Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 41
O começo


Notas iniciais do capítulo

Em itálico são as lembranças da Sage!



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— Não, não! - Oliver com seus 8 anos de idade se lançava a minha frente.

Ele se transformou em uma bola ao redor do meu corpo enquanto levava chutes nas costas no meu lugar, ele me apertava a cada golpe e eu sentia suas lágrimas quentes caírem eu meu couro cabeludo enquanto ele reprimia os gritos de dor. Eu usei toda a força das minhas pequenas mãos e o empurrei para o lado evitando que ele fosse acertado por outro chute de Misael. Com uma inocência infantil eu me lancei contra ele e o mordi, ele me afastou puxando os meus cabelos e lançou para longe e então bateu em meu rosto com seu braço. A pancada fora tão forte que eu senti o sangue inundar minha boca, tossi violentamente e então perdi meus sentidos.

Acordei arfando e chorando histericamente, como isso vinha me assombrar depois de tanto tempo? Eu havia feito questão de apagar isso de minha memória. Eu havia esquecido absolutamente tudo que Misael havia feito contra mim, essa era uma " habilidade", que graças ao elo foi afetada.

Klaus se levantou assustado correndo por todo o quarto, quando viu que não havia nada no quarto ele se virou para mim e se aproximou da cama se sentando ao meu lado. Rebekah entrou no quarto quase derrubando a porta, me olhou por breves momentos antes de se aproximar.

— Nik...

Agarrei uma mão de Niklaus tentando me livrar dos pensamentos que invadiam a minha cabeça, isso estava errado demais. Não sou eu. Essa não sou eu.

— O que foi? - Rebekah encostou em meu ombro.

— O elo...

— Alguém morreu? - Niklaus perguntou e eu sacudi a cabeça.

— Começou. - não precisei dizer mais nada, ambos entenderam.

Meus dias de paz acabaram.

~°~

Passei as mãos pelos meus olhos inchados e voltei a servir os clientes de todos os dias, abri um enorme sorriso e passei a limpar as mesas da cafeteria. Senti os olhos de Theodore em minhas costas enquanto eu ajeitava o local, prendi novamente o cabelo e continuei a limpar enquanto minha visão ficava levemente embaçada. Olhei ao redor vendo que só haviam dois clientes na cafeteria e eles já estavam indo embora. Me sentei em uma das mesas.

Apoiei minha cabeça nas mãos e fiquei em silêncio apenas ouvindo as conversas das pessoas do outro lado do vidro. Theodore se aproximou e se sentou na cadeira a minha frente, segurou meus dois pulsos e os baixou me fazendo olhar para ele.

— O que foi Sage? – sussurrou, eu já havia contado sobre boa parte de minha vida para ele.

— Lembra daquela coisa de elo?

— Sim. Que você fez um acordo... já começou? - olhou preocupado.

Confirmei com a cabeça.

— Se quiser um tempo do trabalho...

— Não. Estou bem. E ainda preciso achar a bruxa. - ajeitei o cabelo novamente - Não achei que isso era tão difícil, procurei por todos os cantos e nenhuma delas soube me dizer o que é essa pedra.

— Eu entendo. Eu admito que pesquisei um pouco também e não achei nada. - comentou.

Theodore é tão fofo.

— Obrigada por isso. - suspirei, como eu queria um dos meus antigos amigos comigo.

Suspirei olhando para os lados me sentindo completamente perdida, meu pesadelo rodando pela minha cabeça diversas vezes enquanto eu tentava achar uma maneira de fazer tudo desaparecer. Era estranho para mim que eu estivesse me lembrando de Oliver que nem havia feito o elo conosco, no fim do dia eu percebi que o elo repassaria toda a minha vida diante de meus olhos para mostrar como e por que eu havia chegado a todas as pessoas do elo.

Senti sua energia antes mesmo de ele chegar, Klaus tocou meu pulso e acenou silenciosamente para Theodore. Retirei meu avental e peguei minha mochila o seguindo para a noite fria. Me agarrei em seu braço direito e o segui silenciosamente enquanto ele me guiava para uma rua movimentada. Ela era simplesmente magnifica, cheia de luzes e pessoas, parecia uma cidade de filme românticos em que existe um casal meio doidinho. Isso parecia fora da nossa realidade.

— Eu espero que goste daqui. - olhei para o local e vi que ele me levava para uma praça.

Ela era toda decorada de forma oriental, parecia um jardim japonês. Era cheio de flores coloridas, arvores típicas do Japão, um lago artificial redondo com carpas e postes imitando os da região. Abri um pequeno sorriso e me encostei na grade de proteção da ponte, passei meus braços ao redor do pescoço de Klaus e ele colocou as mãos em meu quadril.

— Obrigada. - sussurrei.

— Eu farei de tudo para aliviar. Para tornar mais fácil.

Sorri discretamente para Niklaus enquanto ele analisava meus olhos com terríveis olheiras.

— Como está com Marcel? – questionei, ele ainda não sabia que eu havia o conhecido.

— O pequeno príncipe está se divertindo as minhas custas, ele acredita fielmente que não tentarei nada contra o reino.

— E você vai?

— Não agora. – me olhou atentamente e eu entendi o motivo – Tenho que manter você e Hayley em segurança antes de tudo, mas fica difícil quando ele sabe de todos os meus passos.

— Klaus  eu posso muito bem lidar com isso, não me trate como uma invalida, eu ainda posso lutar.

— Eu sei que sim Sage, mas você está exausta amor. Se for lutar dessa forma morrerá no primeiro vampiro. – debochou e eu o esmurrei no peito – Não quero te ofender, pois o meu cavalheirismo não permite, mas... você está horrorosa querida.

Ah ele não quis me ofender? O problema foi que ele falou de uma maneira tão séria e ao mesmo tempo tão debochada, como se estivesse apenas me oferecendo um doce, que eu não aguentei.

Eu ri suavemente jogando a cabeça para trás, senti seus lábios em meu pescoço. Ele o beijou suavemente antes de enfiar as presas em meu pescoço por breves segundos, então as retirou e quando me olhou seus olhos estavam de um verde mais intenso ainda. Puxei sua cabeça e contornei seus lábios com minha língua limpando o sangue antes de finalmente invadir sua boca, sua língua se moveu de forma suave ao encostar na minha me fazendo sentir o gosto de sangue com mais intensidade. Klaus me puxou colocando seu corpo ao meu e enroscou sua mão suavemente em meus cabelos, o loiro arfou quando eu delicadamente puxei seu lábio inferior entre os meus. Ele se afastou brevemente antes de me olhar e me beijar carinhosamente, seu beijo expressava o que havia em seu olhar; Amor e preocupação. Esse fora o beijo mais amoroso que eu havia recebido de Niklaus.

— Nós vamos achar uma solução para isso. - passou as mãos pelo meu rosto – E depois iremos chutar a bunda de Marcel do nosso reino.

Eu sabia que Niklaus se sentia culpado por eu ter feito o acordo, mas no fundo ele sabia que só nos aproximamos devido a esse acordo.  O maldito elo foi o que nos uniu, e era o que tentava nos separar.

— Não vejo a hora de ver aquele rosto de decepção e de medo quando ele finalmente ver o que eu posso fazer. – olhei sombriamente para o lago.

— Não se empolgue tanto Sage, eu ainda pretendo ter um local para nossos aliados morarem. – ele riu me puxando em direção a rua.

— Nik não seja tão sensato, eu te conheci louco e espero que você continue sendo compatível comigo. – dei o dedo para uma senhora que me olhou de cara feia.

— Oh, acha que é a minha loucura que te faz compatível comigo?

— E não é? Se eu quisesse alguém normal eu namoraria Stefan ou Matt. Consegue me imaginar com eles? – ele olhou para o nada e abriu um sorriso sádico.

— Seria algo divertido de se ver. – riu.

Paramos no meio da rua vendo um imenso carro de som passar trazendo algumas pessoas junto que dançavam animadas enquanto gritavam, Klaus me abraçou por trás  abraçando meu pescoço e juntou nossas mãos enquanto colocava o rosto em meu pescoço dando um beijo rápido. Apoiou o queixo em meu ombro e fixou os olhos no grupo.

— Não. – ri negando quando uma menina colocou um colar de flores rosa em meu pescoço e outro em Niklaus – Ok, né. – ele riu.

A mesma menina me puxou pela mão e eu puxei Niklaus juntos começando a seguir a caravana, comecei a saltitar animada pegando um pompom e um cachecol de ´pelinhos rosas, colocaram um óculos de girassol em meu rosto e eu pulei animada. Me virei dando de cara com um Niklaus emburrado usando uma cartela e uma capa de mágico e me olhou de cara feia, mas logo sorriu ao ouvir minha constatação.

— Você escolheu um lugar incrível para o seu reinado.

~°~

— Mais força! - Nataniel gritou e eu o chutei com mais força ainda provocando uma lesão em meu tornozelo que imediatamente se curou - Use o seu ódio e a tristeza ao seu favor. Mais forte! - o chutei o com o triplo de força e ele foi arremessado para o outro lado de clareira.

Mudei meu olhar para Klaus e ele sorriu brevemente aprovando meu ataque.

— Sempre quando atacar um vampiro, o ataque em sentido diagonal. Ou pelas costas, isso somente se ele estiver muito distraído. O ataque diagonal faz com que o som pareça vir do lado da frente e de trás. - avisou.

Nataniel veio em minha direção correndo e eu esperei que ele estivesse próximo o suficiente, abaixei meu corpo levemente fugindo de seu golpe, coloquei meu pé na frente do seu e o empurrei com força, ele tombou para frente e eu subi meu braço com o punho fechado socando seu queixo enquanto ele caia. Ele ficou desnorteado por alguns segundos antes de suspirar e levantar enquanto limpava a terra de sua roupa.

— Você tem golpes muito sujos. - reclamou - Cabeçadas, chute em canelas. Não vou nem falar dos meus...

— Sou humana, tenho que agir de surpresa. - o cortei antes que ele dissesse mais bobagens.

— Bom querida. - Klaus elogiou.

Acenei com a cabeça.

— Nataniel fique em pé e parado. - Klaus ordenou.

Elijah estava sentado em um banco ao lado de Rebekah, Kol estava sentado no encosto do banco enquanto Hayley sentava no meio de suas pernas de maneira desconfortável. Ela parecia não gostar dele. Quem gosta?

— Faça. - Klaus mandou enquanto vendava Nataniel.

Fui para a lateral direita de Nataniel, fiquei em na diagonal emparelhando nossos ombros. Ele sorria calmamente e isso me enfureceu. Ajeitei meus pés e me lancei em sua direção, ele pareceu levemente confuso e sua mão se ergueu a frente então ele vacilou a mudando em minha direção, mudou de novo para frente e quando se tocou de onde eu realmente estava já era tarde demais, passei por baixo de seu braço enquanto ele se esquivava, lancei minha mão esquerda em suas costas e a enfiei com força agarrando seu coração. O soltei enquanto ele gritava caindo no chão.

— Muito bom. - Klaus sorriu aprovando.

— Socorro. - Nataniel sussurrou.

Revirei os olhos pelo seu teatro.

— Já basta por hoje. - Elijah se levantou entrando na mansão.

— Concordo. - me espreguicei e bocejei sentindo o sono me dominar.

Era assim todos os dias, desde que o elo resolvera se manifestar, Klaus, Elijah, Nataniel e até mesmo Kol se esforçavam ao máximo para me cansar. Assim quando eu dormia dificilmente tinha pesadelos, já que eu entrava quase em estado de coma. Se eu sonhava, eu não me lembrava. Eu simplesmente apagava devido a exaustão.

— Hum... - murmurei deitada na cama enquanto Klaus fazia planos.

— E depois podemos ir para a Itália. O que acha? Londres.

— Acho ótimo. - sussurrei passando as mãos pelo seu peito - Muito bom.

Ele segurou minha mão e olhou no fundo de meus olhos e passou os dedos pelas minhas pálpebras.

— Eu espero que isso passe. - comentou.

Meus olhos eram a prova viva do elo, eles adquiriram uma cor sobrenatural.  As íris eram quase brancas, com pequenos pontinhos do meu azul verdadeiro e outros de um azul claro. Era algo bem sobrenatural, dificilmente não era notado por alguém, mas o fato de New Orleans ser lotado de pessoas exóticas fazia com que os meus olhos passassem sem grandes problemas. Mesmo que tendo recebido várias perguntas de onde eu havia comprado as lentes. E eu é claro, começava a falar em línguas inexistentes. Talvez tivessem achado até que eu era um extraterrestre.

— Eu gosto dos olhos. - dei de ombros - Mas não gosto do elo.

— Eu entendo. - passou a mão carinhosamente pelo meu rosto - Vai acabar logo.

— Eu espero que sim.

Não fazia mais sentido manter o maldito elo quando não se havia mais motivos para proteger os outros.

~°~

— Você sabe quem foi. - Misael sorriu malicioso me levando para o lago - Só que finge que não. Fico surpreendido que você esqueça as coisas tão bem, se eu tivesse feito isso... bem... provavelmente sua mãe estaria viva.

Entrei em choque o olhando com desprezo. Isso me pareceu uma confissão de homicídio, soltei seu braço do meu e ele me deu um tapa no rosto. Olhei para meu vestido branco todo sujo de terra e meus pés descalços, juntei minhas mãos e olhei para os lados vendo que estava sozinha ali com ele e pedi silenciosamente que alguém aparecesse. Mas ninguém veio, não havia ninguém para sentir minha falta.

— Seu avô era um intrometido, devo dizer que fiquei bem feliz quando ele entrou no carro com ela, dois por um. Melhor impossível, não fique chateada.

E então ele me empurrou rio abaixo. Eu afundei quase tocando os pés no chão, a correnteza era fraca, mas eu não sabia nadar então ela me carregou. Me assustei quando vi Oliver em seus 10 anos afundar na água tentando vir em minha direção, entrei em desespero. Meu gêmeo se jogou em um rio sem saber nadar para me salvar, suas pequenas mãos agarraram as minhas enquanto ele tentava subir, mas não conseguia. Sua mão agitava a água na superfície, porém não conseguia subir e mesmo assim ele não soltava minha mão enquanto tentava subir. E então uma jovem surgiu na água e nos puxou para cima, ela segurou Oliver com força já que ele era o mais próximo. Nadou até a margem enquanto eu me debatia na superfície tentando respirar, e então uma mão enorme me puxou para cima me tirando da água e dando tapinhas nas minhas costas enquanto me sentava na grama um pouco mais afastado da menina e de meu irmão.

Ela se aproximou e eu dei uma ultima olhada em seu rosto antes de ele desaparecer na mata. Olhei a menina de cabelos castanhos que salvou meu irmão e sorri para ela que retribuiu, um loirinho se aproximou de nós e sentou ao meu lado enquanto rebocava meu irmão.

— Eu sou Matthew. Mas pode me chamar de Matt. - apertei sua mãozinha gorducha.

— Eu sou Elena. - a menina grudou em meu pescoço me abraçando.

— Eu sou Sage. - falei envergonhada.

E o homem era Stefan.

Abri os olhos arfando, mas não me levantei abruptamente. Fiquei surpresa ao ver que Klaus não havia acordado comigo, já que bastava eu abrir os olhos para ele pular da cama. Provavelmente ele estava mais exausto que eu já que cuidava de mim, do reino, do bebê e ainda tinha folego para correr de um lado para o outro tentando evitar que Esther abrisse o portal. Me senti um pouco culpada e percebi que já era hora de deixar ele descansar um pouco, eu poderia treinar em casa sem ele.

Me soltei de seus braços que me agarravam de maneira possessiva, vesti uma blusa de frio e desci as escadas, o sol já estava nascendo e sua luz era bem forte mostrando que o dia seria bem quente. Entrei na cozinha e dei de cara com Hayley vestida em um robe longo enquanto comia um bolo, me aproximei silenciosamente e me sentei em sua frente. Ela me olhou surpresa e um pouco tensa, não deveria ter ouvido coisas muito boas ao meu respeito. Dei de ombros, não existiam coisas boas em mim.

— Não vou te matar. -peguei um pedaço de bolo - Não tenho motivos para isso. Nunca nem falei com você.

Ela relaxou visivelmente, se ela lutasse comigo estaria em uma desvantagem enorme. Eu a mataria antes mesmo que alguém percebesse que tinha uma briga.

— Eu estou grávida de Klaus.

— Exato. Se envolveram antes de ele estar comigo. Se se envolvesse depois, a surra ainda ia ser nele. E eu apenas costuraria suas pernas uma na outra. - brinquei, mas ela pareceu levar a sério.

Bom mesmo. No fundo era minha intenção.

— Não vai acontecer de novo.

— Eu sei que não. Relaxa. - peguei o copo de suco.

— Você não parece ser a vadia que dizem. - olhou para o lado enquanto falava de forma petulante, gostei dela – Parece ser pior. – sorriu maldosa.

— Digamos que não estou no clima. - falei com descaso.

— Eles me disseram. Espero que supere, não estou pronta para ver Klaus ter outro ataque. - olhou para o armário ainda quebrado – Foi por muito pouco que não acabei com um pescoço quebrado, é realmente algo para se surpreender, ele até que estava controlado.

— Klaus não te faria nada.

— Eu sei... mas isso não o impede de perder completamente o controle.

— Tyler veio atrás de mim pois descobriu sobre vocês não foi? - peguei mais um pedaço de bolo.

— Eu acredito que tenha sido exatamente por isso. Não penso que foi só por causa da loira, acho que ele se sentiu mal por Klaus ter tirado duas mulheres dele. E então ele acreditou que se sentiria melhor se tirasse a mulher da vida dele. Não é muito difícil de imaginar que esse tipo de vingança seria bem mais doloroso.

Confirmei com a cabeça.

— Não quero que sinta que sou uma ameaça ao seu relacionamento. Não estou nenhum pouco inclinada a ter Klaus comigo, assim como ele não me quer com ele. Tenho olhos para outro. - piscou maliciosa.

— Elijah delícia. - comentei e ela colocou a mão na frente dos lábios evitando cuspir o chá em mim, ela abriu um sorriso e olhou para os lados encolhendo os ombros.

— Como?

— Ué... Kol que não seria. Quem quer aquele louco? - ela riu - Mas me diga Hayley, Tyler é tão ruim assim de cama? - nos rimos.

Elijah apareceu na entrada da cozinha e nos olhou sorrindo antes de se virar e ir para a sala despreocupadamente.

— Você ainda tem contato com aquela loirinha? - perguntou.

— Não.- olhei para a parede manchada de vinho, Niklaus destruiu a casa completamente.

— Ela ligou para Klaus, mas eu atendi. Me perguntou sobre você, eu disse que não havia te visto. Ela parecia estar muito preocupada. Talvez deva ser hora de falar com ela?

Me peguei pensando no que ela disse. Eu amava sim, Caroline. Mesmo que ela tenha me dito aquelas coisas, eu a amava intensamente como uma irmã. Eu a devia muito, assim como Elena, Stefan e Matt. Obviamente eu ainda estava muito chateada com o que ela me disse, mas eu tinha duvidas de suas palavras. Eu não tinha nada que chamasse sua atenção, Caroline amava agir como minha protetora assim como Elena que sempre tomava a frente em tudo. Eu só tinha a agradecer, mas por que as lembranças boas que eu tinha sempre eram afetadas pelas más?

Suspirei e dei um sorriso pequeno para Hayley, resolvi mudar de assunto.

— Não pode ir ao médico?

— Niklaus acha melhor eu não me expor. Bem... eu concordo, não estou muito inclinada a vagar pelas ruas de New Orleans, mesmo que seja acompanhada, ela é realmente cheia de vampiros.

— Agora vai ficar um pouco complicado. Kol mal fica em casa. E Rebekah é a mesma coisa. – reclamei, eu estava mortalmente entediada – Não tem ninguém para me ajudar com meus planos diabólicos, isso é desestimula qualquer um.

— Sério? Eu estou querendo um pouco de paz na minha vida e você está reclamando por ter a vida parada? Garota nós deveríamos ter nos conhecido antes disso, seriamos boas amigas. – ela bebeu o chá.

— É o que nos impede agora? Eu nunca precisei de uma ligação sanguínea pra me importar com as pessoas Hayley, eu não sou tão desalmada quanto fazem parecer. Talvez eu seja um pouco anormal, mas eu não sou nenhum monstro. Eu só amo demais. – olhei para o relógio – Já deu minha hora, preciso ir.

Me despedi dela e de Elijah e fui para minha casa. Tomei um banho e me vesti com o uniforme, peguei carona com Nataniel e entrei na loja abrindo um sorriso para Theodore. Servi os clientes de maneira animada conversando com todos. Theodore tinha razão, um bom funcionário sempre faz os clientes voltarem.

— Ah mas não me diga algo assim Letícia. - repreendi a idosa enquanto servia seu bolinho de café.

— Eu digo sim menina. Muito sem educação aquele homem horroroso. Onde já se viu? Eu uma idosa vou querer flores? Quando? Eu quero é beijar na boca. - esbravejou e eu ri.

— Então tome seu café para ter forças. - sai rindo me abanando com a bandeja e travei ao ver Marcel parado no meio da confeitaria – Olá, deseja algo?

Ele se moveu indo em direção ao balcão e se sentou em uma das cadeiras altas, ele apoiou os braços no balcão de madeira e sorriu de maneira amigável.

— A quanto tempo está morando aqui Cristina? Acho que me lembraria de você, eu costumo vir aqui de vez em quando.

— Tenho impressão de que roda bastante por aqui. Acredito que tenha quase umas duas semanas que estou aqui. – deixei a bandeja no balcão e bocejei.

— Bem recente, já conheceu a cidade? – ele me olhava com curiosidade, minha marca deveria estar me denunciando bastante, lembro de Stefan ter dito que ela era bem forte devido a força e a idade de Niklaus.

— Meu marido me apresentou uma boa parte dele, ele já esteve aqui a alguns anos atrás. – comentei com descaso tentando me passar por alguém com o mínimo de juízo possível, eu não queria chamar sua atenção mais do que já chamava.

— Oh sim, e quando conhecerei ele?

— Eu não sei, ele viaja muito. É fotógrafo. – seu olhar desconfiado me deixava nervosa, eu estava morrendo de vontade de bater nele com a minha bandeja.

— Teremos muita oportunidades. – sorri fracamente.

~°~

— Eu não sabia disso Elena. - briguei com ela batendo em sua mão.

— Como não? - Elena caminhava do meu lado tentando prender meu cabelo.

— Eu não queria beijar ele. Como eu ia saber?

— Nunca assistiu aos filmes? Não se morde a língua de alguém. - finalmente puxou meu cabelo e o prendeu.

— Se você não quiser morde sim! Cospe na cara e ainda chuta. - dei o dedo do meio.

— Coitado do Tyler. - riu.

— Quero o Tyler vá a merda. Junto com a minha dignidade que ele esmagou.

Ela gargalhou enquanto eu ficava mais emburrada ainda. Onde já se viu esse tipo de coisa? Eu beijar aquele menininho metido a louco? De forma alguma!

— Você fala isso porque ganhou um beijo de Matt. Matt é bem melhor. - comentei enciumada.

— Então você queria dar uns beijos em Matt? - me abraçou dando um beijo em minha bochecha.

— Quem não quer? - ri ajeitando a mochila - Aqueles olhos azuis. - comentei sonhadora enquanto escondia o roxo em meu pulso

Levei um susto quando esbarrei em uma garota, ouvi um estalo alto e vi que eu havia quebrado o seu salto fino e alto. Ela estava com os longos cabelos loiros espalhados pelo chão enquanto respirava irritado. Olhou para mim e seus olhos azuis faiscaram de raiva ao ver o salto quebrado.

— Garota você tem algum problema?

— Caroline. Pare. - Elena pediu assim como a morena ao lado da loira.

~º~

Abri os olhos me desencostando da parede e sorri para Theodore, ele abriu um meio sorriso e me deu um abraço de lado desaparecendo na rua escura. Fui até o carro de Nataniel e entrei esperando por algum comentário inútil de sempre, mas ele nada disse. Apenas continuou de na estrada enquanto eu observava a paisagem.

Nataniel era o meu mais novo amigo, parceiro para todas as horas. Apesar de ser um tremendo cretino. Ele estacionou na garagem, apertei o número do meu andar e esperamos e elevador chegar, abri a porta e ele já entrou se jogando no sofá da sala.

— Eu estava acostumado a morar sozinho. É sua culpa eu estar aqui agora. Nem reclame. - pediu ligando a tv enquanto eu procurava uma comida não saudável.

— Não estou. Você não vive mais sem mim. - sentei ao lado dele segurando a caixa de pizza.

— Não mesmo. - concordou roubando um pedaço.

Ele come porque hein? Detesto dividir comidas não saudáveis, são sempre as melhores.

— Você não tem nenhum pescoço para morder não? - perguntei, mas torcia para ele ficar.

Eu não queria ficar sozinha.

— Não. Estou bem alimentado. - bateu na barriga plana - Mas sempre tem espaço para mais. - me olhou sugestivamente.

Enfiei o controle em sua boca e voltei para minha pizza.

— Estou saindo com sua amiga. - avisou.

— Hã... - merda. Caralho.

— Rebekah Mikaelson. - puta merda.

— É para ser segredo?

— Claro que não. Faço questão de contar para o Nicolas Malakaias. - riu pegando o celular.

Tomei o aparelho de sua mão e bati na cabeça dele usando o mesmo.

— Vai se ferrar Robert. - brinquei.

— Oh minha Cristina. - dei um soco em sua cara.

Fiquei chocada quando ele me devolveu o soco. Ele ficou sério e então riu quando quebrei o copo em seu rosto, chutei sua barriga, mordi seu braço e arranquei um punhado de cabelo do maldito. Berrei quando ele começou a fazer cocegas na minha cintura, ativei o modo desespero e bati em seu rosto com minha almofada até ela explodir lançando espuma para todos os lados.

— Vai limpar tudo isso. - ameacei saindo da sala.

Céus. Minha vida é um caos.

~º~

— Sage por favor... menos. – Kol gargalhava do meu lado – Eu achei que você levaria esse evento a sério... – me olhou de cima a baixo – Kitty.

— E desde quando Sage sabe algo sobre seriedade? – Klaus resmungou ao lado dele e eu me virei os olhando de cara feia.

— Me poupe do amor da família Mikaelson. – revirei os olhos e eles fizeram o mesmo.

— Eu discordo, ela levou ele tão a sério que se tornou parte dele. – Hayley me zoou e eu bufei.

— É para arrecadar dinheiro para os pobres animais. – eles negaram com a cabeça.

— É um casamento coletivo.- a morena me explicou e eu vi que realmente era um casamento, por isso tanta gente de branco.

Noivas.

— Ah é? – parei os olhando – Então eu acabei vindo parar no lugar errado. – eles resmungaram.

— Ninguém reparou. – Kol resmungou baixo me olhando – Ninguém reparou mesmo nisso, não vou rodar atrás de outro evento para ir parar no lugar errado pela quarta vez hoje.

Olhei para mim mesma. Eu usava uma meia branca até os joelhos com uma bota em um tom mais escuro, saia branca rodada, corselete rosa bebê, orelhas brancas e rosas e uma luva que imitava patas. Fora o meu rosto pintado imitando um gato.

— Pelo menos ninguém me reconhece. – olhei atentamente o local, eu não queria dar de cara com Marcel, ele é muito estranho.

— Já podemos voltar?

— Mas é claro que não. – reclamei – Nós viemos para esse evento e vamos ficar até o fim.

— Niklaus. – ouvi a voz de Camille.

— Chegou quem faltava para terminar de arruinar o meu dia. – Kol resmungou vindo para o meu lado – Pode nos fazer o favor de sumir? Ainda não ficou claro que é um passeio em família?

Cruzei os braços e bufei incomodada, eu queria mesmo ver o casamento coletivo e agora tinha que ficar aqui olhando para essa cara de sonsa da Camille como se não bastasse.

— Marcel estava o procurando, disse que queria falar com você a respeito do reino.

— Um pouco de terror psicológico e ele já se entrega assim? – Kol riu sarcasticamente – Uau, como estamos em boas mãos.

Klaus acenou para gente e desapareceu deixando a loira com a gente, dei de ombros e tratei de seguir em direção a mansão sendo acompanhada por Hayley e Kol, talvez fosse um bom momento para um treino, eu me sentia bem enferrujada e não seria nada legal ficar vulnerável em uma cidade lotada de vampiros. Dei um sorriso de lado para Kol que se moveu agitado já sabendo o que eu queria, fomos para o fundo da casa e Hayley se sentou no banco do jardim nos encarando.

— Eu vou te estraçalhar... kitty. – sorriu malicioso abrindo os braços.

Eu tinha que tomar cuidado, Kol era brutal e completamente insano.

Ele veio em minha direção correndo e levantou a mão para me bater, desviei de seu golpe e levei um chute no rosto que me lançou do outro lado do jardim, rolei fugindo de seu pé e ele agarrou meu pescoço, estiquei a perna o máximo que consegui e chutei seu rosto. Ele riu quando me levantei e me passou uma rasteira, joguei o corpo para trás e me apoiei em minhas mãos escapando de seu ataque e parando de pé já escapando de outro soco.

— Com Damon foi mais fácil. – o olhei imediatamente – E mais divertido.

— O que?

— Disse que foi mais divertido, você está entediante. – franzi a testa.

Dei um soco em Kol que o lançou longe, antes que ele pudesse se levantar eu já estava em cima dele pisando em sua cabeça com força a enfiando na terra, grunhi irritada e ele se moveu se levantando e me jogando no chão com força enquanto apertava minha cabeça contra o chão.

— Vamos irmã... está gostando da refeição? – riu e eu o joguei para longe.

— Não cante cedo. 

Peguei a tiara em minha cabeça e quebrei a jogando em sua direção, ele se distraiu pegando um dos pedaços e eu apareci atrás dele enfiando o pedaço de plástico em suas costas, chutei sua lombar e quando ele estava prestes a cair de joelhos ele se virou e bateu com o braço em meu rosto me jogando longe. Me levantei e senti ele me agarrar pelos ombros, em milésimos de segundos rolávamos pela cozinha derrubando absolutamente tudo, gritei e peguei a frigideira batendo nele diversas vezes no rosto. Ele se afastou ao me dar um soco no rosto quebrando meu nariz e eu o interceptei passando por cima da imensa mesa da cozinha e o acertando um chute que o lançou para a sala, Kol me jogou em uma armadura e eu peguei uma das espadas que elas seguravam.

— Você sempre foi ruim de briga assim? – ri da sua cara indignada.

— Só quando a minha parceira consegue ser pior do que eu. – piscou – afinal ainda sou um cavalheiro.

— Lide com a derrota Kol, você consegue ser pior do que eu. – sorri para ele – Entenda como um conselho de uma familiar preocupada... Você chora demais.

Ri e ele veio em minha direção, arremessei a espada para o imenso lustre de Niklaus que caiu em cima dele. O moreno o quebrou completamente e juntou um punhado de cristais em suas mãos os jogando em minha direção. Me abaixei atrás do sofá e os cristais passaram direto pelo estofado tamanho foi a força, alguns vasos estouraram pelo local e eu peguei o abajur o quebrando na cabeça de Kol. O moreno quebrou um pé da mesa e deu uma pancada em minhas cotas me fazendo ir ao chão, obviamente não uso toda a sua força ou teria me quebrado ao meio.

— É irmã... lide com o problema sozinha agora. – ele saiu rindo enquanto eu o olhava confusa vendo as armaduras caírem.

— Sage o que é isso? – Niklaus entrou olhando tudo em choque.

— Nik... Kol quebrou tudo. – toquei meu nariz que sangrava e me fiz de pobre vitima – Foi horrível, me desmaiou, só por que eu disse que ele estava ridículo com a jaqueta nova.

Ele me encarou desconfiado, mas segurou meu queixo atentamente olhando o sangue que caia em meu corselete.

— Sage... você é péssima mentindo para mim, eu sinto que mente. – ele me encarou divertido – Você vai ter um dia de faxina hoje para limpar isso tudo.

— Mas eu não vou mesmo. – me levantei tropeçando – A casa é sua, se te incomoda quem limpa é você, foi seu irmão que fez isso não eu.

— Eu aposto que você foi quem destruiu a maior parte. – abriu os braços e ouvi Hayley pigarrear na metade da escada.

— Foi Kol. Acho que é com ele que você tem gritar, seu irmão está bancando o menino rebelde. Se você fosse um pouco mais velho e ele fosse seu filho... eu diria que puxou o pai. Mas é um mal de família para o qual eu torço que não seja genético.– riu subindo as escadas e eu ri da cara indignada de Niklaus.

— Agradeço a todos as divindades por não ter um filho seu. Que eu seja livre dessa discórdia que é ter um Mikaelson como familiar, já pensou se ele é igual você? – neguei com a cabeça.

— Nós só nascemos em famílias diferentes Sage. – riu debochado – A única diferença entre nós no momento é o nosso sexo. – sussurrou apertando minha bochecha enquanto subia as escadas rindo da minha cara frustrada.

Onde que eu sou igual ele? Sou uma santa.


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Notas finais do capítulo

Gente... finalmente começou! Partes da vida da Sage começando a serem reveladas!



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