Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 21
Frutinha




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Entrei assoviando mexendo em tudo com interesse, bonitinha essa loja tem até uns trenzinhos de bonecos. Não sei o que é isso. Cutuquei a estatua de alienígena e a segurei rapidamente quando eu a derrubei, limpei o suor da testa e decidi parar de enrolar antes que eu derrubasse tudo que estava por perto. Me aproximei do balcão e o olhei o carequinha com um sorriso, abri o zíper da minha blusa. Eu usava um decote imenso, eu não queria problemas, não estava com humor para uma briga.

– Calor não é? - me inclinei sobre o balcão olhando as joias que estavam em amostra, que lindo esse anel.

– Sim. Boa noite senhorita. - cumprimentou.

– Boa noite. - desejei enquanto olhava outro anel.

– O que deseja? - peguei uma estatua de gueixa.

– Bem... eu vim ver um amuleto.

– Oh sim. Algum em especial? - me olhou curiosamente expondo os dentes perfeitos.

– Na realidade sim. Bem eu estava pesquisando sobre alguns amuletos para poder tatuar. E conheci esse amuleto de Ibis e me interessei, mas achei melhor fazer uma pesquisa antes de fazer algo precipitado, estou procurando pela pedra para poder fotografar e montar uma tatuagem com o meu tatuador. Criar algo personalizado sabe? Acha que pode me ajudar?

A expressão dele se fechou completamente.

– Ibis? Tem certeza? - me olhou cauteloso.

– Absoluta. - confirmei.

– É um amuleto muito perigoso. Ibis era a bruxa da ressurreição. - gelei e ele pegou um pequeno amuleto que estava preso em uma prateleira - Eu não vendo esse. É único. Essa pedra é muito difícil de achar, as bruxas consideram ela extremamente perigosa. Não devem ficar em mãos erradas, as lendas sobre essa pedra são terríveis. Capazes de fazer as pessoas entrarem no mundos dos mortos e ficarem presas por lá, fora que podem trazer os mortos para cá. Ibis era uma bruxa muito poderosa, forte. - abriu a caixinha.

– Oh sim. Incrível. É mais bonito pessoalmente. - toquei a pedra gelada e o olhei.

Ela era de um azul escuro intenso e tinha pequenas manchas de um azul mais claro. Era como olhar para o céu durante a noite.

– Me desculpe a pergunta, mas por que uma mulher como você tatuaria isso?

Olhei para trás e vi que Klaus não estava lá, e o prédio já estava vazio. Só havia a loja dele. Como tudo fechou tão rápido?

– É mais pelo significado simbólico. Eu revivi depois de uma grande dificuldade, minha família inteira morreu em um acidente. Eu fui a única a ficar viva, os danos foram tão graves que passei anos na fisioterapia. - menti muito bem e ele sorriu - Perdi muitas coisas nesse acidente, meu coração parou de bater diversas vezes durante o resgate. Digamos que eu estou... renasci.

– Isso é ótimo querida. Sinto muito pela sua família.

– Sim. Obrigada. Eu farei a tatuagem bem aqui. - baixei um pouco da blusa e o sutiã e me inclinei sobre sobre a caixinha onde tinha a joia.

Meu seio esquerdo parou sobre a joia e eu puxei a caixinha discretamente, retirei a joia com uma única mão e a coloquei em meu bolso. Coloquei a caixinha fechada sob meu seio e me afastei. Ele pegou a caixa e eu suei, ao invés de abrir ele colocou de volta na prateleira grudada na parede e eu suspirei aliviada de forma discreta.

– Bem. Então já vou. - me afastei.

– Se cuide. - me analisou de cima a baixo - E cuidado com os viajantes da noite.

Concordei e sai da loja andando por aquele labirinto, senti um frio na espinha ao ver todas as lojas fechadas e nenhuma uma vida vagando pelo prédio. Andei pelos corredores procurando a saída, mas não achei nenhuma, nem mesmo uma placa.

Me irritei e comecei a andar de maneira agressiva pelo corredores batendo os saltos, bati os pés no chão irritada e gritei ao reparar que eu estava andando em círculos sem nem saber para onde ir. Gemi de descontentamento ao ver uma figura vir ao longe me olhando de forma maliciosa.

Revirei os olhos procurando uma saída e então a figura voou em minha direção como uma bala, me abaixei e chutei sua perna quando passou por mim, seu corpo foi lançado para frente e ele se levantou irritado.

– Não sinto você como uma vampira. É uma loba? - o olhei de cara feia.

– Tenho cara de cadela por acaso pra você me perguntar um absurdo desses? - perguntei irritada.

– Ei não fique nervosa. - ergueu as mãos - Sou Pablo.

– Tô nem ai pra você, me tira daqui. - ordenei.

Ele olhou ao redor gargalhando e eu fiquei nervosa.

– Qual seu nome boneca?

Boneca? Boneca? Ninguém me chama disso.

– Moço pra início de conversa boneca é você, não vou te responder nada. Está fazendo o que aqui dentro?

Ele revirou os olhos.

– Sempre fica alguém perdido. Me alimento aqui, sem conhecer, sem culpa.

Ele se lançou contra mim de novo e agarrou meu pescoço me lançando no chão mantendo a mão no lugar enquanto agachava sobre mim. Tossi e gemi ao sentir minha cabeça doer pela pancada, cadê o maldito do Klaus quando se precisa dele?

– Ah vai pro inferno. - gritei enfiando meu punhal na sua coxa interna e o puxei fazendo um corte intenso - Estou de péssimo humor hoje.

Empurrei ele para o chão que caiu gemendo pressionado o corte, ele ficou virado de lado e eu aproveitei e enfiei o salto agulha em sua têmpora. Ouvi o barulho de carne rasgando e logo o sangue começou a escorrer pelo chão manchando o piso branco. Gritei de ódio e Klaus surgiu da porta ao meu lado.

– O que foi querida? - tremi inteira

– Estou tentando sair dessa merda, eles não colocam nem placa de saída. - gritei e o loiro riu enquanto eu tentava tirar meu sapato do cranio do vampiro.

– Querida - apontou para cima onde uma placa verde com letras brilhantes e grande piscavam, a placa sendo destacada por uma moldura amarela reluzente.

– Sério? - achei que era uma loja - Eu passei por essa merda seis vezes. Desculpe se não sei japonês.

– Está em inglês.

Fui para o lado de fora sendo acompanhada por ele enquanto mancava com o salto quebrado.

– Eu hipnotizei o dono para ele se esquecer de você. - avisou.

– E ele ainda foi embora antes de mim. - suspirei e tirei o amuleto do bolso e dei para ele - Onde estava?

– Tinha um grupo de vampiros por perto. - dei de ombros e o segui até o carro - Estavam tentando entrar no prédio atrás desse amuleto.

Entramos no carro e eu sentei ao seu lado.

– Para onde agora?

– Para casa. Preciso descobrir onde está o livro e o corpo. - tive vontade de morder sua bochecha, sabe-se lá o motivo.

– Hei. Posso dirigir? - pedi.

– Não.

– Qual é Klaus? Deixa. - pedi - Eu te beijo.

– Não. - agarrou minha cabeça e me deu um selinho voltando para o seu lugar.

– Não é um beijo.

– É o que você vai ter por ser tão insuportável.

Bufei. Homem chato.

– Então compra alguma coisa para Caroline. Ela vai me encher o saco se eu não levar nada. - cruzei os braços e ele olhou em volta.

– Ela vai adorar. - ele riu olhando para um bar.

~°~

Gritei erguendo os braços segurando o copo de 3 litros. Peguei o boné da mão do barman, agarrei o cropped, o urso e cai de volta na cadeira quase levando Klaus ao chão que se mantinha ao meu lado segurando minha cintura.

– Vai com calma. - olhei o meu kit Beer Girl.

– Estou calma... comigo... mãe... azul... Pedro, Paulo, Jonas. Klausy.- falei embolado.

Coloquei o boné e cumprimentei um cara com um aceno enquanto olhava ao redor procurando por algo interessante, me pendurei no ombro de Klaus e cambaleei ficando de pé na cadeira. Apontei o dedo para um barbudo magrelo com uma jaqueta muito bonita, eu quero.

– Ei você. Quero sua jaqueta, vem aqui. -chamei.

– Valendo... - se levantou.

– Vai valer a sua jaqueta e sua vida. Vem beber. Mais dois. - gritei pedindo outro copo de três litros - Se eu perder você mata ele depois. Eu quero a jaqueta. - sussurrei para Klaus e cai em cima dele.

Começamos a competição de novo e eu entornei a cerveja sem nem parar para respirar, mal senti o gosto da bebida. Terminei e bati o copo na mesa que se espatifou em milhares de pedaços.

– Ganhei. - gritei pegando a jaqueta do cara. Mais kit Beer girl e sai do bar carregando meus copos de três litros - Nik eu tô com sono. - lambi seu pescoço.

– Sage minha intenção foi justamente essa amor. Você fala demais. De onde arruma tanta coisa para me tirar a paciência? - me agarrou pela cintura enquanto avançávamos no estacionamento.

– Eu gosto de ver você irritado. É sexy. - me escorei em um carro.

– Não tem medo?

– De você? - gargalhei - Você não tem moral comigo Niklaus. Nenhuma. - agarrei a gola de sua camisa e o olhei em seus olhos - Quem tem medo da pessoa que deseja? Adeus.

Entrei no carro e apaguei, não sem antes de ouvir sua ultima frase.

– Ainda bem que a volta é curta.

~°~

Caroline olhava maravilhada o kit Beer girl. Eu mal acreditava que ela tinha gostado. Ela usava o boné, experimentou a blusa cropped, pegou o urso e o copo. A jaqueta estava limpa e ao lado dela.

– Não acredito que bebeu seis litros de cerveja só para me trazer lembranças. - Stefan riu.

Quem nunca fez uma loucura para alegrar Caroline?

– Eu estou com uma ressaca de 2 dias. - reclamei colocando a mão na cabeça - Eu estou vomitando álcool a 2 dias.

– Bom saber que aproveitou a viagem. - Elena sorriu - Klaus já deu seu presente de natal? Ele tentou dar no dia, mas você sumiu. E acredito que ele não tenha tido tempo.

– Ainda não. Eu acho. - murmurei confusa.

– Bem. Eu comprei uma pulseira. - Caroline me estendeu uma pulseira com fios de couro, lotada de pingentes.

Ela encaixou a pulseira em meu pulso. Elena me deu uma bicleta nova que eu já estava chorando a dias por ela, Stefan e Damon me compraram um câmera fotográfica profissional e Bonnie me deu um lindo amuleto de ouro velho com uma pedra verde no meio. Fiquei muito feliz e cansei de avisar que eu não daria nada para ninguém. Eles já esperavam isso, eu era muito mão de vaca e era a amiga mais pobre que eles tinham. Não que eu não tivesse minha herança... mas... quem eu quero enganar droga, eu estou morrendo de preguiça de comprar presentes.

Agradeci a todos e decidi que era hora de ir dormir, afinal eu ainda precisa trabalhar para manter uma vampira limpa e o meu estômago cheio. Abri a porta e quase deixei tudo cair ao ver Klaus sentado na poltrona em frente a minha janela, coloquei as coisas em minha escrivaninha e percebi que desde que eu entrara ele não havia tirado os olhos de mim, parecia estar decidindo se faria algo. Ele continuou imóvel mesmo quando eu parei a sua frente, me movi para longe e me sentei na cama.

Klaus veio em minha direção e agachou em minha frente mantendo suas duas mãos sobre minhas coxas onde equilibrou uma caixinha dourada finamente decorada.

– Nós temos uma ligação de sangue - me olhou com intensidade - Esse anel tem um significado grande para o mundo sobrenatural, ele representa a minha proteção em relação a você. União. Eu sentirei tudo o que você sentir a todo momento e irei te encontrar em qualquer lugar que estiver não importa a distância. - ele me olhava muito sério - Enquanto usar significa que me ama, não interessa de que forma.

Ele me explicou tudo já imaginando que eu teria preguiça de pesquisar sobre o assunto. Fiquei quieta absorvendo as palavras. Qual o motivo para me dar algo tão valioso?

– Porque isso? Eu já sou sua amiga.

– Para uma ligação de sangue entre um vampiro e um humano isso não importa. Isso aqui é uma ligação de sangue e alma. Você é a única pessoa em que eu confio. Só deve retirar esse anel se houver outra pessoa em que confie, deseje e ame mais que o seu vampiro. Ou humano. Quando achar que ele pode ser substituído.

Acenei com a cabeça. Klaus seria a pessoa que eu mais confio? Provavelmente a pedra não funcionaria. Então eu realmente confio nele?

Sem dúvidas. Mas é que eu mais amo?

Eu não sei.

Ele pegou minha mão esquerda e a encaixou no dedo anelar. Era uma joia de ouro branco com o aro com pequenas pedrinhas brilhantes que a fazia ficar ainda mias bonita, fina com uma pedra de um tom azulado acinzentado que eu nunca tinha visto na vida. Olhei sua mão esquerda vi que ele tinha um igual, mas a sua pedra era menor e o aro de ouro branco não era tão discreto quanto o meu. Ele iria usar uma?

Niklaus mordeu seu pulso e o colocou na minha boca despejando apenas um pouco de sangue.

– Não engole. - pediu puxando meu pulso.

Ele rasgou meu pulso direito e o sugou. Se inclinou sobre mim , fazendo com que eu me deitasse na cama. Dobrou meu braço acima da cabeça e com a sua mão esquerda ele segurou a minha fazendo com que as dois anéis se encostassem. Seus olhos se tornaram amarelos e ele se inclinou abrindo meus lábios com os seus misturando o nosso sangue, senti um filete de sangue escorrer pela lateral dos meus lábios, sua língua se chocou contra a minha e senti o meu dedo anelar esquerdo pesar contra o seu anel. Eram como imãs que não separavam, Niklaus intensificou o beijo.

Um calor dominou completamente o meu corpo aumentando o meu ritmo cardíaco, uma energia extremamente forte me dominou por completo, eu me sentia completamente conectada ao híbrido, mais do que da outra vez. E não sabia se isso era graças a nossa ligação, era uma sensação completamente nova para mim, eu nunca havia sentido algo tão intenso.

Gemi baixinho quando ele mordeu meu lábio inferior, sua mão direita passou pela lateral do meu corpo deixando um rastro de fogo por onde passava. Uma corrente elétrica deliciosa passou pelo meu corpo me fazendo estremecer em baixo do seu. Os lábios do loiro passaram meu pescoço e logo retornou para meus lábios em um beijo violento, seus lábios quentes e macios se mexiam contra os meus e eu me concentrei e guardar cada detalhe em minha memória, até mesmo os apertões nada delicados que provocaram uma onde de luxúria.

Seus lábios eram bem doces com o sabor de seu vinho favorito, eu sentia sua respiração fraca e ele deitou sobre mim me esmagando. Senti seu coração bater agitado contra meu seio direito e reparei que ele estava tão afetado quanto eu. Seus lábios tocaram minha bochecha e eu me recompus.

– Nik. - o parei lembrando que havia quatro vampiros no andar de baixo.

– Eu sei. - me deu um selinho demorado e então abriu seu sorriso perverso - Agora você é completamente minha.

Bem. Definitivamente esse é o irmão certo.

~°~

Arrumei meu cabelo e coloquei meu vestido azul colado, calcei meu tênis branco e desci para o café da manhã ouvindo Caroline xingar toda a família Mikaelson. Entrei na cozinha e a vi ao lado de Elena, assim que cheguei na cozinha elas se viraram me encarando chocadas. O que eu fiz?

– Você foi marcada. - Caroline gritou me puxando para o sofá - Sinto de longe.

Eu quero comer!

– O que? - a loira se jogou na poltrona e formou uma proteção redor com almofadas.

– Você é marcada. - Elena pegou minha mão com anel - Que lindo. Eu não sabia que podia trocar de pedra.

– Significa que vocês tem uma ligação sobre humana. Quando um vampiro marca uma pessoa ele está declarando que morreria por ela. Faria tudo por ela. - Caroline parecia estar em outro mundo - É amor incondicional, acima de qualquer coisa. Um humano não vê valor nisso.

Nem parecia a mesma mulher que acabava de insultar toda a família Mikaelson.

– Hum. - murmurei desacreditada.

Klaus não morreria por ninguém.

– Não nos diminua. Isso é extremamente importante para um vampiro. Representa amor intenso. É o jeito dele de declarar amor.

Jeito muito estranho não? Cada vez mais percebo o quanto Niklaus gosta de agir pelas costas.

– Faz sentido. Sou a única amiga. Tem que transmitir todo e qualquer restinho de amor para mim.

– Você é lerda. - dei o dedo do meio para Caroline

– Você é marcada? Ou Stefan é marcado? - questionei.

– Ainda não. O certo entre vampiros é que o vampiro mais velho marque o mais novo. Eu fico em dúvida, é algo para a vida toda. Um laço que para um vampiro não se quebra nem mesmo depois que um dos marcados morre.

Hã? Eu não sabia dessa parte.

– Não quero mais saber de nada. -ergui a mão.

Elas riram e eu emburrei. Agora teria um híbrido da guarda para o resto da vida. Na realidade, para bem depois dela. Klaus me infernizaria até no inferno enquanto eu tomava uma caipirinha com o tio Lú.

– Isso acaba se eu me tornar vampira?

– Fica mais intenso, principalmente se ele for seu criador. Vampiros se apaixonam muito rápido e muito mais intensamente que humanos. Por isso somos...

– Exagerados. - completei.

Bufaram e Caroline jogou uma almofada no meu rosto quase quebrando meu nariz.

– E passou a gostar dele agora porquê? - joguei de volta.

– Hum. Ele está fazendo um bom trabalho. Fora que o fato de ele ter te "marcado" faz com que fiquemos mais seguros que ele não vá querer te machucar de alguma forma. Mas mesmo assim, ficaremos de olho. - ela sorriu - Posso te marcar também?

– Urgh, não. - tremi e ela jogou a almofado com força no meu rosto, que explodiu espalhando a espuma - Caroline. - repreendi.

– É. - Elena riu - Quieta Caroline.

Elena estendeu um bombom para ela e eu me lembrei de uma de minhas duvidas.

– Por que vocês comem?

Elena deu de ombros.

– Faz com que a sede diminua um pouco, fica mais fácil aguentar. Mas são poucos vampiros que conseguem sentir sabor. - me lembrei da ceia.

– Vocês fizeram aquele monte de comida sendo que não comem? Não sentem sabor?

– Exato. Eu sinto temperos forte. Elena sente os doces. Damon sente tudo. Stefan só sente salgado. Na realidade Damon sente mais os gostos de bebidas.

– Entendi. - os Mikaelsons já não comiam tanto. Exceto Elijah e isso é só quando era algo muito importante.

Klaus já comia bastante, creio que seja pelo fato de ter uma mistura com lobisomem. Ele gosta de doces. Sim, eu vigio ele.

Fiquei quietinha e Caroline começou a falar de seu namoro com Stefan. Elena ria de minuto em minuto ouvindo as coisas pelas quais o vampiro tinha que passar para aguentar a loira. Gargalhei quando ela revirou os olhos irritada e então um desejo me veio com força.

– Com desejos. - avisei e elas já levantaram começando uma corrida lenta - Nem pensar. Vão me ajudar a achar.

Bem. Eu era assim, eu tinha desejos de comer algumas coisas do nada. Coisas difíceis de achar. E se não comesse o desejo persistiria até eu comer. Mesmo após anos. Eu ainda sonho com a maldita pizza de calabresa, e isso faz 13 anos, não acredito que até hoje não comi ela.

– Liga para o híbrido.

– Eu passei dias em um carro com ele. Ele já deve estar enjoado. - murmurei - Ei. Bruxaria de localização serve para achar fruta?

Elas se olharam.

~°~

– Me diga o motivo para estarmos aqui. - Bonnie me perguntavam afastado o capim alto de sei corpo.

Cocei os braços.

– Por que você me adora. Eu te adoro. E eu estou louca por um suco de jabuticaba. E saiba que foi muito difícil encontrar essa fazenda. Fora que nenhum vampiro quis vir por causa de uma convenção paranormal. - resmunguei e Jeremy avançou com Matt - Pensei até em usar você para localizar a árvore.

– Não acho frutas. - riu ajeitando o cabelo curto.

– Uma pena.

– Tem certeza disso? Jabuticabas não são achadas aqui no nosso país.

– Tenho sim. Google Maps não mente, tem um cara que vende. Tem uma fazenda por aqui. - apontei ao redor.

– Mesmo? Não quero ser chato, mas porque não estamos indo pela trilha? Com o carro? - Jeremy resmungou.

– Porque eu não vou comprar. Oras.

– A convivência com os Mikaelson está te destruindo. - Matt segurou meu braço me fazendo desviar de um formigueiro.

– Como se fosse só ele. Todos nós temos uma mão suja. Ou alguém aqui tem mil reais para comprar um quilo?

– Não deveríamos ter trago algo para colocar a fruta dentro então? - nos olhamos.

– Vamos usar nossas roupas. - disse simplesmente.

– Você está de vestido. - Jeremy foi cínico.

– E desde quando roupa é problema? - puxei um capim com força.

– Vai demorar mais? Estamos a vinte minutos andando. Tem certeza que é aqui?

– Absoluta. Olha. - apontei mostrando uma estufa que começava a surgir no meio do mato.

Olhei para cima e o sol já havia desaparecido, estava escuro e só enxergávamos coisas muito claras. Entramos na estufa silenciosamente e eu vi a enorme arvore lá, cheia de frutinhas. Limpei a testa notando que lá dentro o ambiente estava mais quente e úmido que o normal. Retirei o vestido e os outros dois retiraram as blusas, não dei muita importância. Eu usava um short por baixo.

Matt subiu na arvore e nós colocamos nossas roupas de baixo da árvore, ele sacudiu os galhos e elas caíram aos montes. Desviei os olhos e achei outras frutas. Aquilo é manga?

Fui desperta de meus pensamento quando alguém abriu a porta com força, Matt saltou da arvore e nós embolamos as roupas formando uma sacola, tropecei e ergui a cabeça vendo apenas um vulto enorme parado em frente a porta.

– Quem são vocês? - homem apontou a lanterna para nós.

– Empregados? - Jeremy tentou e nós rimos.

– Hum. Corre gente. - vi a arma.

Corremos pela estufa e saímos pela portinha de trás como um foguete tentando desviar dos tiros. Comecei a rir enquanto corríamos pelo capim alto de forma desesperada, cai em um buraco praticamente desaparecendo e Matt voltou me retirando de dentro dele enquanto tornávamos a correr. Caímos dezenas de vezes pelo local, e demos uma sonora gargalhada quando estávamos longe o suficiente para não ver a estufa. Mas... onde estávamos?

– Estamos perdidos. - afirmei quando pisei na estradinha de terra - Caramba. Perdi o carro do Kol.

Abafei uma risadinha e peguei o telefone de Jeremy ligando para um dos poucos números que eu havia decorado, inferno... já é o sexto celular que perco nesse ano.

– Stefan? - perguntei ainda rindo.

Oi. Hum, Sage o que faz com o celular do Jeremy?– eu ouvia as vozes dos seres sobrenaturais ao fundo.

– Então...

Lá vem merda. Coloquei no viva voz.– todo mundo ao fundo se calou.

– Olha só. Pois é. Eu e mais lindas três pessoas estamos perdidas, na mata, no escuro, sem roupas e sem achar o carro do Kol.

Ri e pude ouvir Kol resmungar ao fundo.

É o segundo carro que eu perco por causa dela. - resmungou e em seguida riu - Pelados?

Onde está amor? E o que faz no mato?– a voz de Klaus surgiu.

– Vim comprar jabuticaba. - Jeremy tossiu. Dedo do meio.

Se foram comprar como perderam um carro e acabaram sem roupas?

– Klaus da pra vir logo? Tem um cara com um fuzil nos caçando. - ele suspirou.

Não estou surpreso.– imaginei sua carinha debochada de sempre - Se esconda. Vou te achar.

Nos sentamos no chão e começamos a comer a fruta. Bonnie tinha quebrado o salto e sua saia estava toda rasgada, assim como as calças dos dois homens. Dei de ombros e continuei comendo a fruta sentindo o dedo esquerdo anelar pesar um pouco. Em minutos o carro de Klaus parava em nossa frente e o de Kol logo atrás sendo dirigido por Stefan.

Nos levantamos e Klaus nos olhou horrorizado. Stefan reprimiu uma risada e nós nos aproximamos dos carros.

– Klaus. - me pendurei em seu pescoço o sujando de terra.

– Hum. - resmungou.

– Não deu tempo. Você poderia ir lá e pegar a manga?

Ele me olhou por breves segundos. Suspirou e sumiu, passou dois minutos e ele voltou carregando uma vasilha lotada de frutas. Muitas frutas que eu nem conhecia.

– Espero não precisar voltar aqui tão cedo. - colocou a vasilha no porta malas e eu fui para o banco do passageiro - Se você não comer essas frutas eu enfio elas na sua garganta.

Eu apenas ri.

– Quero ver você tentar.

Klaus dirigiu o caminho todo resmungando impropérios e eu apenas ria do seu lado, seu carro estava imundo graças ao meu corpo sujo de terra. Nem preciso dizer que Bonnie, Matt e Jeremy preferiram ir com Stefan né?

– Me deixa dirigir? - pedi.

– Não.

– Niklaus.

– Não. Já não veio dirigindo o carro de Kol?

– Não. Matthew não deixou.

– Hum. Imagino o motivo. - resmungou.

– Não me menospreze.

Klaus riu.

– Não estou. Na realidade eu comecei a pensar aqui...

– Sobre?

– Acho que quando você ver como eu realmente sou, como realmente faço as coisas. Vai querer se manter longe de mim. - franziu o cenho.

– Mas eu já vi você matar. - dei de ombros.

– Mas não viu eu me vingar. Não viu eu usar o terror psicológico. Provocar brigas sem motivos. Provocar ira em desconhecidos que nada tem a ver comigo. Você vai correr e eu vou atrás. E não adianta tirar o anel. - bufei.

– Não tenho medo de você. Não vou te dar o gosto de brincar de caça comigo. - parei por um breve momento analisando suas palavras - Foi por isso que você me marcou maldito! - gritei irritada e comecei a estapear ele.

– Para... - ele ria.

– Klaus maldito. Traidor. Monstro. Babaca. - dei um soco em seu braço e coloquei a cabeça para fora - Stefan!

Gritei.

– Não vou para casa com você! - abri a janela e coloquei o tronco para fora.

Stefan emparelhou o carro ao nosso lado direito, mas ele ria. Ria muito.

– Descobriu foi?

– Filho da puta.

– Eu avisei sobre ele.

– Chega mais perto? - Klaus segurava minha perna me puxando para o carro.

– Quer ficar sem suas frutas? - Stefan acelerou deixando todo mundo rindo da minha cara.

– Não ia sair?

– Não. Tava pedindo comida. - emburrei.

– Tem no porta-malas. Se quiser fique a vontade amor.

Dei o dedo do meio.

Maldito. Falso.

– Não fique chateada. É alguém que por vontade própria é meu amigo.

– Eu nunca te deixaria. Mas não acredito que me marcou só para me perseguir para o resto da vida. Klaus vai arrumar o que fazer. Vai trabalhar vai.

Ele gargalhou, gargalhou muito. Estacionou o carro e continuou gargalhando. Destravou o porta malas gargalhando e pegou as frutas gargalhando. Peguei um abacaxi e joguei nele, mas ele o pegou sem nem sentir os espinhos e fez isso sem nem parar de gargalhar.

Entrei em casa, de lingerie e short mesmo e parei olhando para todo mundo com cara de taxo. Eu só me fodo. Suspirei e fui até a sala quando vi o menino que eu desmaiei no meio da cozinha.

– O que essa coisa está fazendo aqui?

– Senti um cheirinho de biscoito e vim comer aqui. Essa loira é muito legal. - evidentemente apontou para Caroline e não para Bekah.

– Muito legal vai ser se isso tiver veneno. - balancei a cabeça e o dedo indicador.

Ele não parou de comer, na realidade ele saiu da bancada veio até mim. E me puxou, sim me puxou e grudou seu corpo no meu. Fiz uma careta de asco.

– Eu estou perdidamente apaixonado por você. - falou sonhador.

Caroline ria. Eu ouvia. Puxei o ar como um rinoceronte, pronta pra socar esse bostinha. Só podia ser adolescente mesmo, revirei os olhos e ele ajeitou o cabelo longo e tentou me beijar.

Peguei a bandeja de sua mão e bati em seu rosto jogando biscoito para todos os lados.

– Some da minha casa. - agitei as mãos.

– Não. - bufei como um touro, eu não podia espancar o moleque. Era meu vizinho.

Puxei seu cabelo e subi para o andar de cima, subi mais uma escada e então paramos no teto da casa onde estava decorado com uma estufa pequena. Coloquei ele perto do muro.

– O que você está fazendo? - ele gritou.

– Não é obvio ainda? Vou te jogar daqui de cima. Babaca. - ele se soltou.

– Tá. Estou indo. - ergueu as mãos e desceu correndo.

Babaca. Só me faltava essa.

~°~

Puta merda. Puta merda. Puta merda. Chutei o edredom para longe furiosa, me levantei e cai depois de embolar minhas pernas nele. Chutei tudo em meu quarto, absolutamente tudo até chegar na janela, abri ela e olhei o moleque lá com um violão as 3 da manhã.

– Dá pra parar? - berrei vendo ele se esgoelar.

– Não. - voltou a cantar e tocar muito mal.

Chorei de raiva, sim. Chorei de raiva. Fechei a janela com violência, bati na porta de Elena com força. Entrei sem ser autorizada e nem liguei de Damon estar na cama também, me joguei no meio dos dois e apaguei por ali.

Quando acordei sendo cutucada me irritei, peguei o dedo do ser e quebrei. Damon praguejou me chutou para fora da cama me empurrando com tanta força que fui parar do outro lado do quarto.

Bufei e levantei. Sai do quarto e fui para o meu, mas quando cheguei já tinha uma loira lá com uma expressão desagradável.

– Estamos com problemas.

– Como assim?

Gelei. Mais bruxos?

– Que roupa eu uso para me matricular na faculdade?

– Ah Caroline. - sai do quarto.

Desci as escadas correndo e fui para a cozinha, Damon já estava sentado enchendo a cara, Elena olhava para a parede. Suspirei e fui até a geladeira pegando alguns ingredientes para fazer uma pizza caseira. Sim pizza as 8 da manhã.

Assim que eu estava pronta para passar o rolo um barulho de vidro quebrando nos assustou. Fui até a sala e vi uma pedra no chão e percebi que havia uma cordinha nela, um papel estava preso nela. O peguei e ofeguei. Ameaças.

– O que diz? - Elena se aproximou.

– Estou te vendo garotinha. Que tal brincar de tiro ao alvo?

Levei um susto quando uma pedra passou zunindo por mim, ela fora lançada com tanta força que passou pela parede a atravessando e indo parar na cozinha.

– O que? - sussurrei e então vários estrondo soaram pela casa.

Os vidros começaram a quebrar e as paredes ficaram cheias de buracos, um deles acertou Damon o jogando longe, mas em menos de um segundo ele estava de pé de novo.

Mais pedras passaram por mim e por pouco não me acertaram, nos deitamos no chão e Elena se lançou sobre mim tentando me proteger com seu corpo, suspirei tocando a cabeça sentindo um filete de sangue. Provavelmente alguma bateu em minha cabeça e eu nem senti.

– Temos que sair daqui. - Elena falou.

– Não tem como. - Damon resmungou.

– Caroline. - chamei.

– Aqui em cima. - olhei para a escada e ela estava deitada nos degraus.

– Vê algo? - ela esticou o pescoço.

– Estão tentando nos fazer sair. Acho que é só um. Ele corre de um lado para o outro.

– Então vamos sair e pegar ele. - Elena bateu no chão.

– Não. Se sairmos todos ele vai ter o que quer. Não acho que esteja tentando nos assustar. - Damon nos controlou.

Uma pedra quase me acertou, e ela veio com tanta força que tive a impressão que a pessoa que estava nos atacando tinha me visto.

– É obvio. Quer matar Sage. - Damon me olhou - Se uma dessas pedras encostar nela, ela morre sem chance de receber uma nova chance.

Suspirei. Apenas rotina.

– E o que fazemos, ficamos a tarde aqui? - Caroline resmungou.

– Não. Vamos ver quem é. - gritei irritada - A porra da minha casa! A merda que isso aqui está!

Me levantei em um rompante derrubando Elena e quando abri a porta o ataque cessou. Olhei em volta e não achei ninguém, olhei os buracos na parede com frustração. Mas nem uma casa eu posso ter.

– Olha isso aqui. É sério? É mesmo sério? - olhei a casa toda esburaca sem janelas - Niklaus é tudo culpa sua! - chutei a planta e senti meu dedo sair do lugar quando acertei o vaso.

Suspirei e entrei em casa pegando os materiais necessários.

– Vai fazer o que?

– Concertar a casa e viver como nômade. - dramatizei.

– Vão ter outros planos para você. - ergueu a cabeça.

Olhei para o lado e vi Elijah e Klaus se aproximarem com uma expressão nada agradável enquanto analisava a casa.

– Damon eu vou morar com você. - avisei.

– Só se for nas celas.

– Nem ligo.


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Notas finais do capítulo

Essa marcação é algo que vai render pois ninguém sabe o que se passa naquela cabecinha loira do Nik, aquela cabeleira maravilhosa



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