Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 36
Caça aos amigos




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Eu estava meio ajeitadinha, mais do que o normal. Não suava nada no estilo " a cara de Estella" pois eu sabia que quando precisasse correr eu cairia de cara no chão, então optei pela calça jeans preta colada, camisa de botões de tecido fino e um tênis. Combinação nada a ver, mas eu sou assim.

Enfiei o punhal por de baixo da manga blusa e me aproximei para perto da única bruxa que eu havia achado no meio da mata, ela encarava o céu esperando que algum milagre acontecesse. E realmente aconteceu, depois de duas horas de viagem eu cheguei. Suspirei e cruzei os braços chamando a atenção dela.

– Estella? Uau, nossa você está muito diferente. - me olhou de cima a baixo.

– Estou aproveitando a oportunidade de ter uma duplicata na cidade. Dá pra ser duas caras assim, ninguém merece ficar sendo melosa vinte e quatro horas com aqueles Salvatores. Essa vida de boa menina está me cansando.- suspirei entrando completamente na personagem, eu nem sabia como era a personalidade de Estella, mas eu tinha que arriscar.

– Eu imagino que sim. Porque demorou tanto para entrar em contato? Vou tentar abrir o portal amanhã, sou uma das poucas bruxas que sobrou.

Opa.

– Poucas?- me fiz de desentendida.

– Sim. Apenas algumas poucas bruxas e lobisomens sobreviveram, foi um ataque de surpresa. Ele matou todos e acredito que não estava agindo sozinho.

– Refere-se a Klaus?- questionei, eu sabia muito bem quem eram os culpados.

– Sim.

– Bem. Vão ter que servir. - falei com descaso.

Moça não pergunte coisas difíceis. Sou uma usurpadora.

– Eu espero que sirva. Afinal você irá trazer um exército de vampiros sedentos de sangue, os quais você quer transformar em híbridos. Temos uma boa quantidade de vampiros para repor os que foram mortos, mas apenas quatro lobisomens.

– Vai servir. - então ela conhecia mesmo esse método de criar híbridos.

– Pelo menos para isso irão servir. Malditos Salvatores, Damon vai pagar por ter matado minha irmã. - a olhei atravessado, mas ela não percebeu.

– Todos vão.

– Não teremos mais problemas com os Mikalson? - me aproximei disfarçadamente.

– Não. Estão fora da cidade. - cruzei os braços escondendo o punhal na manga.

– Não se esqueça de pegar a duplicata. Ela é essencial para isso tudo.

– Já a tenho em minhas mãos.

– Lembro de você ter comentado que a vadia tinha desaparecido.

– Estava de baixo do meu nariz. Não precisei me esforçar muito, eles acharam ela facilmente. Aliás... a pedra de Ibis foi destruída.

– Você comentou isso. Eu não me esqueci. - ajeitou o cabelo - E sei que você já deu o seu jeito. Seja o que for, nós usaremos.

– Ótimo. - suspirei - Repasse. - fui autoritária.

– Amanhã a meia noite estaremos iniciando a sessão de magia, precisamos da duplicata. Vampiros, Lobisomens. E da pedra de Ibis... - deixei o punhal deslizar pela manga da minha blusa e segurei o cabo.

Enfiei o punhal em sua nuca e ela se curvou para frente, dei um passo até ficar de frente para seu rosto e então puxei um punhal até sua cabeça e ela caiu no chão. Vasculhei suas coisas e não encontrei nada demais, a não ser um mapa com a localização que eu precisava... os últimos aliados de Estella. Bem... agora faltava armar o plano.

Voltei para o carro que eu havia roubado e me jogando no banco do motorista, eu precisava chegar lá o mais rápido possível, me lembrei que Nataniel não estava muito próximo eu precisaria de sua ajuda. Suspirei balançando a cabeça e disquei o número de Enzo, eu sabia que ele não me entregaria.

Olá Dea... quanto tempo.

– Oi Enzo, preciso de sua ajuda. - liguei o carro.

– O que foi?

– Estou caçando bruxas e vampiros que entraram na cidade.

– Agora?

– Agora.

– São duas horas da manhã.

– Eu sei que horas são Enzo. - resmunguei - Acredito que vou precisar da sua ajuda para isso, acho que é um grupo bem grande e eu não posso esquecer que ainda sou humana. Vai me ajudar?

– Não acredito que tem coragem de me perguntar um absurdo dessas, é claro que vou. Me passe as coordenadas por mensagem.– desligou.

Sorri para o nada e mandei as coordenadas para ele.

~º~

Olhei o grupo de longe, Enzo estava demorando e eu já estava impaciente afinal os vigiava a pelos menos uma hora. Suspirei e vi uma cabeça se virar em minha direção, mas que merda. Fiz uma careta e escalei a árvore, assim que meu pé sumiu entre as folhas o vampiro apareceu no local anterior onde eu estava. Ele olhou para os lados e então desapareceu, eles estavam alertas, já sabiam que alguém os vigiava.

Fiz uma careta e voltei para o chão enquanto me movia entre as árvores aproveitando o vento para camuflar o barulho de meus passos, percebi que os vampiros haviam se dispersado deixando apenas duas bruxas e o pequeno grupo de lobisomens. Era bom que eu fosse rápida, eu nunca havia lutado contra um grupo tão grande estando sozinha.

Mexi no silenciador da arma e tombei para o lado enquanto avançava em direção ao grupo distraído, uma bruxa se virou para mim e eu atirei acertando o tiro bem em sua cabeça, ela caiu no chão e a outra bruxa me olhou sorrindo.

– Estella, qual é o problema? - continuei com a arma apontada em sua direção enquanto ela olhava para o corpo - Ela estava tramando contra nós?

Baixei um pouco a arma.

– Sim. - falei seca e o grupo continuava me encarando - Passou a sua localização para a duplicata.

Ela riu.

– Eu esperava isso dela. - continuei com o meu teatro sem saber como agir, perceber que ela me olhou atentamente e então seus olhos pararam no pequeno pedaço da tatuagem do elo - Você não é a Estella.

Ergui a arma de novo e quando fui disparar ela estourou em minha mão... mas como assim? Encarei o objeto chocada e a bruxa riu, senti a fúria me atingir e joguei a arma em sua cabeça a fazendo desmaiar. O primeiro lobisomem veio para cima de mim e eu soquei a sua jugular fazendo ele desabar no chão enquanto sufocava, desviei de um soco e de um choque e me lancei para uma árvore batendo de costas nela, baixei quando outro soco veio em direção ao meu rosto e escapei dos braços de um lobisomem enquanto esticava minha perna e usava toda a minha força para chutar o seu pescoço o lançando longe. Merda, Klaus fazia isso parecer tão fácil.

Puxei um lobisomem pelo braço e acertei uma cotovelada em sua nuca o desmaiando e então eu senti o grupo se aproximar, era cerca de seis vampiros que avançavam rapidamente em minha direção. Eu estava extremamente fudida. Comecei a desviar de socos, chutes e empurrões com uma velocidade muito maior do que com a qual eu estava acostumada, evitei bater em algum deles pois me atrasaria, eu precisava ser rápida antes que algum lobisomem acordasse, para minha sorte todos eram vampiros muito jovens.

Puxei dos vampiros pela cabeça e bati uma contra a outra enquanto desviava de um soco, peguei o meu punhal e enfiei na têmpora de um enquanto me afastava em direção a um rio, lembro de Jeremy ter comentado que vampiros tinham suas habilidades reduzidas em água corrente. Eu só esperava que o rio não fosse fundo, ou eu morreria de maneira estúpida. Um deles me chutou e eu puxei sua perna o derrubando no chão, aproveitei para me abaixar fugindo de um chute e enfiei o punhal em sua cabeça e depois enfiei no braço de outro vampiro que tentou me socar, puxei o punhal rasgando todo o seu braço e saltei para trás fugindo de outra mão. Eu não tinha tempo para os matar então o máximo que podia fazer era os desnortear ou desacordar.

Respirei aliviada quando vi Alaric e Enzo aparecerem arrancando corações e enfiando estacas nos vampiros, me joguei em cima de Alaric sendo abraçada e olhei para um Enzo sorridente.

– Desculpe a demora Dea.

– Tenho que dar crédito a Niklaus e Elijah, eles te treinaram muito bem.- Alaric começou a matar alguns vampiros que estavam desacordados.

– Vai fazer aquela parada dos híbridos lá? - apontou para dois lobisomens desacordado, o outro havia morrido sufocado graças ao meu soco.

– Sim, me ajude Enzo. - apontei a fogueira apagada para ele e peguei a tigela de alumínio cheia de água, joguei no chão e coletei o sangue necessário e lancei meu anel lá dentro.

– Um grupo grande Sage. - Alaric olhou para o corpo da bruxa baleada.

– Eu não sabia que sabia manusear uma arma.

– Eu pesquisei na internet enquanto vinha para cá, as bruxas tinham que morrer primeiro, elas sim eram um problema.- limpei minhas mãos sujas de sangue em minha calça.

– Inteligente. - comentou se sentando ao meu lado- Não está mais morando em Mystic? - me olhou atentamente.

– Não. - sussurrei tampando o rosto com as mãos.

– Sage você está bem? - me virei vendo seus olhos preocupados.

Dei um sorriso fraco para ele.

– Sim, estou fazendo o que tenho que fazer. - falei baixo.

~º~

– Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. Nataniel! - briguei.

Desculpe gatinha, mas você poderia ter me falado isso. - resmungou.

– Eu teria dito se você tivesse me avisado que estaria em uma cidade a seis dias de distância, com a maldita!

Olha só, não me mete nisso. - Katherine gritou.

– Ah. Merda. - praguejei.

E vai fazer o que bonitinha? Não pode esperar?

– Claro que não.

Olha lá o que vai aprontar pra cima dessa maldita, ela já se tocou que o estoque de bruxas dela acabou e pelo que pude perceber ela é bem mais velha que seus amigos.

– Eu já tinha percebido. -resmunguei - Preciso desligar. Tenho pouco tempo para resolver isso. E já está tarde.

Ótimo branquela. Vai lá. Não sei como não reparou que estamos sumidos a dias, se dependesse de você e estivéssemos mortos não seriamos encontrados nunca.

– Estou bronzeada. - dei o dedo do meio pra parede já que ele não podia ver.

Cuidado peste. Se eu achar que você vai fazer uma merda eu ligo até para o presidente.– revirei os olhos.

– Se nem vampiros e lobisomens podem me parar... você acha que o exército pode? Por favor não é? - ele só poderia estar me zoando, Nataniel estava visivelmente mal humorado.

Que seja. - desligou na minha cara.

Bufei e mexi na agenda logo achando o número da loira, comecei a mexer no armário procurando as estacas, não levaria o arco. Levaria uma das bestas de Nataniel, se eu quebrar... tsc.

– Oi loira. - saudei.

– O que... Sage? Sabe que horas são? Até Klaus está dormindo. - rolei os olhos.

– Não faço ideia de que horas sejam ai, mas aqui são 18 horas, perdi um tempo danado esperando o maldito de Natie voltar para casa... - resmunguei - Na realidade ai também não é 18 horas? Pelo que sei você não está em outra país Bekah vadia. - ri imaginando a cara de ódio dela.

Precisa de algo? Está com algum problema?- Percebi que ela estava mais desperta.

– Preciso sim. Quero que ligue para Elena ou Caroline.

E porque eu faria isso? –sua voz saiu abafada.

– Pra ajudar uma amiga? Sério Bekah.

O que tenho que dizer?

– Diga que eu resolvi ir para New Orleans, mas que eu não cheguei ainda.

Tá... mas... o que significa isso? Dá para explicar?

– Tem como manter isso longe dos ouvidos de Niklaus? Só diga que eu decidi ir para ai... que meu voo chegou a quatro horas atrás, mas eu não estava nele. Diga para eles me procuraram pois a empresa disse que eu não peguei nenhum voo... não embarquei. Finja estar tremendamente preocupada e diga que... sei-la... diga que precisa de todos eles me procurando no aeroporto.

E se eles não quiserem?

– Diga que o elo vai acabar e que Niklaus tem carta branca para matar todos. - falei seca.

E se não acreditarem?

– Façam acreditar Rebekah. - aumentei o tom de voz.

O que está acontecendo? Você vai enfrentar ela sozinha?– Rebekah falou alto e ouvi uma porta bater.

É ela? – a voz de Elijah soou.

– Sim. Ela está falando umas coisas muito estranhas. Sobre Katherine. Você sabe como a vadia é.

Bekah heroína. Obrigada.

Entendo. Alguma novidade sobre o mundo dos mortos? – Elijah falou comigo.

– Ei Elijah. Não muitos pra ser sincera, mas sabe a pedra de Ibis?

A pedra dos mortos? – perguntou confuso.

– Parece haver mais de uma. E parece que Estella sabe sobre essa pedra. - fiz um rabo de cavalo.

– Tem certeza? – sua voz estava muito séria.

– Absoluta. E a vadia precisa de uma duplicata e uma bruxa. Eu matei as restantes. Elas viajavam separadas.

– Muito bom. Mas sabe o que isso significa não é?– vesti a calça legging preta.

– Na realidade não.

– Bonnie. - parei.

– Droga. - resmunguei.

Katherine está por ai?

– Não. - merda vadia, viajou logo agora?

– Então fique atenta, ela pode tentar algo contra você.

– Entendo.

E quando vai ocorrer essa tentativa de abrir o portal?

– Logo. Em noite de lua cheia. - deixei escapar.

– Sage... - ouvi ele mudar de ambiente – Hoje é lua cheia. Não saia de casa.

– Não vou Elijah. - revirei os olhos.

– Descobriu algo mais?

– Vampiros são alimentos. Assim como lobisomens.

Alimentos?

– Sim. Para outros vampiros.

Não entendi. – pareceu confuso.

– Já ouviu a história de Ibis?

Sim... mas... é impossível que ela faça isso. Niklaus tentou várias vezes e nunca conseguiu.

–Não é impossível. Pelo que Nataniel me disse, a transformação só é possível caso a pessoa passe por uma dor psicológica muito forte. Assim o corpo trabalhará de uma forma melhor para responder a transformação. Afinal... segundo o livro é preciso renascer para iniciar uma nova vida.

– Entendo. Você fez um trabalho maravilhoso Sage. Estamos orgulhosos. - percebi que ele sorria.

– Eu sei. - sorri.

Não faça nada errado.

– Não irei. Pode passar para a Bekah?

Oh claro. Até logo.

– Até.

Eu farei. - a loira avisou antes de desligar na minha cara.

Bekah heroína. Saltitei e calcei as botas, vesti minha blusa preta de algodão e coloquei o coldre com as estacas, peguei a besta e me senti uma Croft. Agora era só esperar o retorno de Bekah.

Meu celular tocou e eu vi o nome de Nataniel. Atendi revirando os olhos.

– Oi?

Em casa?

– Claro né. - ouvi ruídos ao fundo.

Cara... vai realmente acontecer algo. O céu está limpo, mas tem algo muito estranho aqui. Está ventando muito forte.

– Imagino. - andei até a janela e vi quando uma árvore média foi arrancada pelo vento - Acha que tem a ver?

Completamente. Só pelo fato de ser lua cheia já ajuda. Vocês não precisaram disso para trazer ela.

– É porque era só uma. Não um exército.

Espera... você não me falou dessa parte. – seu tom de voz mudou.

– Esqueci ne? Você não cala a boca pra me ouvir. - briguei.

Eu... - resmungou– Não saia de casa. Se sair eu vou saber.

– Merda! - gritei irritada quando uma árvore caiu na porta de casa bloqueando minha saída.

Espero que seja o que eu pensei.

Deve ser.

Desliguei e observei o local com desgosto. Fui para a porta dos fundos e vi que estava limpa. Olhei o visor do celular esperando Bekah me avisar para sair, mas pelo jeito... bufei e me sentei no sofá. Logo milhares de mensagens começaram a chegar junto de chamadas, esperei por um breve momento até ver o nome de Bekah.

Já fiz. Cuidado. Se eu não tiver noticias sua até amanhã eu conto para Klaus.

– Tudo bem.

Desliguei e vi uma mensagem de Nataniel. " Estamos voltando" Droga!

Abri a porta com força e corri para fora quase sendo carregada pelo vento, fui até a garagem e agradeci por Klaus não ter destruído minha moto. Subi nela e dei a partida indo em direção a mansão, no meio do caminho tive um vislumbre do carro azul de Damon passando por uma rua seguido pelo de Caroline. Acelerei mais ainda esperando que eles não voltassem ou que, pelo menos, todos tivessem ido, não era difícil imaginar que a vadia teria ficado em casa, ninguém iria querer que eu começasse uma briga com ela caso me encontrassem.

A mansão era bem afastada da casa de Nataniel, o que me faria demorar um pequeno tempo até chegar lá. Eu sentia que algo estava para dar muito errado.

Eu poderia muito bem dizer que estava indo para a mansão exterminar um a vampira por causa do perigo que ela representava tranendo mortos, mas não era por isso que eu queria a matar. Mesmo muito chateada eu estava com medo por aqueles meus amigos. Eu amava Caroline, Elena, Stefan e Damon e não poderia deixar nada vivo que representasse uma ameaça para suas vidas, mesmo que a minha fosse embora no lugar. E admito, eu estava louca para me vingar e matar essa maldita usurpadora. Ela veria que eu não sou o tipo de pessoa que se brinca, engana e muito menos tenta manipular, Estella pagaria muito caro por se quer pensar em virar todos contra mim, mesmo que eles possivelmente não me considerassem uma amiga a esse momento. Mesmo que tivessem ido apenas por serem ameaçados por Rebekah, eu não conseguia odiar eles.

Desviei de uma árvore no exato momento em que ela caia no chão, acelerei desviando dos cabos de energia que caiam e dos postes que tinham suas lâmpadas estouradas. As ruas estavam completamente escuras e abandonadas, não havia se quer pessoas olhando pelas janelas de suas casas.

Parei a moto em frente a mansão e desci com dificuldade por causa do vento, não tentei ser discreta e nem furtiva. A vadia já sabia que eu estava ali, eu prometi a matar e faria isso e ela sabia, assim como sabia que eu era a responsável por acabar com o seu grupinho maldito.

– Olha só. - falei quando a vi na sala de estar - Você consegue ser bem ridícula quando quer.

– Garota você não tem medo da morte? - se virou para mim ajeitando o longo cabelo.

– Achei que já tivesse ficado bem claro que eu não tenho medo de nada. - tombei a cabeça para o lado.

Joguei a besta no sofá e me mantive em pé a olhando.

– Talvez de perder os amigos. - deu um sorriso de lado e então eu percebi que Bonnie estava ao seu lado.

A morena me olhava com medo, estava evidentemente tensa e tentava se controlar ao máximo, eu soube imediatamente que seus poderes não eram o suficiente para ela ter uma chance de fugir da vampira sozinha.

– Brincando de aterrorizar criancinhas Estella?

Ela estava puta da vida, poderia arriscar que em todos os seus sabe-se lá quantos anos, ela nunca odiara alguém tanto quanto eu.

– Eu duvidava muito que duplicatas caçassem bruxas e vampiros. Afinal eu conheci poucas, mas elas eram alheias a isso e quando vi Katherine como uma vampira eu achei que estava certa, mas pelo visto eu não estava.

– Acontece muito. As pessoas se enganam não é? Acredito que eu duvidei muito que pudesse chegar a esse nível. E acredite, eu só estou treinando a pouco mais de dois meses. Imagine o que posso fazer em anos. - caminhei lentamente - Quem você realmente é Estella? Qual o motivo para criar híbridos? O que quer com os Salvatores e meus amigos?

– Junte-se a nós Damon, você merece explicações. - Damon e Matt vieram pelo corredor.

Damon usava sua mesma expressão de sempre, mas não me encarava nos olhos. Mantinha os olhos fixos em Estella.

– Sou Estella Fuzer. Uma vampira de 420 anos. - Damon estava cético acreditando que era apenas uma pegadinha - Eu me transformei aos 25 anos, meu noivo foi o responsável. Devo admitir que foi terrível, eu matei todos os meus irmão a sangue frio, mas não me importei com isso.Eu estava completamente descontrolada com tudo isso, eu havia desligado minha humanidade... mas conheci um camponês que digamos assim; me trouce de volta - riu revirando os olhos - E eu me apaixonei muito por ele. E então eu comecei a me lembrar das coisas que fiz a minha família e fiquei muito arrependida, conhecer Anellise me fez ficar mais triste ainda... afinal o relacionamento dela com seus irmãos era invejável. Se eu soubesse para que servia uma duplicata... eu nunca teria deixado as coisas terminarem da forma errada.

– Se você soubesse você teria usado ela para trazer seus irmãos de volta. - afirmei.

– Exato. Eu não sabia se usar Katherine seria suficiente, afinal ela era uma vampira e eu precisava de uma duplicata humana. Bem... continuando... eu pensei em tomar o lugar de Anellise, afinal os Salvatores tinham muito contatos com bruxas e o papai Salvatore tinha pesquisas muito boas devo admitir. Foi através dos livros que consegui a pedra...

– Foi destruída. - a voz de Bonnie saiu dura.

– Eu não contaria com isso. Eu a dividi. Um pedaço você destruiu e o outro sempre ficou comigo... até Stefan entregar para aquela ali.

Ela apontou em direção a mim e eu sorri. O bracelete real havia explodido em minha casa e o que ela segurava com tanta força era apenas um falso.

– Os Salvatores iriam servir para a transformação dos meus híbridos... você sabe não é? As bruxas recrutaram vampiros e lobisomens pois acreditavam que eu traria quem elas quisessem de volta, alguém que as protegeria durante o ataque que Esther vem planejando.

– Quer dizer que estão juntando pessoas contra Esther também?

– Sim. E contra Niklaus também, acho que você já ouviu por ai que toda guerra acontece por poder. Ele não me quis como sua rainha. - inclinou a cabeça - Nada mais justo.

– O que tem os lobisomens e vampiros? - Matt se pronunciou.

– Sangue de vampiro e lobisomem morto é igual a híbridos.

Eles ficaram confusos, mas preferiram não perguntar nada. Damon estava pálido.

– Então quer ser rainha? - perguntei duramente.

– Exato.

– Sinto lhe dizer... mas a vaga já foi preenchida. - ela me encarou com ódio.

– Cadê Anellise? - Damon questionou - Onde está minha irmã?

– Ah Damon. Sinto muito mesmo... ainda não reparou? Nem se quisesse ela voltaria, troquei de lugar com sua irmã mesmo eu aparentando ser anos mais velha e você nem se tocou. Acho que não se importa a tal ponto não é? Afinal nem se deu conta que a irmã não estava mais ali... por quanto tempo aliás? Até porque demorou um certo tempo para nosso papai nos matar não é? E nesse tempo todo você nunca reparou que sua irmã nem existia mais.

– Onde está?

– Anellise está morta. Virou pó. - debochou - Eu a queimei. Viva. Enquanto você brincava de pique pega com Katherine e Stefan.

Damon inflou, ficou vermelho e a atacou sendo lançado longe. A maldita riu enquanto ele se levantava e me dava um olhar de tristeza, me senti mal por ele. Talvez ele tivesse se importado, mas não soubesse o suficiente na época, talvez ele soubesse e não tivesse acreditado pois era doloroso demais acreditar que a irmã que tanto amava estava morta enquanto ele estava preocupado com outras coisas. Deveria ser uma dor terrível.

– Vocês não irão me parar. - riu - Eu já fui longe demais. Não tenho mais tempo para brincadeiras.

– E vai fazer o que? Me forçar a segurar uma pedra? - ri dela, patética.

– Eu não tenho os corpos aqui pequena. Então o único jeito é matar a duplicata e enfiar a pedra dentro do coração dela. E ai... eles vão sair por você.

– Sair de onde? - me preocupei um pouco.

Qual a idade dos irmãos dela? Será que? Urgh.

Ela rolou os olhos e Damon me olhou de novo. Ele perderia o reflexo da irmã se eu morresse, ele não teria mais para quem olhar e se confortar. Tenho certeza que era assim como ele me via, como sua irmã. Não como Sage, mas sim como Anellise, mesmo que eu não fosse a cópia dela.

– Me desculpe por tudo. - ele me deu um olhar triste - Eu nunca te vi como uma substituta Bird. Você é muito diferente de quem Anellise foi, não é nada parecida com ela. Não tem como imaginar que você é ela, vocês são únicas. São parecidas, mas não iguais. Eu sinto muito. - sussurrou - Você não vai morrer hoje. Enquanto eu estiver por perto... minha irmã nunca vai morrer. Eu falhei com uma e não irei falhar com a outra.

Reprimi a vontade de chorar e deixei apenas uma lágrima escorrer, pelo canto do olho vi que Estella segurava uma outra pedra. Essa era vermelha e opaca. Me recompus e olhei para minha inimiga, era visível que ela estava um pouco receosa.

Bonnie correu para nós e Estella se lançou contra ela, Damon interceptou e foi lançado para perto da lareira, nesses segundos eu já estava perto dela chutando sua canela, dando uma cotovelada em sua costela outra no rosto e outra na nuca. Chutei seu rosto e a cabeça dela pendeu para trás, me aproximei com a estaca e tentei enfiar em seu peito, mas ela bateu em minha mão e a estaca foi para baixo entrando em seu estômago. Ela bateu com o braço em meu rosto me lançando para a parede e arremessou a estaca de seu estômago na direção meu rosto, Damon a pegou e lançou de volta em sua direção acertando seu ombro.

Ela chutou a mesa de centro em nossa direção tentando nos atacar de surpresa, desviei da mesa que se quebrou ao bater na parede e esperei ela se aproximar correndo para me levantar enquanto socava seu queixo de baixo para cima. Agarrei seu cabelo e puxei sua cabeça até meu quadril e enfiei meu punhal em sua garganta, iria decepar sua cabeça, mas ela segurou minha perna e a puxou com força me fazendo cair no chão. Tentou pisar em meu rosto, porém Damon se lançou contra ela a jogando do outro lado do cômodo e a mordendo no pescoço arrancando um grande pedaço de carne, ela o chutou no estômago e veio para cima de mim. Matt a acertou no ombro esquerdo com uma estaca e eu me preparei para dar um soco fatal, puxei meu braço para trás e o lancei com toda a minha força em seu peito quebrando alguns ossos de sua costela e agarrei seu coração.

Tentei puxar seu coração, mas ela enfiou a mão em meu estômago. Senti a carne ser rasgada e todo o meu corpo queimou de dor, reprimi um grito mordendo os lábios e soltei seu peito me afastando. Minha visão começava a ficar turva e eu estava a ponto de perder a consciência, eu não bebia sangue de vampiro a muito tempo e isso retardava a cura. Fui até o sofá e peguei a besta, minha visão estava escurecida e eu temia acertar Damon ou Matt.

Bonnie estava em um canto muito concentrada, Damon lançava o corpo de Estella para todos os lados, eu sentia que a vampira estava ficando tão desnorteada quanto eu. Ela gritou terrivelmente quando Damon lhe deu um chute na costela com força, pude ouvir o som de vários ossos se partindo enquanto ela se desesperava. Seu corpo caiu mole e eu percebi que Damon não havia certado as costelas e sim a coluna, Matt se moveu tentando a acertar, porém ela era muito forte e se recuperou rápido demais. Deu um chute no rosto do loiro que caiu aos seus pés e pegou Damon segurando um de seus braços e sua cabeça e aproximou da lareira. E logo ela começou a gritar, mas não soltava Damon. Olhei para Bonnie e vi que ela encarava Estella em fúria, a morena estava a atacando mentalmente.

Vi a chance e atirei. A estaca acertou o lado esquerdo de suas costas a atravessando. Sucesso, acertei o coração. Ela se virou para mim enquanto veias se sobressaiam, sua pele ficando de um azul acinzentado.

– Eu disse que eu ia te matar. - ela riu.

– Espero que seja esperta o suficiente. Tic tac, são três por um.

A olhamos confusos e então ela segurou a pedra vermelha que eu havia visto antes. A pedra brilhou em sua mão e então a vampira desabou no chão e Damon, Bonnie e Matt foram juntos com ela. Fiquei confusa e corri na direção deles, peguei a pedra e a coloquei em meu pequeno bolso na calça sabendo que provavelmente aquilo era o responsável, sacudi Damon com força. Cutuquei Bonnie e bati em Matt, mas nenhum deles acordava. Olhei para Estella e vi metade do seu corpo queimando na lareira, voltei a balançar Damon e sinceramente só estava aliviada pois ele ainda respirava e não estava se decompondo.

– Sage... - ergui os olhos vendo um Stefan surpreso, seus olhos lotados de lágrimas - O que você fez?

– Stefan...

– Você matou os meus irmãos. - sussurrou ficando pálido.

– Não matei. - me levantei - Foi Estella. Damon está vivo, e quando acordar vai te responder. Olhe. - sai de perto do corpo.

Stefan correu para o corpo enquanto Elena, Caroline, Enzo, Jeremy, Alaric entravam.

– Porque ele não acorda? -perguntou com a voz embargada.

– Eu não sei. Foi um feitiço.

– De quem? - me olhou acusatoriamente.

– Estella.

– Estella não existe. Aquela era Anellise Salvatore, minha irmã, melhor amiga. Minha família. - gritou se levantando em fúria.

– Stefan deve ter alguma explicação para isso... - Elena começou, mas ele a parou imediatamente.

– Você ultrapassou todos os limites Sage.. - Enzo me puxou para longe.

– Stefan se acalme. Logo eles devem acordar e nos contar...

– Minha irmãzinha... de novo... ninguém mata a minha família e sai impune disso. - Stefan me olhava em fúria, estava completamente louvo.

Seu olhar era infinitamente pior do que quando ele se descontrolou bebendo meu sangue. Me perguntei se esse foi o mesmo olhar que eu dei quando me senti traída, eu estava arrependida quando na verdade fiz a coisa certa.

– Sage... eu te odeio com todas as minhas forças. - ele lançou um pedaço de vidro em minha direção e o logo depois lançou outro com mais força em direção ao primeiro, eles se chocaram e explodiram com a força acertando meu corpo em todos os locais.

Vi Alaric correr em direção a ele o segurando enquanto eu desabava no chão com as pernas trêmulas. Enzo me puxou com força e se sentou na moto, sentei atrás e passei a chave para ele que acelerou a moto ao máximo. Enzo desviava dos carros das árvores caídas, uma fina chuva caia sobre a cidade e não havia mais o vento forte. Antes que eu pudesse se quer respirar de alívio a imagem de Stefan surgiu no meio da estrada fazendo Enzo perder o controle da moto e nos arremessar a uma longa distância do local.

Meu corpo bateu contra o asfalto molhado por várias vezes enquanto era arrastado pelo caminho. Fiquei virada para cima sentindo todo o meu corpo dolorido queimando pela pele arrancada, com toda certeza eu havia quebrado minhas costelas e a perna esquerda, eu mal conseguia me mexer, a pancada havia sido muito violenta. Tentei me arrastar, mas a dor insuportável me manteve no chão e logo Stefan estava ajoelhado ao meu lado enfiando a mão no buraco que Anellise havia feito em meu estômago.

Meu tronco inteiro doeu e eu berrei pela invasão, era terrível ter sua pele dilacerada. Gritei mais ainda quando ele pareceu encostar em algo.

– Eu vou terminar o que ela começou.

– Stefan... Não... - caiam lágrimas de meus olhos de forma desenfreada.

Stefan foi alvejado com várias estacas de madeira pelo corpo, nenhuma acertando o coração. Respirei com alívio quando ele caiu retirando a mão, logo eu estava nos braços de Alaric e não precisei dizer nada, ele me levou para casa de Nataniel.

– Eu tenho sangue de Elijah. - avisei na varanda - Só Nataniel pode deixar você entrar. - avisei com a garganta seca.

– O que aconteceu? - me olhou atentamente.

– Eles caíram em uma espécie de sono, lutamos contra Estella. - sussurrei.

– Tem certeza que não era Anellise?

– Absoluta. - me encostei na parede - Estella tomou o lugar dela para ter acesso a biblioteca dos Salvatores e a pedra de Ibis. Ela queria os irmão de volta... sei que não acredita em mim...

– Acredito. Mas aqui não é o melhor lugar para você agora, Stefan vai te caçar. Sugiro que saia da cidade o mais rápido possível e não vá para Klaus, ele vai te caçar lá. - acenei com a cabeça e entrei na casa mantendo as luzes desligadas.

Fechei as cortinas e deitei no sofá, acendi a fraca luz do abajur e tirei a camiseta olhando o estrago. Havia um buraco imenso em meu estômago que não sangrava mais, mas encontrava dificuldades para se fechar, toquei as costelas com as pontas do dedo e descobri que iriam demorar para se curar, a perna apenas doía como se eu tivesse apenas torcido. Meus olhos giraram e um fino suor correu pelo meu rosto, meus lábios estavam secos.

O telefone vibrou em baixo de mim e eu soube que era Klaus tentando falar comigo, senti que ele estava uma pilha de nervos. Provavelmente ele sentiu toda a minha luta e deveria imaginar que eu estava inconsciente ou morta, peguei o celular com dificuldade e revirei os olhos quando vi que era uma chamada de video.

Aceitei e vi a feição preocupada dele se tornar, choque, horror, pavor e ódio.

O que aconteceu? – falou pausadamente.

–Fui atacada por um dos vampiros que rondavam aqui, fui comer pizza. - avisei.

Elijah não mandou você ficar em casa?

– Elijah não manda em mim. Acabou a comida e Nataniel está em uma viagem com a vadia.

E os outros?

– Nik eu fiz merda. - sussurrei com a voz trêmula.

O que foi?

– Eu acho que eu matei Damon, Bonnie e Matt. - sussurrei.

O que? – ele me olhava chocado.

– Eles caíram em um feitiço de Anellise.

Como sabe disso?

– Eu vi. - sussurrei.

Por que acho que você está me escondendo algo? – ele estava tenso.

– Veremos isso depois Nik. Eu contarei, juro. Mas fique despreocupado em relação a abertura do mundo dos mortos. Ela não queria isso, só queria trazer uma quantidade limitada de pessoas. Era um feitiço bem específico, abriria apenas para uns 3 ou 4.

– Então não deu certo? O portal foi fechado?

– Exatamente. - murmurei cansada.

O que ela tinha que ter?

– A duplicata humana e um pedaço da pedra de Ibis. Ela rinha divido a pedra em duas... e sem saber eu estava com a outra metade, que foi destruída quando eu explodi minha casa.

– Ótimo amor. Bom trabalho, o quão grave foi o ferimento? Não pode pedir ajuda?

– Tenho sangue de Elijah. Hum... - mostrei o buraco pela câmera - Não doí mais.

Vi ele respirar fundo várias vezes. O sangue parecia não ser o suficiente, era um buraco imenso e eu duvido que algum vampiro tenha conseguido se transformar dessa forma.

– Venha essa semana para cá. Deixarei tudo pronto.

– Sim Klaus. - desliguei o celular.

Decreto estado de emergência. Fiz merda.

Uma nova fase de minha vida se inicia, Stefan... meu melhor amigo, definitivamente quer me matar. Olhei meu estômago aberto e dei um sorrisinho apesar das merdas. Deus, eu fiz um serviço e tanto.

E já estou pronta para mais.

Fim da 2ª Temporada


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Notas finais do capítulo

Acaboou, fim da segunda temporada. Olha o problema ai, Sage indo viajar e se preparando para conseguir mais inimigos ainda. Isso é claro... se Stefan não a pegar antes.



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