Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 40
Simpático inimigo




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Eu parecia mais uma turista do que uma mulher procurando por emprego, segurava uma pasta, panfletos e um enorme mapa na mão, tinha uma bolsa de couro atravessada no peito, um óculos de sol na cabeça e usava um vestido com estampa em quadrinhos, mas as cores eram bem mais escuras que o normal dando um ar mais sombrio. Usava uma bota de salto alto e cano curto. Eu estava estranha e sabia disso, mas oras, estou em New Orleans. O que tem demais?

— Ok. Ok. Onde eu estou... - olhei o pequeno mapa e balancei a cabeça negativamente - Mas que saco...- reclamei vendo que não achava a tal rua, talvez eu estivesse no lugar errado de novo.

— Precisa de ajuda? - ouvi a voz suave e me virei sorrindo.

— Oi Theodore. - ele sorriu e olhou o mapa.

— Onde você está pensando em ir? - deu um sorriso divertido.

— Até essa rua... dei um papel pequeno para ele. - ele leu e riu - Estou procurando um emprego, não ria de mim.

— Acho que você iria precisar de um carro para chegar lá... já que está olhando o mapa de Utah.

Percebi meu erro e sorri envergonhada. Mas eu só faço merda hein.

— Ok. Erro comum - dei uma risada - Então me ajude aqui.

— Estamos precisando de funcionários na confeitaria do meu pai. Se você não se importar com isso... em trabalhar assim. É algo bem simples Crista. - sorriu.

— Não me importo mesmo. - sorri de lado.

— É bom que já está a caráter. - segurou meu braço e me puxou para a cidade.

Fiquei confusa com isso, mas me vi curiosa sobre a sua vida. Ele era tão jovem e já era um vampiro, será que havia sido transformado durante uma paixonite adolescente? Alguma vampira teria enlouquecido por ele?

— Como se tornou um vampiro?- perguntei curiosa enquanto desviávamos das pessoas.

— Minha ex-namorada era vampira, ela me dava seu sangue diariamente pois como sabe é fácil morrer aqui devido a quantidade grande de vampiros. Mas eu não morri para eles, morri em um acidente de carro. Batemos e quando acordei ela tinha sido atravessada por um tronco de arvore sabe... que nem no filme premonição.- falou despreocupado.

— Uau. – isso sim era surpreendente, não deveria ter sido uma morte nada bonita de se ver.

Teria sido o destino que a tirou dele? Pois era uma tremenda de uma coincidência que eles estivessem atrás de um caminhão carregado de troncos e justamente ela tenha sido atravessada por um. Era algo para se pensar, realmente existe alguém capaz de controlar o mundo em que vivemos decidindo quando vamos morrer?

Eu nunca tinha parado para pensar em como os vampiros haviam se transformado. Eu sempre imaginava que eles eram mortos pelos seus próprios parceiros que sonhavam com a eternidade ao lado deles, como no caso de Stefan, Damon e Katerina.

Entramos na confeitaria e eu tive mesmo uma surpresa, eu estava a caráter. As paredes eram todas em quadrinhos, mas não apenas de super-heróis como a minha roupa; Havia quadrinhos de celebridades, astros do rock, carros e motos antigas, cidades turísticas e objetos retro. Era assim que era, uma confeitaria retro. As luzes eram grudadas na parede e iluminavam apenas as mesas abaixo delas, no meio da confeitaria elas eram acima das mesas, mas bem próximas iluminando somente uma mesa. Bem... eu adorei.

— Nós temos costume de dizer que é uma confeitaria - abriu a cortina da imensa janela de vidro. Janela que não abria. Era como se fosse um mural de vidro que exibia a rua - Mas não é exatamente isso, servimos algumas bebidas alcóolicas, mas bem suaves, sempre misturadas com outras bebidas. Então não se transforma exatamente em um bar.

— É lindo. Todos os comércios por dentro são tão bonitos assim? - olhei o chão de madeira escuro.

— Sim. - riu - Por mim já está contratada. Já sei como você é, só... não desabafe muito com os clientes. Você é o tipo de funcionária que faz eles virem aqui todos os dias. - me puxou para uma salinha reservada - Documentos.

Entreguei os documentos enquanto ele ia mexer em alguns papeis, ele se virou para mim e sorriu me entregando o uniforme que era exatamente como meu vestido, mas nesse caso era uma babylook que tinha o emblema e o nome da confeitaria em cores vibrantes com pequenos pedaços dos corpos dos heróis da Marvel nas letras que era realçado por uma retângulo preto fazendo com que fosse possível a leitura do nome da cafeteria. Ganhei um avental que cobria apenas uma parte das pernas.

— Pode usar calça, short e saia desde que seja preto. - avisou devolvendo meus documentos - Pode voltar amanhã. Esteja aqui as sete. E não se perca. - brincou.

Nos despedimos e eu fui em direção bar em que eu havia ido com Klaus. O local estava bem cheio e eu vi a tal Camille ao longe, revirei os olhos e fui para o fundo enquanto um rapaz vinha me atender. Fiz o pedido e fiquei observando o bar sabendo que boa parte ali eram vampiros, não me intimidam. Ignorei a marca que parecia pesar em meu corpo e continuei bebendo minha cerveja horrível enquanto olhava o movimento, eu estava nesse maldito bar apenas por curiosidade. Tinha que disfarçar ao máximo, ser alguém comum. Gente olha aquilo.

— Ei! Quero a sua jaqueta, bebe comigo! - gritei para um moreno que estava no balcão.

Ele abriu um sorriso e me chamou com um dedo.

— E vai ser o que? - Camille me olhava tensa.

— Vodca. - o cara decretou - O que eu ganho com isso bonitinha? - me olhou sorrindo.

— Hum... sua vida? - questionei e ele riu.

— Um beijo. - piscou e eu ri.

Mas não vai ganhar mesmo.

Camille colocou oito copos para cada, eu era ótima com bebidas, só sentia o sabor e os efeitos quando parava de beber. Eu não ganharia se fossemos beber em copos, ele poderia usar sua velocidade vampírica a seu favor e as vezes minha coordenação era um pouco falha.

— Garrafa. - pedi.

Que eu seja perdoada, mas eu entrarei em coma alcóolico e verei aquele médico mais rápido do que eu planejei. Ela me olhou desconfiada e deu duas garrafas enquanto desaparecia atrás de uma parede.

— Quando quiser bonitinha.

Dei um tapa no balcão sinalizando que tinha iniciado. Viramos as garrafas e uma vez bebendo no gargalo, ouvimos um coro de gritos quando perceberam que eu ganhava. Eu já nem respirava temendo que isso fosse me atrapalhar, o líquido passava direto pela garganta sem eu nem precisar engolir. Eu não beijaria esse cara, e então eu ganhei batendo a garrafa fazia no balcão. Peguei a jaqueta e minha visão escureceu, me forcei ficar acordada e encostei a cabeça no balcão enquanto sentia o sono me dominar.

~°~

Elijah segurava meus cabelos enquanto eu vomitava toda a bebida já que não havia comido nada o dia inteiro, o moreno apenas ficava em minhas costas segurando meu cabelo em um rabo de cavalo enquanto passava a mão suavemente pelas minhas costas. Eu estava morta de vergonha.

Só dou fora com esse gostoso. Como posso ser tão azarada? Culpa da Camille maldita. Fofoqueira. Mas bem que eu agradecia por ela ter ligado para ele ao invés de Klaus que passaria horas me atormentando, eu tinha que dar um crédito para a maldita.

Escovei os dentes pela décima vez e segui com ele em direção a minha sala, me joguei no sofá e coloquei minhas pernas em seu colo. Passei as mãos no meu cabelo molhado e olhei para Elijah bem, para me livrar de um coma alcóolico ele bebeu boa parte do meu sangue lotado de álcool e me forçou a beber água e vomitar. Achei que isso não daria certo, mas bem... agora eu estava acordada. E vomitando involuntariamente.

Faria tudo de novo.

Abri um sorrisinho vendo que ele também estava um pouco alterado, talvez mais do que eu mesma. E sinceramente era muito estranho ter que compartilhar sangue com Elijah. Kol jogou uma jujuba em minha cabeça e se virou para o balcão onde estava apoiado um livro sobre mitologias ao qual ele lia entretido.

— Nunca mais faça isso, por favor. - implorou enquanto passava uma mão em meu cabelo molhado.

— Farei, mas você não saberá. - olhei para ele de novo.

— Não conte com isso irmãzinha. Elijah é um belo de um perseguidor psicótico, pior do que Niklaus. – ouvi Kol resmungar.

— Não conte com isso. - resmungou jogando a cabeça para trás - O que te deu para encher a cara as 10 horas da manhã?

— Isso. - mostrei a jaqueta jogada na mesa de centro e ouvi Kol rir.

— Poderíamos ter comprado.

— É mais divertido assim. - revirei os olhos e Nataniel entrou no apartamento.

— Tirei ótimas fotos. - se jogou na poltrona - Aqui tem muita gente estranha. Devo admitir que me renderam fotos muito boas. - passou a olhar a câmera e se virou para me olhar - Você está horrorosa.

— Você também. - ele estava pálido, com olheiras e os lábios inchados, o cabelo parecia uma palha.

— Ainda estou melhor que você. Parece que acabou de sair de um coma alcóolico.

— Quase entrei em um. - dei de ombros e chutei Elijah sem querer.

— Agradeço por não ter me ligado. - abriu um sorriso malicioso.

— Eu agradeço por não ter lembrado que você existia. - ele colocou a mão no peito.

— Eu adoro você. - sorriu e foi até minha geladeira - Eu jurei ter deixado uma bolsa de sangue aqui.

— Qual o motivo para você deixar sangue na minha casa? – vi Kol murchar os ombros levemente enquanto olhava Nataniel desconfiado, os dois ainda não eram totalmente amigos.

Nem chegavam perto disso.

— Para não beber o seu e não precisar descer para o meu apartamento. - voltou para a sala com uma garrafa de suco.

— Você praticamente mora aqui, não sei o que te fez comprar um apartamento. - reclamei.

— Bem... eu moro aqui. Só transo lá. -revirei os olhos e Elijah nos olhou em confusão.

— Não queira detalhes. - sorri para ele - Como está lidando como titio?

Elijah fez uma careta.

— Não tão bem, me sinto um pouco perdido com a situação. Não faço ideia do que Niklaus está aprontando, isso nos trás grandes problemas.

— Qual o motivo para não ter acabado com seu irmãozinho ainda?

— Eu apenas estou de bom humor. - ajeitou o terno e abriu um sorriso sem mostrar os dentes - Digamos que ver um membro da família ter um colapso nervoso é sempre divertido. Estou surpreso por ele ainda ter seus planos.

— Que planos? - sentei curiosa.

— Niklaus tem planos de pegar o reino de volta, definitivamente. Isso significa uma briga com Marcel. - sorriu mais ainda - Mal posso esperar para isso.

Revirei os olhos. Homens vampiros.

— Bem... Não contem comigo. - ergui as mãos.

— Não é nossa intenção te envolver. - se explicou - Poderíamos muito bem te jogar como isca para eles, mas o seu sangue fede. - comentou com descaso e mesmo assim...elegante - Então não nos será muito útil.

Claramente me chamou de inútil.

— Não estou dizendo que você é inútil, só digo que isso não é um problema com o qual não possamos lidar facilmente.

Balancei a cabeça em afirmação e Kol me empurrou para frente se sentando atrás de mim e rodeando meu pescoço com os braços.

— É bom que ninguém quer saber sobre mim não? Mas eu falo da mesma forma, estou adorando saber que serei tio embora acredite que demoramos demais para isso. E eu vou adorar uma guerra.

— Kol... Ninguém quer saber a sua opinião.

— Não seja uma péssima irmã, já me basta Rebekah... Bird. – ironizou.

— É melhor calar a boca. – resmunguei.

— E perder a chance de te ver enlouquecer? De forma alguma.

~°~

Eu havia saído de casa no mesmo dia e agora rodava por New Orleans caçando uma bruxa que me dissesse o significado da pedra, mas a maioria não sabia dizer o que ela representava e nem os seus poderes. Eu já estava exausta de dando rodar e nada encontrar, o cansaço mental era muito maior que o físico e Niklaus parecia não colaborar com o meu descanso. Ele estava me irritando profundamente com sua atitude dominadora e perseguidora, eu havia escapado de um coma alcóolico e agora era perseguida por um híbrido que não sabia o significado da palavra paz.

Já se fazia 6 dias que eu não via Niklaus, mas ele me via. Eu podia sentir sua energia vir de determinados pontos, mas ele se mantinha afastado enquanto eu rondava pela cidade com Nataniel e algumas vezes com Elijah que se mostrava uma ótima companhia que ia aos poucos conquistando a minha atenção enquanto Niklaus se mantinha ocupado de tentar roubar um reino. Graças a Elijah eu conseguia andar com um pouco mais de confiança na cidade sem me perder. O que era bem satisfatório.

— Uau, mas que droga. - vi a loja de antiguidades fechada - Eu só tenho azar aqui. O rei vampiro não teria uma bruxa? - me questionei - Deve ser um mala qualquer. Já deve ter bebido o sangue da pobre coitada.

Me virei e continuei a andar pelo centro da cidade, eu havia acabado de ligar para Niklaus contando que estava disponível para conversar, mas ele me respondeu com um simples " Estou ocupado demais para falar com você agora" Cretino.

Eu estaria o resto da vida para você. Stefan poderia ter acertado logo o meu coração. Facilitaria em muito a minha... morte.

Entrei na cafeteria onde Klaus me levou para conhecer em meu primeiro dia e me sentei na cadeira alta de frente para o balcão, mordi os lábios e vi uma torta aparentemente suculenta. Pedi a torta e um chocolate quente, enquanto a moça não chegava com o chocolate eu analisava o ambiente apenas para constatar que eu não achava nada de novo no local. Virei para o lado e quase cai da cadeira ao ver um homem muito bonito me olhando próximo demais, seu braço quase encostava no meu enquanto ele se sentava na cadeira ao lado da minha. Provavelmente ele sentiu minha marca e pela sua energia eu já sabia que ele era um vampiro.

— Olá. - puxei conversa já que seu olhar estava me incomodando.

— Olá. Sou Marcel. - esticou uma mão.

— Cristina. - apertei.

Céus, quando eu digo que aqui só tem gente bonita... não é brincadeira. Marcel é um homem negro, um pouco mais alto que eu, de olhos escuros repleto de malícia, lábios carnudos e gente... muito cheiroso.

— O que a trás a New Orleans? - pediu um café.

Vampiro toma café?

— Bem... estou fugindo de um vampiro estripador. - ele me olhou atentamente levemente impressionado pela minha sinceridade - Sério que você toma café?

— Era um hábito humano. Alguns vampiros não perdem, pra ser sincero é uma das poucas coisas que eu sinto sabor. – comentou animado, mesmo que ele estivesse aparentemente relaxado eu sentia que me encarava com desconfiança.

— Porque era sua bebida preferida?

— Provavelmente. - ele era agradável.

Gostei dele. Será que é o tal rei? Quantos Marcel existem por ai? Fora que ele é muito bonito, chega a ser óbvio que tem uma conexão com os Mikaelson.

— Está fugindo de quem te marcou?

— Não. Qual o motivo para essa pergunta? Eles não matam seus marcados. - comi um pedaço do bolo e ele abriu um sorriso estranho.

— Sinto sua marca oscilar. Isso é comum quando se começa a perder interesse no marcado, ou quando estão muito longe, ou quando está muito chateada.

— Não estou chateada.- resmunguei.

— Você acha que não está. Ainda se interessa por ele?

— Não o vejo a dias. - dei de ombros - Pra ser sincera é como se eu tivesse apagado o rosto dele da minha mente. Não consigo lembrar com perfeição com ele é.

E eu não conseguia mesmo, em minha cabeça Klaus não se parecia com Klaus. Será que eu estava tão chateada assim? Seu rosto em minha mente tinha olhos mais escuros do que eu me lembrava, ele tinha a pele bem mais escura e os lábios eram bem mais cheios e o cabelo era loiro levemente ruivo. Klaus não se parecia com Klaus, mas eu não conseguia o montar em minha mente.

— Um mecanismo de defesa. Você está chateada. - deu um sorriso bonito - Não se ignora alguém que se ama dessa forma. Sua mente se protege muito bem. Não sente saudades dele agora?

— Não... não sei. - fiquei confusa.

— E algo para se pensar. Eu tenho certeza que ele sente que está te perdendo e provavelmente está entrando em desespero sem saber o que fazer.

Me lembrei das palavras de Caroline a respeito do amor vampiro, provavelmente os sentimentos que Klaus tinha por mim eram bem mais intensos do que os que eu tinha por ele. Eles amavam de forma exagerada e a marcação só tornava tudo pior do que já era, talvez... ele estivesse sentindo uma dor inconsolável.

— E mesmo assim ele não aceita vir falar comigo. - reclamei cansada.

— Ocupado?

— Sim. - abriu um sorriso em negação.

— Alguns não conhecem o valor de uma marcação. Me conte... o que ele tanto faz.

Fiquei alerta, se eu dissesse que era por causa de um bebê teríamos problemas. Então optei pelo fácil.

— Ele era apaixonado por uma mulher que era minha melhor amiga, só que ela nem queria saber dele, então ele se apaixonou por mim e quando eu vim para cá me deparei com uma outra amiga dele que é idêntica a mulher pela qual ele foi apaixonado. – não foi uma invenção completa, era o suficiente para o distrair.

Ele suspirou e se encostou na cadeira alta.

— Mas você foi marcada.

— Fui por que quis. Se desse para fazer a força eu tenho certeza que ele não teria me marcado e sim marcado outra. - resmunguei amarga.

— Quando você for uma vampira saberá disso, a marcação é algo intenso Cristina. Não a menospreze, ela é bem maior e mais forte que laços familiares.

— Não é meu sonho. - murmurei me referindo a me tornar uma vampira.

— Nunca é, mas muitos gostam depois disso.  - ele se levantou pagando as duas contas.

Antes que ele pudesse sair por completo eu me vi curiosa.

— Você é Marcel.. o rei dos vampiros? - ele continuo de costas.

— Sim. - e saiu para a noite.

Olha, ele merece o cargo que tem. Carinha agradável. Me voltei para o meu bolo. O troco é meu. Sorri.

~°~

Mostrei o outro vestido para Elijah enquanto desfilava pelo quarto usando dele, o moreno apenas negou com a cabeça e eu desisti de tentar conseguir uma ajuda dele já que aparentemente eu tinha um péssimo gosto para roupas. Tirei o vestido e coloquei apenas meu roupão saindo do banheiro e parando em pé de frente para o moreno que me olhou com uma sobrancelha erguida.

— O que te agrada Elijah?

— Nada do que você vestiu hoje Sage, para ser bem sincero eu estou preferindo você dentro desse roupão do que de qualquer outra coisa que você vestiu hoje. – debochou com uma voz séria e um leve sarcasmo.

— A agradável família Mikaelson. – ri de sua careta.

— O que me leva a te perguntar... Você ainda está com Niklaus? – ele se levantou me olhando atentamente.

— Não... não mais. Achei que tivesse deixado isso bem claro, é obvio que queria estar.... mas as circunstancias são desfavoráveis. – fiz uma careta – Ainda.

— A gente se perdoa. – o olhei confusa tombando a cabeça – É mais do que comum surgirem atritos na nossa família Sage, nada que eu não possa resolver com Niklaus.

— Elijah o que é isso? – fiquei confusa.

— Eu quero você. – de uma maneira que nunca esperei na vida Elijah me lançou contra a parede de meu quarto com brutalidade e eu ofeguei o olhando completamente chocada.

Hã?

Elijah se quer esperou que eu me recuperasse do choque, ele simplesmente grudou seus lábios nos meus com força me forçando a abrir os meus e então ele se tornou... suave. O moreno explorou cada canto de minha boca com sua língua enquanto eu sentia suas mãos passarem vagarosamente pelo meu corpo, senti ele desatar o nó do meu roupão e quando ele estava prestes a retirar ele, parou completamente e me encarou analisando meu olhar completamente perdido, antes eu iria fervilhar... mas eu não sentia absolutamente nada embora ele fosse muito hot. Talvez eu estivesse quebrada.

— Eu poderia ser um canalha agora e colocar Niklaus em seu lugar, mas eu sou esperto o suficiente pra saber que quem vai se arrepender disso tudo é você Sage. Eu não preciso ter você me odiando ou se odiando por isso ainda mais em um momento como esse. – ele amarrou meu roupão de volta – E você está mesmo certa... Eu realmente não estou amando você, mas isso não significa que eu não queira você, mas vamos deixar claro que... você vai ter que me procurar quando estiver certa se é isso que realmente quer, o que eu acho impossível. – ele deu um sorriso nada afetado – Nós vamos ou não a esse evento?

Fui me trocar no banheiro, essa família tem realmente sérios problemas. Tenho total certeza agora que Elijah precisa de um acompanhamento psicológico.

~º~

Algo sempre me trás de volta para você

Isso nunca demora muito

Não importa o que eu diga ou faça

Eu ainda sentirei você aqui

Até o momento que eu partir

— Caramba Elijah. Não! - eu ri quando ele fez uma careta tentando tirar a cartela da cabeça.

Bati a foto antes que ele a arrancasse e ri quando ele fez exatamente isso, ele abriu um sorriso enorme ao olhar novamente para minha cabeça quando viu o meu chapéu viking. Sorri olhando ao redor vendo que eu era uma das pessoas vestidas de maneira mais normal na cidade, dei de ombros e começamos a caminhar enquanto eu tirava várias fotos aleatórias. De onde estávamos podíamos ouvir muito bem o grupo que andava tocando pela rua, estiquei o pescoço e acenei para Nataniel do outro lado.

— Obrigada por me fazer companhia. - agradeci tirando uma foto de nós dois juntos.

— Fiquei surpreso por Niklaus não se oferecer.

Minha mente viajou para longe e se lembrou de um rosto que não era de Niklaus, minha mente estava me protegendo de algo que eu não conseguia lidar.

— Eu liguei para falar com ele. Mas não me atendeu, faz duas semanas que cheguei e ele não falou nada, pediu para conversar e nunca apareceu. Ele está me afastando ou eu estou fazendo isso.

— E você vai deixar? – o olhei surpresa – Você já foi muito mais forte do que isso Sage.

— Ultimamente eu acho que não sei quem é Niklaus. Minha mente está o apagando aos poucos. Ele anda tão ocupado assim?

— Quase não fica em casa. Passa o dia inteiro atormentando Marcel ou Rebekah. Ele está colocando o reino a frente de tudo, mas não desista... isso não é nada perto do que iremos passar. Você está presa a nós Sage... ele não vai deixar você ir fácil assim. – me encarou.

Você me segura sem o toque

Você me prende sem correntes

Eu nunca quis tanto algo

Quanto afogar no seu amor

E não sentir a sua chuva

— Entendo. É... haverá consequências. - tirei foto de um anônimo.

— Eu espero estar ajudando a lidar com isso. - abri um pequeno sorriso.

— Você vem sendo maravilhoso com isso Elijah. Agradeço muito, os treinos estão me ajudando a manter a cabeça longe dos problemas, mas ainda estou com medo de não conseguir trazer meus amigos de volta. Eu falei com Bonnie nos sonhos... ela disse que lá é vazio. Mas foi só isso, pode ser coisa da minha cabeça, mortos não se comunicam por sonhos. O trabalho também vem me ajudando, estou gostando muito.

Abri um sorriso mínimo ao perceber que esse era o meu primeiro dia de folga e Elijah me fizera o favor de me acompanhar para o evento, que era móvel.

— Bem, eu estou feliz por você. Nós vamos achar alguém que conheça essa pedra.

— Eu tenho impressão que é algo ruim. A solução para esse problema.

— Vamos torcer para que não.

Sorrimos e então seu celular tocou, ele atendeu com uma expressão séria e me puxou em direção ao carro. Esperou eu entrar e então acelerou.

— Algo errado?

— Niklaus. Hayley me ligou e disse que ele está descontrolado, em fúria.

— O que ele fez?

— Tenho a impressão de que isso não é sem motivo - me olhou de lado.

Liberte-me, deixe-me estar

Eu não quero cair mais uma vez

Na sua gravidade

Aqui estou e eu estou tão erguida

Assim como eu deveria estar

Mas você está em mim e ao meu redor

Elijah estacionou o carro de qualquer maneira e nós descemos do veículo e então ele abriu a porta da sala e seguiu para o cômodo. Eu vi o quanto minha mente vinha trabalhando para me fazer esquece-lo, eu o olhei e foi como se eu o visse pela primeira vez. Klaus era lindo, estava lindo e só de o olhar as minhas pernas tremiam.

Ele estava sentado em sua poltrona, o tornozelo direito estava apoiado na coxa esquerda, ele segurava uma corrente grossa em cada uma das mãos. Estava vestido completamente de preto, os cabelos estavam revoltos e de um loiro brilhante incrível, os lábios estavam rosados e levemente puxados para baixo, os olhos estavam de um tom verde quase negro e ele estava muito pálido. Mas para mim ele só estava mais lindo ainda, Niklaus era o amor da minha vida.

Você me amava porque sou frágil

Quando eu achava que eu era forte

Mas você me toca por alguns instantes

E toda minha força frágil se acaba

Senti o coração bater mais rápido e ele me olhou parecendo surpreso e decepcionado, os olhos ficaram levemente vermelhos e ele se levantou em um átimo. Senti um arrepio percorrer o meu corpo com o olhar entristecido que ele me deu, eu estava o afastando? Eu o afastei? Me lembrei de todos os momentos que tive ao lado dele, e de como o conheci. Parecia tremendamente errado que eu tivesse feito isso, que eu quase tivesse o substituído em uma fase importante de sua vida. Mas isso parecia coisa demais para eu aguentar, eu já estava em meu limite e ver Klaus dessa forma fez uma nova espécie de dor se formar. Eu sentia uma culpa mortal e ela só aumentou mais ainda quando eu percebi que minhas memórias voltavam trazendo uma enxurrada de sensações.

Eu vivo aqui de joelhos

Enquanto eu tento fazer você ver que

Você é tudo que eu acho

Que eu preciso aqui no chão

Mas você não é nem meu amigo e nem meu camarada

No entanto eu não pareço poder deixar você partir

A única coisa que eu ainda sei

É que você me mantém pra baixo

— Estavam juntos? - apontou para nós dois e eu me afastei alguns centímetros de Elijah.

— Estávamos em um evento, fotografando. - falei baixo deixando minha câmera sobre uma mesinha.

— Claro. Elijah é agora o foco da sua nova vida. - neguei - Não? Eu quase não te sinto mais, a marca está diminuindo a cada dia que passa, eu estou sendo substituído pelo meu próprio irmão que está fazendo de tudo para tomar minha companheira de mim. - gritou exasperado.

— Não é nada disso Klaus. Você estava ocupado demais tentando pegar seu reino de volta que esqueceu que seu filho e sua companheira podem correr riscos por sua causa quando você os trouce para cá.

— É claro que você, o irmão bonzinho está aqui para colocar tudo em ordem - abriu os braços mostrando a sala destruída enquanto ria debochado - Se afaste da minha companheira, pare de tentar roubar o meu lugar. Era eu quem deveria estar lá hoje. Eu não quero ver daqui uns anos ela dizendo para você que te ama quando sou eu que tenho que ouvir isso. – ele apontou para ele de forma descontrolada.

— Então haja como quem quer isso. - Elijah foi para fora da casa e eu sabia que ele ainda estaria por perto.

Como somos uma bela família hein.

— Porque deixa que ele faça isso? É ele que você quer? - apontou para a porta.

— Não. Elijah é meu amigo.

— Ele não te vê assim.

— Para acontecer algo os dois tem que querer. E eu não quero, eu te amo Klaus.

— Ama? Ama? - riu jogando as correntes no chão - A sua marca está desaparecendo. Você sabe o que quer dizer. – considerei que isso talvez fosse uma leve vingança, afinal se a marca estava enfraquecendo por minha parte, significava que ele achava que tinha me perdido por completo.

Ele deveria ter enlouquecido completamente, era mais do que óbvio já que até seus quadros favoritos queimavam na lareira e as suas armaduras estavam completamente estraçalhadas. Em minha forma humana era praticamente impossível que eu se quer cogitasse sentir o que ele estava sentindo.

— Eu estou me protegendo.

— De que? Se protegendo de que? Eu sou tão horrível assim? Eu não sou gentil o suficiente? Eu não...

— O que quer que eu pense Niklaus? - gritei me aproximando - Você vai ter um filho com outra mulher! Isso muda absolutamente tudo, Hayley vai precisar de você, o seu filho vai precisar de você e eu fico onde nisso tudo? - o soquei diversas vezes enquanto ele me olhava chateado e furioso.- Onde eu vou ter espaço na sua vida? O seu reino já te dominou por completo, e você já se esqueceu de mim. Não me atende mais e quando faz isso me dispensa, se já é dessa forma... como vai ser daqui para frente. Você não me vê mais como sua companheira, nem como amiga ou protegida. Eu vim para cá para ser lançada a própria sorte, você mal lembra que eu existo. Eu deveria ter ficado em Mystic, de nada mudaria eu estar aqui ou lá. É como estar morta de qualquer forma. Onde eu fico nisso tudo?

Me mantém pra baixo

Você está em mim

Você está em mim

Em tudo

O soquei deixando as lágrimas caírem, Klaus só me segurou quando fui ao chão. Seus braços quentes me envolveram enquanto eu me desmanchava em lágrimas, ele me apertou suavemente e pude sentir suas lágrimas molharem o topo da minha cabeça. Respirei fundo tentando me acalmar e finalmente me permitir sentir o que ele estava sentindo nos últimos dias, a sensação de perda me dominou completamente enquanto eu tentava a sufocar sentindo meu peito doer, eu não era forte o bastante para aguentar o que ele estava aguentando. Se eu me permitisse sentir eu poderia ter um ataque e morrer. Meu corpo humano não aguentava tamanha dor, Niklaus estava perdendo a única pessoa que verdadeiramente o ama.

— É do meu lado que você fica. - sua voz saiu rouca - É comigo que você fica e é no meu coração que você está.

Algo sempre me trás de volta para você

Isso nunca demora muito

Eu me sentia esmagada, desde quando minha vida ficou agitada de um modo tão ruim? Eu esperava carros capotando, ataques vampiros. Isso sim é vida. Maldito contrato, maldito elo.

— Eu te amo. Eu não minto para você. Hayley é a mãe do meu filho, mas você é a minha rainha. Aqui tem espaço de sobra para você, só não odeie o meu filho.

Como odiar um bebê? Como odiar Klaus? Esse amor sobrenatural era intenso demais, forte demais. Eu nem conseguia me proteger dele. Eu aceitava Klaus e todo o seu pacote, o que vale é daqui para frente. Afinal eu sou uma Verona, não é esse tipo de coisa que vai me assustar.

— Eu não odeio. É uma parte de você. - sussurrei com a voz embargada.

— Então qual é o outro problema?

— Eu nunca poderia ter um filho seu. - enfiei o rosto em seu pescoço - Mas outra pode ter.

— Hayley foi atraída por bruxas. Por isso aconteceu. Eu não posso dar filhos a ninguém. - chorei mais ainda.

— Eu não poderia ter nem se você fosse humano.

— Eu sinto muito. Mas isso não me importa. Não é um problema e nunca foi para você.

— Ciúmes. - ele riu.

Eu não estava chorando por não ter um bebê, não credo... eu detesto criança, eu chorava por achar que eu não era o suficiente. Talvez eu não valesse essa devoção toda que ele tem por mim.

— Eu sabia. - se levantou me puxando junto - Que tal me mostrar as suas fotos? - tentou me distrair.

— Claro. - levantei correndo - Aqui... eu tirei várias fotos.

Me sentei ao lado dele e mostrei as fotos do evento, ele travou na minha foto ao lado de Elijah e eu me encolhi, sai da galeria e tirei uma foto nossa.

— Vou mandar revelar essa foto, preciso encher os porta- retratos.

Me vi encantada em como eu podia superar as coisas tão rápido, nem parecia que eu o deixei de lado por duas semanas. Na realidade eu me forçava a esquecer essas duas semanas.

— Você acha que o bebê vai sobreviver? - perguntei baixo.

— Sim. Até agora está tudo bem, acreditamos que vai viver.

— De quanto tempo ela está?

— Praticamente 3 meses. Não podemos levar ao médico, temos que fazer as contas. - passou a mão em meu cabelo - Como está no apartamento novo?

— Está bem. Nataniel é uma boa companhia até, quando fica quieto. Mas não sai da minha casa.

— Hum. - resmungou enciumado.

— Hum nada. Nik...

— Sim amor. - olhei seu peito e segurei o medalhão que eu havia deixado para ele - Meu primeiro, único e eterno. - ele repetiu as palavras com o seu sotaque maravilhoso.

Fechei os olhos me rendendo aos seus beijos. Eu amava Niklaus insanamente e eu ainda o faria passar muita raiva pelos seus atos impensados já pensou se ele pega uma DST? Arregalei os olhos e soquei o peito dele enquanto apontava meu dedo em sua cara.

— Você tem germes de mais de mil anos Niklaus! – ouvi Kol rir e vi que Niklaus praticamente leu minha mente.

— Eu tomo banho amor. – revirou os olhos.

— E desde quando banho resolve problemas com DST se fosse assim era fácil não é? Preciso achar um ginecologista urgente. – peguei seu celular e ele o pegou de volta jogando na parede.

— Pro quarto agora. – gritou desabotoando a jaqueta que usava – Você vai olhar bem de perto e vai me dizer se tem alguma coisa.

Nem seduz mais não é?

Corei de vergonha e ouvi Kol gargalhar estrondosamente pela casa.

Ai que horror.


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