Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 42
Você se lembra?


Notas iniciais do capítulo

Em itálico são as lembranças da personagem.
How do you love someone.



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Mamãe nunca disse como é amar

Papai nunca disse como é sentir

— Você não é aquela menina da minha turma?

Caroline estava agachada em minha frente parecendo um anjo, seus cabelos loiros cacheados emolduravam os olhos azuis piscina, as bochechas coradas e os lábios pintados de rosa. Suas mãos estavam em meus joelhos que era justamente o local onde eu apoiava minha cabeça a minutos atrás.

A loira passou os dedos por debaixo dos meus olhos secando as lágrimas que caiam, eu a invejava nesse momento. Atrás dela sua mãe a esperava enquanto me dava um olhar preocupado, ela acenou para mim e eu só me escondi mais ainda atrás de minhas pernas. Caroline passou aos mãos pelo meu cabelo detonado e suspirou vendo a recente arte de Misael, era mais do que óbvio que ela não sabia que a culpa era dele.

Ela me cutucou com suas unhas longas e me ajudou a me levantar, peguei minha mochila do chão e a segui com dificuldade sentindo o meu corpo inteiro doer. Eu estava a horas jogada na calçada perto da delegacia enquanto a dúvida me assolava, decidi ficar quieta. Era melhor sim. Entrei no carro da xerife sem falar nada, ninguém me pressionou. Apenas ficamos quietas até chegarmos na casa de Caroline. Era obvio que Liz suspeitava, mas ela sabia que se tentasse me forçar a falar seria pior.

— Vamos ver como resolver isso. -Caroline me guiou até o banheiro - Tome um banho.

Tomei um banho rápido evitando olhar no espelho, ignorei os pequenos cortes em meu corpo que ardiam. Fechei os olhos evitando enxergar os roxos que haviam pelo meu corpo, lavei os meus cabelos e olhei minha roupa imunda no chão marcada por sangue e terra. Sai apenas usando uma toalha e Caroline ergueu um vestido, o vesti rapidamente e me sentei em sua cama.

Mamãe nunca me disse como é tocar

Papai nunca me disse como curar

A loira cobriu os cortes mais profundos com esparadrapo e quando terminou ela sorriu para mim e me sentou em uma cadeira de frente para o espelho, e então penteou o meu cabelo com delicadeza. Olhei entristecida para a garota de 14 anos refletida no espelho. Ela tinha uma pele pálida, as sobrancelhas estavam um pouco grossas, os cílios eram imperceptíveis. Quase não existiam. Os lábios estavam esbranquiçados e rachados e os cabelos... os... os cabelos que um dia foram longos estavam cortados de maneira desigual; haviam mexas até os quadris, outras até a cintura, algumas até os ombros e outras até o pescoço. A garotinha me olhava com os olhos cheios de sofrimento.

Caroline pegou uma tesoura e começou a igualar os fios os deixando na altura de meu pescoço.

— Você é muito bonita. - comentou enquanto ajeitava minha sobrancelha - Desculpe ter gritado com você por ter quebrado o meu salto.

— Tudo bem. - comentei fria.

— Não está não. Fui muito grossa, não costumo ser assim. Me perdoe.

Seus olhos azuis brilhavam em expectativa.

— Sim. - dei um sorriso desanimado e ela sorriu abertamente.

A garota do espelho tinha olhos felizes enquanto me olhava, o cabelo bagunçado havia virado Chanel, os cílios estavam longos, os lábios rosados assim como a bochecha. Ela estava feliz pela nova amizade, era mais uma pessoa para a tirar de seu mundo de terror.

— Eu estou adorando ter você como minha boneca. Amanhã deveríamos sair. Eu, você, Lena e Bonnie. Como verdadeiras amigas.

Mamãe nunca foi um bom exemplo

Papai nunca segurou a mão da mamãe

Levantei olhando para os dois lados, estava um breu completo, me agarrei ao meu travesseiro e peguei o celular vendo que eram duas da manhã. Disquei o número e esperei a voz irritada soar.

Alô?— soou irritada e eu ri.

— Oi Care.

Oh meu Deus! - despertou imediatamente— Me desculpe por tudo. Eu te amo muito, eu sinto muito. Me perdoe.

— Eu te amo Care. - ela suspirou e voltou a falar com a voz embargada.

Eu não quis dizer aquelas coisas.

— Eu sei que não. Obrigada por tudo Caroline, eu sinto muito pela dor que eu causei. Não diga a Stefan que eu te liguei.

Eu não direi. Eu estou preocupada sim com nossos outros amigos, mas eu vi que você jamais faria algo para nenhum deles. Eu sei que sente que tem uma dívida enorme com todos nós...

— Eu os amo. É por isso que eu faço. Eu nem me lembrava dos anos que se passaram, para ser sincera eu nem me lembrava muito bem como nos conhecemos.

— Hayley me falou sobre o que o elo faz, eu espero que você esteja bem. Eu queria estar, mas aqui está tudo tão difícil...

— Ele traz lembranças. E lembranças trazem sentimentos. Não está sendo fácil, eu tinha arquivado tudo isso. Nunca quis me lembrar de nada.

Mamãe achou tudo difícil de lidar

Papai nunca agiu como um homem

— Eu me impressionava com essa sua facilidade. Quando podemos nos ver?

— Nada cedo. Não mesmo.

— Eu sei que está com Klaus. Espero que ele esteja cuidando de você.

— Todos estão. Todo mundo sempre está. - funguei.

— Eu queria estar ai. - fungou em reposta— Tenho que desligar. Stefan deve estar chegando, Katerina deu pistas falsas.

— Ok. Adeus.

Até logo irmã.

Desliguei o celular e agarrei o travesseiro enquanto era inundada por mais lembranças dolorosas. Chorei alto abafando os gritos com meu travesseiro, mas de nada adiantou, Nataniel entrou no quarto e se deitou ao meu lado enquanto passava as mãos pelos meus cabelos carinhosamente. Eu tinha outro irmão agora. Mais outra pessoa para amar.

~°~

Eu caminhei quebrada, congelada emocionalmente

Continuei, estando isso errado

Bonnie me deu um sorriso e eu retribui um pouco tensa, eu não estava muito confortável com o seu papo de bruxaria. Nesse momento eu era mais uma ingrata que devia a alma a essa menina de 15 anos.

— Obrigada por me tirar de casa. - ela sorriu ajeitando o chapéu de bruxa.

—Caroline pediu para vir te buscar.

Agradeci. A batida que ela deu em minha porta foi o suficiente para Misael sumir de casa quando estava prestes a me espancar. Bonnie fora um anjo naquela hora.

Como se ama alguém sem se machucar?

Como se ama alguém, Sem rastejar na escuridão?

— Adoro o dia das bruxas. - eu me sentia confortável perto dela, mas me lembrei dos filmes de bruxas e fiquei tensa esperando ela me lançar um feitiço.

— É legal. O Halloween. - corrigi e imediatamente ela entendeu o motivo.

Bonnie sabia que eu tinha pavor dos seus falatórios de bruxaria, era algo que me deixava muito tensa. Mas ela não parecia me odiar por causa disso, na realidade ela parecia se divertir com o meu medo sem sentido.

— Vem. Eu comprei uma fantasia para você. - agarrou minha mão e me puxou para sua casa - Espero que não se importe com isso.

— De forma alguma. - entramos em sua casa e ela me arrastou para seu quarto.

Até agora na minha vida, as nuvens têm bloqueado o sol

Olhei para a cama vendo a fantasia e logo a vesti. Era uma saia branca prateada, um corselete branco lotado de brilhos prateados, uma auréola, uma gladiadora prata e um par de asas. Bonnie ajeitou meus cachos e sorriu para mim. Aos meus 16 anos eu iria a primeira vez participar do halloween.

— É assim que nós te enxergamos. Sinto que tem medo de mim, mas tenho certeza que seremos grandes amigas um dia. Minha intuição não mente.

 

— Levanta. - Nataniel me tirou de meus pensamentos.

— Eu não consigo. - coloquei as mãos na cabeça - Eu não consigo mais.

— Você tem três pessoas para trazer de volta, quatro se for contar com seu amigo doidinho.

— Stefan não é doido. Está sofrendo.

— Você também. Então não faça como ele. Não se se renda tão fácil Sage, eu ouvi muito sobre você e sei que pode passar por isso melhor do que qualquer um de nós. Ninguém aqui está pra perder. – tocou minha cabeça e se afastou.

Ergui a cabeça.

~°~

Como se ama alguém, como se ama alguém?

Como se ama alguém, como se ama alguém?

Eu corri desesperada pelo estacionamento vendo as seis figuras, me aproximei como uma bala e dei um chute em Brenno assim que ele agarrou os cabelos de Caroline. Ele a soltou imediatamente e o trio de meninos se afastou um pouco, olhei para trás vendo que Elena, Care e Bonnie não estavam feridas, porem completamente paralisadas pelo medo. Elas carregavam caixas de decoração para o Halloween que aconteceria naquela noite, seria minha primeira festa de Halloween se Misael não atrapalhasse.

— Qual o seu problema? - gritei o esmurrando.

— Suas amigas não deveriam se meter no nosso relacionamento.

— É você quem não deveria se meter com minhas amigas. - arranquei o retrovisor do carro ao meu lado e bati em seu rosto com força.

O vidro quebrou entrando em sua pele então ele olhou para mim e me deu um tapa que me fez ir ao chão, tentou avançar contra as meninas e eu chutei sua canela com força. Pude ouvir um estalo alto e ele caiu no chão, os outros meninos avançaram contra elas que ainda estavam paralisadas. Chutei a coluna de um e pulei nas costas do outro enquanto rodeava o seu pescoço e apertava com força, ele segurou meu braço e me lançou para frente, me fazendo bater de costas no chão. Brenno meu prendeu e começou a desferir socos em meu rosto e os outros dois garotos passaram a me chutar, os dois caíram quando um vulto loiro passou por eles.

Eu era sempre a criança escolhida

O grande escândalo me tornei

Matt arrancou Brenno de cima de mim, mas ficou em desvantagem já que os outros dois garotos começaram a o espancar. Perdi a maior parte da briga já que meus olhos se fechavam a cada segundo, eu apenas ouvia os gritos das meninas e os gemidos de dor de Matt e então tudo se calou e eu ouvi Matt me chamar do meu lado. Abri os olhos e virei a cabeça sentindo o sangue escorrer de minha boca e cair no chão, vi Matt no mesmo estado que eu. Ele respirava ofegante e tinha sangue por todo o seu rosto, ele abriu um pequeno sorriso.

Ele tinha apanhado de três garotos para me salvar.

— Valeu cada soco. - sorriu enquanto nós apagávamos.

Me disseram que não sobreviveria

Mas "sobrevivência" é meu nome do meio

~º~

— Não consigo falar com Klaus. Fui na mansão e nada dele. Nem celular. - comuniquei Elijah.

Estranho. Rebekah me disse que Klaus estava ocupado com o Marcel, que eles já estavam resolvendo os problemas do reino.

— Se está... então não quer que ninguém incomode. Estou achando estranho. Não sinto a marca muito bem. E Nik sumiu do mapa.- abri a porta do apartamento quando ouvi a campainha e sorri surpresa – Eu não o sinto Elijah, eu estou com medo.

Entendo. Klaus deve estar tendo uma de suas crises histéricas. Não se preocupe com isso, Niklaus sabe muito bem lidar com os problemas, se você considera um massacre algo bom.

— Talvez. É comum? – a morena me olhou com uma careta irritada por eu ainda bloquear a porta.

Muito.

— Acho estranho que tenha deixado Hayley desprotegida.

Rebekah está lá com Kol. Se acalme.

— Ok. Tudo bem. - respirei fundo e abri passagem para Katerina - Tenho visitas.

Até irmã.

— Até.

Eu caminhei por volta esperançosa, mas dificilmente enfrentando

Continuei, estando isso errado

Desliguei o telefone e me joguei em cima da vadia a esmagando.

— Oi.

— Olá vadia. Adorei sua casinha. - olhou ao redor dando seu risinho debochado.

— O que faz aqui?

— Stefan começou a desconfiar. - deu de ombros - Tive que correr, afinal o mandei para 16 cidades diferente.

Soltei uma risada. Perfeito. Vadia louca.

— Não tenho homem por aqui? Na sua casa? -abriu a geladeira.

— Com toda certeza não é ai que se encontra um homem Kat- Kat. Como veio parar aqui?

— Liguei para Nataniel. Era capaz de você me mandar para Rússia.

— Não duvide disso. - peguei uma garrafa de suco e dei para ela - Conhece essa bebida? Não é alcóolica, há um mundo além do fundo da garrafa do drama.

Como se ama alguém sem se machucar?

Como se ama alguém, Sem rastejar na escuridão?

Ela pegou a garrafa da minha mão com força e virou de uma vez fazendo uma careta, cuspiu o líquido na pia e jogou a garrafa. Dei um soco em seu cabeça a fazendo bater a testa no armário.

— Katherine! - briguei - Eu trabalho para pagar isso sua vadia.

— Deixa de ser maluca. Quem bebe um lixo desses? - pegou outra garrafa, se ela cuspisse, eu arrancaria sua língua - Melhor.

Se jogou em meu sofá e esticou as pernas, percebi que ela não trazia nenhuma mala. Então logo percebi que não ficaria, evitei ajoelhar e agradecer a divindade.

— Então vai ficar onde?

— Sou colega de quarto de um gatinho. - piscou.

Sangue poderoso, proteja a pobre alma.

— Tadinho. - virei a cara.

Ela fez uma careta me olhando. E então crispou os lábios e abriu um sorriso malicioso.

— Vamos dar uma volta por ai.

Até agora na minha vida, as nuvens têm bloqueado o sol

Fechei a cara quando vi que estávamos no bar de Camille, tanto lugar para ir e ela me trás justamente aqui? É uma vadia com pedigree, me aproximei do balcão e me sentei em uma das cadeiras com Katerina do lado. Logo Camille apareceu revirando os olhos quando nos viu, fiz o mesmo e Katerina repetiu apenas para nos infernizar.

— E onde está Klaus? - me olhou enquanto me entregava um copo.

Ela claramente estava me provocando, eu sentia que ela fazia de propósito, ela acha que eu sou o que? Nem Caroline e Elena aguentariam uma dessas, a essa altura já teriam voado no pescoço dela e ditado mil ameaças. Eu estava mesmo mole.

— E ele me deve satisfação desde quando?

— Você não fica com ele? – me olhou cínica, como é que Elijah e Klaus aguentam ela?

— Sou namorada. Entenda como quiser, Klaus não é meu filho para eu ter que ficar grudada nele 24 horas. Seja menos carente.

Bem que eu queria ficar 24 horas grudada naquele homem gostoso e cheiroso. Céus.

— Não é carência. Deveria ficar de olho no seu namoradinho.

Como se ama alguém, como se ama alguém?

Como se ama alguém, como se ama alguém?

— Por favor querida. Se controle. Niklaus Mikaelson não namora com uma mulher que não valorize seus sentimentos. Eu sei muito bem o híbrido que eu tenho e ele não diz eu te amo para qualquer uma. - sorri cínica e Katherine aplaudiu.

Céus. Essa Camille é irritante.

Olhei ao redor e vi que o tal Marcel me encarava curioso, entrei em estado de fúria e agi como uma verdadeira louca. Dei o dedo do meio. Meu Klaus sumiu por sua culpa seu maldito e eu vou o achar custe o que custar. Eu tinha a sensação de que Marcel era o ser que me levaria até Niklaus.

É difícil falar... dizer o que está bem lá dentro

É difícil dizer a verdade quando você sempre mentiu

Um cara se aproximou de mim e eu me levantei esperando ir para o banheiro, o cara segurou meu braço enquanto Camille me olhava com uma feição tensa. Era um vampiro e ela sabia disso, cerrei os olhos e me soltei da mão dele. Ele se sentou onde eu estava e percebi que Camille queria dizer mais um insulto relacionado a Klaus, ela olhou o vampiro.

— O problema é ele? O escroto? Da pra sair? - o cutuquei e ele continuo olhando a loira - Fala logo que ele está dormindo.

— Não está. - me olhou atravessado, a Sage maluca tinha que voltar.

E ela voltaria. Agora.

Peguei a cabeça do vampiro e usando toda a força que eu tinha bati a sua cabeça contra o balcão de mármore fazendo ele se quebrar completamente. O vampiro ficou desacordado enquanto uma parte do balcão desabava.

— Desfere logo o insulto vadia. - cruzei os braços, mas ela nada disse apenas se afastou ao olhar para trás de mim - Sai dai Marcel. - briguei me virando vendo esse salafrário ordinário que sumiu com Niklaus.

Como se ama alguém sem se machucar?

Como se ama alguém, Sem rastejar na escuridão?

— Não fique nervosa. - ergueu as mãos - Qual o motivo para o dedo do meio? Achei que deveria ser tratado com um pouco mais de respeito já que não fiz nada contra você.

— Você foi o primeiro alvo que vi. - dei de ombros pegando minha bolsa.

— Onde conseguiu essa força? -percebi que ficou muito curioso.

Eu não poderia dizer que era uma duplicata. Afinal usam duplicatas para tudo.

— Meu vampiro me treinou. Para me proteger quando não estiver por perto. - ele assentiu concordando.

— Gostaria de conhece-lo.

— Enquanto ele não está... eu sou o macho dela. - Katerina colocou o braço ao redor dos meus ombros.

Revirei os olhos para essa pobre coitada.

— Você ouviu a vadia. - a puxei para fora e começamos a ir em direção a casa.

Até agora na minha vida, as nuvens têm bloqueado o sol

Logo percebemos que estávamos sendo seguidas, ótimo. Liguei para Nataniel e paramos no meio da rua, olhei ao redor e ajeitei o cabelo sabendo que Marcel estava próximo. Eu praticamente sentia sua energia, mais claro que isso impossível. Ele estava extremamente curioso em relação a mim e eu tinha que o afastar de mim antes que ele percebesse que eu tinha alguma relação com Niklaus.

— Pode aparecer Marcel. Se quer tanto ver o meu vampiro... o verá. - abri um sorriso quando o vi surgir das sombras.

— Hum. – ele apenas resmungou se escorando em uma parede e nos olhando atentamente.

— Acho que você é que não conhece o significado da palavra furtivo.

Nataniel parou o carro no meio da estrada quase atropelando Marcel, ele saiu rapidamente do carro super animado com sua câmera no pescoço. Olhou brevemente para o moreno e se aproximou de mim ficando em minha frente fingindo que o Marcel representava uma ameaça em nosso falso relacionamento, Marcel esticou a mão e Nataniel fez o mesmo aperto que Klaus deu quando eles se conheceram.

— Marcel. - sacudiu a mão discretamente enquanto abria um sorriso divertido.

Como se ama alguém, como se ama alguém?

— Robert. - fez pose de machão.

Engoli a risada, Nataniel dando uma de macho alfa era algo muito estranho.

— Que que foi? O que você quer com a minha esposa? Está precisando de uma surra por acaso? Posso fazer isso. - se aproximou de Marcel que se afastou levemente.

— Não. Nada disso. A conheci na cafeteria e fiquei surpreso, ela disse que você a treinou.

— Sim.

— Não o conheço. – Marcel o olhou curiosamente.

— Infelizmente agora nos conhecemos. - Katerina riu abertamente.

Que vergonha senhor.

— Gostaria de conhecer meu reino? Acho que nunca o vi aqui.

— Não.

Que vergonha.

— Bem. Tudo bem. - Marcel claramente se divertia, mas não forçava - Sempre que tiver vontade é só perguntar a qualquer vampiro que o achará.

Nem todos amor, Theodore não faz ideia da sua existência.

Nataniel apenas acenou com a cabeça e entramos no carro, ele acelerou o carro ao máximo e seguiu para casa.

Como se ama alguém e fazer isso durar ?

Como se ama alguém sem tropeçar no passado?

— Por que ele recuou? Ele não é rei?

— Acontece que não se mexe com um marcado em hipótese alguma. Ainda mais se ele estiver por perto. Um vampiro que tem alguém marcado fica extremamente agressivo quando vê o relacionamento ou seu parceiro ameaçado. É praticamente impossível para um, eles ficam descontrolados. Podem dizimar centenas de vampiros, é extremamente arriscado. Ele sente que sua marca é forte demais, então associou que eu sou um vampiro muito velho. Que dizimaria a cidade. Seu híbrido tem que me agradecer.

Dei de ombros. Mais essa agora.

Até agora na minha vida, as nuvens têm bloqueado o sol

Entrei em casa olhando o ambiente em desagrado, estava tudo tão quieto e silencioso. As piadinhas de Nik tinham acabado, seu mal humor diário também, assim como os insultos, as reclamações e as aulas de artes gratuitas. E por que parecia que eu era a única que realmente se importava? Por que parecia que só eu sentia verdadeiramente a falta de Niklaus? Eles não ligavam mesmo para ele ou apenas achavam que ele era forte demais para lidar com todos os problemas? Klaus poderia ser forte, mas eu não era. E se ele estava desaparecido e sem dar nenhum sinal de vida, era a minha obrigação começar a procurar por ele. Eu prometi que o protegeria, mesmo que fosse dele mesmo. Assim como ele estava fazendo comigo em relação aos sonhos, sem ele por perto as coisas ficaram mais agressivas do que normalmente estavam, uma parte sombria de minha vida estava sendo relembrada, quando deveria estar trancada em um cofre.

Eu estava liberando meus demônios e senti que eles estavam me dominando por completo. O quanto eu poderia lidar com isso? Meu peito doía só em pensar em perder Klaus, por que eu não o sentia? Isso estava me enlouquecendo. Eu precisava voltar ao meu estado normal para lidar com isso sem grandes problemas, eu precisava parar de tentar ser completamente racional. A calma não funciona comigo, eu tinha que sentir meus próprios instintos.

Como se ama alguém, como se ama alguém?

Como se ama alguém, como se ama alguém?

Eu mostraria para Niklaus que eu estava a sua altura, mostraria que eu poderia ser tão forte quanto ele e que o amava com a mesma intensidade.

Olhei seu retrato que estava em cima de meu rack. Eu já poderia me considerar uma Mikaelson? Bem, foda-se. Eu seria a nova rainha e agiria como tal. Começando por Marcel.

~º~

— Sage isso é loucura. – Elijah caminhou ao meu lado e eu o olhei irritada.

— Loucura é o seu irmão estar desaparecido enquanto você não se importa, isso sim é loucura. – briguei com ele empurrando quem estava entrando em minha frente – Eu não o sinto Elijah, já deixei isso claro. Eu não quero encontrar Niklaus morto. – resmunguei alto chamando a atenção de um grupo – Estão olhando o que seus malditos? Hein? Vão se fuder. – passei por eles os derrubando.

— Sage se acalme, não precisamos chamar mais atenção do que estamos chamando. – apontou para a minha fantasia de elfo.

Era quase uma fantasia, a diferença era que o arco que eu carregava nas costas era real. Eu havia vindo preparada.

— Não é a melhor forma de se planejar um sequestro. – resmungou olhando ao redor.

— Eu não disse que queria ser discreta. – rolei os olhos abrindo um sorriso malicioso – Se não quiser você tem a opção de ir embora, eu tenho Nataniel aqui, só preciso de você para hipnotizar ele e mais nada Elijah. – ergui as mãos.

— Você acha mesmo que eu vou deixar minha irmã em um covil desses? Sage por favor, você está me ofendendo dessa forma. Nós temos laços fortes e você sabe disso, eu também quero meu irmão de volta e admito que estou preocupado, mas não deixe Marcel saber que você está com Niklaus e muito menos que é companheira dele.

O olhei de lado, que se foda Marcel.

— Eu estou achando que sei me cuidar bem melhor que Niklaus Elijah, não preciso dessas dicas e aliás Marcel poderia muito bem descobrir muitas coisas ao meu respeito e ainda sim ele não conseguiria me pegar. Eu cortaria as duas pernas e ele teria que aprender a correr com os cotovelos. Está achando o que? Que eu sou uma qualquer? – o olhei de cara feia.

— Claro que não, você já me provou muito bem que não é Sage. Uma louca por briga. Você é idêntica a Niklaus, agora entendo por que se dão tão bem, quero ver quando a disputa pelo reino começar, quem vai ser o pior. Não é algo que eu queira ver de camarote, tenho minhas suspeitas sobre o vencedor. – colocou as mãos nos bolsos.

— Tudo se resolve no sexo. – ele me olhou sério e jogou a cabeça para cima abrindo um sorriso.

— Eu não tirei o dia para ouvi isso. – resmungou e foi abrir a porta do bar, segurei sua mão.

— Eu quero fazer isso. – sorri animada.

— Você não está intimidante o suficiente.

Eu usava um vestido longo de corte irregular em um azul degrade, as duas laterais eram abertas e minhas pernas estavam cobertas por uma meia branca transparente, eu usava uma sapatilha. O olhei com uma sobrancelha arqueada, eu estava em New Orleans e realizaria todas as minhas fantasia infantis. Ele tocou a ponta da orelha de elfo falsa que eu usava e riu enquanto eu revirava os olhos.

— Seja dramático por favor. Eu passei na aula de teatro e é bom você não estragar o espetáculo. – sussurrei.

— Ok Sage.

Abri as portas com força fazendo um estrondo e olhei em fúria para Marcel que estava sentado junto com três vampiros em uma mesa redonda, Elijah fez um sinal para Camille que discretamente foi até a porta e atrancou fechando as cortinas enquanto nos olhava confusa. Obviamente ele não fofocou nossos planos e isso me aliviou.

— Ou você está do nosso lado ou morre aqui hoje. – dei um sorriso a aterrorizando.

— Não exagera. – Elijah me avisou.

Olhei Marcel de novo e caminhei até ele com passos duros e longos típicos de Niklaus, ele me olhou de cima a baixo e o vi prender uma risada. NEM FUDENDO.

— Onde está Niklaus?- ainda me aproximava – Onde está o maldito Niklaus?- gritei irritada.

— Não sei onde Klaus está. – ele sorriu de maneira irônica.

— É claro que você sabe, que merda de rei você seria se não soubesse onde o seu inimigo está?

— Por que está tão preocupada com Klaus? É aliada dele? – arremessei um frasco de pimenta no maldito, ele a segurou, mas não estava pronta para o outro que o seguiu, o vidro se quebrou derramando pimenta nele inteiro.

— Eu tenho um acordo com Niklaus. – falei baixo.

— Cristina não quero problema entre nós dois tudo bem? Seja a encrenca em que quer que estivesse metida, você não está mais. Niklaus sumiu já faz algum tempo. – olhei no fundo de seus olhos e soube que era uma meia verdade.

— Você sabe onde ele está. Facilite, ele está me devendo favores. – gritei e Elijah veio para meu lado.

— O que tem que resolver com ele que não pode resolver comigo? The King. – sussurrou forçando o sotaque enquanto abria os braços.

Senti meu controle fugir completamente e dei um soco na mesa de madeira com toda a minha força, ela se desfez completamente com o meu soco e os vampiros se levantaram completamente assustados.

— Diga. – ordenei como uma louca e um deles veio para cima de mim, enfiei minha flecha em seu peito – Eu estou tentando fazer da maneira mais fácil. Deus, Odin, Zeus e Samara viram isso muito bem. Diga.

Marcel riu.

— Eu não sei, se eu soubesse que você iria dar uma surra em Klaus com todo esse ódio que esta direcionando a mim, eu com toda certeza diria, mas eu não sei. E só pra deixar bem claro, você está muito bonitinha vestida de fada.

Minha aura mudou.

— Olha só seu desgraçado, eu não dei 90 reais em uma porcaria de uma fantasia de Elfo pra você me confundir com uma fada. Tá vendo esse arco seu imbecil centenário de merda?– resmunguei pegando um arco e atirando uma flecha em sua perna – Fada é pra frescas com bondade enjoativa.

Ri e Marcel me encarou chocado. Eu estou colecionando inimigos, talvez bata o recorde de Klaus.

Lancei mais flechas em seus vampiros e Elijah correu para Marcel quebrando seu pescoço.

— Vamos interrogar ele no galpão Sage.

— Vamos interrogar onde eu quiser Elijah, você não está no controle da situação. Ainda não ficou claro que a louca sou eu?

Puxei o corpo de Marcel enquanto Elijah sumia com os outros, procurei por Camille, mas ela havia sumido. Provavelmente já havia ido para casa. Funguei e com extrema dificuldade coloquei o corpo de Marcel dentro do porta malas do carro dando um sorriso malicioso. Olhei para trás e vi uma menininha me olhando, usei minha expressão demoníaca.

— O que você faz com esse homem moça?

— Sabia que elfos comem gente? – ela negou com a cabeça e eu me inclinei em sua direção.

— Vai comer ele?

— Talvez. Eu posso substituir. Elfos gostam de comer crianças. – ela fez uma careta – Quantos anos você tem? – ela me olhou horrorizada e saiu correndo

Gargalhei e entrei no carro, Elijah apareceu minutos depois e olhou para o banco traseiro, mas não encontrou nada.

— Para onde?

— Aquele lugar lá aquático. – dei um sorrisinho para Elijah.

— Super explicativo.

— Tem orcas.

~º~

Desviei do chute que Marcel tentou me dar assim que abrimos o porta malas, o moreno estava assustado, mas parecia se divertir secretamente. Ele não me conhecia o suficiente.

— Por que não escolhe o jeito fácil Sage? – Elijah resmungou enquanto arrastávamos o vampiro pelas pernas.

— Por que pessoas normais gostam de praticidade. – quebrei a porta e entramos no aquário lotado de peixes, era um local agradável até.

Sorri maliciosa vendo o que eu queria. Olhei atentamente para Elijah.

— Todos hipnotizados. – respondeu a minha pergunta muda.

— Ok. Me ajuda a erguer ele. Essas coisas devem estar com fome. – subi na plataforma e segurei um pé de Marcel e Elijah segurou outro.

— Eu já disse que eu não sei de nada. – o moreno gritou ao ver que eu realmente estava falando sério.

— Tô nem ai. – resmunguei e segurei as pernas dele com força colocando metade do corpo dele dentro da água com a ajuda de Elijah.

— Sage. – Eliah me repreendeu rindo quando Marcel se agitou ao se deparar com um tubarão ao seu lado.

— Vai falar ou está difícil? – erguemos ele enquanto o bicho gigante se aproximava – Sabe como essa cena é patética? – gargalhei quase o soltando – Acha que sobrevive se um deles te mastigar inteiro?

Ouvi Elijah rir disfarçadamente, seu corpo tremeu levemente enquanto o meu tinha espasmos violentos.

— Eu já disse que não sei de nada sua maluca. – ele gritou e eu o coloquei de volta.

Contei por alguns segundo e ri maliciosa, seria imprudência da minha parte o soltar e Marcel já estava pesado demais para mim.

— Acho que é o suficiente Sage. – concordei com a cabeça quando vi um tubarão imenso se aproximar.

Esperei o bicho chegar perto de Marcel e quando estava prestes para o abocanhar puxei o moreno e Elijah o segurou pelo pescoço o encarando.

— Me diga Marcel, onde está meu irmão Niklaus? – mas Marcel não respondeu, ele apenas gritou colocando as mãos na cabeça.

— Não dá pra desfazer? - entendi imediatamente a situação.

— Acredito que não Sage. Alguns só podem ser quebrados pelo vampiro que o hipnotizou. É um original com certeza. – bateu na cabeça dele o desmaiando, tanto Elijah quanto eu não estávamos com muita paciência.

— Rebekah? Kol?

Ele me deu um olhar duro.

— Talvez Finn.

— Seu irmão?

— Sim.

— Bem... parece que teremos que cavar mais fundo. – olhei para Marcel – O hipnotize para esquecer e o jogue nos porta malas.

Coloquei o óculos me sentindo um elfo badass e fui em direção ao carro, só faltou a explosão. Eu sou o gênio das torturas.


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Notas finais do capítulo

E essa foi Sage e Caroline se tornando amigas!
Onde está NIK?
No capítulo seguinte tem mais Marcel e Sage aumentando a rivalidade!



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