Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 60
Eu dou as ordens




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Respirei fundo e tombei a cabeça para o lado analisando o ambiente e decidi por fim dar de ombros, não era desconfortável e não parecia uma prisão. As paredes eram escuras, haviam janelas grandes no alto com grades e o lugar era bem arejado, era o local de “reuniões”. Olhei para Niklaus que estava em silêncio apenas me observando querendo saber como eu iria lidar com a situação, ele estava sendo o meu “tutor”.

— Só temos esses? – olhei para o grupo de lobisomens que estavam no subsolo do castelo.

— Sim, foi o máximo que nós conseguimos. – Damon me avisou ao lado de Alaric, Katherine se remexia ao lado dos dois com uma expressão de desagrado no rosto.

Desde que Oliver se fora o humor dela havia mudado drasticamente e isso me deixava enciumada, eu tinha certeza que assim que virasse minhas costas ela iria atrás dele. Ela estava obcecada por ele e isso era realmente assustador.

Olhei os lobisomens que estavam eretos nos encarando desconfiados, a maioria estava escorada despreocupadamente em algumas paredes enquanto nos fitavam, um outro grupo ficava a nossa frente de forma ameaçadora nos analisando com cuidado antecipando qualquer movimento, me perguntei o que Damon e Katherine fizeram para que eles ficassem dessa maneira. Estava cada vez mais difícil conseguir híbridos, a maioria dos que conseguíamos preferiam continuar como lobisomens para não se envolverem na guerra e os lobisomens eram difíceis de serem achados.

— Bem... aqui vamos nós. Ninguém é obrigado a ficar aqui contra a vontade, só peço que me escutem com atenção. – eles me olharam fixamente, eu sabia que muitos deles ali nem haviam se transformado – Eu sou Sage Mikaelson, a rainha dos vampiros de New Orleans. – eles me encaravam absorvendo as palavras parecendo perceber o motivo de estarem no subsolo, mas ainda pareciam não entender o motivo da imensa porta estar aberta e nenhum deles presos.

— Por que está aqui falando conosco? Não deveria ser um dos seus vampiros a fazer isso? – olhei para Nataniel que deu de ombros.

— Para ter a confiança de vocês. Ninguém é obrigado a ficar aqui se não quiserem, mas sugiro que se saírem daqui... desapareçam para o mais longe daqui e do Canadá. O nosso mundo está prestes a entrar em colapso, acho que todos vocês já ouviram falar de Esther Mikaelson, a mãe do meu marido.

— Claro, foi ela quem criou os vampiros. – ele me olhou atentamente – Os originais.

— Não especificamente, eu sou uma vampira em transição... filha de Ibis e Gaspar Resh... que são híbridos de uma espécie diferente da de Niklaus... é praticamente a mesma coisa que Niklaus, mas com a diferença de que o nosso corpo imortal aceita a bruxaria. É claro que não é nada fácil conciliar as duas coisas, uma hora uma delas vai vencer.

— Então você é uma bruxa? – uma mulher me questionou – Prestes a virar uma vampira?

— Sim. – ela ergueu as sobrancelhas e voltou a mascar o chiclete – O ponto é que, minha mãe é uma guardião do mundos dos mortos muito mais velha que nossa querida Esther... portanto mais poderosa. Só que Esther encontrou furos no mundo dos mortos e está conseguindo absorver energia o suficiente para voltar para cá, fora que está conseguindo criar um exército.

— Os Mikaelson sempre tiveram esse tipo de problema. – um outro lobo me interrompeu – Essa coisa do exército é que se torna uma novidade, eles sempre conseguiram lidar entre si... qual a diferença dessa vez?

— O que chegou aos nossos ouvidos é que Esther não voltou apenas pela família, mas sim para dominar o mundo. Se tornar a mãe paranormal de magia negra, isso resulta em milhares de sacrifícios que pode causar um desequilíbrio imenso entre nós. Para ela se tornar imperadora ela precisa passar por cima de todos os seres sobrenaturais. Ela tem outro foco agora... está trazendo um exército de originais... e o pior... o reino de Uri está ajudando.

Eles exclamaram surpresos e assustados com a constatação, pelo que eu sabia o reino de Uri deixara de ser comentado a anos. Ele não incomodava outros vampiros, mas com a volta de Esther isso começou a mudar e ele passou a ver nosso reino como uma ameaça em potência.

— O que acha que podemos fazer? Uma aliança entre vocês e os lobisomens? – um deles cruzou os braços.

— Não especificamente, estamos criando híbridos como Niklaus para termos uma chance a mais contra eles. Ninguém é obrigado a se transformar em um, vocês tem que entender que isso é eterno, serão imortais e poderão se transformar quando quiserem. A escolha é completamente de vocês, tivemos um trabalho imenso para conseguir achar o seu grupo... muitos lobisomens desapareceram diante dos olhos das equipes de buscas.

— Então não são vocês que os pegaram? – ele nos olhou confuso – Recebemos noticias de que um grupo imenso de vampiros estavam recolhendo os lobisomens, nos escondemos o melhor que pudemos. Ainda fico impressionado que tenham nos encontrado. – ele deu um olhar duro para Katherine que apenas abriu um sorriso maldoso.

— De maneira alguma, desde que montamos esse reino.. bem, vocês foram o segundo grupo que troucemos.

— Acreditamos que Uri seja o responsável pelo sumiço, um de nossos aliados admitiu que estava matando alguns pequenos grupos de lobisomens pois acreditava que Niklaus os usaria para travar uma guerra contra eles... mas não era a nossa função. – Nataniel os informou.

O lobisomem apenas nos olhou mortificado parecendo estar extremamente indeciso com o que faria, era nítido que ele tivesse medo de que pegássemos outros lobisomens e os transformássemos a força.

— Você não é obrigado, nenhum de vocês são. Entretanto terão que se esconder quando saírem daqui.- avisei – Nós somos o menor de seus problemas.

— Eu sei que não somos, mas... eu prefiro ter minha família longe de mim viva e feliz... do que ver eles todos mortos. – ele me olhava atentamente – Se for por eles... eu te entrego a minha vida.

Os lobisomens se olharam agindo como se fossem uma verdadeira família, vi Niklaus sorrir discretamente em minha direção e olhamos para o grupo novamente quando todos deram passos ficando a minha frente.

— Todos nós entregamos nossa vida e lealdade a rainha e o rei de New Orleans.- decretou.

~º~

— Niklaus por favor, sai do meu pé. – implorei dando um olhar amargo em sua direção e ele apena riu sem se importar com meus pedidos.

— Não Sage. – foi firme – Não saio.

Rolei os olhos, desde que Finn admitiu o que fez Niklaus me infernizava a cada segundo do meu dia. O irmão dele decidiu manter distância de mim e eu me perguntava constantemente o que Niklaus havia feito com ele para que ele se afastasse completamente de mim, isso sim era o que me assustava já que os irmãos de Niklaus nem sempre iam de acordo com os “pedidos” dele, a prova viva disso era Kol que ainda estava preso no poço. Não por Niklaus, mas por mim mesmo.

Falado nisso, tenho certeza a que Marcel esqueceu da existência dele. Na realidade eu tenho certeza que ele está tirando proveito da situação.

— Acho que ele já aprendeu a lição Nik, ele não vai voltar. – dei um olhar duro em sua direção, eu não podia causar desastres tendo Niklaus pendurado no meu pescoço evitando que eu fizesse besteiras.

— Eu não estou aqui por Finn Sage, eu estou apenas averiguando como você está se saindo como rainha. – ele me seguia pelos longos corredores do castelo analisando tudo com os olhos – Acho que poderíamos colocar um painel com pedra do sol ali. – apontou em direção a um cômodo pequeno – A maioria dos nossos vampiros não tem uma pedra do sol, Ibis está fazendo junto de Gaspar.

Franzi a testa, eu não sabia disso. Pelo que parece Niklaus estava preocupado com a mobilidade, eu estava preocupada apenas com os confrontos em si. Eu sou realmente uma “rainha da guerra”. Meu sonho de criança era ser um general do exército disparando ordens e averiguando equipes, fazendo o caos na Terra e mal posso acreditar que isso está realmente acontecendo.

— Vamos precisar de verbena. – o olhei confusa – Para os grupos de Uri caso resolvamos interrogar, Stefan se disponibilizou a plantar algumas por perto, não temos por aqui. A produção de estacas vem sendo bem rápida, vai nos ajudar muito. Na realidade eu desenvolvi junto de Marcel estacas mais finas e pequenas, podem passar discretamente pelos olhos dos vampiros e podemos quebrar elas dentro do coração deles impedindo que consigam tirar a tempo e permitindo que entre mais facilmente no corpo. – ele me informou e eu fiquei surpresa.

Acenei atentamente ainda o olhando com suspeita, como eu não havia pensado nos detalhes tão importantes?

— Acha que ele pode estar criando híbridos também? – o olhei atentamente – Ele pode ter descoberto uma maneira de fazer isso, e se ele descobriu nós estamos com sérios problemas Nik, os grupos que ele vem pegado são imensos, nesse ritmo ele terá bem mais híbridos do que nós e você sabe como é difícil matar eles.

— Sim, mas acredito que não conseguiu, ele teria os mandado imediatamente. – me seguiu para fora do castelo e entrou no carro se sentando no banco do passageiro – Não capote. – pediu – Acredito que talvez Uri não tenha tanta vantagem assim, pelo que pude perceber os seus melhores homens foram aqueles que você matou no prédio e sozinha. Ele tem enviando grupos mais fracos, o que não quer dizer que ele não tenha grupos melhores. Pode estar eliminando alguns dos nossos aos poucos, pode estar esperando o reino enfraquecer para nos atingir com os seus melhores.- ele olhava de maneira séria para frente enquanto pensava.

— Faz sentindo Nik. Vamos ficar de olho, acho melhor não demorarmos muito. Quem fica sempre na defensiva nunca avança, precisamos ser mais rápidos do que ele. – ele concordou – Pode cuidar disso? – ele me olhou debochado.

— É claro que sim amor. – sorriu – Onde estamos indo?

— Ver Hayley. – franzi a testa e suspirei – Ela quer sair, comprar coisas de bebê sabe? Já decidiu onde ela vai ficar?

— Assim que tirarmos Uri do nosso caminho ela irá para o castelo. – avisou – Eu não a deixarei naquele prédio antigo, sabemos que ela fica disfarçada estando lá, mas não sabemos quantas pessoas sabem que Hayley terá um filho meu. Não se esqueça que aqui as bruxas também costumam agir, e nenhuma delas gosta muito de mim. – confirmei.

Eu sabia muito bem que ele era mais do que odiado pelas bruxas.

— Como eu sei que você não nos deixar em paz... – mostrei a barriga falsa e ele me olhou vendo que eu estava usava um vestido largo e um sobretudo não muito longo fora o salto discreto – Eu serei a mulher que está grávida de Niklaus e Hayley será esposa de Enzo, tenho dó dela. – lamentei falsamente colocando a barriga no lugar e ele me olhou atentamente antes de rir e olhar para fora – O que?

— Nada amor. – sussurrou rindo e eu decidi dar da ombros.

Descemos do carro e Hayley abriu os lábios surpresa ao ver Niklaus, dei de ombros e segui em direção a ela com minha barriga falsa, Enzo ria discretamente enquanto me acompanhava com os olhos.

— Vamos?

— Sage não fique saltando dessa forma, logo vão saber que o bebê é uma farsa. – rolei os olhos, ai que saco ser grávida, não se pode nem mais pular bueiros abertos.

— Ok - ergui as mãos e agarrei a mão do Nik e como esperado as bruxas nos observavam com extrema curiosidade, algumas pessoa também nos olhavam e isso imediatamente elevou nossas suspeitas.

Vampiros disfarçados, nós tínhamos muitos entre nós – olhei para trás vendo que Hayley usava um casaco imenso que escondia perfeitamente sua gravidez..

— Marcel cuidará disso. – ele sussurrou e eu olhei para um dos prédios acima vendo ele no local com um pequeno grupo de vampiros marcando as pessoas.

— Será de Uri?

— Não sei. – ele resmungou baixo me puxando em direção a uma loja infantil – Fique perto.

— Olá mamãe. – sorri para uma funcionária que veio falar comigo.

— Olá meu bem. – cumprimentei – Estamos procurando roupas e um trocador. – avisei – E alguma ajuda, afinal é a primeira vez que estamos grávidas... e gostaríamos de conselhos, do tipo que um médico não tem como dar. – ela sorriu para mim em compreensão e vi que todos me olhavam com surpresa pela minha boa postura.

— São amigas? – ela perguntou sorrindo nos guiando até poltrona extremamente confortáveis, sorri me sentando e afundando – Uma poltrona de amamentação. – olhei para Klaus.

— Vamos levar duas. – eu quase gemi sentindo meu corpo afundar no acolchoado macio – Somos cunhadas. Ela é casada com meu irmão. – apontei para Enzo – Está de hum... seis meses. – eu nem sabia de quanto tempo ela estava – Eu estou de oito. – passei a mão pela barriga falsa sorrindo.

8 meses era quase o tempo em que eu conhecia o Nik, alguém poderia facilmente associar isso, se soubessem disso é claro.

— Oh sim, dois de uma vez. – ela sorriu trazendo algumas roupas pequenas e confortáveis, peguei algumas das diferentes de Hayley em cores escuras ouvindo Klaus bufar e mostrei para ela.

— Vamos levar. – escolhi as roupas e mais alguns acessórios e gente, a criança não tem nem idade e já usa esse monte de coisa? – Ãh – olhei a mamadeira de vidro, dizem que é a melhor – A de vidro. – escolhi.

Eu não estava deixando Hayley escolher nada e tinha total noção disso, ela não parecia muito incomodada, ela se divertia as custas de Niklaus que ficava irritado quando eu simplesmente começava a discordar dele. Eu tinha essa coragem.

— Plástico. – Hayley contrariou – Vidro é perigoso.

— Quem vai segurar é você, o vidro não vai explodir na cara da criança. – contestei – É mais saudável, tem menos produtos tóxicos para preservar. Eu li o livro de gravidez! – ergui um dedo ela apenas suspirou.

~º~

— Mas quanta maturidade Sage. – Stefan reclamou depois de eu quebrar o pescoço de Enzo.

— Você fala como se não tivesse vontade de fazer o mesmo. – olhei para trás vendo que Roxy puxava o corpo pela perna sem nenhum cuidado fazendo ele bater contra tudo que entrava na frente.

— Concordo que foi merecido. – Niklaus sussurrou com o olhar perdido e eu olhei para Stefan e em seguida dei de ombros, ele estava pensando em Mikael, era mais do que óbvio.

— Sage tem certeza que eles viriam para cá? – Roxy questionou – Eu não ouço nada.

— Eu consigo ouvir eles respirando. – avisei – É bem fraco, mas eu estou ouvindo.

— Ótimo, será que estão nos observando?

A resposta veio como um raio em forma de vampiro acertando o peito de Stefan que estava a minha frente, o vampiro imediatamente enfiou o braço dentro do peito dele e eu fiz o mesmo enfiando meu braço pelas costas dele e fechando minha mão na sua impedindo que ele arrancasse o coração de Stefan que tossia enquanto vomitava sangue. Klaus sem nenhuma cerimonia e sem nem mudar a expressão apenas quebrou o braço do vampiro, o pescoço e então chutou um galho para cima enfiando a madeira no peito do vampiro que soltou o coração de Stefan, fiz o mesmo notando que ele se curava com dificuldade.

— Roxy assuma com Niklaus, eu vou levar Stefan para longe. – avisei colocando um braço dele em meus ombros e comecei a o carregar para um local onde sabia que havia uma casa abandonada.

Senti os olhos de Niklaus me acompanharem e o ignorei por completo saindo discretamente do campo e subindo por uma pequena trilha sem ne me importar em verificar se estávamos sozinhos.

— Você está perdendo o show. – sussurrou enquanto ria.

— Você está perdendo a vida. – o arrastei para longe – Eu troco qualquer guerra para te ver vivo Stefan, eu mais do que ninguém te devo muito. – subimos com dificuldade enquanto eu sentia meu coração acelerar.

— Não deveria fazer isso por dívida. – nos arrastávamos, eu tinha medo de correr e o derrubar – Deveria fazer isso por gostar de mim.- brigou.

— E eu te amo. – corei envergonhada – É por isso que eu faço isso, tudo isso. – sussurrei.

— Achei que me odiasse. – resmungou.

— Achei que tivesse motivos, deixei de acreditar em muitas coisas... me sinto como se fosse uma velha falando – rimos baixo – Não combina em nada comigo, eu achei que seria fácil ser uma rainha... mas a responsabilidade está matando a minha personalidade. Está me matando.

— Você é uma líder e a responsabilidade está te evoluindo Sage, está te melhorando. Você mantem a cabeça firme quando é preciso ter, isso se chama crescer. Você viu o mundo como ele verdadeiramente é. – se referiu ao mundo.

— A morte deles... Oliver indo embora, Mikael aqui... isso está se tornando um problema. As vezes eu penso em apagar toda a minha vida... o que é realmente existir? O que é viver? E quando eu estiver cansada demais de ser uma imortal? – eu ainda estava chateada por estar me tornando uma vampira tão cedo.

Não pude nem ficar deliciosa pra virar uma vampira e já irei “travar”? Não posso fingir ser uma mulher mais velha, assim como não posso ser mais nova. Ficar em uma única cidade pode ser trabalhoso, Niklaus poderia passar pelo menos 7 anos em um local e não levantaria tantas suspeitas, mas eu poderia ficar no máximo uns 3 anos e isso era frustrante.

— Nós nunca vamos deixar que se canse... eu prometo que daqui 100 anos quando tivermos feito tudo que poderíamos fazer na terra... nós vamos para Marte e a dominaremos. – ergueu o punho.

— Você já está falando insanidades. – ele riu me olhando com a boca cheia de sangue.

— Vou deixar para você falar mais tarde então. – avisou fechando os olhos e sorrindo – Eu estou feliz que esteja aqui comigo, talvez... no meu último momento?- rolei os olhos – Fico feliz por ser você.

— Eu estou feliz de ter tido você comigo... para todos os momentos. – inclinei a cabeça vendo a cabana.

 - Eu ainda não morri, pare de falar como se eu estivesse morto. – resmungou entrando no local, o deitei no chão e olhei ao redor.

Era ele quem estava falando como se estivesse morrendo.

— Vou procurar um bicho para você beber. – avisei saindo da cabana e correndo pela mata, avistei um cervo e o abati rapidamente voltando para a cabana.

Vi a porta aberta e olhei o pequeno cervo em minha mão, a sangue frio quebrei os dois chifres em vários pedaços e corri para a cabana dando de cara com um vampiro virado para Stefan que ofegava no chão, lancei os primeiros pedaços na direção do vampiro, mas ele se virou como um borrão e segurou os pedaços com força enquanto sorria de forma sádica em minha direção. Me movi como um raio, mas não foi o suficiente. O vampiro era muito velho e experiente, eu nunca tinha visto um tão rápido. Ele veio em minha direção e enfiou o pedaço do chifre em minha perna e outro em minha jugular me fazendo cair para trás enquanto me afogava em meu próprio sangue.

— Sage. – ouvi Stefan chamar e senti a marca oscilar drasticamente a medida que meus olhos se fechavam e se abriam, Stefan ainda estava em perigo – Sage!

Senti uma imensa poça de sangue se  formar a baixo de mim, a dor era algo terrível e eu começa a senti-la a medida que o tempo passava. Puxei o pedaço de chifre e usei minhas forças restantes para o lançar na cabeça do vampiro que desabou completamente, a porta foi arrombada e em poucos segundos eu já senti o gosto do sangue de Niklaus inundar minha boca, ele saiu e voltou rapidamente jogando o cervo aos pés de Stefan enquanto me levantava.

— Preciso voltar. – ele olhou o corpo do vampiro e foi até o corpo arrancando a cabeça, ele a pegou e chutou com força para fora da cabana – Se alimente.- foi frio.

Me voltei para o cervo e bebi um pouco do sangue com uma careta, era mil vezes pior do que qualquer um que eu tenha bebido, olhei para Stefan e concordamos com um aceno, deveríamos voltar. Rastejamos de volta para o campo enquanto tombávamos para os lados a todos momentos, nos apoiamos um no outro e logo chegamos ao local e encontramos centenas de vampiros mortos, me joguei nas costa de Niklaus parando uma imensa estaca de carvalho branco na hora enquanto a olhava com interesse, ele se virou me olhando rapidamente e então fui desperta pelo grito de Roxy. Só tive tempo de ver seu corpo cair completamente sem vida no chão.

Ofeguei, mais um dos nossos morria. Era uma prova de que eu estava fazendo tudo errado, eu estava fracassando.

— Sage não faça. – Niklaus pediu e eu ergui a mão – Você vai morrer.

Uma árvore do outro lado do campo explodiu lançando lascas de madeira para todos os lados, ergui todos eles e os lancei em direção ao grupo de vampiros vendo pelos menos 6 corpos caírem no chão, mas ainda haviam alguns. Suspirei e me lembrei de um dos ensinamentos de Gaspar e então concentrei toda minha energia de forma que fosse o suficiente para fazer o que eu queria. Estalei os dedos e todos os corpos caíram, inclusive o meu.

~º~

— Irresponsável! – Ibis gritava andando de um lado para o outro enquanto eu segurava uma compressa de gelo na cabeça, o reino inteiro estava presente ouvindo nossa discussão – É isso que você é Sage, onde já se viu fazer isso? É para pessoas extremamente poderosas ao nível de Esther! Você desmaiou 30 pessoas em campo!

— Nossa que bom, isso deveria ser ruim? – ironizei e reparei que Gaspar prendeu o fôlego.- ela gritava em fúria.

— Não fale nesse tom comigo, não se esqueça que fui eu quem te dei a vida.

— Mas não foi você que me criou, me educou, me ensinou nem nada do tipo então não se sinta no direito de querer ditar a minha vida! – gritei arremessando a bolsa de gelo que foi segurada por ela.

— Eu não tive oportunidade não jogue a culpa em mim Sage! Não aja como se você tivesse saindo de dentro de mim e eu tivesse te abandonado, você foi levada!

— Eu sou só uma pequena parcela do seu poder, pode me ter de volta retirando a minha vida não é?

— Nós não fazemos isso Sage, nó realmente amamos todos vocês... Temos um propósito que infelizmente não é bonito, eu entendo que você sofre quando perde alguém em batalha... eu já vi centenas... milhares dos meus filhos morreram e se transformarem em um simples nada então não fique achando que eu não sinto a sua dor, pois eu sinto! Eu senti o sangue dos meus depois de os ter matado, se passaram 4000 anos e eu nunca me esqueci disso.

Ela arremessou a bolsa de gelo que acertou meu nariz com força o quebrando, aspirei o ar pela boca e senti suas mãos em meu rosto.

— Me desculpa. – a olhei em fúria.

— Você me bateu? – perguntei em fúria e ela deu um passo para trás.

— Eu sou a sua mãe... – a calei com um soco e ela me olhou chocada.

— Senhoras... – jogamos Marcel para longe e eu puxei o cinto da calça dele batendo no rosto de Ibis com ele.

— Jamais encoste o dedo em mim. – dei um soco no queixo dela de baixo para cima.

— Eu também sei lutar. – sorriu deixando os olhos se tornarem amarelos. – Eu posso ser uma rainha bruxa... mas eu também posso lutar com uma rainha dos vampiros.

— Eu não lutar como a rainha dos vampiros, e sim como a tremenda vadia que nós somos.

—  Sage. Ibis.- Niklaus me repreendeu enquanto Gaspar repreendia Ibis.

— Bem vindo a família. – ela sorriu para Niklaus – Você precisa sorte.

Ibis correu em minha direção e eu segurei uma bandeja com força acertando o rosto dela e a jogando para o outro lado da sala, ele ajeitou o cabelo e sorriu em minha direção de maneira sádica. Ela veio em minha direção e Klaus a segurou com toda sua força, Gaspar se aproximou de mim e eu vi Ibis lançar Klaus longe o fazendo bater com violência contra a parede, fiz o mesmo com Gaspar e notei que ela se encheu de fúria tanto quanto eu.

— Eu não acredito que você teve essa coragem. – sussurrei junto dela.

Ela socou meu rosto com força e veio para cima dela, chutei seu nariz ao bater contra a parede e senti uma mordida terrível me pescoço, a soquei de novo no rosto e quase senti o meu pescoço sair do lugar com o soco que ela devolveu.

— Se não pararem .. - ouvi Gaspar sussurrar.

Mas quem disse que nós ouvimos?

~º~

Nik segurava meu cabelo enquanto limpava meu rosto completamente sujo de sangue com um semblante de preocupação, comecei a chorar só de desgosto. Ele rolou os olhos e continuou limpando meu rosto, passou a toalha e me puxou em direção a nossa sala, me joguei no sofá chorando e ele jogou o cobertor em cima de e sentou ao meu lado.

— Sage deu empate. -resmungou – Gaspar apagou as duas.

— Eu sei e não ligo Nik.

— Por que está chorando? – olhei a Tv.

— Eu adoro esse filme.

— Eu nem liguei a tv. – riu passando a mão em meu cabelo.

— Eu já selecionei, liga logo Klaus. – briguei com ele que logo me atendeu – Roxy foi enterrada hoje, não deixou ninguém. – comentei.

— Isso é algo ruim?

— É triste, não tem ninguém pra se lembrar dela.

— Ela tem um reino inteiro pra manter ela viva pela eternidade. – me confortou – Isso é manter alguém vivo Sage, ela nunca será esquecida.

Resmunguei baixo com os olhos vidrados na TV vendo filme começar. O que era ser eterno? Era apenas viver para sempre ou nunca ser esquecido, mesmo depois de terem se passado anos após sua morte?

— Sim Nik.

— Talvez você não devesse se conectar tanto ao mundo do mortos Sage.

Eu não o escutaria dessa vez, eu queria me conectar aos dois mundos. Talvez o poder estivesse me subindo a cabeça, mas eu queria ter esse poder. Eu queria provar ser forte o bastante para liderar e estar ao lado dele, eu não queria ficar abaixo de nenhuma das pessoas que me salvara um dia.


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