chegar nessa quantia.

Retirei minha blusa de frio e as luvas e as joguei no chão, olhei de cara feia para o cachorro que deitou em cima delas e encarei as seis pessoas me encaravam de cara feia juntos de uma criança, eles que tentem. Peguei um canivete da mão do homem e transformei minha calça em um short mais curto do que eu costumava usar, o dia estava um inferno de quente. Olhei meus tênis impecavelmente brancos ficarem completamente pretos e agradeci por não ter inventado de usar salto, cruzei os braços ao ver que eu usava uma blusa curta e larga com decote imenso. Niklaus me paga.

Meu celular tocou e eu o arremessei no mar assim como toda a minha dignidade, híbrido filho da puta. Finn e Sage deveriam estar rindo da minha cara a uma hora dessas. Me sentei sobre a bolsa que eu roubei no banco e fechei os olhos esperando que meu inferno particular acabasse logo, eu não aguentava mais viver como uma clandestina e eu só era uma a menos de uma hora.

Acordei gritando quando senti meu braço ser arranhado e peguei a galinha  pelo pescoço com força e a arremessei para longe acertando o rosto de uma mulher que me olhava de cara feia, dei o dedo para a ordinária e encarei em choque todo o barco que tinha lotado de animais e pessoas do nada, vi que um barco se afastava de nós e percebi que havia sido ele. Chutei tudo que entrava na minha frente e me agitei ao ver um tubarão imenso passar perto de nós, ele poderia fazer o barco tombar não é?

O dono do barco me chamou com um aceno e apontou para o céu e ai sim eu vi o avião vindo, sorri para ele e vi o avião dar a volta se lançando contra a água enquanto vinha correndo sobre ela, ele pousou e ficou parado no mar bem à nossa frente. Olhei para o dono do barco e lancei a quantia certa para ele que eu havia separado anteriormente. O avião havia parado um pouco longe e eu não nadaria até lá podendo perder o resto dinheiro ou ser comida viva, deveria ser carma devido ao que eu fiz com Marcel. Sem me importar com a exposição, dei um salto imenso e parei na pequena parte flutuante do avião, abri a portinha e o piloto logo me passou uma mochila, sem entender eu a coloquei e me sentei agarrando a minha. Minutos depois nós sobrevoávamos o início de New Orleans. A tão agitada New Orleans, fiquei surpresa por ele ter sido tão rápido.

— É aqui. – o olhei sem entender – Você sabe saltar de paraquedas?- ele gritava.

— Não. – gritei e ele riu.

— Muito bom. – e então ele me chutou, ele me jogou pra fora do avião.

Ele achou que eu disse sim? Eu disse que NÃO. É fato, ele deve ser um matador ou algo assim.

Gritei ao ver que eu chegaria lá bem morta, vi o chão se aproximar com uma rapidez incrível e puxei uma cordinha como havia visto nos filmes, meu corpo foi puxado para cima com violência e eu vi que eu não sabia mesmo controlar aquilo e que nenhum paraquedista saltaria em um local assim. Meu corpo bateu violentamente contra o prédio e eu fiquei imóvel vendo que o paraquedas havia prendido no prédio.

— Isso só pode ser brincadeira. – chutei e nada de cair.

Retirei a mochila com dificuldade antes que eu fosse presa pela polícia e a situação ficasse ainda pior quando minha cara fosse estampada no noticiário, senti meu corpo despencar acertando o teto da estufa com violência que se quebrou e me levou direto para o chão duro. Gemi com a dor e me levantei com dificuldade, era mais dor psicológica do que física. Chorei me erguendo e sai do local achando um mercado próximo, entrei sem nenhuma descrição e recolhi o álcool enquanto chorava, paguei chorando, roubei um carro chorando, fui para casa chorando, cheguei chorando e carreguei as armaduras com a ajuda de alguns vampiros para fora do castelo ainda chorando. Se a mãe dele fosse viva eu a queimaria sorrindo, assim como fiz com todas as suas estatuas e armaduras. Quero ver ter coragem pra resolver comigo.

Voltei para dentro do castelo quebrando todas as portas que se metiam no meu caminho, os vampiros reverenciavam e logo corriam para os próprios quartos temendo minha explosão já que eu estava fedendo, podre de ridícula, com fome e muito irritada. Fora que havia perdido muito cabelo, nem o dinheiro compensava afinal eu tinha de sobra. Peguei minha bolsinha com o dinheiro e entrei  de uma vez no cômodo dando de cara com Niklaus e o meu grupo de amigos, vi vermelho quando cravei meus olhos no híbrido que sorria, me transformei e arremessei a bolsa de dinheiro o acertando o em cheio o jogando contra a parede, ele logo se levantou e veio em minha direção. Pulei sobre Niklaus nos derrubando em cima do sofá e o soquei enquanto me revezava em arranhar ele, estapear e gritar. Aproximei meus lábios de seu pescoço e o mordi com toda a força que eu tinha enquanto drenava seu sangue, soquei sua cara de novo e ele tentou me tirar de cima dele, dei um soco em seu estômago e o mordi de novo e enfiei meus dois dedos dentro dos seus olhos.

— Se eu estivesse ficado na Jamaica e me casado com aquele pescador que ajuda clandestinos eu estaria bem mais feliz agora. – puxei os cabelos dele violentamente batendo sua cabeça contra o braço do sofá – Eu te odeio. – gritei o socando de novo e quebrando seu pescoço o deixando jogado no sofá, me ergui tonta e olhei para todos que me encaravam com assombro – Alguém mais está a fim de me perder na Jamaica? Hum? – perguntei ofegante indo para o meu próprio quarto.

Niklaus me paga.

~º~

Estava de banho tomado com o meu lindo roupão vermelho sangue sentada na poltrona esperando que o híbrido maldito acordasse, bebi mais do vinho que estava na taça e chutei o sofá com violência vendo ele olhar ao redor desnorteado. Cruzei as pernas deixando somente a luz do abajur ao meu lado acesa, mexi levemente meus pés que estavam dentro da minha pantufa fofa e sorri amargamente.

— Niklaus. – ele me olhou atentamente – Eu quero o divórcio. – coloquei a taça na mesa, eu queria fazer ele enlouquecer.

— É o que? Não vamos nos separar. – ele riu achando tudo um absurdo afinal somos perfeitos juntos.

Sim, perfeitos.

— E por que não?

— Por que eu não quero. Nos amamos.

— Será?

— É claro que sim.

— Sente a marca? – ele me olhou com medo percebendo que pela primeira vez não havia marca nenhuma, na realidade havia sim, mas eu estava bloqueando a energia dela e isso era uma prova de que eu tinha muito mais poder que Ibis já que isso era impossível até mesmo para ela.

— Sage... foi só por que eu ri? – ele estava muito assustado, considerei como uma vingança por ter mencionado que eu era gorda a alguns meses atrás depois de eu explodir um prédio, não me esqueci disso.

— Você me chamou de gorda. – ele bufou rindo.

— Isso faz três meses e você sabe que não é gorda.

— Niklaus eu pedi a sua ajuda e parei em um barco pesqueiro, assaltei um banco, uma galinha quase me comeu viva, passei por tubarões e fui arremessada de um avião e cai de um prédio dentro de uma porra de uma estufa com teto de vidro.- ele ainda estava tenso – Imagina se eu ainda estivesse em transição, a merda que ia acontecer. Eu teria morrido.

— Sage você já passou por coisa bem pior do que isso, eu não me preocupei por que eu sabia que você ia voltar pra casa de um jeito ou de outro.

— Diz que eu sou rainha.

Ele revirou os olhos.

— Mas você é rainha amor.

— Eu quero ser Imperatriz.- voltei a beber e vi que ele ia relaxando a medida que sentia a marca voltando.

— Você vai ser o que quiser. – bom que seja.

— Acho bom.  E quero a rainha Elizabeth morta e toda a família dela.

— Não exagera.

Me levantei e pulei em cima dele beijando seu rosto, Niklaus me apertou e depositou um beijo em minha cabeça e então segurou meu rosto com força.

— Nunca mais quebre meu pescoço. – me olhou atentamente antes de girar o meu pescoço e me fazer cair desacordada.

~º~

Aaaaaaah que ódio, gritei mentalmente assim que acordei na cama, bufei irritada devido a audácia de Niklaus em me fazer dormir dessa forma animalesca e entendi o motivo da vingancinha dele. Ter o pescoço quebrado irrita muito.

Suspirei e me levantei exalando maldade por todos os meus poros, quebrei a porta do quarto e me movi em direção a pequena cozinha, dei de cara com todos os Mikaelson comendo tranquilamente na mesa. Segurei a cabeça de Niklaus com força e a enfiei no prato de Waffles, controlei a vontade de pegar o garfo e enfiar em seu pescoço.

— Não quebre meu pescoço de novo. – sussurrei.

— Vocês se merecem. – Bekah resmungou com Hope no colo e eu a peguei.

— É claro que sim Bekah. – segurei ela com força a apertando e ela gritou enfiando meu cabelo na boca – Eu vou ensinar você a conseguir manter milhares de namoradinhos. – falei baixo.

— Então eu fico relaxado, já sei que ela não vai ter nenhum. – olhei Niklaus de cara feia.

— Você está duvidando das minhas capacidades amorosas?

— Sage todo mundo sabe que Niklaus foi o seu primeiro namorado de verdade, e não foi uma escolha muito boa. Acho que temos sim que nos preocupar. – Elijah disse segurando a mão de Hope que agarrou o dedo dele enquanto Kol ria.

— Estão falando de mim por que? Devo lembrar de todos os fracassos amorosos de vocês? E olha que todos tem mais de 1000 anos aqui, eu tenho apenas 19. – eles ficaram calados.

Eu ganhei vadias. Sorri.

— Vamos arrumar mil namoradinhos. – usei uma voz fininha enjoativa e ela sorriu – Estamos de acordo e acordo com bruxas são sempre cumpridos.

Olhei para Nik e o vi me encarar mortalmente.

Olha quem está vencendo a guerra.

~º~

Segui Eleanor e notei o quão tensa ela estava enquanto avançávamos pela floresta escura, íamos sem problema algum pelo caminho exceto Niklaus que decidiu nos alfinetar com a nossa “parada bruxa”. Suspirei em irritação e continuei seguindo Eleanor até entrarmos em uma casa e seguirmos para o porão gelado.

— Exatamente o que estamos fazendo aqui?- perguntei para ela enquanto descíamos as escadas.

— Ibis disse que pode precisar de você nisso, da sua força. Ela ainda está bem fraca.

— Precisar de mim exatamente no que?

— Mais criações de duplicatas. – gelei, eu não queria.

Eu não quero.

Eleanor me puxou e eu vi uma mulher deitada sobre uma mesa de madeira imensa, Gaspar me encarava atentamente sabendo que eu não havia gostado nem um pouco da situação e quem disse que Ibis ligava? Ela estava extremamente empolgada sorrindo o tempo inteiro e Niklaus estava extremamente sério ao meu lado, eu não fazia ideia do que ele estava imaginando, mas sabia que não era nada bom.

Ele estava com medo de que eu tivesse um filho? Com meu... pai ainda por cima?

— Sage me dê seu sangue. – Ibis pediu.

— Não mesmo. Eu não vou fazer isso. – avisei e Gaspar me olhou atentamente – Eu não vou criar outras duplicatas. Eu não quero. – avisei – Não vou fazer isso, já chega disso.

— Por que não?- ela me olhou atentamente.

— Não acha que já está na hora de parar de fazer isso? Dar um fim nisso, eu tenho certeza que não precisamos mais fazer isso, sei que nos dão oportunidades, mas isso tem que acabar em algum momento. Talvez seja bom acabar com esses costumes que surgiram por causa de Esther, pare com isso... você vai passar a eternidade criando e vendo todos eles morrerem? Eu não quero continuar com esse ciclo. – ergui as mãos tendo meu corpo apoiado por Klaus.

— Precisamos de um exército. – contestou.

— Eu já te dei um, um bem forte e grande. Somos em 8 aqui, todos muito bem evoluídos, nós podemos muito bem dar conta de Esther sem nenhum problema.

— Você não quer ter filhos? Alguém seu? – ela me questionou.

— Eu já tenho uma filha.

— Sage nós podemos... – ela continuou.

— Ibis você não está mais sozinha, todos nós estamos aqui. Eu não vou fazer isso e não vou te emprestar poder algum pra fazer isso, nós temos que parar com isso... o que temos é mais do que suficiente. Chega de distribuir dor gratuita. – ela estava tremendamente desanimada.

— É por causa do Gaspar? Nós podemos tentar achar um modo de fazer isso com você e Niklaus.

Era muito estranho, eu e Gaspar gerando outra vida? Era muito bizarro. Eu pensei em ir com Nik, pensei mesmo, mas eu já havia visto Hayley gerar um filho dele. Eu não queria ter que passar por isso de novo mesmo que soubesse que tinha uma parte minha nisso, não era como eu queria.

— Não é por causa disso. Sei que vocês podem ser maravilhosos como pais, mas esse é um dos ciclos que nós temos que quebrar. A ordem natural do mundo é que os humanos morram e fiquem entre os dois mundos ou vão direto para o mundo dos mortos... e não é o que acontece com as nossas duplicatas humanas, elas morrem e depois são um nada. Simplesmente um nada. Desaparecem e voltam a fazer parte do nosso corpo. Isso é cruel. Toda alma vai e fica presa em seu próprio mundo enquanto elas deixam de existir e perdem completamente a sua história, tudo que viveram. Tem ideia do quanto isso é cruel?- os questionei.

Ela me olhava atentamente.

— Está na hora disso acabar, nós temos que confiar em nós mesmos. Nós sabemos que estamos acima de Esther. Você pode até fazer mais duplicatas, mas não vai receber a minha ajuda pra isso. – ela me encarava com dor.

— Agora eu sei por que dizem que você merece tanto o posto de rainha. – ela deu um sorriso amargo e olhou para a mulher deitada – Nós não precisamos mais de você.

~º~

— Eu nunca vou gostar de você. – falei para Mikael enquanto avançávamos pela neve – Eu realmente te detesto.

— Acho que já entendi que você me odeia. Você me fala isso todo dia, desde quando acorda até mesmo antes de dormir, você faz questão de ir em meu quarto nos seus últimos minutos acordada só pra me dizer isso - ele resmungou começando a escalar algumas pedras – Precisa de ajuda?- o olhei com a minha pior feição e ele apenas rolou os olhos em desagrado e tornou a subir em minha frente enquanto eu o seguia torcendo para ele cair e rolar ladeira abaixo, mas infelizmente isso nunca aconteceria, ele ainda tinha o equilíbrio melhor que o meu.

— Por que você odeia o Niklaus?- questionei e ele arqueou a sobrancelha.

— Como por que? – ele riu.

— Você não me vê odiando Hope. Você é detestável.

— Minha cara, a situação é completamente diferente. Você não estava com Niklaus quando ele se envolveu com Hayley.

— Mas nós estamos juntos hoje e você não me vê odiar Hope, fora que isso foi um pequeno contratempo. Não tenho culpa se eu demorei pra agir ou se Klaus foi um pouco burro, mas eu acho que uma criança não deve pagar pelos erros dos pais. Ele não tem culpa se você não foi homem o suficiente pra sua esposa ou se ela foi uma cadela, mas pela personalidade desprezível de vocês dois eu vou chutar e dizer que foi as duas coisas. Nenhum dos dois valia muito apena. Um reflexo disso é a Rebekah e o Kol. – ele me olhou de cara feia – o Kol se parece muito com você e a Rebekah é bem vadia mesmo, mas é melhor do que a sua mulher nojenta.

Era fato, Mikael ainda tinha forças e energia de sobras pra me odiar mais ainda. Eu sou detestável.

— Não diga absurdos garota.

— Niklaus não é o culpado, não o trate como se ele fosse. – resmunguei baixo – A culpa é de vocês.

Ele apenas riu debochando, o que esse homem tinha na cabeça para culpar ele? Tudo bem que ele não era obrigado a aceitar Niklaus, tudo bem que não era obrigado a gostar dele, mas o odiar a ponto de tentar o matar diversas vezes e travar uma guerra entre ele era burrice. Ele poderia muito bem descontar todo o ódio no traidor e na traidora, mas ele ainda seguia Esther como um cachorrinho, Mikael se achava forte... mas na realidade era um fraco em todos os sentidos. Ele não queria enxergar a realidade e achava que se fosse forte fisicamente compensaria a sua mente podre.

Perdi a paciência e o chutei e nós caímos pelo gelo deslizando, ele bufou irritado e se ergueu e eu fiz o mesmo com um pouco mais de dificuldade.

— Você me chamou para uma caminhada pra me chutar no gelo? – perguntou irritado voltando para o meu lado com as mãos nos bolsos.

— Te chutei para uma luta particular. – avisei quando voltamos a pisar na neve espessa – Quero te dar uma surra e você vai me mostrar o que é que te faz tão bom.

— Sem bruxaria. Vamos ver do que você é feita garotinha.

Sou feita de problemas e loucuras, é disso que eu sou feita.

Ele se afastou e eu retirei o casaco e as luvas e ele fez o mesmo as jogando no chão, prendi o cabelo com mais firmeza e ele deu um pequeno sorriso vindo em minha direção, eu estava animada, seria minha primeira luta válida como híbrida. Mikael veio correndo e eu saltei para trás fugindo de suas garras, tentei saltar por cima dele, mas ele segurou meu pé e me puxou para baixo segurando meu pescoço com força e me batendo contra o chão coberto de neve, afundei sentindo minha pele queimar e joguei as pernas para cima fugindo do aperto de Mikael e afundando o rosto dele na neve, ele me lançou para longe e eu rolei sobre o monte de neve. Ele apareceu com um galho imenso e bateu contra o meu rosto com ele, me levantei em um salto e quando ele foi me bater de novo eu segurei o galho e puxei com força socando a cara dele e o chutando.

Avancei para cima de Mikael e a nossa brincadeira acabou rapidamente quando paramos em cima do gelo fino que se desfez completamente nos jogando na água gelada, olhei para ele ao voltar para cima e vi que seu corpo tinha levado um choque assim como o meu, a água estava muito gelada mesmo.

Tossi e ele fez o mesmo, saimos da água com dificuldade e corri pegando minha blusa de frio e as luvas, vesti e voltei correndo para o castelo com ele, parece que eu não lutarei hoje. Nem tão cedo, deu uma fome.

~°~

Ondulei o corpo com extrema dificuldade enquanto imitava as mulheres do videoclipe, Niklaus ria discretamente as minhas costas enquanto via o meu péssimo desempenho embora eu estivesse me esforçando muito. Bufei irritada e balancei os quadris com rapidez quase tirando minha coluna do lugar, isso não estava dando nada certo.

— Suave amor, não precisa de tanta força. - ele indicou e eu bufei fazendo, mas... não adiantou muito.

— Niklaus não dá. - reclamei.

— Não compensa mais fazer aulas?

— Você acha mesmo que eu vou ficar com esse sutiã cheio de coisinhas brilhantes pra lá e pra cá por uma hora?

Ele me olhou de cima a baixo, eu usava uma roupa típica das dançarinas, ele rolou os olhos e eu troquei o canal vendo danças tipicas da Transilvânia. Olhei eles saltando e batendos os pés, talvez eu dê conta de fazer isso, alguma hora. Não vai prestar, meu equilíbrio é péssimo.

Mudei de volta para o canal da dança do ventre e voltei a repetir os movimentos, Niklaus bufou e se levantou parando atrás de mim. Colocou seu rosto em meu pescoço e uma mão em minha cintura e outra em meu quadril o movendo de acordo com o das dançarinas. Repeti o movimento com mais calma enquanto ele ainda guiava meu corpo tocando minha barriga, suas mãos começaram a deslizar pelo meu corpo e eu joguei a cabeça para trás, apertei a tecla para mudar de canal sem querer e então meus olhos se arregalaram e eu pausei olhando para a imagem na tela. Niklaus parou e acompanhou meus olhos sem entender.

— Eu disse! - gritei animada - Eu sempre estive certa! Eu nunca erro! Ah! - saltei derrubando tudo pela frente e subi em cima da mesa de centro.

— Isso é impossível. Deve ser bem antigo. - ele murmurava - Esse video é antigo.

Corri para tela e mostrei os pequenos números.

— Reprise de 08/10/2015. Ano passado!

— Sage isso...

Olhei para a imensa tela vendo ela ali, perfeita, verde e imponente.

— Carvalho branco. – sussurrei abrindo um sorriso malicioso.


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