Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 23
Nem todo mundo gosta de mim




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Eu estava um pouco irritada e nem sabia qual era o motivo. Talvez fosse a reforma da casa, que foi bem cansativa diga-se de passagem. E muito estressante, ninguém merecia tampar 280 buracos e ainda colocar os vidros. Que nem fui eu que coloquei ne? Mas fiquei cansada só de olhar fazerem isso. Foi buraco demais para esconder e poeira demais para limpar, fora minha televisão novinha eu infelizmente eu havia perdido graças ao ataque, passei apenas duas noites com os Mikaelson e já havia praticamente enlouquecido.

A casa foi novamente pintada, alguns vasos estouraram e por fim eu decidi não colocar mais nenhum na casa. Não tinham muito utilidade. Até mesmo algumas louças haviam estourado, pois o impacto nos armários foi tão forte que eles caíram. E como eu morava com uma vampira que só vivia de doces e sangue eu desisti de comprar as louças e comecei a comer porcarias que não precisavam de pratos. Resumindo. Comida pronta e doces. Facilitou minha vida, agora só tinha dois copos na casa já que eu nem bebia água, e bem... Elena não precisava de copo não é?

– Estou morta. - Elena se jogou ao meu lado no sofá.

– Você não fez nada. - Damon que era praticamente um morador da casa se jogou do meu outro lado.

– Nenhum de nós fez. - mexi na tampa do balde de tinta que estava no meu colo.

Bocejei e olhei as paredes pintadas de um azul marinho quase preto, era melhor sim, eu não teria mais necessidade de ficar limpado as paredes sujas de sangue que parece que ainda irá sujar bastante o local. Me chame de preguiçosa, sei que sou apenas prática.

– Pelo menos ele não parece incomodado com isso. - olhamos para Stefan que terminava de pintar a ultima parede da casa.

Definitivamente ele não se incomodou em nos ajudar nenhum um pouco e fez quase todo o serviço sozinho, desconfiei intensamente que Stefan era o mais entediado de todos nós nos últimos dias. Não me importei de deixar todo o trabalho nas mãos dele, eu havia quebrado tanto a casa dos Salvatores que Stefan praticamente se profissionalizou na arte de reformas.

– Deve ser algo relacionado a sua bondade enjoativa. - Damon colocou uma mão sobre o peito.

Fiquei quieta e suspirei.

– E... fim. - Stefan se jogou na poltrona nova já que a antiga havia ficado completamente esburacada.

– Gente. Muito obrigada. Mesmo. Mesmo. De verdade. - agradeci de coração - Estou retribuindo até quarta feira com doação grátis de sangue.

Eles riram.

– E mesmo assim não vai sair daqui? - o loiro me olhou.

– Não mesmo. Minha casa. Preferia que tivesse me atacado e matado logo, na rua de preferência. É um saco ter que reconstruir casas. - reclamei.

– Não acho. - Stefan deu de ombros.

– Ok. Ok. Se você diz.

–Oi amor! - a voz animada surgiu de dentro da casa me assustando.

– Não. - resmunguei vendo o garoto entrar em minha casa.

– Sua sogra fez isso para você, está ansiosa para te conhecer. - piscou para mim me entregando um prato com cookies.

Revirei os olhos, menino cara de pau.

– Garoto isso aqui é cookie de pacote eu compro todo dia. - revire os olhos para ele - Vaza da minha casa sua peste.

– Mas amor, eu vim te convidar para passarmos o dia juntos.

– Stefan mata ele. - mandei - Mata ele ou eu mando o Klaus.

– Garoto... - o loiro olhou de um jeito tão sombrio para ele que até eu fiquei assustada - Some daqui agora ou eu acabo com a sua vida e ainda roubo o seu "amor" de você. Não me tente. - e sorriu se afastando.

O menino apenas o olhou, pegou um cookie , mordeu e sorriu se virando para mim.

– Eu volto quando não tiver ninguém aqui princesa.

Peguei o prato de sua mão e lancei em direção a ele que desapareceu rapidamente me fazendo acertar a porta. Me levantei e ajeitei minha saia, peguei minha mochila e acenei para eles, eu estava a fim de dar uma volta. Não aguentava mais ficar olhando para as paredes. Literalmente.

– Bem. Vou dar uma volta por ai. - avisei e fui para meu querido carro.

Assim que dei a partida Stefan entrou e se sentou do meu lado, abri um sorriso pequeno e mordi os lábios. Meu querido amigo estava sendo mais companheiro que o normal e isso me fazia ficar levemente desconfiada de suas intenções, Stefan estava me tratando como uma criança, quase como filha e isso era muito estranho

– Para onde senhor Salvatore?

– Tem um parque de diversões na cidade. - olhou para mim.

Viu. Não disse?

– Ok. - cantarolei e acelerei.

Stefan estava grudado no banco e a cada dois minutos brigava comigo, dei uma risada e acelerei mais ainda enquanto ele se irritava vendo que eu quase bati o carro em um prédio. Eu adorava ver um vampiro fora do sério, era muito divertido mostrar que eles não tinham controle sobre nada.

– Não vai por ai. - ele estava tenso, mas acredito que não era por ele, e sim por mim.

Decidir parar de brincadeira e reduzi a velocidade, no meio do caminho ele pegou seu celular e falou com Caroline. E pelo que eu entendi a loira estava na mansão Mikaelson tendo uma discussão acalorada com Klaus, sabe-se lá o motivo. Eu conseguia ouvir ela e Klaus trocando farpas a cada cinco segundos e até ouvia a voz e Bekah ao fundo tentando fazer a coisa esquentar mais ainda.

Muito bem Bekah, é exatamente assim que se faz.

– Deixa ela lá. Se ela inventar de vir agora o Klaus vem junto. Liga para Bonnie. - pedi e ele ligou.

– E como está com Klaus? Caroline comentou algumas coisas. - me olhou atentamente enquanto eu ligava o som.

– Vai bem. Por incrível que pareça o Nik ainda não tentou me matar.

– Estão juntos? - curioso.

– Não necessariamente. Rola uns beijos de vez em quando, mas não sou dele, não ouvi uma declaração de amor e nenhum pedido de namoro. Embora seja estranho esperar isso de Klaus. - rimos

– Realmente. Ele ainda não tocou no assunto?

– Não. Diz que gosta... Stefan eu sei que você não aprova isso de forma alguma, mas você acha que estou fazendo mal?

– Sage... quem sou eu pra julgar? Eu sou um assassino, Elena é, Damon é, Enzo, Elijah, Rebekah, Kol. Eu estive com Katerina mesmo sabendo quem ela é e o que fiz. Eu acho ruim, muito ruim mesmo, mas eu prefiro ver você ao lado dele do que como um alvo dele, se você tem o amor dele eu duvido que seja você quem esteja em perigo. Perigo físico, que quanto ao psicológico eu não te garanto nada.

Stefan fica muito estranho tentando bancar um piadista, sério mesmo. Balancei a cabeça e foquei no assunto.

– O problema é esse.

– Ele não te ama?

– Nos não sabemos se nos amamos. - ele me encarou cético - Que pessoa que nunca amou sabe decifrar o amor?

– É o mesmo que sente por mim e nossos amigos, mas há desejo, companheirismo, devoção, admiração. Não é tão difícil descobrir.

– Mas e se for só paixão?

– Se fosse nos não estaríamos aqui conversando, você estaria transando com ele e saindo dos braços dele sem culpa. Você sabe que Klaus tem seus defeitos, reconhece isso e mesmo assim está com ele sem se importar. O fato dele ser mal não é um problema pra você, você não encara isso como perfeição, encara como algo normal mesmo sabendo que o que ele faz não é bom e nem certo.

– Entendo.

– Quando se está apaixonado você não vê defeito nas pessoas, tudo é bom demais... fácil demais. O amor é justamente quando você reconhece que ele tem um defeito, que amar não é só para seres perfeitos. Se você sabe lidar com os defeitos dele... isso ai já é coisa sua. Se fosse paixão você não estaria me questionando se ele a ama, por que você só se importaria em preencher o vazio por poucos minutos antes de perceber que você é completamente capaz de viver sem ele. Você pode?

Me encarou seriamente esperando minha resposta, fechei os olhos e mordi os lábios. Eu não me via em nenhum lugar sem ele.

– Não.

– Concordo com você que não deve parar sua vida por ele. Talvez algum dia ele veja que você está escapando e resolva agir, eu sei que ele já sabe a resposta. Klaus é rápido e inteligente, ele não quer admitir uma fraqueza seja para te proteger ou seja para se proteger.

Acenei com a cabeça me esticando e dando um beijo em sua bochecha agradecendo por o ter como amigo. Stefan era tão importante quanto Oliver, eu realmente o via como um grande amigo. Como um irmão.

Em poucos minutos chegamos no parque, Stefan pegou a chave de minhas mãos e fomos em direção a morena que já nos esperava chutando algumas pedrinhas enquanto se movia no mesmo ritmo da música que tocava dentro do parque. Segui em direção a ela entrando no ritmo junto com Stefan que decidiu nos acompanhar, rimos e fomos parando aos poucos vendo que atraiamos atenção.

– Estou surpresa em ver vocês aqui. Ainda mais sem Caroline. - ajeitou a jaqueta.

– Caroline está arrumando encrencas. - Stefan estava emburrado e enciumado.

Dei uma risadinha discreta vendo que eu não era a única que estava revoltada com a situação.

– Não só ela. - me olhou - Nenhuma ideia de quem tenha sido?

– Nada. Sabemos que foi um. E pela força e velocidade era um vampiro. - dei de ombros.

– Fiquei um pouco preocupada, acredito que quem quer que seja não vai parar por ai.

Começamos a andar para o dentro do parque olhando ao redor vendo que ele era bastante colorido e cheio de brinquedos novos em que eu não andaria, eu não tinha muita paciência para isso.

– Alguém com uma ligação com nós? - Bonnie perguntou.

– Não creio que seja. Vocês não diversificaram muito nas escolhas. Eu pensei em Tyler, mas talvez não faça sentido. A essa altura ele está longe daqui. - declarei.

– Tyler? - Stefan franziu o cenho.

– Sim. Ele não vai muito com a minha cara e muito menos com a de Klaus. E agora que somos aliados e o híbrido precisa de mim... fora que me encontrei com ele durante uma festa, ele estava com um assunto meio suspeito.

– Não acho que seja ele. - Bonnie encolheu os ombros - Fora que você é uma das melhores amigas de Caroline, ele jamais iria querer machucar Caroline de qualquer forma que fosse.

– Quem então?

– Bem... os inimigos de Klaus. Não são poucos. - ergueu as sobrancelhas - E você Sage é bem odiada pela população de Mystic.

Mexi no zíper da minha bolsa e tombei para o lado quase derrubando Stefan no processo.

– Não faria sentido algum. - falei - Ninguém de fora sabe que tenho uma ligação com ele. Fora que eu não tive contato com nenhum vampiro sem ser vocês, então é impossível que eu tenha sido atacada por simples ódio da população.

– Na realidade todo ser sobrenatural agora sabe. - Stefan parou nos olhando - Você foi marcada por um híbrido de mais de mil anos. Não fique achando que o poder dessa marca é fraco. Alguns humanos até podem sentir isso, sem nem saber o que é. Porque acha que ninguém tentou falar com você até hoje?

Pensei. Realmente eu não havia tido contato com ninguém fora do meu grupo, as pessoas instintivamente pareciam tentar se manterem cada vez mais longe de mim. Inclusive tentei arrumar uma briga em um bar, mas as pessoas fingiram não me ouvir. Sai de lá mortalmente chateada.

– São muitos seres sobrenaturais que não sabem sobre a marcação. Quando sentem a distorcem, ou simplesmente se aproximam para descobrir o que é, porém não acham respostas. E então atacam tentando descobrir o que você é, que tipo de ameaça é.

Me senti exposta. Agora sim me sinto surpresa por estar viva a tanto tempo, isso realmente é uma novidade.

– Então... - incentivei ele a continuar.

– Como somos próximos eu posso te sentir a uma distância de 50 metros. Klaus pode te sentir em qualquer lugar, já um desconhecido te sente a dez metros ou cinco. Se você fosse marcada por um vampiro novo, seria sentida apenas quando te tocassem.

– Então temos uma pista. - eles me olharam - Ou o vampiro que me atacou teve contato comigo e me observava a um tempo, ou ele me conhecia. Não foi um ataque aleatório.

– Mas quem seria? - Bonnie perguntou.

– Acredito que me conheça. Lembrem-se que eu morava em outra casa a 3 meses atrás, Misael estava aumentando o tamanho dos quartos e arrumando o sótão, então moramos de aluguel até terminar a reforma. A pessoa que me atacou provavelmente me sentiu, só vocês sabiam onde era minha casa. Dez metros era a distância de onde eu estava até a porta da cozinha. Então...

– Te conhece e é algum próximo, ou foi. - Stefan parou pensativo - Não seria um de nós, quem fizesse isso poderia morrer pela quebra do Elo.

– Ainda aposto em Tyler. Não faz sentido ele ter me abordado naquela noite e começado com aquela história estranha.

– Que história Sage?

– Ele me perguntou o quanto eu era importante para Niklaus e que tipo de conexão eu tinha com ele. - informei e eles se olharam.

– Ainda não creio que seja Tyler... é impossível, acho que Klaus saberia se eles estivesse aqui. Fora que aconteceram ataques ao redor de Mystic, Liz acredita que um grupo esteve de passagem por aqui. Pode ter sido um deles, mas não Tyler. - Bonnie negava com todas as suas forças.

– Ele não faria isso. - olhei para trás vendo Caroline e Klaus irritados, como sempre

– Ele não faria isso. Já cansei de ouvir isso saindo da sua boca em relação a esse cara, ele sempre fez. - falei ajeitando meu coque bagunçado - Diga uma vez que ele não fez.

– Ele não faria. Pois não tem coragem. Não comigo por perto. - percebi que eles não tinham ouvido muito da conversa - Tyler tem medo de mim Sage, ele não irá se aproximar de mim, fora que é apaixonado por Caroline, o que ele iria querer justamente com você? Além de ser amiga dela, você não tem nada que ele queira.

– Que seja.

Falei irritada por ninguém ver que só poderia ser ele. Qual é? Tyler me odeia, e é um híbrido. Não faria sentido que fosse outra pessoa, ninguém mais iria querer problema, ainda mais comigo. A pessoa tinha que ser muito louca para tentar algo como aquilo sabendo que eu estava cercada de vampiros, isso fazia completamente o perfil descontrolado do Tyler. Fora que Tyler estava com raiva de Niklaus e acredita que sou próxima a ele.

Sumi da vista de todos sendo acompanhada por Bonnie que andava vagarosamente ao meu lado observando tudo ao redor, fiz um som de estalo com a boca e quase quebrei o pescoço quando cai com tudo no chão. Olhei meus saltos aborrecida e vi que eu jamais seria uma elegante mulher, eu faço mais o estilo trombadinha ou desleixo total.

– Avisou a ele que viria para cá? - perguntou e eu logo percebi que ela estava levemente incomodada com a presença de Klaus.

Até eu estava. Ele não fazia bem algum para a saúde mental das pessoas, talvez fosse isso que nos fizesse nos dar tão bem. Quando não era ele era eu e quando não era eu era ele. Um substitui o outro e os dois enlouquecem qualquer um por perto, é claro que eu sou inofensiva.

– Ele me sentiu. - avisei bufando e paramos em uma barraquinha de jogos.

Apoiei os cotovelos na bancada de madeira e pedi duas fichas, dei uma para Bonnie e peguei a arminha de água. Mirei e errei os patinhos, Bonnie acertou e ganhou um urso, bufei contrariada. Minha mira é ótima, ok? Eu acerto pessoas em movimento. NA CABEÇA. O dono da barraquinha vai entender se eu falar algo assim?

– Tem que mirar mais para cima. - um moreno se aproximou de mim dando outra ficha para o homem da barraca - Tente outra vez.

Tentei mirando para o alto e acertei o patinho que caiu. Dei um salto abanando as mãos e quase dando um gritinho de empolgação. O homem ao meu lado apontou para um coelho de pelúcia maravilhosamente lindo que usava uma coroa. Ele passou para mim e eu sorri agradecida sentindo o coração acelerar levemente, eu nunca ganhei nada nessas barraquinhas gente!

– Obrigada! Mesmo. É um frequentador de parques? - perguntei vendo Bonnie sorrir ao meu lado agarrada ao seu urso.

– Pode-se dizer que sou bom de mira. - bagunçou o cabelo, ouvi a morena prender um suspiro - Sou Nataniel.

– Sage. Essa é Bonnie. - apresentei.

Trocamos um aperto de mãos e eu o analisei discretamente. Nataniel deveria ser um homem de 25 anos, era muito alto, mais do que Alaric. Ele tinha olhos de cor avelã intenso e escuros, era quase como olhar para um doce, eram grandes e brilhantes. Seus cabelos eram bem lisos e castanho claro em um corte desfiado, quase igual o de Damon. O rosto era fino e ele tinha uma barba rala, um físico magro e a pele bronzeada. Ele era um homem muito bonito, um homem lindíssimo e eu entendia perfeitamente o sorriso bobo no rosto de Bonnie.

E era um vampiro. Sim. Eu senti assim que apertou minha mão, a marcação de Klaus serviu para alguma coisa afinal.

Nataniel me encarava com intensidade. Não senti medo dele, pelo contrário. Quis me aproximar mais, ele era apenas um vampiro curioso e eu uma humana mais curiosa e amigável ainda, talvez eu pudesse aumentar o meu circulo de amigos. E o meu repertório de ofensas que estava bem fraco.

– O que acham de uma bebida? - ofereceu passando a mão no cabelo, desviei os olhos ignorando tamanha beleza.

Bonnie ia recusar e eu tenho certeza que correria até Stefan para fofocar. Agarrei o braço dela a mantendo firme e sorri para o vampiro.

– Claro que sim. - Bonnie me olhou chocada.

O seguimos em silêncio e nos sentamos em uma mesa cercada de banquinhos de madeira, Bonnie tentava fugir, mas eu a agarrava com força. Pedimos batidas de morango e nos sentamos na mesa redonda mantendo o vampiro a nossa frente. Encarei Nataniel e a morena e deixei meu urso em meu colo enquanto o analisava.

– Então Nataniel... é assim que fisga suas presas? - Bonnie engasgou com a batida e ele riu.

– Na realidade não. Fiquei curioso, não é comum ver humanos marcados, mas sim vampiros. - retirou a jaqueta de couro expondo o braço lotado de tatuagens, eram todas muito bonitas.

– Entendo. E me chamou para... - o olhei séria.

– Ter uma conversa amigável. E quem sabe matar o seu vampiro de susto com a nova concorrência. Eu adoro uma boa briga. - sorri maliciosa.

Bonnie ficava tensa a cada palavra. Klaus e briga na mesma frase não resultavam em coisas boas.

– Então gosta de um desafio? De guerra? Uau, você é corajoso. - elogiei.

– Ele é tão ciumento assim? - perguntou divertido.

Até que gostei desse carinha, simpático e arrisco dizer até que é um pouco parecido comigo. Talvez eu esteja enganada, mas ele parece o tipo de pessoa que adora causar histeria.

– Possessivo eu diria. - Bonnie entrou na conversa, acho que assim como eu ela não o sentia como perigoso, afinal ele queria apenas uma boa briga com um vampiro.

Eu não sou vampira. Talvez ele queira meu sangue, mas idai? Quem não enfiaria o pescoço nessa boca?

– Entendo. Então será divertido, mas me diga... qual o motivo dessas caras amedrontadas? Sei que não é por mim. - abriu um sorriso lindo - Estão tão relaxadas comigo que eu duvido que seja o verdadeiro problema aqui.

Malditos poderes vampíricos, fazem o pior dos piores se tornarem quase anjos. Me lembrei de quando conheci Nik naquele beco acreditando fielmente que ele era um anjo.

– Alguém querendo me matar. Rotina. - dei de ombros.

– Por causa do seu vampiro? Ou por você?

– Talvez as duas coisas. Vai entender a cabeça de quem chupa sangue. Aliás, veio mais alguém com você? - perguntei.

– Quer saber quantos vampiros vieram comigo? - deu um gole em sua bebida.

– Isso.

– Nenhum. Mas reparei que essa cidade está infestada. E aos arredores também., parece até uma convenção paranormal. Acho que nunca vi algo assim antes.

Confiei nele, não porque ele era bonito. Eu tinha um dom que meus amigos chamavam de o "Dom do olhar" eu enxergava a índole das pessoas com facilidade, se eram boas ou más, se eram um perigo para mim ou não, se eu deveria fugir ou ficar. Não há uma única vez que eu tenha errado. Não digo que não vi a índole de Klaus, eu sabia que ele era perigoso desde que coloquei os olhos nele mesmo que o julgasse como um anjo, sabia que era uma ameaça, mas também sabia que ele não via motivos para me machucar e que não tinha interesse em fazer tal coisa. Na realidade, deu no que deu.

Bonnie me olhou esperando eu dizer algo.

– Está tudo bem Bonnie. - ela relaxou um pouco, mas ainda não confiava completamente nele, eu ainda ficaria com um pé atrás.

– Mas me diga pequena, o quão possessivo é esse seu companheiro? - tornou a perguntar.

– Muito possessivo. E ciumento. - a voz de Klaus soou e eu olhei para o lado.

O loiro estava ali impecável. O cabelo estava um pouco maior que o de costume, já formava cachos. O cabelo estava brilhante e ele vestia sua inseparável jaqueta de couro. Estava extremamente sombrio e percebi que eu quase não estava o observando tanto como nos últimos meses, Klaus parecia bem mais claro que o normal e eu sabia que esse era um dos efeitos de quando não se alimentava o suficiente. E sua feição não era nada agradável.

Nataniel abriu um sorriso maior ainda quando viu a expressão de ódio do híbrido. Ficou mais do que claro que ele não era uma companhia desejada.

– Hei Nik. - chamei e ele me olhou friamente me analisando por completo - Esse é Nataniel.

Apertei o coelho com força vendo a expressão de Klaus endurecer mais ainda. Só faltava começar uma briga. Eu aposto no Klaus. Cinquentinha.

– E ai? Aposta em quem? - sussurrei para Bonnie.

– No sádico. - sussurrou de volta sabendo que Niklaus não daria um show em público.

– Eu também. Droga, não dá pra vencer assim.

Balancei a cabeça. Nataniel esticou a mão e Klaus agarrou sem hesitar a apertando com tanta força que ouvi a mão do vampiro quebrar, o mesmo apenas aumentou o sorriso enquanto largava a mão de Klaus e a sua se curava.

– Estava fazendo uma companhia para essas belas moças. Permita-me dizer, mas sua companheira é maravilhosa. Surpreendente eu diria. - Nataniel piscou e eu me levantei sentindo que a merda ia cair em cima de mim.

– Não sou companheira dele. - Klaus virou a cabeça para mim com uma rapidez surpreendente, me olhou com ultraje - É apenas um grande amigo.

Nataniel o analisou e sorriu ainda mais percebendo que a expressão de ira dominava o rosto de Nik que tentava fingir compostura, Klaus odiava que o provocassem e Nataniel o fazia com perfeição. Talvez melhor ainda do que eu, senti inveja.

– Bem. Uma pena para ele, eu costumo agir rápido. - sorriu piscando um olho.

Ele se levantou e pegou um cartão no bolso da calça.

– Eu sou fotógrafo. Se quiser tirar umas fotos... posso tirar várias suas de graça... se eu poder pendurar algumas em minha parede é claro. - piscou novamente - Já vi que você é uma mulher livre para fazer o que bem entender.

Acenei positivamente. Sempre serei livre para fazer o que bem entender querido, ninguém mede forças comigo.

– Bem. Se quiser falar comigo pode me ligar a qualquer hora que irei atender, se demorar para isso eu irei até você. - e então ele levou a mão com o cartão para as minhas costas e escorregou o cartão para dentro do bolso da minha saia - Tchau boneca.

Ele desapareceu. Nem me virei para Klaus, sai andando despreocupadamente pelo parque como se eu não tivesse feito absolutamente nada de errado, até por que eu não fiz isso né.. Eu estou fudida, Klaus vai me estripar.

– Mas o que foi isso?- Bonnie ria nervosa ao meu lado coloquei minha pelúcia no guarda volumes.

– Klaus é possessivo demais com família e amigos. - coloquei pegando minha ficha.

– Não acho que na cabeça dele você seja apenas uma amiga.

– Ultimamente eu também não, mas se ele não vai agir... então... vamos avançar até ele se tocar. Eu juro de pezinhos juntos que não vou dar em cima dele, é capaz de ele me rejeitar e nunca vir até mim. - vai entender aquele cabeção de Niklaus - Ele vai tomar a iniciativa, eu não vou dar chance alguma de me menosprezarem depois de uma humilhação amorosa.

– Deixa ele ir no ritmo dele. - Elena surgiu.

– Ele nunca vai admitir. - Caroline apareceu - O force.

– Force ele a dizer. Amarre. Bata. Morda. Chupe. Ameaça e diga que sabe. - Rebekah nos deu um susto e nós rimos.

– Passo. Quero ver ele explodir. - dei um sorriso cínico.

– Klaus explodindo nunca é uma boa ideia. - Elena - Mas eu também quero ver. - sorriu maliciosa.

Rimos e fomos até a montanha russa, entramos no brinquedo e acho que fui a única que quase morri já que as vampiras provavelmente faziam coisas muito mais empolgantes do que loops.

– Inferno. - me escorei em Bekah rindo.

– Não tem mais a mesma emoção de antes. - Caroline resmungou.

Bonnie ria das expressões decepcionadas.

– Talvez em uma montanha maior garotas.

Parei em frente a uma lojinha e achei um boné meio quadrado estilo militar, era completamente verde escuro. Comprei o boné e o coloquei. Corri para perto das meninas e voltamos a conversar animadas e aproveitei para contar sobre Nataniel.

– Ele é muito fofo. - falei apertando meu urso - Tem uma personalidade terrível.

– E lindo de morrer. Jeremy que me perdoe. - rimos quando Bonnie se abanou.

– Me deu o cartão dele.

Fui pegar o cartão no bolso, mas outra mão entrou em meu bolso e o puxou. Me virei olhando o híbrido com uma certa raiva.

– Não ele não deu. - Klaus foi muito rápido ao jogar o cartão em um fogão aceso na barraca ao lado.

Sorri.

– Sem problemas Nik. Ele sabe como ne encontrar. - me virei e agarrei mais ainda o meu coelho.

– Ai que fofo. Foi ele que escolheu? - Caroline provocou.

– Sim. E me ensinou a vencer no maldito tiro ao alvo.

Fique com medo do coelho ser rasgado e o passei para Stefan.

~°~

– Precisa de mais força! - Klaus gritava muito alto enquanto ajeitava a manga de sua blusa.

– Eu estou usando toda a que eu tenho! - gritei mais alto ainda sem ar.

– Não é suficiente.

Estávamos ali a exatas 3 horas treinando, pela primeira vez eu lutava com Klaus. E estava odiando, já estava escuro e eu mal conseguia enxergar um palmo a frente, eu usava mais os meus ouvidos do que os olhos. Já estava extasiada de dor e meu corpo estava completamente dormente, ele evidentemente estava descontando toda a sua ira em mim. Assim que saímos do parque ele me jogou no carro e me trouce para sua mansão dizendo que estava mais do que na hora de iniciar um treino mais pesado.

– Precisa ser mais firme. - acertou seu braço em meu rosto me lançando no chão de cara para terra.

Quando meu pescoço deu um estalo ele parou completamente estático, sua respiração cessou e eu não conseguia se quer puxar o ar para respirar tamanha era a minha exaustão. Meu coração batia bem fraco, me perguntei até se estava batendo já que eu não sentia nada.

Klaus era infinitamente superior na luta, até mais que Elijah. Eu não ouvia, nem via ele. Fora que ele não tinha tanto receio de me machucar, ou talvez só estivesse furioso demais. Ele testou os meus limites até o fim e me forçou ir além do que eu imaginava conseguir, era um ótimo treinador, mas isso não diminuía a dor enorme que sentia em meio peito ao ver ele me tratar de maneira tão fria e dura como ele fazia nesse momento. Talvez ele só estivesse assim pelo treinamento. Tentei ignorar o medo e fiquei imóvel tentando puxar o ar.

– Sage. Sage. - o loiro me cutucou, mas eu mal conseguia abrir a boca para falar, decidi ficar quieta por fim.

Klaus me virou com muito cuidado e tocou meu pescoço e suspirou de alívio ao sentir a pulsação, o ar entrou em meus pulmões mesmo que fosse em pouca quantidade. Ele estava visivelmente aliviado por eu não ter quebrado o pescoço, me mantive imóvel até porque eu sequer conseguia me mover. Meus olhos estavam pesados demais, mas não se fechavam, estavam entreabertos e eu sequer tinha energia para movê-los.

– Sage. Garota fala alguma coisa.

Não disse nada, poupei energia. Queria ir para casa e passar um bom tempo sem ver ninguém. O loiro me pegou nos braços e antes que eu pudesse perceber já estávamos em sua mansão, ele me colocou no sofá e a família inteira se reuniu ao redor. Meus olhos se mantinham fixos na frente, onde estava Elijah.

– Sage o que foi? - meus dentes estavam cerrados.

– Estávamos treinando. Acho que a cansei. - Klaus explicou pacientemente.

Kol meteu a mão na minha cara e a balançou de um lado para outro tentando fazer meus olhos acompanharem.

– Você quebrou ela. - afirmou se afastando.

– Está em choque. - Rebekah usou uma força terrível sobre meu abdômen, mas eu não consegui me levantar e estapear ela.

– Não faça isso Rebekah. Ela está respirando fraco, deve estar com ferimentos internos. - Elijah se aproximou - Sage. Relaxe.

O moreno já havia rasgado o pulso e aproximava de meus lábios, o forçou entre meus lábios, mas não conseguiu o colocar em minha boca. Meus dentes pareciam grudados, senti o líquido escorrer para minha garganta, mas não consegui engolir.

– Leva era para a cama. - Klaus ordenou - Você não. Kol.

Kol me pegou no colo e me levou para o quarto.

– É irmãnzinha. Viu no que se meteu? - brincou.

Meus olhos se fecharam sem minha permissão.

E então eu dormi pensando em como fazer um vampiro enfartar de ódio. Niklaus que aguarde.


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Notas finais do capítulo

Lembra do moreno que pedi para gravarem o rosto? É esse ai mesmo!
Conhecem o Natie o novo pesadelo de Niklaus.



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