Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 33
Grande drama




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Eu estava até um pouco chocada, admito. Klaus acreditou. Ele me ouviu, mas disse que precisava ser discreto. E ele não foi muito, na realidade ele matou todos os vampiros e bruxas que chegaram em Mystic Fells. E claro, ganhamos uma boa quantidade de lobisomens. Cerca de 8, mas já era bastante.

Desci do carro com Elijah e segui em direção a Rebekah que estava fantasiada de fada, suspirei ajeitando minhas fantasia de pirata e dei um aceno para Kol que estava dentro do mercadinho dando cantadas na funcionaria, revirei os olhos e voltei a olhar para Rebekah.

– Eu estou verdadeiramente surpresa que você conheça um pouco da palavra decência Sage. – me provocou e eu revirei os olhos.

– E eu estou verdadeiramente surpresa que você não saiba quando é a hora de calar a boca Rebekah. – me pendurei no pescoço dela e a guiei até o grupo de pessoas que ia em direção ao festival.

– Nik avisou que virá apenas mais tarde Sage. – me avisou – Alias daqui a alguns dias eu estarei indo embora de Mystic, Klaus vai precisar de mim em New Orleans por um tempo.

– Quer dizer que ele achou desnecessário ir atrás de você como se fosse sua babá, parece que existe algo evoluindo aqui hein. – comentei soltando seu pescoço e pegando uma garrafa ainda lacrada que estava erguida para cima.

– Apenas impressão sua, Niklaus está mais controlador do que nunca agora que parece que tudo está fugindo das mãos dele. Ele simplesmente está sem opções, achou que seria melhor nós lá do que aqui com você. – eu imaginava muito bem quais eram os motivos.

– Não faça nenhum besteira por lá Rebekah, não podemos perder aquele reino. – a olhei séria e percebi que Rebekah me encarava de uma maneira muito estranha, como se estivesse tramando algo – Se você fizer algo que prejudique os meus amigos ou a Niklaus eu vou esquecer que temos um elo e vou acabar com você. – ameacei e Elijah me puxou para longe dela.

– Não seja tão dura com Rebekah Sage, ela não fará absolutamente nada que prejudique a ela. Se algo acontecer a Niklaus sabemos muito bem que isso pode nos causar problemas, não só com ele, mas com os reinos vizinhos.

– Será que sabe mesmo Elijah? Eu não gostei do olhar dela. – ele riu e tocou meu rosto.

– Não se preocupe com coisas desnecessárias, o reino é o menos de nossos problemas agora. – percebi que ele me encarava de forma extremamente séria, senti o seu cheiro suave e balancei a cabeça, Elijah estava se aproximando perigosamente de mim nos últimos dias visto que Klaus me deixara de lado e o moreno praticamente se tornara meu guardião.

– Tudo bem, eu não irei me preocupar com isso. – tirei sua mão de meus rosto e a segurei abrindo um sorriso tranquilo para ele, mesmo que eu estivesse desconfortável com a sua atitude – Acho que temos uma festa para curtir. – ele sorriu em resposta.

Senti meu braço ser puxado e vi Elena, ela deu um sorriso fraco para Elijah e me arrastou para longe no meio da multidão. Notei que o moreno continuou parado nos observando de longe acima de todas as pessoas que estavam no local, passei a olhar para frente. E então paramos no meio dos jovens de frente para Caroline.

– A quanto tempo não nos juntávamos assim. – me abraçou e eu sorri para ela.

– É. – comentei cabisbaixa.

– O que foi Sage?

– Nada. – sei um sorriso pequeno.

– É sua memória.

– Algo assim, eu estou escrevendo em um diário, para não esquecer. – abri um sorriso pequeno.

– Eu entendo. – suspirou desanimada – Nós vamos acabar com isso, Stefan está buscando uma solução.

– Eu sei que sim.

– Fiz bem em te tirar de lá? – Elena me questionou – Eu não tenho nada contra Elijah, de forma alguma, mas acredito que você estava sem conseguir uma maneira de escapar dele, ele realmente não desistiu de você.

Abri um sorriso pequeno e dei de ombros.

– Eu quero é fazer merda, não ficar aqui lamentando.- coloquei meus dois braços sobre os ombros delas – Isso é uma festa.

Bonnie surgiu dançando ao lado de Jeremy, comecei a dançar no meio de minhas amigas e acabei derrubando um cara e pisando em cima dele, me afastei correndo e fui em direção ao bar e pedi uma bebida com intenção de me refrescar, eu estava morrendo de calor. Me abanei olhando o refrigerador e escolhi um suco de laranja, abri a garrafa e olhei em direção a multidão que dançava de forma animada. Todos com todo o tipo de fantasia possíveis, dei um aceno para Matt e Enzo que conversavam em um canto mais afastado. Fiz cara feia quando vi Anellise e agarrei uma latinha de coca cola fechada ao meu lado, sorri em aprovação ao ver que a bebida estava congelada.

Respirei fundo e sorri lançando a latinha com toda a minha força, ela acertou a cabeça da vampira que caiu com o impacto, a latinha estourou lançando refrigerante para todos os lados e eu me virei rapidamente tentando não ser vista por ela, Anellise não deveria estar em minha festa. Me virei e soltei um murmúrio de surpresa ao ver Damon atrás de mim com um copo de bebida me olhando curiosamente.

– Tudo bem Bird? Está pálida. – apertou minha bochecha e se inclinou sobre mim – Eu deveria te bater por ter tentado matar minha irmã com uma latinha. – sorriu – Mas você é muito bonitinha estando toda ciumenta. – zombou e eu rolei os olhos.

– Não estou com ciúmes Damon.

Enzo surgiu colocando um braço sobre meus ombros e eu suei devido ao seu corpo quente.

– Você realmente já foi mais agradável. – Caroline me deu uma bronca se divertindo com minha cara de raiva.

– Se não calar a boca eu vou estourar esse bar inteiro em vocês. – eles riram e Elena se sentou ao meu lado.

– Pelo menos a festa está boa. – comentou ajeitando sua fantasia de policial, percebi que ela tentava evitar uma discussão entre o grupo.

– Eu me diverti mais na outra. – balancei o corpo no ritmo da música – Aqui está desanimado hoje.

–É por que você não está empenhada em arrumar confusão.

– Talvez. – resmunguei ajeitando a saia.

Comecei a desmontar toda a fantasia, dobrei as mangas e abri os botões, retirei o lenço de minha cabeça e deixei a camisa cair pelos meus ombros. Eu estava morta de calor. Não podia ficar pior.

Meia hora depois eu estava dentro do refrigerador iluminado olhando o público dançar de forma animada, eu me sentia em chamas e me questionava qual era o motivo para isso estar acontecendo, mordi os lábios ao ver minha visão ficar turva e finalmente percebi que eu havia sido drogada. Olhei minha blusa encharcada de água que eu joguei sobre mim para me refrescar e vi que mesmo o termostato mostrando – 23º eu ainda queimava, tive medo de ter sido envenenada.

– Senhorita vou ter que pedir que saia. – o barman avisou.

– Sou sua assistente hoje. – olhei o amontoado de bebidas – Qual você quer? Refri? Cerveja? Suco. – vasculhei as garrafas e peguei um colorida – Eu aconselho esse energético.

– Deixe que eu levo ela. – a voz de Anellise surgiu – É minha irmã gêmea. – explicou me tirando de dentro do refrigerador.

– É sequestro! – gritei e senti ela puxar meu cabelo.

Me desvencilhei de seus braços e quase cai, ela me pegou de novo passando meu braço pelo seu pescoço, aproveitei e a puxei para mim a enforcando, mas era obvio que ela fugiria, eu estava completamente drogada. Ela se soltou e quando estava prestes a me colocar em um carro senti meu corpo ser puxado e senti o perfume de Nik, ele provavelmente sentiu que eu precisava dele.

– O que quer com ela Anellise? – ouvi sua voz baixa e debochada.

– Apenas ajudar.

– Eu já disse para se manter longe. – avisou – É melhor não me provocar, se eu ver você encostar nela eu arranco os seus dois braços. – senti ele me pegar no colo e logo depois meu corpo foi colocado no banco do carro – Droga Sage. – resmungou – Mais um pouco e sabe-se lá onde teria parado.

Fechei os olhos sentindo sua mão em meu rosto.

~º~

Dei um sorrisinho cínico para a vampira que dizia ser Anellise, ela estava em fúria. Eu podia ver claramente pelo olhar que ela dirigia a mim. Dei o dedo meio indiscretamente e me aproximei dela e de Stefan que olhava ao redor de forma animada.

– Você tinha razão, sua irmã é um doce Stefan. E muito esperta devo dizer. - bebi o vinho em minha taça.

Ela me olhou atravessado.

– Afinal... ela se aproximou de Klaus não é? Uma boa ideia devo dizer, mas ele é um homem muito desconfiado. E sempre tem uma carta na manga. - sussurrei para os dois fazendo questão de plantar alguma dúvida na cabeça de Stefan, eu sentia que aos poucos ele observava ela de forma mais atenta.

– O que quer dizer? - Stefan perguntou.

– Klaus não gosta quando mentem para ele. Nem quando ganham a confiança dele para o trair. - dei de ombros e a olhei intensamente - Estamos muito chateados com as suas escolhas Anellise. - fingi decepção – Foi muito baixo o que tentou fazer na festa.

Stefan nos olhava sem entender nada.

– Eu estou mais ainda particularmente. Muito decepcionada que você esteja tão próxima do híbrido que me marcou - ela empalideceu - Niklaus não gosta de me ver decepcionada. Acho que sabe disso e eu acho que Stefan não iria aprovar que você tivesse muito contato com ele. Afinal ele é um homem muito perigoso, e você como uma boa irmã concordaria com o que ele quisesse não é? Afinal você não quer ferir os sentimentos do nosso irmão.

Dei um sorriso malicioso. Eu estava jogando. Se ela iria bancar a boazinha compreensiva com todos, eu a forçaria até o seu limite. Afinal, ela queria agradar os Salvatores sabe-se lá o motivo.

– E você não escutaria Stefan? - deu um sorriso provocante.

– Eu não estou nessa vida para seguir ordens de ninguém. Não devo satisfações a ninguém. E nem estou tentando agradar ninguém. Não fique achando que sou boazinha igual a você.- soltei o meu veneno – Afinal somos completamente opostas não é? Ninguém espera nada de bom vindo de mim.

Caroline se aproximou e me olhou de cima a baixo, se irritou e soltou um bufo. Eu estava parecendo uma trombadinha com uma blusa enorme branca de hóquei e um tênis enquanto todos estavam elegantes.

– Você não irá ficar desse jeito na festa. - arrumou o cabelo.

– E quem disse que eu vou ficar? - peguei a garrafa de vinho de sua mão.

– Vai ficar. - decretou.

– Me force. - dei de ombros.

– Você não tem medo de morrer mesmo. - mordeu os lábios com força.

– Vai ficar. - Klaus apareceu com minha bolsa em mãos - Depois tenho que falar com você.

Pensei em dar para trás, porém vi o sorriso insinuante da perua. Bem discreto.

– Ok. Mas só se você me ajudar a me vestir. - falei maliciosa e outros bufaram ao nosso redor.

– Com prazer. - desaparecemos em um piscara de olhos.

Klaus me jogou na cama e tirou meu tênis, jogou a bolsa do meu lado e deu um suspiro enquanto passava as mãos pelo cabelo. Me sentei cruzando as pernas o olhando atentamente enquanto retirava o vestido de dentro da bolsa e meu salto, reconheci que era uma das roupas que ele havia comprado para mim. Agradeci por estar um pouco mais bronzeada que o normal.

– Nós vamos embora daqui 4 dias. - informou.

– Lobisomens? - perguntei saltando na cama e indo até o criado mundo pegando o celular de Alaric – Ou talvez uma viagem para a praia?

– Não. Para New Orleans. - fiquei estática, tudo bem que eu já esperava por isso... mas agora?

– O que?

– Não posso ficar mais aqui. Rebekah já foi, Kol vai amanhã. Tenho que pegar meu reino de volta. – olhei para seu rosto e vi que ele evitava me contar algo, preferi não pressionar.

Suspirei.

– Não posso sair agora.- avisei.

– Já sabemos quem é ela e sabemos o que ela quer.

– Mas não sabemos o que ela quer com lobisomens e vampiros, nem quem ela quer trazer de volta e muito menos o quanto ela sabe de bruxaria. – fiquei agitada, eu já deveria estar pesquisando sobre a maldita a tempos.

– Você não quer que ela ocupe o seu lugar. - ele se sentou.

– Eles não irão acreditar em mim. - falei.

– Matamos ela e pronto.

Balancei a cabeça.

– Eu não quero que eles saiam feridos nisso, mais do que já vão sair. Eu preciso ter crédito, se estivéssemos falando de um ser insignificante como Tyler eu não diria nada, mas estamos falando de uma mulher que finge ser irmã dos meus dois melhores amigos. Não é tão simples assim. E se Anellise estiver presa lá dentro?

– A única pessoa ferida será você. E eu tenho certeza que não está, você mesma disse isso. Se estivesse o feitiço de Bonnie teria localizado o corpo.

– Não vamos discutir isso aqui. - passei a mão em seus cabelos.

– Tudo bem, só se vista. - saiu do quarto.

Peguei o vestido dentro da bolsa e suspirei, eu não tinha vontade alguma de ficar nessa maldita festa. Mas tinha que rondar a casa dos Salvatores para procurar o livro de pesquisas de Anellise. Eu não sabia se ele estava na biblioteca e nem tinha como procurar isso sozinha, Klaus obviamente não iria me ajudar com isso. Assim como nenhum dos meus amigos encantados.

– Droga. – resmunguei.

Coloquei o vestido branco colado com decote em v de alças finas com o decote em strass, era um vestido bem curto, calcei o salto. Deixei os cabelos soltos e jogado pro lado evidenciando meu sidecut, alias eu tinha que provocar Caroline de alguma forma não é? Ignorei as joias na bolsa e a peguei colocando dentro do meu carro, eu já imaginava que daria alguma merda então vim com ele. Provavelmente capotaria. Não que eu seja péssima motorista, mas... eu era um alvo. Ou talvez eu gostasse da adrenalina.

Voltei para dentro e logo os convidados chegaram, eu interagia ao máximo com as pessoas. Então caso alguém me procurasse eu estaria em vários locais diferentes, o que me daria pelo menos um pouco de tempo. Subi para a biblioteca e bufei ao ver centenas de livros, talvez milhares deles. Comecei a olhar as primeiras prateleiras e vi que eram de livros muito recentes, provavelmente os antigos estavam mais ao fundo.

– Olha só quem está dando uma volta. - virei e vi a bruaca encostada na porta – Festa não está boa o suficiente?

– Arejar. Mas não adiantou não é, achei que iria para um lugar mais limpo... Mas olha só... animais carniceiros dificilmente largam a presa.

É. Sente o naipe, eu me chamei de carniça.

– O que quis dizer?

– Urubu. Abutre. Pestilenta. – comecei – Parasita.

– Vadia.

– Sou mesmo fofa. Assumo mesmo.

– Você é uma substituta. - a olhei - Stefan e Damon só te aceitaram pois se parece comigo.

Eu sabia que era mentira.

– E só gostam de você pois se parece com Anellise.

– Ainda com essa história?

– Claro Estella. – vi ela me olhar surpresa.

Ela se lançou contra mim e me jogou longe no exato momento em que eu jogava minha estaca de madeira em seu abdômen. Cai sobre a prateleira de vidro e cortei meu braço manchando meu vestido com sangue, me levantei enquanto ela arrancava a estaca de seu estômago, ela veio para cima de mim rápido demais com muito mais força. Logo percebi que deveria ser uma vampira muito mais velha que Stefan, realmente mais velha, ela tinha quase a força de Nataniel. Desviei de seu ataque com agilidade, ela se movia como um borrão e então ela se lançou contra a parede gritando sem eu ter feito absolutamente nada. Meu corpo foi prensado contra uma estante e fiquei surpresa ao ver Stefan me segurar pelo pescoço.

– Saia daqui e só volte a minha casa quando estiver completamente controlada. - Stefan me soltou enquanto eu tossia.

O encarei chateada. Sai da biblioteca furiosa. Voltei.

– Escuta aqui sua vadia usurpadora, eu vou voltar. E é melhor você estar preparada, eu vou te matar da próxima vez. – a encarei de perto – Você não sabe o problema em que se meteu.

Bati a porta ouvindo o choro fingido dela e desci as escadas, desapareci da mansão e entrei no meu carro o acelerando. Eu estava possessa de raiva, com tanto ódio que só a única coisa que fiz foi tentar o aplacar descontando no carro. Como? O joguei da ponte com os vidros abertos, e comigo lá dentro.

A água gelada começou a invadir o quarto a medida que ele afundava, peguei a garrafa de vinho que eu tinha roubado da festa e comecei a beber do gargalo enquanto revirava todo o meu carro a procura dos calmantes que eu havia adquirido recentemente.

Quem essa maldita pensa que é? Biscate usurpadora. Falsa. Metida. Ordinária. Soquei a buzina sentindo o ódio me consumir, o carro já nem afundava mais, apenas senti o baque quando ele encostou em algo e ficou preso por lá. Eu amanheceria dentro do maldito carro esperando que a água fria aplacasse meu ódio já que eu estupida demais me esqueci que nada muito mal.

Liguei o radio e suspirei feliz percebendo que por algum milagre ele ainda funcionava. A água cobria até minha cintura e a parte dianteira estava um pouco mais para cima que a traseira. Comecei a cantarolar e pensei, dessa vez a tristeza tentou me dominar.

Klaus iria embora sem mim, provavelmente. Ou ele me agarraria e me levaria a força. Eu sabia que ele se controlava ao máximo para não matar Estella, era meio óbvio que ele tinha uma certa duvida em relação a ela. Ele estava se perguntando o mesmo que eu, qual o motivo para tantos vampiros e lobisomens? Já que seu plano se consistia em apenas abrir o portal dos mortos? E por que ela precisava ficar tão próxima de meus amigos? Não parecia ter sentido algum.

Mas e Klaus? Eu sabia que ele não ficaria preso em Mystic por muito tempo. E sabia que não seria eu que prenderia ele na cidade, afinal, Klaus era um rei e queria seu império em New Orleans a todo custo. Ele queria ir mais rápido possível para lá, já que queria ficar de olho na irmã achando que ela tramaria algo contra ele. Bekah se quer se despediu de mim e doía admitir, mas isso me deixava bem chateada. Assim como eu ficaria quando Klaus fosse, eu precisava descobrir o motivo para tantos seres ao redor da cidade. E precisava matar Estella custe o que custar. Meus amigos não seriam cegados pela vadia usurpadora, eu não desistiria deles nem que tivesse que trancar Klaus em um porão e o fazer comer ratos até tudo isso passar. Eu poderia ir para New Orleans depois. Klaus poderia esperar não é?

Olhei o visor do celular que estava no painel intacto. Caroline ligava. Agora era questão de tempo até ela fofocar para Klaus e ele sair me procurando. Desliguei o farol do carro e olhei meu braço que ainda sangrava, suspirei e encostei a cabeça no banco. Atendi o celular e uma chuva iniciou, as gotas batiam com força contra o teto e a água que me cercava. Logo isso estaria cheio.

– Oi Care.

– O que deu em você? - ela gritava.

– Quieta Caroline. - ouvi a voz de Klaus no fundo.

– Porque fez isso?

– Fui atacada.

– Você a atacou.

– É vidente agora? Mudou a vocação de puxa saco e juíza para ser vidente? - perguntei chateada, alguns raios começaram a cair.

As gotas batiam com tanta força na água que eu quase não a ouvia pelo celular.

– Volta para cá.

– E chegar ai toda suja de sangue e molhada? Não.

A loira bufou.

– Molhada... isso está ensurdecedor. Não está em casa?

– Estou nadando. - fechei as janelas.

– Você não sabe nadar. -ouvi ela se afastando doa convidados.

– Onde estou não precisa, estou confortável.

– Ai está chovendo. - sua voz começou a ficar tensa.

Um rangido me fez olhar para cima, se formou uma correnteza no rio e eu bufei. Quando digo que só faço merda, eu não estou brincando. Uma pancada no teto do carro me fez saltar.

– O que foi? - perguntou.

– Cai. Olha só...

– Nós vamos ter uma conversa muito séria viu mochinha, você está passando do limite com esse ciúmes doentio. Klaus me falou sobre suas suspeitas, Stefan está feliz e eu não admito que você estrague isso. - sua voz saia mais dura a cada palavra.

O nível da água começou a subir, dei de ombros e peguei um chocolate.

– Tenho que desligar, vai molhar meu celular.

– Seu celular é a prova de água. - bufou - Onde realmente você está?

Algo bateu com força contra o teto e dessa vez o amassou, me encolhi, tirei uma foto do cenário que se desenrolava e voltei a por o celular na orelha.

– Só te digo que dessa vez meu carro não volta. - avisei.

– Sage onde você está? O que está fazendo? Capotou o carro de novo? - ela gritou e eu ouvi a voz de Elena ao fundo junto com Damon e Stefan. Damon ria.

– Passa para a Elena.

– Oi. Sage. - ela estava desesperada.

Sorri. Eu adorava tirar as pessoas do sério, quem ainda não se tocou disso?

– Oi amiga. Como está? - tirei o cinto de segurança com dificuldade.

– Bem? - outro estrondo.

– Sabe aquela ponte?

– Sim. O que faz na ponte? - eu imaginei a carinha de medo dela.

– O prefeito estava certo. Ela vai cair mesmo. A estrutura não está bem do lado direito. - abri a janela e olhei para ela vendo que os grossos pedaços de concreto caiam - E o chão está cedendo. Me sinto em um filme.

Afastei o celular da orelha e tirei outra foto, do topo do carro e da ponte, depois tirei da correnteza. Eu estava achando divertido. Sou ruim, não morro fácil. Olhei o corte no braço e ele não parava de sangrar, eu não tinha mais sangue de vampiro no organismo. Provavelmente morreria, mas o elo me traria de volta não é? Afinal foi um acidente, eu não planejava que começasse a chover quando me joguei de uma ponte dentro de um carro. Bem e nem planejava que a correnteza estivesse vagarosamente me empurrando para de baixo de um aponte prestes a cair.

– Foi muito ruim morrer afogada Elena? - fiquei pendurada na janela.

– O que? Por que pergunta isso?

– De 0 a 10? - perguntei casualmente.

– 11.

– Onde você está Bird? - a voz de Damon soou.

– Damie. Eu te amo amigo. Estou aqui na ponte, participando de um show.

Eu claramente irei morrer, para que desespero? Não tenho para onde fugir.

– Me diga o quão divertindo é? - ele estava visivelmente preocupado.

Eu quero histerismo por favor. Enviei as fotos para o celular dele, eu estava bêbada, isso era fato. Ri.

– Sage! Que merda você pensa que está fazendo? – Damon gritando? Isso sim é novidade.

Ri histericamente, era justamente esse tipo de reação que eu queria, afinal eu sou uma Drama Queen.

– Eu sinto muito, ninguém espera que algo assim aconteça!

– Você está em baixo de uma ponte prestes a desabar e ainda ri disso?

– Quer que eu passe meus últimos minutos chorando? – eu sabia que não morreria, eu tinha que matar Anellise antes então qual o motivo para tudo isso?

Talvez eu é que estivesse sendo otimista demais.

Então sem aviso a pedra desabou em cima do carro, eu acabei caindo para trás saindo do carro no processo e sendo levada pela correnteza. Esqueci a bolsa. Droga. A água me empurrou para baixo e eu apertei fortemente o celular, eu deveria ter deixado a lanterna ligada e gravado, não é algo do que se participa todo dia.

Engoli uma porção de água considerável e meu peito apertou pela evidente falta de ar que me abateu, eu não conseguia me erguer o suficiente para respirar um pouco de ar. Na realidade eu mal me movia, só sentia meu corpo batendo contra diversas rochas que apareciam pelo caminho, elas provocavam um espasmo de dor a cada vez que batiam contra mim, era isso, eu morreria. Claramente. Eu realmente morreria.

Aos poucos fui perdendo a consciência.

~º~

Aos poucos fui recobrando a consciência, meu peito ardia e o ar entrava com força em meus pulmões. Senti os lábios quentes e úmidos se afastarem dos meus assim que comecei a tossir, me virei para o lado e vomitei toda a água que estava presa em minha garganta. Tossi e voltei a deitar com os braços abertos sentindo algumas gotas de chuva me tocarem abri os olhos e vi Elijah com o rosto próximo ao meu me olhando preocupado e ao mesmo tempo sorridente.

– Você e os carros são um problema. - a voz de Elijah soou carinhosa.

Ele me olhava com um pouco de medo. Deus... eu sou insana.

Eu ri e senti suas mãos passando pelos meus cabelos esparramados.

– Eu os odeio. - falei rouca.

– Mas parece que ama o celular. - olhou para minha mão que ainda agarrava o aparelho bem firme.

– Custou quase um rim. Esse eu não quebro. - afirmei e Elijah me pegou no colo me apertando contra seu peito, senti que seu coração batia mais forte que o normal.

– Entendi. Percebo. – comentou divertido.

– Como me achou? – perguntei e senti seus lábios em minha testa.

– Achei estranho uma luz descendo o rio, e depois eu vi seu corpo ficar preso em uma rocha.

Eu me senti realmente mal por ver que ele ainda gostava de mim, deveria ser duro demais. Elijah disfarçava muito bem na frente de outras pessoas, mas quando estávamos sozinhos ele parecia não se conter.

– Elijah me desculpe por tudo. - soltei de uma vez enquanto ele me colocava dentro de seu carro.

– Pede desculpas por não se apaixonar por mim? – prendeu o cinto e rodeou o carro.

– Exato. Eu sou um monstro. – falei quando ele entrou.

– Você me avisou. Eu fiz tudo que fiz pois eu quis. E não nego que tenho sentimentos por você, você é tudo Sage, menos um monstro.- tocou minha bochecha.

– Eu sinto que te machuquei muito e você se afastou, mas eu não te culpo por nada disso. Seria demais se eu te pedisse para ficar por perto. Eu gosto da sua amizade.

– Niklaus te marcou. Isso deveria ser o suficiente, se ele não tivesse feito isso, acredite, eu já teria você. Vocês se amam, mas eu devo admitir que isso não vem sendo o bastante para me parar. – olhei para seu rosto que estava iluminado apenas pela luz do rádio.

– E como pode ter certeza disso? De que nós nos amamos? – o olhei de lado.

– A marcação só se mantem por isso. Ela só desaparece quando você encontra alguém melhor que se companheiro. Ela só se mantém se à amor.

– Então quando ele me marcou...

– Sim. E provavelmente já se sentia assim bem antes disso...

FILHO DA PUTA. ESSE... URGH... CÃO já estava apaixonado, mas decidiu me fazer de palhaça. Maldito. Eu simplesmente não consigo acreditar em um absurdo desses, Niklaus estava me sacaneando.

– Vampiros e lobisomens se apaixonam muito rápido. Mas para Klaus é difícil aceitar, ele só aceitou de vez quando você quase morreu. - olhei para Elijah.

– Eu faço isso todos os dias. - liguei o aquecedor.

– Sim. Você faz.

– Hum.

– Se eu tivesse aparecido antes de Niklaus, se fosse eu que tivesse te salvado naquele dia e não ele... seria eu hoje?

– Quem pode saber? Acho que se fosse pra ser Niklaus, seria Niklaus. Eu sinto muito por isso. – ele acenou com a cabeça – Eu acho que você pode encontrar algo melhor Elijah, eu te digo isso pois não tivemos tempo nos últimos dia para conversamos um com o outro. Eu já deveria ter te falado isso a muito tempo, você vai encontrar alguém de verdade Elijah. Eu seria problema demais para você.

Ele riu.

– Você seria sim Sage. Eu não quero que se afaste, eu realmente estou feliz de te ter em minha família, mas eu esperava que fosse de uma outra forma.

– Se eu não me apaixonei por você é por que existe alguém para você. Já viu eu falar alguma coisa que não aconteceu? – comecei a falar mais alto ficando agitada..

– Não Sage. – ele riu.

– Que bom, pois agora você vai me levar para tomar sorvete.

20 minutos depois saímos da lanchonete sujando todo o chão recém limpo pela funcionária que nós dava um olhar mortal, tomei um pouco de meu sorvete e ofereci para Elijah que recusou com um aceno.

– Quer dizer que você se afoga e decide que o melhor a fazer é tomar sorvete? – perguntou divertido quando passei o sorvete para ele e peguei a sacola de suas mãos, ele virou de costas sem que eu precisasse pedir.

– Sorvete é pra ser tomado em todos os momentos, não só nos momento bons. – tirei o vestido e coloquei a imensa blusa de moletom me sentindo aquecida.

– Avisei a Niklaus que está viva e comigo. – comentou se virando para me olhar.

– Tudo bem. – dei de ombros entrando no carro.

– Sage você mexeu na minha carteira? – ele olhou para o acessório jogado no painel, ri.

– Como você acha que paguei por esse sorvete? – ele rolou os olhos ligando o carro.

– Acho que finalmente estou entendendo o motivo de você se dar tão bem com meu irmão, estou quase começando a achar que tem razão.

Ri, acho que estou finalmente assustando Elijah.

– Ah Elijah... não diga isso, eu estava sem minha bolsa. – justifiquei – Mas teria pegado mesmo que estivesse com ela.

– Só para esclarecer em minha mente... – travei, merda ele descobriu – Foi você quem vendeu o carro novo de Kol? – olhei para fora – Sage. – reprendeu.

– Ele não precisa de um carro. – resmunguei.

Ele negou com a cabeça.

– Talvez eu devesse te transformar em uma vampira. Acredito que se encaixaria bem mais em nossa família. – ele comentou e eu percebi que ele queria criar um laço entre transformado e criador.

Elijah era tão mala quanto Niklaus, mas ele era mais sutil e isso me chamou atenção. Talvez ele tivesse mesmo dado certo comigo, eu poderia ser a responsável por levar a culpa nas coisas que ele aprontava para cima dos outros, ele se passaria pelo sensato e eu me passaria pela louca. Balancei a cabeça dispersando os pensamentos e suspirei, merda, parecia até que as minhas memórias em relação a Klaus também estavam sendo esquecidas, mas o sentimento ainda estava ali. Eu amo Niklaus, é disso que eu tenho que me lembrar.

– Não fique insano.

– Não irei Sage, vou ficar de olho em você, afinal... Niklaus vai para New Orleans, eu preciso de toda a sanidade possível.

Ele precisaria mesmo.

– E você não? Não vai? – questionei, isso não era um sinal nada bom, eu estava com uma mente frágil suscetível a esquecimentos.

Eu preciso da vadia Katherine mais próxima ainda para manter minha cabeça nos eixos, como se fosse possível.

– Não. Eu vou passar um tempo aqui, tentando fazer você esquecer ele. - sorriu divertido e eu revirei os olhos, só me aparece problema.

Oh senhor. Então aparentemente Klaus já havia decidido. Ele iria sem mim.


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