Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 50
Amor familiar é tão lindo




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Finn me largou quando um soco o acertou na cabeça com força, engasguei me escorando na parede e vi quando Niklaus deu outro soco em Finn quase afundando a cabeça dele na parede, o loiro travou e parou me olhando e depois deu uma ultima olhada no irmão antes de vir em minha direção.

— Sage.- tocou em meu braço carinhosamente.

— Estou bem.- me levantei.

— Sage? - Finn me olhou atentamente finalmente parando para me observar direito, até por que nunca tinha me visto.

Odiei o cabelinho dele, estranho.

— Muita gente por ai tem esse nome. - dei de ombros recuperando o fôlego e então me aproximei dele e soquei sua cara - A próxima vez que me bater eu arranco seu coração e te faço comer. – me afastei dele – Por que me atacou?

— Você é uma estranha dentro da casa do meu irmão.

— Seu irmão híbrido lunático não poderia se defender de uma pobre humana? – ri da sua cara.

Niklaus riu baixo e deu um tapa no ombro do irmão agindo como se nada tivesse acontecido, balancei a cabeça e segui em direção a sala e me joguei no sofá esticando as pernas. Eu queria estar em meu apartamento, mal pisei nessa mansão e já tinha lembranças terríveis. Dei de ombros e então algo me veio a cabeça, a hipnose foi quebrada. Eu me lembrava de tudo, mas ainda não sabia quem havia me hipnotizado. Isso sim era uma novidade, quem quer que fosse ouviria poucas e boas.

— O que te trás aqui Finn? - Klaus se jogou ao meu lado passando o braço pelos meus ombros

— Não posso ver meus irmãos?- percebi que Finn me encarava com curiosidade.

— Achei que gostasse da sua família Niklaus. - uma ruiva apareceu – Acho que você já apreciou isso algum dia, fico impressionada com a sua facilidade em parar de se importar com nós.

Só pode ser brincadeira, eu achei que eu fosse a única mulher invasora nessa família.

— Virou bordel? - bufei irritada me levantando, eu não aguentava mais, sempre me dava mal com as mulheres dessa família.

Está escrito em alguma profecia, não é possível. Bekah, Esther, Kol e agora essa ai.

— Quem é essa criança?- me olhou com uma careta – Niklaus você sequestrou essa menina de algum orfanato?

Fuzilei ela com os olhos e me preparei para pular em seu pescoço e o torcer. Vadia, mal chega e se acha a dona do pedaço.

— Criança é você sua vadia carniceira. - parti pra cima dela jogando meu tênis nela e Klaus me segurou.

— É família Sage. - sussurrou.

— Família de merda essa sua hein. -resmunguei - Só não chega a ultrapassar a vadia da sua mãe - ouvi um rosnado - Pode achar ruim eu sei a verdade seu merda. Tá achando que eu tenho medo de você? - ri cinicamente indo em direção a cozinha.

Eu estava descontrolada e sentia que tinha a ver com a transição, era mais claro do que nunca. Bati no armário assustando Hayley e Elijah que foi para a sala, a morena me deu um sorriso constrangido e se sentou em uma cadeira me olhando.

— Quer dizer que aquele papo de buscar as coisas do bebê era uma desculpa para tentar fazer outro? - ri me sentando ao seu lado - Que família estranha é essa que nós temos.

Ela ajeitou o cabelo e sorriu de forma enigmática.

— Uma família muito estranha. Eu não tenho nada demais com ele Sage, sou apenas uma mulher grávida com desejos. Apenas isso. Quer dizer que Esther te odiou a primeira vista?- deu um sorriso cínico.

— Aparentemente sim. - zombei - Ela queria uma luta comigo no mundo dos mortos.

Hayley fez uma careta e bebeu o suco.

— É algo a se esperar de um Mikaelson. Qual o motivo para o ódio?

— Eu estou com Niklaus. - dei de ombros – E sou criação da rival dela.

— Olha, a família é bem louca, mas acha que é só por isso que ela te detesta? Ela nem se deu ao trabalho de te conhecer. - reclamou.

— Tenho certeza que é por isso. E desde quando algum Mikaelson age com sensatez? Até Elijah passa um pouco dos limites de vez em quando.

— Já falou com Gaspar? - suspirei.

— Ainda não, eu irei esperar pelo resultado dos exames para poder falar com ele. - avisei -Se for uma mentira eu vou lá e mato ele, se for verdade ai eu procuro respostas.

— Você é efetiva. - zombou - Chega a ser cômico.

— Hayley eu vou te dar um tapa. - ameacei - E essa criança ai já mexe? - apontei para a sua barriga - Quantos meses? 4? 3?

— Sage em que mundo você está vivendo? - a olhei confusa.

— Eu estou de 5 meses. - ok. Uou.

Eu mereço uma surra, como assim meu filho vai nascer e eu não sei?

— Ele não é seu filho. - ela reclamou, aparentemente eu falei em voz alta.

— Hay eu não te perguntei nada. Sou madrasta. - dei um sorriso cruel, eu gosto dessa palavra.

— Ok. Não está mais aqui quem falou. - sorriu erguendo as mãos - Antes ter você como amiga do que inimiga. - riu baixo - Fico feliz em ver que a nova rainha será a guardiã do meu filho.

— Ótimo. - sorri - Mas eu não vou mesmo saber qual é o sexo desse nadador ai?

— Não. Ninguém vai, só quando ele nascer. - passou a mão pelos próprios cabelos.

— Um bebê normal?

— Sim. - deu um sorriso aliviado.

Sorri sentindo um pouquinho de inveja, talvez eu tenha o tal instinto materno. Fiz uma careta, eu nem gosto de criança. Se eu tivesse sido responsável por alguma ela seria uma espécie de flor brotando em um jardim vivendo da luz do sol e de água que a chuva nos dá. Pisquei quando a Rebekah jogou um bolo imenso de chocolate na minha frente, vi que Hayley tentou comer. Não no meu turno. Peguei o bolo e joguei nas costas da loira manchando toda a sua roupa, ela se virou irritada me encarando com uma careta.

— O que pensa que está fazendo Verona? - resmungou.

— Sem envenenamento nessa casa. – ditei.

— Acha que iria matar meu sobrinho?

— Tentou matar seu irmão.

— O coloquei para dormir! - gritou.

— Por que ele não morre! - gritei de volta e vi ela espumar de raiva.

— Ah não. – ouvi Klaus sussurrar na sala do lado.

— Sage eu estou perdendo minha paciência com você.- ela apontou em minha direção.

— A minha já se esgotou a tempo. - me aproximei dela falando de forma sombria - Niklaus pode querer você viva, mas no momento eu não quero.

— E vai me matar? - riu - Eu sou uma original.

— Eu sou uma caçadora. - ri - Tem certeza que eu não posso?

— Eu não gosto de te ter como minha inimiga. – me deu um olhar arrependido, eu queria assustar ela um pouco.

— Eu me arrependo de ter tido você como amiga. Você mexeu com a pessoa que me marcou, eu não tenho que aceitar isso só por você ser minha amiga ou por ser minha cunhada. Eu levo laços muito a sério Rebekah, e não me refiro aos de sangue. - grunhi sentindo meus olhos e minhas presas coçarem.

Rebekah deu um passo para trás e pelo vidro de um dos armários pude ver meu reflexo. Minhas pupilas triplicaram de tamanho e minhas íris eram apenas uma fina linha prateada com pequenos pontos azuis, seria lindo se... não existissem veias terrivelmente finas e grossas ao redor de meu olhos e minhas presas não fossem tão finas quanto as de um gato. Entendi que eu não estava pronta para uma transformação no momento. Tentei me acalmar e em respostas apenas pulei em cima de Rebekah a mordendo drenando boa parte de seu sangue, quebrei seu pescoço e me virei para a única pessoa no local.

Hayley me encarava com medo, agucei meus ouvidos fazendo estalos com os lábios tentando voltar ao normal, mas meu instinto assassino apenas florescia. Em um ato de desespero suas mãos cobriram a barriga e eu as segui com meus olhos e então parei me concentrando apenas no som de seu corpo, ouvi sua respiração, seu coração, ouvia seu sangue correndo e então ouvi as batidas fortes e rápidas. Parei completamente arregalando os olhos, eu estava prestes a matar o filho de Niklaus, uma parte do homem que me marcou.

— Desculpe. - sorri.

— Ok.- sussurrou.

— Vou me apresentar as visitas, não conte a ninguém. - sussurrei - Sobre o bebê.

— Não irei. - senti meu rosto voltar ao normal.

Eu ainda estava com sede e tinha uma fome voraz. Limpei meus lábios com os dedos e os lambi enquanto seguia em direção a sala com um sorriso malicioso, eu bebi Rebekah. Ri e entrei na sala desfilando usando um tênis em um pé e apenas uma meia no outro.

— Querida venha aqui. - Klaus me chamou e eu segui em sua direção arrumando meu cabelo.

— Sim. - fui educada e ganhei um olhar desconfiado, notei que discretamente Kol ia em direção a cozinha.

— Esse é meu irmão Finn e sua esposa Sage. Essa é minha noiva, Sage Verona. - olhei a ruiva de cara feia, vou mata-la, não irá existir duas Sage's Mikaelson.

Bem o motivo não é o nome, eu não fui com a cara dela mesmo. Cara de abuso.

— Hum. - resmunguei - É um prazer conhecer vocês. - fui sarcástica mantendo meus olhos nos dois.

— Onde está Rebekah? - Elijah me questionou.

— Dormindo. - sorri e Elijah nem disfarçou, apenas sumiu atrás da irmã e voltou logo em seguida dando um olhar para Niklaus.

O loiro suspirou e me olhou de maneira repreensiva sem nem saber o que eu havia feito. Bufei chamando atenção e me abaixei pegando meu tênis e o calçando, olhei Niklaus.

— Vou caçar e voltar para meu apartamento. - avisei.

— Caçar? - me olhou confuso.

Dei de ombros e sai para a luz do dia apenas com a camiseta e a jaqueta de Klaus, sorri para um visitante e resolvi testar minha nova velocidade, quem sabe não aprendo a controlar ela? Respirei fundo e concentrei, agucei meus ouvidos e minha visão, inspirei o ar senti os cheiros variados, minha pele pareceu afinar e consegui sentir a energia passar pelo meu corpo, inclusive senti uma pequena borboleta passando pelo meu braço. Sorri e deixei a energia fluir, o problema era fazer isso parar. Como um vampiro iniciante conseguia isso e eu não?

E foi sair do território de Niklaus para o pior acontecer, eu senti o grupo imenso que me perseguia e me aproveitei dessa situação para a passar para Niklaus através da marca, senti sua resposta imediata que me arrepiou por completo quando entendi que ele já se movia para vir atrás de mim. Eu estava abusando das habilidades vampiras que não eram totalmente minhas, eu estava morrendo de sede.

O primeiro vampiro apareceu e acredito que ele achou que eu iria parar, só que isso não era possível, não por eu não querer, mas por não conseguir e quando eu vi que eu não iria mesmo dar conta de parar eu aumentei mais ainda a velocidade e fechei minha mão o acertando com um poderoso soco que quebrou meu pulso, continuei a corrida e desviei de um vampiro que se lançou contra mim, sorri pulando sobre suas costas e continuando o trajeto e então outro apareceu parando em minha frente e eu tropecei, sim, tropecei em minhas próprias pernas e fui para frente como um míssil acertando o vampiro. Nos embaralhamos e nossos corpos bateram com força contra uma parede.

QUE CARALHOS DE VAMPIRO TROPEÇA NAS PRÓPRIAS PERNAS? A SAGE É CLARO.

Gemi de dor ao sentir várias costelas quebrarem assim como minhas pernas, o vampiro ao meu lado caiu com o pescoço quebrado e eu agradeci por não ter sido eu. Senti o grupo grande avançar em minha direção e então me surpreendi ao ver Marcel me levantar, ele me olhou atentamente enquanto quebrava o pescoço de outro vampiro.

— Não pense que faço isso por você ou Niklaus, temos mesmo um interesse. É pelo reino. - explicou enquanto matava um vampiro.

— Que bom que tem essa consideração por mim Marcel. - ouvi a voz de Klaus ao meu lado.

— É bom saber o quanto se importa com a família. - Rebekah surgiu e me olhou de cara feia enquanto respondia Marcel.

Como ela se recuperou tão rápido?

— Eu admito que nunca esperei nada de bom de você. - Kol surgiu usando uma de minhas frases de efeito.

— Até por que não tem nada de bom pra gostar em você. - Elijah surgiu do meu lado e eu reprimi uma risada.

— Ok, acho que a sessão de insultos já foi demais por hoje. - ele nos olhou e vi a Sage Vadia Ruiva parar ao seu lado com Finn - Eu achei que nunca veria essa cena na minha vida. - sorriu.

— Os Mikaelson finalmente se uniram. - senti os olhos de Klaus em mim - Estamos todos prontos para montar o nosso império.

Vi Marcel rir negando com a cabeça, seus olhos cravados em mim.

— Você me deve um reino.- sussurrou.

— Pegue de volta. - sorri e olhamos para o grupo.

— Sou Frederich. Rei de Utah, soube que muitos de meus homens morreram por aqui. - ele nos olhou atentamente - Eu havia os enviado em uma tentativa de nos aliar a Marcel, mas soube que ele perdeu o reino... para um Verona, nunca ouvi falar desse rei. - ele tinha um sotaque forte - Estou surpreso, afinal é um dos melhores reinos que existem.

Sorri, o reino era mesmo meu. Eu o conquistei, mas graças a Niklaus.

— Por que tentou nos matar?

— Não são meus homens. Pode ver pela tatuagem - olhei um dos corpos marcado pelo nome Uri - São do Canadá, eles souberam que o reino estava com poucos vampiros. Admito que pensei no mesmo, mas vi que talvez seja mais vantajoso uma aliança entre reinos do que uma guerra entre nós. Afinal sabemos que Esther está perto de chegar e seu numero de vampiros reduziu drasticamente, o que me faz não querer uma briga com esse Verona. Já que destruiu um reino com apenas 14 pessoas.

— Essa Verona. - corrigi.

— Uma rainha? - piscou confuso e riu - Temos tão poucas, fico surpreso e orgulhoso. Onde posso falar com essa rainha?

— Ela está aqui. - Klaus colocou as duas mãos em meus ombros e senti que ele sentia orgulho e um pouquinho de inveja.

Frederic fez uma reverência em respeito e eu fiquei sem saber o que fazer. Apenas acenei e dei um pequeno sorriso e olhei para Klaus pedindo ajuda, eu não lidava com negócios. Eu apenas batia e era só isso. Klaus me olhou de volta esperando eu dizer algo, caminhei em direção a Frederic e enlacei seu braço no meu.

— O que acha de um sorvete?

~°~

— Tudo depende do que você tem para me oferecer e do que quer em troca de tudo isso. Sei que não quer apenas nos ajudar com Esther. - me sentei na poltrona de frente para Frederich que me olhava curiosamente.

— Sim, tem algo. Queremos uma aliança para acabar com o reino de Uri, eles vem nos atormentando a um bom tempo e o reino cresceu consideravelmente, Uri é um homem muito poderoso e perigoso. É notável que ele tem interesse em outros reinos e um desses reinos é o meu e se ele acredita que consegue acabar com o meu reino, é por que ele tem razão... e isso significa que ele tem o exército grande o suficiente para agir contra dois reinos. É assim que ele faz, o seu reino é o mais próximo do meu. - suspirei, eu acreditava em Frederich, esse tal Uri nos parecia um problema imenso.

— Não temos muitos homens como você sabe, mas vamos fazer o possível nessa guerra. Só pretende o parar?

— Tomar o reino. Aliar entre os Mikaelson e o meu reino. Podemos fazer algo grande, soube que Uri estava atrás de lobisomens e que estava os matando... acabei pegando alguns tentando descobrir o que tem de tão interessante neles, mas soltei todos.

— Podemos. - murmurei, se eu fosse traída eu o mataria em um piscar de olhos - O que queria com os lobisomens?

— São desnecessários.

— Não são mais. - avisei - Pegue todos que achar e os traga vivos até mim, temos uma aliança. - estendi minha mão.

— Sim.- apertou.

~°~

— Estou surpreso pela sua dedicação Sage, eu não esperava que chegasse tão longe. - Klaus confessou enquanto observava Elijah treinar os híbridos junto de Marcel.

— Eu disse que iria conseguir um reino Klaus, eu o tomei de você.

Ele ergueu o indicador rindo.

— Tomou de Marcel.

— Não era você que gritava para o mundo que era rei de New Orleans? - ele me olhou de cara feia.

— É melhor parar aqui. - me empurrou.

— Nik.

— Klaus. - sussurrou.

— Oi Nicolas. - Nataniel surgiu do meio dos híbridos.

— Nataniel. O que foi?- perguntou sem se importar com o nome errado.

— Só dando um tempo por aqui... e vim levar a Sage para dar uma volta. - deu de ombros.

— Tchau Nik. - acenei me afastando e correndo até ele - O que foi?

— O resultado do exame. Eu mesmo fui pegar. – mostrou o envelope.

— Quer tanto descobrir sobre minha vida?

— É apenas um motivo para irmos até Gaspar, quero saber mais sobre Ibis. - me passou o envelope que já estava aberto, revirei os olhos - Ele é mesmo seu pai.

Sem dar ouvidos apenas puxei as folhas e li com atenção. Parece mesmo que eu preciso ter uma conversa com ele.

Meia hora depois eu saia do carro ao lado de Nataniel, olhei o prédio luxuoso com um pouco de suspeita. Eu esperava que Gaspar vivesse em uma cabana suja no meio de uma floresta, como todos os meus inimigos, mas pelo jeito eu me enganei. Um médico que trabalhou em Mystic poderia ganhar tanto assim? Suspirei frustrada.

— Bem... agora sim eu desejei que ele fosse meu sogro. - olhei Nataniel de cara feia e me virei para Elena.

— Tem certeza que devemos falar com ele antes de Eliza?

— Sim. Talvez ele seja meu pai também, precisamos saber disso. – ela estava incomodada, deveria ser um saco ficar sendo jogada de um lado para o outro.

— Se você tiver uma conexão comigo... pode ser uma bruxa?- questionei.

— Uma duplicata Petrova? Tenho minhas duvidas. - Nataniel fez careta - Acredito que não Sage. Eu torço para que não.

Suspirei e entrei no prédio, o porteiro se quer me olhou, peguei o pequeno vaso de planta e lancei contra a tela do computador, imediatamente ele se abaixou para a pegar e nós corremos até o elevador.

— Como vamos achar ele? - apertei o andar da cobertura.

— Vamos chutar. Se não der certo eu invado todos os apartamentos. - dei de ombros.

— Sutil. – Elena riu.

— Como uma orca. - Nataniel complementou segurando sua câmera fotográfica.

Chutei a porta e entrei no apartamento derrubando centenas de vasos pelo caminho, derrubei um quadro e coloquei as mãos nos quadris quando vi Gaspar parado no meio de sua sala luxuosa com a boca escancarada me olhando.

— Tal mãe tal filha. - resmungou se jogando no sofá.

— Chama eles. - ordenei me sentando em sua poltrona e esticando as pernas colocando sobre a mesa.

— Entrem. - resmungou e os dois pararam ao meu lado - Oras Elena.

— Olá. - cruzou os braços - Acho que temos algo para falar. – o olhou atentamente vendo que não se parecia em absolutamente nada com ele.

— Na realidade não temos, sinto te decepcionar. – ele sorriu – Mas a única pessoa com a qual tenho relação aqui é com a Sage.

— Você é nosso pai!- ela arqueou uma sobrancelha.

— Sou pai da Sage. Não seu. - resumiu.

— Nascemos no mesmo ano, nossa mãe é Isobel. – ergueu os dois braços.

— Acontece Elena que quando Isobel aceitou engravidar de nós eu não sabia da sua existência.

— Pera. Nós? - me sentei no chão.

— Sim Sage. Nós. Isobel foi sua mãe de corpo, ela foi apenas isso, você é uma criação minha e de Ibis. Bruxaria de Ibis Sage, ela é poderosa.- ele sorriu convencido e eu quase senti minha alma fugir do corpo.

O encarei séria, extremamente séria. Impossível.

— Ibis não pode gerar filhos, mas pode usar de seu próprio sangue para fazer eles. - mordi a boca e fechei minhas duas mãos com força.

— Claro.- chutei a mesinha de centro o acertando e ele a jogou na parede - Que merda você está inventando agora?

O chutei para longe e ele me empurrou tentando prender meus braços, senti que me transformava e isso não seria nada bom. Chutei sua costela com força e torci seu braço, e então parei completamente quando ele grunhiu e seus olhos se tornaram douradas enquanto suas pupilas triplicavam de tamanho, uma fina linha dourada... tão demoníaco quando Ibis. Parei de o atacar na hora.

— Você é um híbrido de Ibis. - sussurrei.

— Sim. Nós somos Sage. Somos uma linhagem.

— Linhagem? – minhas pernas tremiam.

— Sim. De bruxos, caçadores... entenda como quiser. - me soltou e eu cai sentada no sofá.

— Então... - comecei a pensar nas possibilidades.

— Conheci Ibis a milênios atrás, fui transformado. Eu era um bruxo, assim como ela.

Suspirei.

— M ajudou a evoluir meus poderes. Ibis tinha facilidade em entrar e sair do mundo dos mortos sem problemas, mas em algumas vezes chegou a ficar presa. Conhecemos Esther anos depois, e assim que ela morreu Ibis descobriu que ela estava tentando voltar para o mundo dos vivos, e ela obtinha sucesso com isso. As duas se tornaram inimigas mortais pois Ibis havia se tornado responsável pelo mundo dos mortos e Esther estava bagunçando o equilíbrio que havia entre os mundo. Até que Esther começou uma briga de poder.

— Ibis comentou sobre ficar fraca no outro mundo... - Nataniel começou.

— Sim... Esther achou uma maneira de consumir a energia de bruxas, desde então começamos a criar as duplicatas de Ibis, elas não surgem do nada, são feitas por nós. Usamos sangue e rituais para criar vocês, e colocávamos um pouco de nosso poder em seus corpos para que pudessem sobreviver, para que pudessem ser humanas.

— Foi uma forma de as manter vivas. - Elena concluiu enquanto eu entrava em choque.

— Então eu não existo, sou apenas uma energia. – olhei minhas próprias mãos.

— Todos nós somos energia Sage. – Nataniel tentou me consolar e Gaspar apenas acenou com a cabeça confirmando o que ele disse.

— É uma forma de manter nosso poder longe de Esther, cada duplicata que fazemos leva um pouco de nossos poderes evitando que Esther tenha acesso a eles enquanto Ibis estiver no mundo dos mortos. Esse poder é limitado para duplicatas, mas pode evoluir caso treinem bastante sobre isso. Nenhuma nunca conseguiu.

— Existiram outras antes de Sage?

— Centenas. - nos olhou atentamente - Sage foi uma das poucas que concordou em ajudar. A maioria morreu em batalha e hoje estão presas podendo ou não ter seus poderes sugados por Esther.

Concordei antes de saber né? Estupidez minha.

— Ainda existem mais vivas? – fechei os olhos.

— Sim. Apenas 6.

Olhei tudo tentando absorver, isso era um absurdo.

— Fomos criadas para guerras?

— Foram criadas por amor, tudo que é feito pela nossa linhagem é por sentimento. Você sabe disso, tentamos ao máximo deixar que vocês tenham uma vida normal e longe de sentimentos para que quando chegar a hora... escolham o certo. – ele explicava pacientemente – Você tem toda a liberdade de escolher ou não nos seguir Sage.

— Que é o que querem. – o certo era o que eles queriam, guerreiros.

— Sim Sage. O que nós queremos.

O olhei por um tempo.

— Então foi você que me hipnotizou.- conclui.

— Sim. E como eu disse, a nossa linhagem é emocional, você nunca os esqueceu. Venceu minha hipnose.

— Por que eu morri.

— Você a quebrou. Assim que se redimiu com Klaus, você a quebrou por completo.

— Compreendo. Basta por hoje. – me virei o olhando e Elena fez o mesmo assim como Nataniel – Quer dizer que para ficar aqui quando chegar a hora de enfrentar Esther  eu tenho que evoluir meus poderes de bruxa?- o encarei séria e vi ele sorri.

— Sim. Você tem que estar a altura de Ibis para isso.

— Eu seria mais do que ela jamais conseguiria ser. – o olhei de cima.

— Como um Resh. – sorriu e eu neguei com a cabeça.

— Como uma Rainha. Eu tomarei tudo.

~º~

— Queima. Queima. Queima merda, porcaria. – sacudi a vela com força e Bonnie riu se aproximando de mim.

— Precisa ser em latim. – ela pronunciou e a chama apareceu, passou a mão por cima e ela apagou.

— Bonnie não estou te destratando ou coisa parecida, mas eu quero que seja do meu jeito.

— Você não vai dar conta assim Sage. – olhei para Gaspar que entrava na mansão Mikaelson sem nem ser convidado.

— É claro que eu vou, você não sabe com quem está falando meu caro pai. – resmunguei irritada ouvindo Bonnie ofegar, agora era oficial.

— Que família mais maldita. – ouvi Kol resmungar e agarrei um vaso o jogando em sua cabeça.

— Eu estou falando com a alguém da minha linhagem. – Gaspar sorriu convencido.

— Deveria ter mais fé nela meu querido, você não sabe do que eu sou capaz. Eu pertenço a linhagem de Ibis e não admito fracassos no meio em que eu vivo, eu posso lidar com tudo sozinha. – dei um sorriso e ele riu.

— Eu não duvido que não possa Sage, eu conheço a sua força física e tive um vislumbre da sua força mental e emocional... Você pode ser tão boa como bruxa?

— Posso ser a melhor. – o olhei de cara feia e ele sorriu em desafio.

Fiquei surpresa quando a vela e todas as luzes da casa acenderam e depois apagaram sem ele ter feito um único gesto, ele apenas abriu um sorriso discreto. E agora eu comecei a pensar... se Gaspar havia sido treinado por Ibis... e criava duplicatas a centenas de anos... então ele seria muito velho. Tipo muito velho mesmo.

— Então vai ter que passar por mim e Ibis para isso.

— Eu vou esmagar você papai. – ri irônica.

Papai. Rum. Argh.

— Veremos. – ele me INFERIORIZOU! MALDITO, EU SOU FILHA DELE E ELE ME INFERIORIZOU!

— Ai Deus. – ouvi Bonnie resmungar se afastando.

Arremessei a vela em Gaspar e o puxei pelo braço o lançando com força pela sala acertando Finn e Sage bem na hora em que eles passavam correndo, Kol foi carregado junto e eu sorri maliciosa.

— Boliche Mikaelson.

Ouvi Bonnie rir e a puxei para fora da casa seguindo em direção a cidade, a morena passou a olhar de maneira admirada para toda a cidade, eu via que ela claramente se sentia confortável em ver que ainda existiam tantas bruxas já que eu praticamente havia dizimado dezenas delas.

— Eu gostei daqui! – sorriu para mim – Parece ser um lugar e tanto. – sorriu pegando um amuleto.

— E realmente é. – suspirei – Escuta Bonnie... – ela me olhou atentamente – Eu quero dizer que eu sinto muito por todos os anos que eu te tratei mal ou me afastei de você, eu realmente sinto por isso e eu mais do que ninguém estou feliz que você esteja de volta. Eu agi de um modo terrível com você durante toda a minha vida quando na realidade eu te devo ela.

Ela abriu um imenso sorriso para mim.

— Você não nos deve nada, você está nos dando paz Sage. E principalmente coragem pra enfrentar uma guerra contra bruxas e centenas de originais. Isso sim é algo que não tem como estimar um valor, os laços que estamos criando estão cada vez mais fortes. E eu tenho que admitir que eu nunca pensei que um dia suportaria ficar no mesmo local que Niklaus Mikaelson, e olha só... eu estou reunida com toda a família dele e agora você está prestes a ser da família dele.

— Acho que estamos todos nos tornando um com essa guerra, estamos montando uma aliança imensa que não se sabe onde começa e nem onde acaba. – a abracei – Acho que talvez aqueles brincos tenham feito um grande bem para mim.

— Eu estou feliz que tenham. – riu se afastando – Agora me mostra onde é que posso arrumar mais desses amuletos.

~º~

— Ai Natalie para de ser chata. – resmunguei.

— Eu estou sendo chata Sage? Você está me importunando a horas. – resmungou de volta.

— Você é a única que tem coragem de você fazer isso.

— Você mal me conhece.

— Katherine deixou escapar que era amiga dos Mikaelson, isso já basta pra definir que tipo de pessoa você é. – ela me olhou com uma careta – E você é amiga de Katherine... preciso falar mais?

— Sage por favor eu não tenho mais idade para essas coisas. – revirou os olhos segurando a bomba.

— Eu também não, é por isso que vamos amarrar no corpo dele. – ela engasgou com uma risada.

— Era só ter falado antes. – sorriu maliciosa e Katherine riu baixo ao meu lado.

A loira arremessou a pequena bomba na porta da casa que estourou fazendo com que uma fumaça intensa dominasse o local, ouvi a porta abrir e corri dos arbustos agarrando o braço do moreno com força enquanto ele se balançava de um lado para o outro, Katerina correu agarrando as pernas dele e quando Natalia se aproximou a figura de Elijah surgiu na porta nos encarando. Olhei para onde havíamos jogado a bomba e reparei que o local estava completamente em chamas, Elijah me encarou desacreditado e eu soltei Finn e procurei Katherine com os olhos, mas a vadia já havia sumido.

Corri usando minha velocidade de semi vampiro e quase atropelei Natalie, corremos em direção ao fim da rua e eu quase fiquei triste ao reparar que a vampira era infinitamente mais rápida que eu, mas isso logo sumiu da minha mente... quando Elijah surgiu ao lado de Klaus e Finn e ela parou... mas eu não. Acertei as costas dela com tudo que bateu contra Klaus e carregou Elijah enquanto eu discretamente chutava a perna de Finn. Bati meu corpo contra o asfalto, mas logo fui protegida pelo corpo de Klaus e agradeci por isso se não eu teria ficado completamente sem pele.

— Posso saber o motivo para tentar matar meu irmão? – sussurrou em minha orelha.

— Eu não fui com a cara dele. – dei de ombros quando Finn me olhou de cara feia – Estava entediada.

— Vou te dar uma ocupação. – o loiro sorriu para mim.

— ELE NÃO MORRE. – gritei quando ele se levantou me arrastando pela rua.

~º~

— Vamos Sage, de novo. – Niklaus me encarava extremamente preocupado, eu não estava tendo sucesso algo e ele achava que era por que eu estava desgastada, ou que eu não pudesse completar a transição.

— Nik eu sou um desastre, se conforme com isso! – reclamei me levantando ao tropeçar de novo em minhas próprias pernas.

— Sage você não precisa deslizar dessa forma. Apenas pare, não precisa jogar o corpo para frente e nem esticar as pernas dessa maneira. – Natalie me explicou mostrando vagarosamente como eu deveria fazer – Apenas corte a energia e pare reta. Ao invés de correr dê passos longos.

Niklaus deu um olhar agradecido mesmo que eu sentisse uma tensão entre os dois.

Olhei bem o ambiente e comecei a fazer o que ela pediu, então tentei parar, mas esse foi um problema imenso. Senti que minha energia parou completamente sem eu ter feito nada, e então eu estava sendo lançada com força para frente de maneira completamente desgovernada, a transição tinha regredido novamente e eu estava a ponto  de morrer. Senti os braços finos de Natalie me segurarem com força impedindo que eu batesse contra a árvore, Niklaus apareceu e nos segurou quando percebeu que eu havia me lançado com força demais e que Natalie não teria força o suficiente para me parar.

— Sage! – Caroline gritou e se jogou ao meu lado quando desabei no chão – Céus. – ela me olhou horrorizada e eu olhei meu corpo vendo ele coberto de manchas roxas – Foi rápido demais para o seu corpo, você não pode correr tão rápido assim – ela passou um lenço embaixo de meu nariz que saiu completamente ensanguentado.

— Eu gostava quando eu era humana, que coisa mais chata. – reclamei sentindo a cabeça latejar, me curvei ao sentir o gosto de sangue subir pela minha garganta.

— Se alimente. A transição retrocedeu demais, é melhor descansar e se alimentar de sangue. – Niklaus concordou com Nataniel.

Levantei com a ajuda de Nik e rastejei até dentro da mansão, percebi que eles nos seguiu e me virei encarando Caroline. Ela entendeu imediatamente e me olhou um pouco preocupada enquanto virava de costas e tombava a cabeça para o lado, Niklaus me olhou preocupado sem saber o que achar de nossa atitude. Deslizei até Care e então Klaus me parou.

— Ao invés de enfiar as presas em linha reta, deslize ela pela pele em sentido diagonal, assim pega a veia com mais facilidade e drenará mais sangue. Como uma agulha sendo injetada em uma veia. – se afastou me dando espaço e eu fiz o que ele disse.

Senti o sangue da Caroline entrar em minha boca em jatos, agora sim estava explicado o motivo de eles fazerem sempre uma sujeira imensa quando se alimentam, era mil vezes melhor. Senti o sangue dela escorrer pelo meu queixo  e me afastei respirando fundo, meu corpo havia melhorado consideravelmente.

— Por que você só bebe sangue de vampiro? – Elena questionou se aproximando.

— Eu não sei, nunca tentei beber sangue humano.

— Não a forcem, não é uma boa ideia. – Gaspar surgiu ao lado de um cara bonitinho, parecia ele em um corpo mais jovem, deveria ser uma de suas duplicatas... meu irmão.

— Por que não? – ele bufou ao ouvir a voz debochada de Niklaus.

— É bom que Sage se alimente somente de vampiros durante a transição, se ela se alimentar de humanos pode ficar perigosa, principalmente estando em transição. Só é aconselhável que ela se alimente de humanos depois que for completamente transformada... depois de alguns meses é claro.

— Mas ela não poderia aprender a se controlar a partir de agora? – Matt questionou se aproximando e eu me perguntei o motivo de ele ainda estar ali já que ele estava se preparando para proteger Mystic caso a guerra avançasse.

— Ela sofreria muito. – vi um brilho de tristeza dominar os olhos de Gaspar – Isso seria demais até pra ela.

E então me lembrei que Nataniel havia me contado sobre um descontrole de Ibis que matou uma vila inteira.

— Eu concordo. – me aproximei do garoto ao seu lado - Sou Sage. Sua caçula. – fiz uma careta... Filha de Ibis e Gaspar... ARGH.

— Sou Elliot. – ele deu um sorriso malicioso – Quer dar uma volta de carro irmã? – ri.

— Claro.

— Nem pensar. – Gaspar nos parou – Não vou perder outro carro.

— Não te perguntei nada. Azar o seu. – ele revirou os olhos..

— Esses genes da Ibis são malditos. – resmungou nos acompanhando.


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Notas finais do capítulo

Eeeentão... Ibis mamãe



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