Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 61
Não durma




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— Ué. – ri da cara de Katherine abertamente que encarava sua calça com o fundo descosturado – Como assim? – deu a volta em si mesmo e eu gargalhei escondendo a gilete em minhas costas.

— Katherine não fique tão distraída perto de Sage. – Nataniel avisou entregando a própria blusa frio para ela.

— O que você ganha com isso? – ela me olhou irritada.

— Uma bela visão de uma lingerie rosa. – ela riu.

— Se queria era só pedir. – ela baixou as calças e se jogou em cima de mim.

— Ai que horror. – gritei segurando ela evitando que ela caísse no chão.

— Gente por favor... – Caroline se virou nos olhando e deu as costas voltando a falar com Elena – Prefiro ficar calada... estou pensando em pedir Stefan em casamento.

Deixei uma risada baixa escapar e olhei para a janela empurrando Katherine no chão e fui em direção ao vidro olhando para o lado de fora vendo Nik treinar com os novos híbridos, os movimentos eram rápidos e quase impossíveis de se ver. Eles corriam de um lado para o outro dando todos os tipos de golpes inimagináveis e eu fiquei surpresa com a intensidade da luta, eles eram brutais e estavam sendo treinados por Niklaus  que gostava de ataques diretos, diferente de Elijah que treinava os vampiros para ataques surpresas.

— Está tudo bem por aqui?

— Uhum. – olhei para Stefan e vi que ele me encarava curioso, senti que Nik estava subindo em direção nosso quarto.

— O que foi Sage? Você está um pouco estranha.

— Você disse que não se lembrava o motivo por ter me atacado, depois que soube de Anellise. – ele me encarou confuso.

— Sério? – Caroline questionou – Como não se lembrava?

— Eu não sei Care, eu somente fiz isso. Eu não sabia o por que e não era a minha vontade, embora parecesse eu não queria aquilo. Não tive muita oportunidade de falar com você e sinceramente eu achei que o problema real era que eu havia me descontrolado, não associei a nada e continuo acreditando que foi apenas isso. Que eu voltei a ser o estripador. – cruzou os braços olhando pela janela.

— Não tem muito sentido nisso. – Damon o olhou atentamente estreitando os olhos – Há algo mais por trás disso. Você não voltaria a ser um estripador assim por nada, ainda mais quando sabia que aquela coisa não era a Anne.

— Venha aqui. – Niklaus chamou Stefan – Porque matou Sage?

Stefan gritou colocando as mãos na cabeça e se afastou de Niklaus piscando rapidamente enquanto caia no chão com as mãos na cabeça, o loiro se agachou e segurou a cabeça de Stefan com força.

— O que se lembra de antes de atacar Sage? – ao invés de Stefan gritar o restante do grupo fez isso, exceto Damon, Nataniel e Katherine que os encaravam surpresos.

— O que é isso? – perguntei e Davina entrou.

— Estão tentando se lembrar do que aconteceu, alguém invadiu a mente deles. – o ambiente pareceu mudar um pouco e eles suspiraram aliviados.

— Algo bateu no meu carro, quando estávamos indo atrás de você no aeroporto. O carro com Alaric e o restante do grupo estava muito longe para verem o que tinha acontecido, Nataniel ligou e mandou nós voltarmos e ... eu não sei... não aconteceu nessa ordem. – Caroline colocou a mão na cabeça – Só sei que nisso... alguém veio e quebrou nossos pescoços.

— Eu me lembro disso. – Stefan confirmou – Mas não sei quem é.

— Alguém ordenou que me matassem. – conclui – Alguém já havia traçado boa parte da minha vida, alguém já me vigiava a muito tempo atrás. Isso me faz pensar... e se Tyler realmente não quis me atacar? Isso significa que alguém está me vigiando a tempo demais...

— Quem faria isso?

— Posso tentar descobrir. – Davina se ofereceu – Vai demorar muito tempo.

— Não é algo que podemos deixar para depois Sage. – Klaus concordou – Faça Davina.

Ela apenas acenou com cabeça.

— Preciso de um lugar calmo. – mordi os lábios.

— Pode usar o meu antigo apartamento. – autorizei.

— Ele é perfeito. – sorriu.

— Bem... vamos lá. – a puxei para fora – Onde esteve esse tempo todo?

— Marcel me escondeu em uma cabana na floresta, sempre fiquei lá com Roxy. – acenei com a cabeça e passamos por Mikael, rolei os olho e Finn me parou olhando para nós duas e Stefan.

— Onde estão indo? – perguntou curiosamente.

— Vou levar Davina para casa. – dei de ombros e vi a desconfiança em seu olhar.

— Soube que teve contato com minha esposa antes do casamento.- ele me sondou.

— Não tive.

— Aquela moça do bar disse que teve. – cruzou os braços me olhando curiosamente.

— Aquela moça do bar é uma doente mental psicótica louca por confusão e apaixonada pelo meu esposo.

— Você acabou de se descrever. – o encarei extremamente irritada e agarrei seu pescoço o forçando a ficar de joelhos o olhando em fúria vendo seu nariz sangrar.

— É melhor você aprender a se comportar Finn, eu não estou em um bom dia. – sussurrei sombriamente – Não me acuse, eu não estou com paciência para lidar com você.

— Eu não fiz nada minha irmã. – percebi que o castelo inteiro nos encarava enquanto ele ofegava– Eu apenas comentei o quão é forte sua personalidade, não reclamei dela.

— Não me transforme em uma vilã na frente do meu castelo. Continue com os seus jogos e vai sair daqui em pó. Não me desafie. – soltei e sai do castelo.

— Sage isso é realmente necessário? – Stefan questionou entrando no carro.

— Não é não Stefan, mas eu gosto de fazer. Quem disse que eu tenho que baixar a cabeça para aguentar esse tipo de absurdo? Ele pode ser irmão de Nik, mas eu não gosto dele e não sou obrigada a aguentar malcriação na minha própria casa de um homem daquela idade.

Os dois apenas riram e logo eu chegava em casa me encolhendo devido ao vento frio, desci no apartamento de Nataniel e os dois subiram em direção ao meu apartamento. Entrei batendo a porta e vi Nataniel jogado no sofá ao lado de Rebekah que tinha a cabeça encostada no ombro dele. Isso era estranho, muito estranho mesmo. Me joguei no meio dos dois e ouvi Stefan gritar no andar de cima.

— Ai céus. – peguei a câmera em minha bolsa – Selfie. – tirei uma foto nossa e sorri para os dois.

— Sage dá pra sair? Eu quero transar. – olhei para Nataniel.

— Vai pro quarto ué, tô nem ai pra vocês dois. – resmunguei baixo olhando minha câmera e dei de ombros olhando os dois sem realmente ter algo de útil para fazer.

— Sage. – saltei assustada ao me virar e ver Ibis – Vem.

Me tocou rapidamente e aparecemos em um local estranho, a olhei confusa. Eu não disse que queria ir, mas pelo jeito ela não gosta de dar escolhas.

— Que muquifo é esse?

— A casa da mamãe. – riu pegando uma vela de crânio e eu revirei os olhos – Trouce você para conhecer seus irmãos.

— Tá. Cadê? – nada me preparou para as 6 figuras, eu me sentia em uma festa punk.

Ok, esses eram meus... irmãos? A primeira era uma versão loira de mim, bem mais magra e toda pink. Enjoativa de se olhar e eu gostava dela.

— Essa é a Phoebe. – a loira apenas sorriu e acenou de longe.

Ela se esqueceu de que eu já a conhecia? As duas se esqueceram disso.

— Essa é a Akio. – olhei para Ibis quase a xingando e ela apenas levantou os braços – Filha de uma japonesa, deixei ela escolher o nome. – a garota tinha um cabelo azul bem longo , usava um óculos geek e tinha algumas tatuagens, fora que era cheia de piercings e ao seu lado havia praticamente um clone só que de cabelo vermelho brilhante – Scarlet, são gêmeas.

— Hum. – resmunguei vendo uma encolhida no canto que parecia completamente alheia a vida.

— Eleonor. – a jovem tinha cabelos bem cacheados e assemelhei que isso fosse de sua mãe que a gerou – Ela puxou traços da mãe, acredito que seja o fato de a mulher que a gerou também ser uma bruxa. Não tem muito explicação para isso, só seja um pouco paciente. Ela é um ano mais velha que você e entrou nesse mundo agora, há umas duas semanas, ela foi criada pela a família adotiva já que a mulher que a gerou também havia fugido. O restante já terminou a transição do vampirismo.

Olhei os outros dois garotos e então me surpreendi, eu já conhecia o Elliot de uma de nossas conversas no carro de Gaspar, mas ... eu não fazia ideia e sinceramente não sei como ainda não havia percebido, afinal eu trabalhava com ele a muito tempo e basicamente me demiti assim que voltei dos mortos.

— Theodore. – cumprimentei com um sorriso, ótimo... pelo menos havia alguém para não me deixar desconfortável em meio a tantas figuras estranhas.

— Olá irmã. – ele sorriu vindo para o meu lado.

— Quer dizer que Gaspar é o dono da confeitaria?

— Não. – ele riu – Meu pai adotivo, fiquei com a família que me gerou já que Gaspar e Ibis estavam sempre alternando de mundo ou te procurando. No fim acabei me tornando uma das criações dos originais.- ele não se importava com isso, imaginei o quão difícil deveria ter sido para ele conciliar a bruxaria com o vampirismo de Esther.

— Que só pra deixar claro não são originais se formos ver pelo lado certo. – Akio afirmou sorrindo e eu ri junto, eu infernizaria Klaus com essa informação.

Apesar de eles serem os originais de outra raça de vampiros.

— É você quem é? –Scarlet questionou e eu não achei nenhum pouco nojenta, parecia que todos tínhamos a mesma personalidade exceto Eleonor e me lembrei de Gaspar sempre responder algo como “genes malditos da Ibis”.

— Sage Mikaelson. – sorri e alguns deles me olharam surpresa – É eu sei, a mais odiada por Esther no momento.

— E rainha dos mortos-vivos, híbridos e lobos? – Scarlet questionou.

— Não sou rainha dos lobos.

— Você é sim. – Elliot confirmou – Viemos de Pasadena  semana passada e eles te consideram uma rainha por defender os “direitos” dos lobos, não matando eles ou transformando em híbridos.

Isso realmente me deixava surpresa, eu não esperava por isso.

— Inclusive Niklaus está sendo visto com outros olhos depois disso tudo, com toda certeza vocês serão mais procurados. Você mudou tudo Sage. – Phoebe sorria – Você é uma bruxa e vampira de Ibis casada com o rei lobo, híbrido de Esther.

Era realmente muito estranho, basicamente éramos reis  da junção das criações das duas bruxas mais poderosas do mundo, na realidade dos três bruxos, Niklaus deveria estar se achando o máximo por isso, não sei como estava se controlando em minha frente, era capaz dele mandar fazer uma estatua em homenagem a si mesmo.

— Tudo muito lindo encantador, mas todos aqui já treinaram? – Gaspar surgiu abraçando Ibis pelas costas e eu os encarei surpresa – O que foi Sage?

— Vocês são um casal? – questionei assustada, nunca na vida que eu acharia que eles estavam juntos.

— Sim, sempre fomos. Não nos olhe desse jeito, o nosso relacionamento é tão estranho quanto o seu e o de Niklaus. – ergui os dois braços, mas eu nem disse nada.

— Ok, tudo bem. Vou levar isso em conta. – ele apenas riu e acenou com a cabeça para os seis – Como é que vocês chegam assim do nada?

— Não chegamos assim do nada Sage... isso leva muito tempo para aprender a fazer, precisamos de muita energia e concentração para isso... ou acabamos de baixo dos trilhos de um trem... como Phineas. – balançou a cabeça em negação – Era um dos melhores bruxos que tivemos, tinha apenas 16 anos e morreu se tornando um dos guardiões, Esther sugou tanto a energia dele que ele acabou se desfazendo completamente. – encostou o queixo na cabeça de Ibis e eu ainda me sentia confusa vendo isso, parecia que ele estava agarrado a mim, era algo desagradável de se ver. “Meu pai e mãe”, eu não estava acostumada a isso e isso me lembrou de outra coisa.

— O que aconteceu com Misael? – eles me olharam e pareceram envergonhados.

— Nós não aprovamos a sucção de energias, mas... bem ele foi para o mundo dos mortos e nós fomos até lá... e talvez ele seja agora um nada, no meio do nada. – Ibis desviou os olhos e eu ri.

Era o imaginado, fiquei um pouco mais séria.

— E Nara? – ela se aproximou segurando minhas mãos com força.

— Esther fez o mesmo com ela quando Nara insistiu em te defender. Eu sinto muito mesmo por isso Sage, e quanto a Eliza e seus irmãos... algumas coisas mudaram no mundo dos mortos... Eles ficaram aqui até te verem casar, eu os juntei no mundo dos mortos... o lado bom onde eles criam projeções e os selei lá, assim eles não se perderiam um dos outros e não “viveriam” em uma eterna ilusão... eles criaram você, Oliver e Nara lá.

Acenei com a cabeça evitando que as lágrimas caíssem.

— Obrigada por isso. – ela apenas me abraçou e quando vi estávamos todos em um campo aberto.

— Eu sinto em dizer isso, mas logo estaremos levando todos vocês para o mundo dos mortos... isso significa que os que não tiverem muita influência de poder aqui ficarão por lá... guardando o local. – eles começaram a se olharem nervosos – Vai ser uma forma de conseguirem mais poder estando do lado de lá já que tentaremos não deixar que Esther fique muito tempo fora do mundo, teremos ajuda de Niklaus e seu reino para controlar o que acontece do lado de fora.

— Deixamos claro desde agora que só ficará no mundo dos vivos quem tiver a força de um bruxo comparado a nós dois. – Gaspar me olhou atentamente – Se não for dessa forma eu sinto em dizer, mas ficarão presos lá pela eternidade. Quem quiser ir embora agora e tentar uma vida normal com seus poderes selados... pode ir. Quem não quiser, que continue aqui.

— Ele sempre faz isso. – Theodore sorriu para mim – Em todos os treinos ele sempre diz isso, e 15 de nós optaram por ir embora.

— A quanto tempo está aqui?

— Tem um mês. Gaspar sempre deixou claro para minha família adotiva sobre o que eu era, e eles sempre entenderam e incentivaram desde cedo o uso dos meus poderes, sinto muito por nunca ter mencionado, mas gostamos de muito sigilo em relação ao que fazemos Sage. Eu acompanhei sua dor de perto, eu nunca havia mencionado antes também... pelo fato de nunca ter conhecido minhas irmãs e nem Ibis... então eu não tinha ideia de quem e o que você poderia ser.

— Eu realmente compreendo isso. – sorri para ele – Bem... quando vamos colocar fogo em tudo?

— A senhorita só vai assistir! – Gaspar apontou para um pedra  eu fui até lá me sentando, nem queria participar mesmo, estava morrendo de preguiça – Como está se saindo com os poderes Sage?

— Ah eu vou bem, admito que tenho problemas terríveis com o fogo, esse sim é um caso de controlar.

— Já pensou em começar com o mais fácil Sage? Você controla onde e como ele surge, mas não consegue fazer ele se mover, isso não é avatar minha querida. Você não vai fazer as chama surgirem nas suas mãos. – deu um sermão discreto.

Como ele descobriu isso? Bufei irritada e ele apenas riu.

— Todos aqui tentaram o mesmo, como eu sempre digo, maldito genes de Ibis. Como está com o curso?

— Vai bem, ganhei o concurso de fotografias e minha foto foi exibida na exposição moderna juvenil... bla, bla. Ganhei algum dinheiro com isso admito, foi bem divertido.

— Estou vendo o grau da sua empolgação. Você está bem avançada na bruxaria, me pergunto como conseguiu isso em tão pouco tempo. – o encarei séria.

— Eu não vou abandonar a minha família de novo, não depois do que eu vi. Não depois do que eu senti, eu concordei com isso para voltar a vida e não ficar presa naquele lugar pela eternidade, eu me uni a Niklaus e toda a nossa família e é com eles que eu irei ficar, é aqui que eu vou viver de verdade. – ele acenou com a cabeça.

— Todos aqui tem a mesma força que você Sage, mas eu me questiono o por que de você ter crescido tanto em tão pouco tempo. Ter uma mente tão forte.

— Acho que é por que eu sou realmente louca, e pude extravasar tudo que eu sinto. – abri um sorriso malicioso – Indico a todos fazer o mesmo, realmente ajuda muito com essas coisas, dessa forma sabe... Ou pode ter sido o fato de ninguém nunca ter desistido de mim, isso faz com que eu jamais queira desistir deles.

— Por dever?

— Por amor, você mesmo disse que somos muitos emocionais.

— E somos, a marcação foi uma criação de Ibis e minha. A união de almas nesse mundo também, seria uma forma dos mortos se comunicarem com quem haviam deixado, seria um modo de eles se encontrarem depois de mortos ou presos entre os dois mundos.

— Os mortos marcados podem ficar no mesmo mundo “solitário”?

— Sim, até mesmo as bruxas podem fazer marcação, lobisomens e humanos. É algo simples. – ele riu – No início usávamos para poder encontrar os guardiões de nossa família, mas depois começamos a marcar vocês de outra forma.

— Como?  - ele abriu as palmas da mão e virou em minha direção mostrando um circulo com uma espécie de sol estranho, percebi que o nome de Ibis e Gaspar estavam escritos em uma caligrafia estranha.

— Era assim que localizávamos vocês, isso deveria ter parado em suas mãos quando você nascesse, mas não foi possível. – era perceptível que ele estava mortalmente chateado com isso, decidi que deveria me aproximar mais dele, queria saber que tipo de pai ele era – Você quer?

— Para sempre me encontrar com vocês e me conectar? – ele deu um sorriso triste – Por que é que você ainda não colocou essa merda? – ele apenas riu e eu vi a marca se transferir para minha pele enquanto deslizava por ela fazendo cócegas, quando parou no lugar certo ela queimou e esfriou e eu reparei que as mãos de Gaspar ficaram limpas.

— Isso queimou em mim por 18 anos Sage, esperando para encontrar o seu lugar e trazer a minha filha de volta. – dei um sorriso fraco para ele – Algumas coisas na nossa vida acontecem por que tem que acontecer. – olhamos para o campo vendo que eles mais brincavam com Ibis do que treinavam a sério, ela se virou sorrindo para nós – Não ache que te digo por obrigação, mas nós ficamos felizes com sua existência a partir do momento que Isobel aceitou. Você nem existia, mas nós te amávamos, sei que pode parecer cruel nós criarmos tantas de vocês...

— Mas eu entendo. – o interrompi – Não é como se nos vissem como descartáveis.

— E como pode ver isso?

— Você nos deu opções, escolhas. Nos disse que podemos sair daqui e ter uma vida normal, mas que podemos ficar. Eu concordei em ajudar vocês e quando eu me tronar uma vampira de verdade eu posso ir embora. – ele confirmou com a cabeça – Mas eu não vou. Eu vou fazer o que eu prometi fazer, é isso que pode nos deixar vivos.

Ele apenas concordou com a cabeça e eu me virei escapando por pouco de chama imensas que atravessaram todo o campo, olhei para Gaspar completamente chamuscado e olhei para Eleonor que nos encarava com culpa no olhar. Ela estava visivelmente sem graça e ajustou o óculos e o suéter enquanto vinha em nossa direção.

— Eu sinto muito. – a voz dela era baixa – Eu não queria.

— Tudo bem. – Gaspar sorriu a abraçando e ela correspondeu ainda se encolhendo – Eu precisava mesmo cortar esse cabelo. – ele gargalhou se afastando e me olhou quando ela se afastou – Eu esperei dois anos pro meu cabelo ficar daquele jeito. – colocou as mãos no quadril balançando a cabeça enquanto olhava para o chão, por fim gargalhou e deu um tapa no meu ombro que quase me desmontou – Vou te levar para casa.

O olhei confusa quando paramos de frente ao meu antigo apartamento.

— Por que não vê se Davina precisa de ajuda?- desapareceu e eu entrei no local vendo que ele estava iluminado apenas por velas.

— Davina? – chamei baixo e ela me encarou, percebi que Kol segurava Stefan contra o chão.

— Muito forte, esse hipnose é muito forte. – ela rangeu os dentes ainda ao lado de Stefan que tinha um pedaço de pano entre os lábios enquanto grunhia.

— Eu posso tentar... transferir. – eu só havia feito aquilo com Niklaus e havia sido no casamento, não gastei muita energia então tive um controle bom.

— Isso seria ótimo Sage. O problema é Stefan aguentar. – ela parou e ele respirou aliviado.

— Faça Sage. Nós precisamos saber que é essa pessoa, pode ser alguém do reino. – ele bebeu a água que Kol o entregou.

— Eu vou concordar com ele Sage, ele vai dar conta. Vamos dar algum tempo para tudo isso, ok? – Kol se sentou ao meu lado e passou um braço pelo meu pescoço – Não podemos deixar o reino dessa forma, essa pessoa que ordenou isso pode ter traçado toda a sua vida, pode estar te vigiando a muito tempo. Isso quer dizer que pode ser até um de nós envolvido nisso tudo.

— Mikael?

— Ele saiu a pouco tempo, ele não hipnotizaria ninguém, simplesmente iria lá e te mataria, não é Mikael Sage, de forma alguma. – Kol estava pensativo e nos encarava – Aquele cara... Tyler?

— Estava morto. – olhei para os lado – Os únicos originais que temos são vocês, não conheço outros.

— Fora Alaric.

— Alaric não mandaria Stefan me atacar para me salvar dele, e ele nunca faria isso comigo. – o encarei séria.

— Eu não estava em Mystic, nem Bekah e nem Elijah. Niklaus muito menos, temos poucas opções Sage.

— Esther pode ter conseguido soltar um original do mundo dos mortos. É uma possibilidade. – Davina se intrometeu – Isso pode acontecer.

— Mas que outro vampiro ela teria feito? Não existem muitos originais por ai, francamente.

— São possibilidades Sage, não vamos descartar nenhuma delas. – ela falou e notou que Stefan havia dormido – Ele pode estar com sede. Isso é um problema, não tem sangue aqui.

— Vai lá Kol. – empurrei pegando o celular, isso havia me lembrado de outra coisa importante.

Kol resmungou, mas foi mesmo assim. Disquei o número de Niklaus e ele logo atendeu.

— Oi Nik.

Oi amor, onde está?

— No apartamento antigo. – Kol resmungava baixo enquanto discutia com Davina – Escute, eu quero que você se esforce muito Nik, mas muito mesmo tudo bem?

Tudo sim amor. O que foi Sage?— perguntou preocupado – Tudo bem ai?

— Sim, eu quero que consiga o maior número de duplicatas possíveis, nós precisamos delas imediatamente.

Como faremos para achar? Não conseguimos encontrar alguma mesmo com bruxas.

— Não é tão difícil assim, sabe o motivo de Oliver ter ido para Kansas? – minha cabeça começava a funcionar com força, o local de Ibis era completamente invisível a todos, nem mesmo eu conseguiria o achar.

A falta de magia por lá? De quase não ter lobisomens e vampiros?

— Um bloqueio de magia! – bati a mão na testa.

Como assim Sage?

— As duplicatas não são encontradas por causa disso, alguma bruxa deve estar protegendo esses locais de feitiços de localização. Ou algo assim, isso faz parecer um local chato e entediante.

— Você é um gênio!- Davina gritou se levantando – São locais com pouca magia que agem de forma indireta, ou seja... magia que não é constante, que não é feita no momento. As influencias vampíricas nesses lugares são bem menores! Tinha ouvido até que a transformação de lobisomens é bem mais rápida e menos dolorosa. – ela estalou os dedos.

— É mais fácil quebrar a hipnose de Stefan. – sussurrei – Você ouviu Nik, junte grupos de buscas com vampiros mais antigos, as chances de acharmos duplicatas será maior.

O que queremos com elas?

— Meu sangue deve parar de funcionar a medida que me transformo, podemos usar elas como recrutas, caçadoras, tanto faz! Um exército silencioso! Para atacarmos Uri o quanto antes! Agiremos como sombras!

Ótimo amor. Vou chamar seus amigos. Parabéns.— ele desligou rindo.

Stefan se apoiou em mim e pressionou o lenço contra o nariz que sangrava, Kol o pegou e o arrastou para o carro enquanto descia no andar de Hayley, Davina e Alaric. Entrei vendo Alaric na cozinha e Hayley assistindo televisão.

— Hei Ric. Está tudo sobre a sua responsabilidade hoje, eu irei com um grupo a procura de duplicatas e você ficará aqui com Hayley, provavelmente Elijah e Bekah ficarão aqui então qualquer coisa peça para eles.

— Espera, você está me encarregando de cuidar do reino? – ele ergueu os dois braços.

— Sim eu estou. Nós voltaremos logo, iremos para o Kansas então não se preocupe com nada disso tudo bem?

Nem esperei ele falar nada apenas desci as escadas correndo e olhei a imensa moto na lateral da garagem, vi Kol colocar Stefan no carro e olhei para Davina.

— Escutem, Davina vai comigo de moto e Kol vai de carro e por favor acelere essa coisa Kol! Nós vamos na frente para o caso de ter algum vampiro de Uri por lá. – falei agitada subindo na moto e Davina me olhou assustada – Você está com medo disso aqui?

— Aonde vão sem mim? – Nataniel apareceu rindo e empurrou Davina para dentro do carro subindo na moto comigo e agarrando a minha cintura – Malakaias vai morrer de histerismo.

Evitei rir e acelerei indo para fora da garagem, Nataniel me segurava com tanta força que quase me partia ao meu. Ele obviamente não confiava em minhas habilidades de piloto e aproveitei para o assustar um pouco. Acelerei o máximo que a moto conseguia ir e comecei a desviar dos carros que surgiam enquanto ele gritava batendo seu capacete no meu, vi o carro de Elijah e passei direto por ele, senti Nataniel virar e vi um flash, com certeza ele bateu uma foto.

— É o Klaus que está dirigindo Sage! – gritou rindo e bateu outra foto – Corre por favor, não quero ser jogado de uma moto em movimento nessa velocidade. – gritou e eu acelerei saindo da cidade vendo que alguma motos e carros no seguiam rapidamente, acelerei mais ainda.

Estávamos indo bem acima do limite recomendado, mas tínhamos pressa, era óbvio que não daria para chegar no mesmo dia afinal eram 14 horas de viagem. Mas isso não era problema, chato seria ir ao aeroporto e esperar horas até embarcar e desembarcar, eu poderia muito bem acelerar só mais um pouco e eu chegaria em apenas 7 horas.

E chegamos em apenas 4 horas de viagem, suspirei de alívio e desci sentindo a bunda dormente. Nataniel passou a percorrer a cidade rapidamente e eu canalizei minha energia, mas ela veio bem fraca e eu senti que haviam poucos seres sobrenaturais na cidade. Provavelmente a maioria era lobisomens e bruxas, senti um certo repúdio pelo lugar e imaginei que essa era a maneira que a tal bruxa havia achado para afastar os vampiros. Foi pisar na cidade para que mais da metade dela se virasse me encarando, era um modo que a bruxa havia encontrado para se defender de vampiros, isso era no mínimo curioso. Eu a acharia depois.

— Ótimo, a maioria dos habitantes são lobisomens.

— Escutem. – boa parte deles se viraram para mim – Sei que isso é bem estranho, mas não estamos procurando por problemas. Queremos duplicatas e queremos saber se houveram mais vampiros nessa cidade.- informei – Quanto mais rápido conseguirmos, mais rápido iremos embora.

— Eles passam longe daqui. – um idoso se aproximou me olhando com curiosidade – Quem é você moça?

— Sage Mikaelson, esposa de Niklaus. – ouvi um coro confuso sem saber se era de descontentamento ou surpresa.

— Veio pegar mais pessoas para se tornarem híbridos? – cruzou os braços.

— No momento não. Vim pegar duplicatas e ajudar um amigo, ele foi hipnotizado e estamos tentando quebrar a hipnose.

— Por que duplicatas?

— Estamos nos preparando para tomar o reino de Uri. – ele me olhou surpreso – É eu sei. Bem tenso, mas é o que devemos fazer. Esther não pode ter um aliado do lado de fora.

— Se é isso... bem tudo bem... quem se sentir a vontade pode acompanhar essa moça.- ele acenou e continuou ao meu lado.

— Senhor... – eu queria saber se Oliver havia feito o que eu pedi, queria saber se ele estava na cidade, era nítido que ele era um dos “guardiões” do local já que sua casa ficava praticamente na entrada da casa. Ele deveria marcar os vampiros.

Fui interrompida pelos sons dos motores e vi Niklaus descer de um carro enquanto alguns vampiros desciam de suas motos, ele olhou o lugar curiosamente e se aproximou parando ao meu lado.

— Está limpo. – avisei e ele sorriu.

— Ótimo. – me virei vendo Marcel, Natalie, Caroline, Damon, Stefan, Katherine e mais alguns outros vampiros – Peguem todas as duplicatas que conseguirem e me passem um informativo, expliquem, passem slides e os informe, se não concordarem matem.

— Niklaus! – repreendi olhando envergonhada para o idoso – Se não concordarem hipnotizem para esquecer! – gritei – Sou eu quem mando aqui. – dei um tapa na cabeça de Niklaus que apenas riu e me puxou beijando minha bochecha e logo se afastou ajudando Stefan – Onde podemos colocar ele?

— Na minha casa. – o idoso respondeu apontando e eu lancei um olhar agradecido – Ele não vão nos trazer problemas não é? – me encarou.

— Eu garanto que não, eu posso ser maluca, mas tenho um reino invejável senhor. Muitos estão o construindo. – lancei um olhar rápido para Marcel.

— Vamos começar. – Davina preparou tudo enquanto eu apenas olhava, eu tinha certeza que poderia ser feito de um jeito mais fácil.

Todos saíram deixando apenas nós três, segurei a mão de Stefan e a de Davina e comecei a transferência torcendo para que a bruxa local não interferisse em nada. Fechei os olhos com força e apertei a mão dela sem saber exatamente o quanto de energia ela estava recebendo, senti o local inteiro se abafar, algo parecia pressionar minha cabeça com força e eu jurei que perdi o sentindo por alguns segundos. Stefan gritou e então se calou ofegando e eu abri os olhos sentindo um arrepio enquanto olhava para ele todo suado abaixo de mim.

— Conseguimos. – Davina sorriu.

— Stefan? – os olhos dele reviraram então ele segurou meu braço com força antes de desmaiar.

— Finn.

MERDA.


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