Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 47
Mãe de merda




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Olhei ao redor confusa, que diabos de lugar é esse?

Estava em um tipo de jardim japonês, exatamente do tipo que eu sempre sonhei em ter, cheio de lanternas , flores coloridas e lago artificial lotado de carpas, que morreriam de fome. Era como estar em um dos meus sonhos, era o lugar que eu sempre imaginava quando pensava em paz. Olhei o pequeno lago artificial e coloquei minha mão dentro tocando na água gelada, olhei apara o céu notando que a lua estava bem maior que o normal e procurei por uma explicação para isso... era normal? Isso é o céu? E que Deus me perdoe, mas que caralhos eu faço aqui? Nesse momento já era para eu estar no inferno sem nem ter passado pelo purgatório.

Eu me lembrava desse lugar, era praticamente idêntico ao que Nik havia me levado em New Orleans, eu havia adorado o local.

— Oi? - caminhei pelo local notando que eu vestia um longo vestido perolado - Não quero soar ingrata ou coisa assim, mas eu preferia que não tivessem me trocado sabe - caminhei reclamando - Ainda mais se tratando de japoneses, não tive experiências boas da ultima vez.

Olhei ao redor e notei que não havia ninguém e então tratei de passar por uma porta que estava aberta, era uma sala tipicamente oriental e a falta de decoração me deixava nervosa. As paredes eram brancas e finas do tipo que seria muito divertido atravessar, soquei uma delas e um buraco imenso surgiu. Caralho e se for a casa de alguém? Me afastei rapidamente andando pela sala escura e abri uma porta imensa que estava no local. A única.

— Ai meu Deusinho. Me socorre. - tapei os olhos com a luminosidade.

Olhei para trás e vi a sala e o jardim iluminado pela lua, então olhei para frente e vi o mesmo jardim... dessa vez iluminado pelo sol. Ué. Que tipo de lugar é esse? Eu estou mesmo morta ou em outra dimensão?

— Ah oi? - observei a figura de cabelos ruivos - Dianna?

— Olá Sage. Estava te esperando. - se sentou em um banco debaixo de uma cerejeira - Devo dizer que você tem bom gosto para a escolha do mundo solitário - me sentei ao seu lado e a olhei intensamente – O seu mundo morto... digamos assim.

Ela me vestiu?

— Eu estou morta? - a olhei receosa - Ou isso é um tipo de paraíso divertido para depois eu ser queimada no inferno?

Ela suspirou.

— Você está morta, mas tem muita sorte em ser a duplicata de uma bruxa da ressurreição. Então sim, você morreu. Não ficou entre dois mundos, mas algo aconteceu no meio disso tudo. – ela me olhava inexpressivamente parecendo se controlar – O seu corpo ainda pode ser utilizado, o elo está o mantendo dando um certo tempo para o sangue de Niklaus recuperar uma parte do seu corpo. Preste atenção, isso vai soar confuso  Você vai ficar aqui por um tempo já que não posso te tirar, tempo o suficiente para o que eu quero. Já não é um inferno acreditar que vai ficar sozinha aqui presa para sempre?

— Eu posso ver Nik? Caroline? Elena? - ela suspirou e olhou para baixo do meu peito, segui seu olhar vendo o imenso buraco.

A tatuagem em meu peito tinha apenas um brilho suave e  desaparecia aos poucos.

— Conversamos antes. Você bagunçou muito o mundo sobrenatural.

— Se esse é o meu mundo solitário... o que faz aqui? - a olhei de cara feia pela invasão, mesmo me sentindo aliviada por ter alguém para me explicar.

— Habilidade bruxa. Tem suas vantagens é claro. - sorriu - Eu posso ir e voltar sem problemas. Poucos bruxos conseguem isso.

— O elo...

— O elo é cheio de mitos Sage. - ela estalou os dedos e o ambiente mudou, estávamos na sala dos Mikaelson - O maior mito de todos ele é que ele existe para causar sofrimento. Não é bem verdade, a não ser que você realmente não goste de seus amigos, ai sim é motivo para se culpar. Por isso muito que são a conexão do elo acabam mortos. Você está trazendo as magias mais antigas de volta, revivendo elas... isso tem sido valioso. Podem ser usadas na guerra Sage... por suicidas é claro. Mesmo que não tenha consciência disso, você está se saindo uma verdadeira guerreira.

— Como assim? Que mito? - fiquei confusa com esse detalhe.

— Reparou que tudo se trata apenas de lembranças? Suas melhores lembranças em relação aos seus amigos, por mais que sejam dolorosas mostra o que existe de mais valioso entre vocês. Alguns não suportam pois tem o amor baseado em uma verdadeira mentira, o que não é seu caso. O elo é nada mais e nada menos que um contrato para te fazer lembrar o motivo pelos quais se faz isso, algo que te mostra o porque dessas pessoas serem tão importantes a ponto de fazerem um a conexão. Fico feliz em dizer que você é uma das poucas que o manteve sem problemas.

— Então ele não me ataca psicologicamente? E sem problemas? Mesmo? Eu estou morta! - falei o obvio .

— Ataca, mas é com você saber se isso é se uma maneira boa ou ruim. Ele mostra no que o relacionamento se baseia, mostra se é verdadeiro. Leal. Puro. A maioria do que veem por ai é mito feito para assustar quem não leva esse tipo de conexão a sério. Ele apenas existe para mostrar que não é necessário para os unir.

Nos levantamos e ela começou a mexer nas coisas de Klaus, peguei um dos vasos e o deixei cair, mas ele não se quebrou. Olhei para a mesinha de onde o tirei e quando vi ele estava lá. Isso só confirmava minha nova realidade.

— Então meu elo acabou? Eu nunca vou voltar? - a olhei com os olhos marejados, eu nem me despedi de Elena, eu não me despedi de ninguém.

— Não sabemos dizer. Você está em julgamento, pela sua vida.

— Mas por que? Stefan o quebrou. - perguntei confusa vendo que aos poucos algumas figuras surgiam pela casa.

— Mas você ainda o ama - a olhei de cara feia - E não adianta me olhar assim. Ele quase a matou e você ainda o ama e é devota a ele, estão encarando como um assassinato justo devido a situação, Stefan não está em seu juízo perfeito e sua morte foi meio que... merecida. Francamente Sage se você não fosse tão encrenqueira e não tivesse ido atrás de Anellise tudo estaria bem. O problema é que você simplesmente enlouqueceu pelos seus amigos estarem em outro mundo e o elo a fez dividir suas emoções quando ele não deveria fazer... ele existe por um único motivo e só deve ser feito por um único motivo.

— Amor verdadeiro. Eu não assinei por amor. - toquei uma almofada e tentei pegar um dos vultos, mas não consegui.

Eu estava em um lugar onde não podia machucar ninguém, talvez assim fosse o melhor. Desde quando me tornei tão altruísta?

— Salvou seus amigos de um hibrido sanguinário colocando a sua vida em risco, isso é amor para mim. Quando selamos algo assim sempre mentimos para tentar manter pessoas com sentimentos falsos bem longe, esse elo é uma conexão entre todos vocês e isso dura além da morte. Caso em circunstâncias normais. E você não fugiu em momento algum... é de uma líder assim eu precisamos. Você nunca recuou ou voltou com a sua palavra, nunca tentou o quebrar sabendo que era algo simples, você poderia quebrar o elo e se tornar uma vampira quando eu disse que seria punida por isso, mas você não fez... e quis dar a sua vida por eles. - percebi que seus olhos marejaram.

— Se eu voltar... eu serei humana? - fiquei em dúvida - Eles estão decidindo isso agora?

Suspirou pesadamente.

— Provavelmente sim. Mas eu acho que você não irá voltar dessa maneira Sage, como eu disse... o elo apenas está conservando o seu corpo, o sangue de Niklaus está agindo.... mas você tecnicamente está morta. Ele só pode ajudar seu corpo a se recuperar um pouco, mas nunca te trará de volta. Temos um limite de poder aqui e o fato das regras terem sido quebradas fazem com que não possamos avançar muito, não existe uma forma do elo te trazer de volta.

— Disse que depois de morto você volta. - olhei para uma pintura de Klaus - Eu não posso voltar...

—  Você foi morta por alguém do elo, entenda que isso nos limita. Mesmo que seja por causas justa... são as regras. O mundo funciona de várias formas, nós temos o mundo dos vivos, o mundo que conecta o mundo dos vivos e dos mortos, temos o mundo dos mortos... e por fim o absoluto nada. Onde as almas são destroçadas, onde simplesmente deixam de existir quando todas as suas energias são sugadas.

Eu sabia muito bem disso. O mundo dos mortos era onde eu estava anteriormente, os maus ficavam presos em uma solidão eterna enquanto os bons poderiam projetar pessoas e uma “vida” vivendo em uma espécie de ilusão. Entre os dois mundos havia o purga, que era onde as almas presas ficavam vagueando tendo raros contatos com os vivos, que é onde estou agora. E o nada era quando toda a sua energia era sugada e você... bem... você não existia mais em mundo algum.

Acenei confirmando. Compreensível. Eu já deveria estar enterrada a uma altura dessas.

— Conexão. - suspirei tomando a cabeça - Minha marca também age? Caroline comentou que eu fico conectada a Klaus mesmo morta.

— Mais do que nunca. Ele está se esforçando e estou ficando assustada, até onde ele iria por você?

— Até onde eu for por ele. - notei que meu corpo aparecia no meio do tapete imenso - Então é isso? É aqui que eu acabo? Vou voltar ao meu mundo solitário e ficar por lá?

— Não. Eu disse que estamos trabalhando. Vou tentar a manter aqui Sage... entre os dois mundos. Por um tempo, eu já estou interferindo demais. – sorriu fracamente e eu me perguntei o que ela ganharia me ajudando.

— E sobre queimar até a morte? - me lembrei desse detalhe - Stefan vai morrer? - me puni pela pergunta, eu estava dano razão ao que ela havia dito.

— Psicológico. Ninguém nunca ia morrer. Contratos como esses devem ser mantidos longe de pessoas com péssimas intenções. Elo é um contrato de amor, infelizmente o seu acabou Sage. - decretou - Não há como mudar. - olhou para o nada - Eu sinto muito, ele foi o máximo do que poderia ir... não tem como ir mais... você agora depende da boa vontade do sangue de Niklaus. O elo apenas queria mostrar que não precisa dele para reconhecer o verdadeiro valor de seus amigos, mas você sempre soube quais eram. Aproveite o presente do elo Sage. O máximo que podemos fazer é te deixar entre os dois mundos, mas se Niklaus não conseguir te trazer de volta em uma semana... você vai deixar de existir. Seu tempo acabou, agora é por você mesma e pelo sangue dele, é uma batalha de apenas dois, vocês estão juntos nessa... como sempre estiveram. Boa sorte.

~º~

A ruiva sumiu e o corpos a minha volta começaram a tomar formas, olhei ao redor e vi Kol jogado em um lado de cabeça baixa, podia ouvir ele sussurrando se sentindo culpado pela minha morte acreditando que se estivesse lá poderia ter impedido. Elijah estava sentado em uma poltrona com os olhos fixos em meu corpo pálido no chão, o buraco ainda aberto abaixo do peito, se curava de forma extremamente vagarosa, mas não aos olhos deles. Afinal eu estava morta. Rebekah estava de braços cruzados me olhando de longe com o rosto vermelho, ela encarava meu corpo completamente sem vida sem nenhuma expressão.

Klaus estava sentado no chão ao lado de meu corpo enquanto tentava enfiar seu pulso a qualquer custo em meus lábios, ao ver que eu não respondia ele apenas caiu ao meu lado se sentando e segurando a mão de meu corpo com força, eu quase podia sentir seu aperto e isso fez minha garganta se fechar.

— Fazem 3 horas Niklaus. - o moreno olhava a parede com feições serias.

— Sage vai voltar Elijah. Acredita que logo ela morreria assim? O corpo dela não está mais mudando. - acariciou o rosto – Eu esperava uma morte mais estúpida amor. – vi que ele estava completamente sujo devido ao meu sangue.

Senti uma dor sufocante dominar meu peito, parecia explodir o meu coração, era uma dor inimaginável que quase me fez ver estrelas. Era uma dor física e me perguntei como eu sentia isso já que eu estava morta, e então me toquei que essa dor não era minha... e sim de Klaus. E só então eu tive ideia do quanto ele me amava, engoli o choro ao sentir que ela se intensificava mais ainda. Eu estava com falta de ar e não temi por isso, afinal eu já estava morta mesmo. Era assustador sentir essa dor, o quanto Niklaus me ama. Era doloroso demais, mais do eu havia imaginado. Eu não merecia isso tudo.

Me aproximei do loiro e toquei seu cabelo, eu queria estar tanto ali. Klaus paralisou e levou a mão até a minha, senti seu toque quente e então mais nada, mesmo que nossas mãos estivessem no mesmo lugar.

— Eu sinto muito Sage. - os olhos de Elijah dispararam para nós - Pode esperar até a noite de solstício?

Neguei com a cabeça sabendo que ele não me ouviria. Eu não tinha tanto tempo assim.

— Eu te amo.

~º~

Senti um vento frio percorrer o local e logo o ambiente mudou para a casa dos Salvatores, olhei dolorosamente para a cama onde o corpo cinzento de Damon repousava. Ele estava péssimo e Caroline provavelmente estava mentindo tentando me poupar de mais uma dor, neguei com a cabeça. Damon estava disposto a morrer por mim mesmo já tendo feito tanto em nome de minha vida e felicidade, sua pele azulada foi ganhando uma coloração rosada e Elena se lançou contra ele chorando escandalosamente. Dei um pequeno sorriso.

— Sage. - me virei vendo a alma dele parada próxima a porta por onde passou Alaric, Enzo e Jeremy- Porque fez isso? - o choque a tristeza estava visível em seu olhar.

—  Eu sinto muito. - pedi e ele se aproximou.

— Você se entregou. Não lutou. - senti sua mão quente em meu rosto.

Damon me abraçou com força enquanto sua imagem desaparecia, o segurei firmemente sabendo que eu logo estaria sozinha. Senti seu perfume de sempre e me afastei quando notei que ele nãos estava mais lá. Damon se sentou rapidamente na cama completamente suado e visivelmente desidratado, tossiu e abraçou Elena.

— Damon! - Elena o agarrava - Eu senti tanto sua falta.

— Eu sei querida. Eu sei. - ele estava sério olhando para o nada.

— O que foi Damon? - Alaric perguntou preocupado - Qual foi o problema?

— Sage está morta. - ele enterrou o rosto no cabelo de Elena - A vadia é apressada demais, não podia esperar alguns meses. - repreendeu provavelmente sabendo que eu ainda estava por perto.

Eles se olharam preocupados e então Elena desabou em um choro alto enquanto gritava, fechei os olhos sentindo culpa. Maldita hora em que aceitei trazer Anellise de volta, tudo apontava que estava errado e eu não impedi nada. Percebi imediatamente que eu estava justamente os machucando por não estar ali, o que é um arranhão na própria pele comparada a perda da vida de uma pessoa eu se ama?

— Morta? - Enzo balbuciou tapando a mão com a boca e seus olhos encheram de lágrimas - A vadia louca está morta? 

O encarei surpresa já que não imaginava que ele seria uma das pessoas a sentir minha falta, tivemos poucos momentos juntos.

— Sim. - Alaric desabou em uma poltrona colocando as mãos na cabeça.

— Deus Sage... garota você é completamente maluca. - resmungou - Ligue para Klaus. Ele deve ter uma solução... vamos para New Orleans. - se levantou correndo para fora.

~º~

Novamente senti o vento frio e quando pisquei eu reconheci as paredes brancas do hospital e o cheiro horrível. Meu olhos focalizaram Bonnie e Matt que estavam acordados e pareciam me esperar.

— Oi gente. - cumprimentei me sentando na cadeira entre as duas camas de hospital.

— Sage... como você ainda está aqui? - Bonnie estava surpresa.

— Dianna me jogou entre os dois mundos... o elo fez mais do que podia para me salvar... a bruxa não pode agir mais do que isso. O fato de Stefan ter me matado diminuiu as chances de eu voltar completamente. Agora tudo depende do quão forte é o sangue de Klaus, do quanto ele me quer de volta. Eu não estou morta tecnicamente... estou apenas presa aqui... Quer dizer... eu morri, mas ela me jogou entre os dois mundos para eu ter chances de voltar.

— Não existe outro método? - me olhava parecendo mortificada.

— Dianna deu uma semana para tentarem me trazer de volta. Eu vou deixar de existir se não conseguirem. Não vou nem ir para o mundo dos mortos... vou sumir... desaparecer.

— Eu entendo. Temos uma semana ainda. - abriu um sorriso triste.

— Somos um grupo grande. Vamos conseguir respostas. - Matt se pronunciou.

— Como conseguia se comunicar comigo?

— Demorei muito tempo para acumular aquele poder, não sou tão forte do outro lado e precisei me esforçar cinco vezes mais. Te guiamos até o hospital e Damon te jogou na frente da ambulância.

— Quer dizer que você fica fraca do outro lado? – e Damon me jogou na maldita ambulância?

— Sim... se não fosse por isso eu teria quebrado o feitiço e voltado. Mas aquela era uma das pedras de Ibis, acredito que nem ela mesma tenha poder para desfazer um feitiços daqueles. Não consegui parar Stefan pois precisei de muita energia para me conectar ao mundo, eu precisaria de pelo menos meses antes de me recuperar.

— Entendo. É bom saber que Esther não está com tanta força assim. - olhei para eles e sorri - Eu estou feliz que possa estar vendo vocês. Isso é muito bom.

Eu não imaginava que eles gostariam de mim a tal ponto, apenas pensava que se conformariam com minha morte. Aparentemente eu não os conhecia tão bem. Aparentemente eu não merecia ninguém daquele grupo, tentei me lembrar de como nos unimos dessa forma, mas pareceu que sempre fomos.

Um calafrio horrível percorreu meu corpo e eu arregalei os olhos aterrorizada, a sensação era mil vezes pior do que quando toquei Estella. Me lancei para Bonnie e a toquei assustada, ela incrivelmente conseguiu me sentir e eu percebi que havia passado  a sensação para a morena que ficou mais aterrorizada que eu.

— Seja o que for Sage, você precisa sair dai imediatamente. - ela passou a se levantar derrubando os equipamentos do hospital - Eu vou falar com Elijah para ele levar Gaspar até os Mikaelson agora. Nós temos que te tirar dai.

— O que foi isso Bonnie? - ela revezou olhares entre mim e Matt.

— Algo perigoso está tentando se aproximar de você. Nunca fique em um mesmo ambiente. Vá.

~º~

O frio surgiu de novo e me vi em frente ao aeroporto de New Orleans, Caroline andava de um lado para o outro  fazendo centenas de ligações e eu sabia que seu coração faltava sair pela boca.

— Eu estou a mais de três horas tentando encontrar esse Mikaelson maldito e não consigo falar com ele Rebekah! Já liguei para todos! Eu não sei onde Niklaus mora. Não poderia ter me falado antes? Que seja.... Elena está ligando, provavelmente se arrependeu de não ter vindo comigo. - ela encerrou a chamada e atendeu a Elena batendo os pés de forma impaciente - Elena você não vai acreditar...sim cheguei. - pude ver que Caroline ia de irritada a preocupada – Por que está vindo para cá? Desistiu de velar Damon? - riu amarga - Sage?

A loira ficou pálida e sua feição desmoronou completamente enquanto ela arfava horrorizada, seus olhos se encheram de lágrimas e ela desligou o celular imediatamente enquanto desaparecia pela cidade.

~º~

Novamente o ambiente mudou e ri ao ver Katerina chorar como uma criança nos braços de Nataniel, ele a confortava mexendo as mãos para cima e para baixo nas costas dela, seu rosto estava enterrado no cabelo cacheado dela e eu chorei ao ver a vadia tão frágil, esperei pelas lágrimas, mas elas não desciam de forma alguma. Agora eu era apenas uma alma, meu corpo não produzia mais lágrimas, nem saliva, meu coração não batia e o sangue não corria. Eu não precisava mais de nada disso.

— Katerina...

— Eu vou sentir falta daquela vadia.

— Ela vai voltar.

— Eu vou matar ela de novo quando voltar. - Nataniel riu com os olhos vermelhos.

— É melhor para de horar viu... vai que ela está vendo... vai te zoar para o resto da eternidade. - ela secou as lagrimas e imediatamente ficou séria.

— Sage eu vou acabar com você quando voltar. - fechou a cara emburrada e foi em direção a cozinha enquanto eu ria dela.

— Criançona. – murmurei.

— Aposto que ela está fazendo isso agora. - riu e nos dois gargalhamos.

~º~

O ambiente mudou novamente e dessa vez me vi completamente confusa, Oliver estava sentado em um sofá e uma mulher estava sentado em outro. Olhei para meu gêmeo me esquecendo brevemente de toda a confusão, sorri para ele ao ver que estava completamente alheio ao que acontecia comigo. Provavelmente não contariam nada a ele enquanto o tempo para me trazer de volta não acabasse. Quantos horas já teriam se passado desde que eu morri?

— Olá Sage. - olhei a mulher e notei que Oliver não a via - Não me reconhece mais? -a olhei atentamente.

Notei os traços suaves, o cabelo loiro bem penteado, o sorriso tranquilo. A reconheci imediatamente.

— Mãe?

— Olá querida. - abriu os braços.

Me lancei contra ela a agarrando com uma força exagerada.

— Você está enorme, vigiei cada passo de vocês. E admito que estou muito feliz por ver a força que você tem e como você esteve cercada de amor o tempo inteiro. – tocou meu rosto.

— Por que ficou presa aqui? - perguntei curiosa.

— Tinha assuntos pendentes, sei que Eliza iria demorar muito para te contar... e eu nem posso falar, mas converse com ela é a única coisa que eu te peço. Você precisa saber de tanta coisa.

—  O que a vovó tem para me contar?

— O motivo de Misael ser cruel.

— Existe mesmo um motivo? – eu achava que era por nada.

— Existe Sage, só espero que você não me odeie por isso... eu a amo muito, independente de qualquer coisa, todos nós amamos. Eliza não tem muito tempo e eu peço que por favor não envolva  Oliver mais do que o necessário no mundo sobrenatural, se o fizer ele vai sofrer muito. Ele não tem a força que você tem, ele não está preparado para esse mundo Sage.

— Eu entendo. Você fala como se eu fosse voltar.

— Você vai. - sorriu - Klaus está vindo te buscar, o maluco está entrando no mundo dos mortos... mas não vai muito longe sozinho. Ele é uma das criaturas mais fortes que irão pisar aqui e isso vai chamar muita atenção.

— Não é garantia de que eu saia.

— Vai sair.

— A energia que eu senti é dele? - ela me olhou confusa.

Novamente aquela maldita sensação voltou com força e percebi que ela ficou assustada, ela me olhou horrorizada e me apertou em seus braços.

— É ele?

— Ele ainda não está tentando entrar. Sage continue se movendo, algo está te caçando.

— Quem me caçaria?

Ela me olhou atentamente assustada com minha tranquilidade.

— Esther. - fechei a cara na hora - Ela está mais fraca aqui, mas não está para brincadeiras, ela pode tentar voltar entrando no seu corpo ou pode te matar aqui mesmo. Não é permanente, mas pode te fazer ficar presa no mundo dos mortos por tempo o suficiente para seus amigos não a acharem, você já está a dois dias morta. - a olhei em choque vendo que ela corria em direção de onde a energia vinha.

~º~

A energia intensificou e eu desapareci. Olhei confusa as paredes escuras notando que estava em uma espécie de calabouço, olhei ao redor e senti meu corpo se comprimir de dor ao ver Stefan jogado no chão encolhido. Seu cabelo estava sujo e arrepiado, ele tinha olheira imensas e seus olhos estavam inchados, os lábios secos e apele ressecada. Notei que haviam bolsas de sangue espalhados pelo local, mas todas estavam completamente lacradas.

Olhei esperando sentir o mínimo de ódio por ele, mas todas as vezes minha mente se enchi de lembranças felizes e tristes que tive ao lado de Stefan, e elas ultrapassavam qualquer indicio de ódio que surgia em meu peito. Por mais que ele tenha dito que me odiava, isso mostrava que não era bem isso. A culpada era eu, não ele. Isso não quer dizer que eu não estava chateada, eu estava mortalmente triste, mas não o odiava e não queria que o odiassem.

— Eu não sei o que aconteceu. – ele sorriu tristemente – Eu estou tentando entender o que aconteceu. – lágrimas começaram a descer pelos seus olhos – Mas eu não entendo o que foi isso... estava indo tudo tão bem. E desculpe Sage.

Me aproximei de Stefan e encostei em seu cabelo, ele aspirou o ar e deu um sorriso fechando os olhos. Deixei as lágrimas caírem e baixei os olhos surpresa quando ele esticou a mãos e olhou para ela vendo uma gota de água ali, olhamos para o teto procurando a goteira e não havia nada ali, entendi imediatamente que eram minhas lagrimas e fiquei surpresa, como isso poderia ser possível? Eu estaria voltando? Antes que pudesse divagar um pouco mais Damon entrou e se sentou na cama.

— Aqui tem o cheiro dela. - Stefano comentou ainda olhando a mão.

— É porque ela está aqui. – Damon falou enquanto fixava os olhos na parede.

— Me perdoe irmã, eu te amo muito. Eu sinto muito, você nunca foi uma substituta. É algo impossível de fazer quando se tem uma personalidade completamente oposta da outra. Hoje entendo o que fez por mim, eu não te odeio, quem deveria me odiar era você no momento e mesmo assim você está aqui agora. Porque Sage? Eu não mereço isso, nem você. - sua voz saiu fraca e trêmula - Eu daria a vida para te trazer de volta, eu iria no seu lugar... eu deveria ter te escutado. Você não era uma substituta de Anellise ou Estella, Estella era sua substituta... hoje eu vejo que não te trocaria por ninguém, ninguém jamais vai conseguir modificar o amor que eu tenho por você minha irmã.

Me aproximei de Stefan e segurei seu rosto com força, pude sentir sua pele quente e ele olhou para frente como se enxergasse meu olhos, colocou suas mãos sobre as minhas.

— Eu te perdoo, mas você não precisa saber disso... Afinal eu ainda estou chateada.

~º~

Me afastei e o ambiente mudou de novo me lançando no meio da sala com os pés dentro de meu próprio corpo, saltei para trás ao sentir a energia forte que me envolvia e me senti confusa com o turbilhão de  sentimentos que me atingiu. Estavam todos na sala e Bonnie me olhava atentamente ao lado de Matt, eu me sentia confusa ao sentir a energia que me cercava, era boa... mas ao mesmo tempo havia uma má que se sobressaia a tudo.

— Bonnie o que...

— … Sage...- todos olharam na direção que ela olhava, no caso eu - Já descobriu o que é isso?

— Esther está me caçando. - gritei quando o vento forte me atingiu - Está me perseguindo.

— Fuja dela, não a deixe te encontrar. Esther vai acabar com você! - ela gritou e todos exclamaram surpresos - Nós estamos indo te buscar- sorriu.

— Esther já atravessou um dos portais? - Klaus questionou - Sage suma logo. Procure Dianna ela pode nos ajudar a te tirar dai.

~º~

O entendi e senti meu braço ser puxado, quando olhei para trás vi Dianna e vi que estávamos novamente em um jardim japonês, mas não era o do mundo dos mortos.

—Dianna...

— Acho que precisamos nos resolver logo. Estou recebendo a ajuda de seus amigos para conseguir te tirar daqui então temos que agir rápido. – ela falava rapidamente.

— Porque me ajuda? - perguntei confusa e ela me olhou atentamente, fiquei surpresa quando ela mudou de forma se tornando exatamente igual a mim, completamente igual a mim, embora fosse uma versão mais velha.

Estella?

— Por que eu sou Ibis. - recuei vendo seus olhos se tornarem dourados - Oras não fuja de mim, tudo bem que nem tudo é mentira sobre o que falaram de mim, mas acredite Sage... eu não sou má, eu existo desde antes do tal Cristo e mesmo assim não sou má, já passei por todo tipo de coisa e acredite que eu apenas me defendi. Nunca fiz nada tentando prejudicar quem era do bem, não tenho culpa se minhas coisas caíram nas mãos erradas.

— Entendo. - a olhei ainda desconfiada - Mas ainda não sei o motivo.

— Estamos em uma disputa por poder aqui Sage, eu controlo o mundo dos mortos e dos vivos e Esther está querendo isso, mas como você sabe aqui eu tenho um limite de poder... é assim que eu vivo a tanto tempo, sempre indo e voltando do mundo dos mortos.

— Quantos anos você tem? – perguntei curiosa.

— M ais de 4.000 - escancarei os lábios - É eu sei... bem velha. - rolou os olhos rindo.

— Por que não mata Esther logo?

— Alguns problemas não podem ser solucionados assim... Esther pode ser mais nova, mas é tão forte quanto eu Sage. Ficamos empatadas aqui... Eu não morro para ela e ela não morre para mim, posso facilmente entrar e sair do mundo dos mortos ao contrario dela, você sabe que sou a bruxa da ressurreição. Ela também pode, mas tem mais dificuldade para isso... a cada guerra eu preciso me recuperar para impedir ela de voltar, mas Esther está conseguindo criar grupos em seu mundo e isso a deixa mais forte, eu preciso de um exercito Sage e você e Niklaus podem fazer isso.

Viu como as aparências enganam? Eu jurava que essa bruxa era uma tremenda de uma vadia e ela está aqui tentando salvar o mundo.

—  O que eu posso fazer?

—  Você pode criar um exercito de híbridos, pode recrutar duplicatas e  pode as treinar e é por isso que que não quero que morra. Eu não costumo retirar ninguém do mundo dos mortos, mas eu preciso de você, estive aqui a pouco tempo e quase não consegui fechar o primeiro portal para impedir Esther de sair, ou seja, eu estou fraca demais para a mandar de volta, eu terei que me recuperar sozinha. Eu jogarei Esther de volta para o mundo dos mortos, mas ela vai sair logo pois não tenho forças para selar, isso vai te dar tempo para se preparar para a guerra.

— Então você quer um exercito?

— Eu deixo você ir Sage, vai ter um custo sim... mas você é a única em que confio para me ajudar com isso. Gaspar já está se conectando a esse mundo, não temos tempo o suficiente. Você é a duplicata de Ibis, e eu vou acelerar o processo para te trazer de volta. Isso vai me custar muito Sage. Vão existir mais guerras, pela eternidade... e eu espero que você lidere todas elas... eu prendi Esther por anos, mas eu estou sozinha nessa. Estava... você aceita? Eu a levei ao mundo dos mortos pois sabia que Esther não iria a procurar lá.

Olhei para bruxa. Eu era a duplicata dela.

—  Sim. - ela sorriu e aperto minha mão.

— Tragas as duplicatas para sua verdadeira função. - sorriu.

Meu corpo foi lançado para longe e eu me levantei furiosa focando meus olhos na figura loira que surgia, vi Ibis ficar tensa e percebi que ela não estava preparada para uma briga, assim como eu também não. Olhei a loira e vi que Klaus era idêntico a ela.

Me levantei calmamente embora estivesse possuída pelo ódio.

— Você deve ser a Sage. Eu sou Esther... sua sogra.

— Nem fudendo que a senhora é minha sogra, se enganou de garota. - cruzei os braços a olhando de cara feia enquanto sentia uma energia estranha me consumir, Ibis segurou minha mão e senti uma energia suave vir de sua mão.

— Você joga sujo Ibis. -  a loira sorriu maliciosa me olhando.

— Não jogo. Não tenho culpa se a minha  duplicata foi um pouco mais esperta e corajosa em aceitar a minha missão. – ela sorria.

— Como assim Ibis?

— Você está em transição Sage, na realidade... você vai entrar em transição depois desse nosso acordo, não vai ser tão forte quanto eu, mas devo admitir... você tem potencial.

Eu só ficava mais confusa ainda.

— Toda duplicata  de Ibis tem um pouco de sangue de bruxa... Espero que saiba lidar com isso. - seus olhos ficaram dourados novamente e vi ela sorrir de forma perversa.

Vi Esther fazer cara feia para Ibis que retrucou abrindo um sorriso malicioso.

— Parece que finalmente seu pai decidiu despertar seu outro lado.

O que Misael tem com isso?

— Não ele...

— O que eu sou?

— Híbrida. Você vai se manter metade humana e metade vampira até completar a transição, você só precisa do meu sangue, do de Niklaus que já está em seu corpo e o de alguém de fora daqui. Eu vou criar uma conexão a partir do meu sangue e Gaspar usou o sangue de Niklaus para criar uma conexão entre o seu corpo e sua alma, assim não correremos riscos de que sua alma vague por ai. – ela me olhava sorrindo – É assim que me tornei vampira, a transição pode demorar anos. E assim vai ser com você.

— Com um pé na bruxaria. - resmunguei.

Suspirei confusa, mais essa merda agora. Me lembrei do detalhe de que Ibis era uma híbrida assim como Klaus, mas que também é uma bruxa... mas como eu poderia ser metade humana e vampira? Isso era impossível. Eu não morri de verdade? Pensei, mas só consegui ficar mais confusa ainda com situação. Ela não parecia querer explicar então eu deveria pesquisar por mim mesma, isso me parecia uma especialidade das duplicatas exclusivas dela. 

— É , você não deve procurar sentido na magia.

Olhei Esther me sentindo um pouco tensa vendo que ela nos analisava, suspirei e tombei a cabeça para o lado me sentindo tensa, ela abriu um sorriso calmo e me olhou de forma debochada.

— Que tal um duelo de bruxas? - ri

— Desculpa sogrinha, mas meu psicológico não  funciona muito bem. A minha especialidade é distribuir socos.

— Estou surpresa por Niklaus ter a escolhido - estreitei os olhos em sua direção, essa vadia me desmereceu?

— Porque surpresa? O que você tem contra mim sua vadia? - ela arregalou os olhos - Não paga de santa não fofa, é assassina e se ofende por ser xingada? Acredite, eu não sou tão diferente do seu filho

— No me trate assim sua biscate maldita. - eu juro que tentei, mas essa deve ganhar o premio da pior briga entre nora e sogras já existente.

— Biscate maldita sua velha esclerosada.

— Sim. Não acredito que Klaus se rebaixou tanto ao ponto de criar um bichinho como você.

Me inferiorizou... a maldita me inferiorizou. Nik desculpe, sua mãe é uma merda.

A maldita me encarou com sua cara feia e eu arranquei uma lâmpada jogando em sua direção, é claro que foi apenas uma distração pois me lancei em direção a ela no mesmo instante em que ela parava a lâmpada na frente de seu rosto. Ergui o punho e acertei um soco em seu rosto atingindo a lâmpada no processo a fazendo se quebrar entre meus dedos e seu rosto. Me escondi atrás de uma moita aproveitando do meu lado furtivo, Niklaus pagaria por aquela ofensa do ano novo. Percebi que Esther sondava o ambiente com o olhar, eu a faria usar seus poderes o máximo que pudesse. Assim ela ficaria fraca e Ibis agiria.

Lancei uma pedra na direção esquerda e ela olhou para lá, pulei me aproveitando de sua distração e a soquei na cabeça do lado direito, mas agachei e desviei para a esquerda acertando um soco do lado esquerdo. Esther grunhiu e segurou meu braço com força, revirei os olhos e lhe dei uma cotovelada e ela se lançou para trás e um enorme circulo de fogo surgiu ao seu redor.

Olhei para Ibis.

— Vou retirar o fogo.

— Porque suas energias. - sorri maliciosa - Eu não tenho medo de queimar.

Esther estava controlando o uso de seus poderes e eu sabia muito bem disso. Eu a faria entrar em desespero e ela usaria seus poderes.

Me abaixei pegando uma porção de pedras, notei que Ibis se sentou despreocupadamente em um banco e cruzou as pernas. Esther me olhou curiosa, ou ela apanha ou ela usa os poderes.

— Não vai usar seus poderes de bruxa?

— Eu? - neguei sorrindo - Não. Eu gosto de bater. Aliás você deve agradecer isso a Niklaus, ele me treinou muito bem. Não que eu ache que você vai gostar de levar uma surra... mas enfim. É só pra você saber que ele se vira muito bem mesmo com uma mãe de merda.

Senti a dor de cabeça intensa me atingir e ri em escárnio levantando uma sobrancelha.

— Uma bruxa iniciante já me fez passar por pior. - debochei - Não tem forças?

A dor intensificou e mesmo assim me mantive de pé.

— Eu esperava mais pra uma mulher tão velha. - ri.

Senti Esther tentando me arremessar para longe, mas grudei meus pés no chão e me mantive imóvel mesmo que me arrastasse somente um pouco. Sorri e joguei o punhado de pedra, mas ela dividiu tudo como se formasse uma cortina, ela só não esperava que eu surgisse por baixo dela lhe dando um chute no joelho que a fez tombar em cima de mim, girei ficando por cima e apertei seu pescoço. Anda Esther maldita, usa seus poderes.

Olhei para o lado vendo que tanto eu quanto ela estávamos pegando fogo graças a sua ideia maldita, a loira fez uma careta e eu senti meu corpo ser lançado para cima com violência e ele logo foi puxado em direção ao chão com violência, o inclinei levemente para trás e agarrei o galho de uma árvore, impulsionei para frente e a chutei no pescoço a lançando longe. Ela se levantou imediatamente e me olhou irritada, muito irritada. Assoviei sentindo a merda. Fui lançada do outro lado do jardim batendo as costas contra uma arvore imensa que se partiu e uau... eu não deveria a subestimar tanto. Se eu ainda estivesse inteiramente viva... eu teria morrido.

Pigarreei me levantando um pouco desconcertada, reparei que Ibis estava ao meu lado.

— Muito bem... isso é suficiente e... hum...

Nos calamos quando as árvores foram arrancadas no chão, assim como bancos, postes e casas. Tudo começou a girar de forma descontrolada pelo local enquanto um vento extremamente forte nos atingia nos tirando do chão. Segurei Ibis com força e me agarrei a uma das arvores, gritei irritada quando raios começaram a cair pelo jardim. Eu odeio raios. Olhei para a vadia em fúria e então uma arvore a minha frente começou a pegar fogo.

— Sage o que está fazendo? - Ibis gritou - Vai nos queimar vivas!

Eu vou é? Sorri maliciosa e o fogo se espalhou mais ainda. Merda como caralhos controla isso?

— Para com isso.

— Não grita comigo sua vadia eu sou iniciante. - começamos a discutir enquanto Esther quebrava tudo.

— Péssima ideia daquele homem. Ideia horrível. Sage se controle seu poder é extremamente limitado, se o usar por completo vai morrer.

A olhei de cara feia.

— Acha que eu sei parar isso? - caímos no chão junto com tudo e o cenário mudou.

Olhei ao redor vendo que estávamos em uma casa completamente de madeira, o chão parecia instável e a energia no local oscilava.

— Ela está fraca, nos trouce para cá.- avisou visivelmente mal humorada, ela era muito debochada para uma velha.

Bufei.

— Klaus chegou. - avisou - Precisa ir até ele, Esther não vai te deixar passar.

— Eu quero que ela se foda.

— Espere. Você sabe que eu sou diferente... precisa beber o meu sangue e o de um bruxo poderoso. Gaspar. Sua transformação será mais lenta, mas o sangue de Niklaus só pode te manter viva por um breve tempo, você não vai viver assim. Sinto muito se não era o que queria. - rasgou o pulso e o enfiou em minha boca, senti a energia em meu corpo se renovar e percebi que meu peito se fechava aos poucos, mas não era nada demais. Ibis tinha influencia nos dois mundos, provavelmente eu estava sendo curada no mundo dos vivos. - Vá logo.

Me levantei em um rompante e a figura dela surgiu, me abaixei fugindo de seus olhos e a empurrei para Ibis que a segurou com força, Esther me olhou em fúria e me lançou para longe me fazendo atravessar a parede. Rolei pelo chão e me levantei vendo a casa pegar fogo, senti meu coração acelerar e se aquecer e me virei vendo Klaus e Gaspar.

— Sage. – ele esticou a mão.

— Ainda não. - sorri para ele vendo que ele estava incrivelmente tenso.

Chamas vieram em minha direção e então pararam como se estivessem sido contidas por um paredão, uma rocha imensa veio em minha direção e foi desviada em direção a Esther assim como as chamas. Klaus agarrou meu braço e me puxou em direção a Gaspar que me tocou, uma fumaça branca nos envolveu e a claridade nos iluminou enquanto eu finalmente  me sentia em meu lar, nos braços de meu híbrido.


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Notas finais do capítulo

Esther, mãe de merda.



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