Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 17
Mente tempestuosa




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Olhei minha cara emburrada no reflexo do espelho, fiz cara feia quando senti meu cabelo ser puxado de novo.

– Care. - reclamei enquanto a morena alisava meus enormes fios.

– Care nada. Care nada. Eu estou tentando me acalmar.

– Descontando da minha beleza? -voltei a pintar as unhas.

– Não estou descontando nada.

– Queria ir de calça. - choraminguei passando as mãos pelo vestido azul claro.

– Nem pense nisso.

– Facilitaria muito. - reclamei pensando no incômodo do vestido.

– Eu sei. Katerina vai estar te esperando no Grill assim que acabar a formatura. Graças a formatura o local vai estar vazio. - Bonnie avisou entregando uma presilha levemente brilhante para a loira - Matt disse que não irá abrir.

– Vai ser difícil? - Bonnie suspirou.

– Não. - bufei e me levantei.

– Abraço em grupo! - Caroline gritou juntando os corpos.

Descemos as escadas e eu fiz cara feia quando quase cai da escada, Liz abriu um enorme sorriso pegou uma câmera fotográfica tirando várias fotos de nós. Acho um absurdo eu fingir que estou de bom humor quando preferia ficar em casa dormindo.

– Tenha cuidado. - a loira avisou batendo no meu ombro - Ainda quero te ver viva garota.

– Claro xerife.

Entramos no carro onde Oliver já nos esperava, ele olhava ansiosamente para as ruas pelas quais íamos passando.

– Tome cuidado hoje irmã. Não parece que isso vai acabar bem. - o loiro a olhou e eu sorri.

– Vai sim. Não se preocupe. Sua irmã é forte. - fechei o punho e o ergui na altura do rosto.

– Eu sei que é.

Dei uma olhadinha pela janela e reparei que quase não haviam pessoas na rua, ela estava praticamente deserta. O que facilitaria a ação durante a noite, era exatamente assim que precisaríamos da cidade.

Descemos do carro e colocamos a beca vermelha ridícula.

– Cor feia. - sussurrei.

– Eu não achei. - Caroline sorriu.

– Obvio que a rainha da beleza não iria achar ruim. - a loira sorriu e nos empurrou até o campo abarrotado de pessoas.

– Vai ter festa a noite? -Elena se questionou.

– Sim. E provavelmente não estaremos aqui. O feitiço começa meia noite. - Bonnie revirou os olhos.

– Estragaram meu baile, mas bem... da pra poder ficar pelo menos até as 23 horas. Já são 16:30 e só temos tempo de trocar de vestido e voltar pra cá. - Caroline saiu correndo e o grupo a seguiu de longe.

Cumprimentamos Stefan e Matt e logo se separaram andando distraídos pelo enorme campo. Me afastei de meu grupo e caminhei até a parte de baixo da arquibancada e me escorando em um pedaço da estrutura, passei os dedos pelo longo cabelo e torci os lábios quando um vento forte quase me carregou.

Rolei os olhos por todo o local e parei em um edifício que possuía o teto pontudo. Do local de onde eu estava só dava para ver o telhado. Seria lá onde eu e Katerina nos encarregaríamos de fazer o massacre.

Pensei nos meus últimos anos. Eu havia chegado aqui a 14 anos atrás, conheci muita gente, porém sempre me exclui de tudo já que eu o meu convívio com um pai violento me impedia de ter uma vida normal. Em pouco tempo Elena se tornara minha melhor amiga, uma irmã. Caroline me aceitara pouco tempo depois, mas eu e Bonnie apenas nos dávamos bem e hoje nosso relacionamento havia melhorado bastante.

Depois da morte de minha mãe eu criei meu próprio casulo, fingi tanto que não tinha sentimento que acabei não os tendo mais. Eu era a personificação de um vazio angustiante, mesmo dando meus melhores sorrisos e fingindo indiferença.

Eu me pergunto todos os dias como pude se quer conseguir os amigos que tenho hoje.

Klaus me bagunçou, no fim eu o entendia como ninguém. Temos os mesmos medos. Ele é louco, incontrolável e incompreendido. Cruel, sincero e feroz. Eu realmente pensei em o odiar. E mesmo tendo mil motivos para isso eu não conseguia. Tudo o que os outros viam de ruim nele eu enxergava como uma qualidade, sua segurança, persuasão e manipulação me era fascinante.

Niklaus é perfeito aos meus olhos.

Eu não sabia se era amor, afinal eu não sabia como é um amor de mulher para homem. Mas eu gostava dele. Sim. O desejava. E faria tudo por ele. Eu adoro Niklaus e me pergunto constantemente se não estou confundindo meus sentimentos, pode ser paixão... eu já ouvi falar sobre isso, mas paixão passa não é? E se for amor? Como saber? Eu sei que não é apenas por sermos amigos, afinal eu tenho vários e nunca me interessei por nenhum deles como me interessei por Nik.

– Ai está você! - saltei levantando-me do apoio da madeira com o susto.

– Olá Nik. - respondi voltando a me sentar.

–O que faz aqui amor? Não deveria estar com os seus amigos? - o loiro colocou as mãos no bolso e eu admirei o terno impecável dele e o quanto ele ficava bonito.

– Estou pensando. - olhei para seu cabelo loiro brilhante.

– O que houve? - ele me olhava curioso.

Dei de ombros mostrando descaso.

– Nada. - tentei disfarçar e ele se aproximou tocando meu queixo.

– Não sei se fico feliz por esconder o que passa nessa sua cabeça, ou se eu fico com medo. - passou os dedos pela minha bochecha.

– Medo é bom. - ele discordou sentindo a irritação lhe envolver.

– Sage Verona, o que está escondendo?

– Nada demais Klaus. - pisquei os olhos.

– Nada demais e está assim? Não é o seu normal. - o loiro aumentou o tom e eu me levantei.

– Eu estou gostando de alguém.

Desviei os olhos quando vi sua expressão irritada e arrumei o capelo. Klaus me olhou intrigado e eu vi sua expressão se transformar em irritação, ele me olhou maldoso.

– Não vou dividir você com um adolescente. Sage temos coisas mais importantes.

– Nem precisa se preocupar com isso Klaus! E não estou te pedindo autorização.

– Não? Não mesmo? A primeira oportunidade que tiver eu tenho certeza que foge com o cara, me larga e eu não posso ir atrás nem de você e nem dos seus amigos por causa desse maldito contrato. - o loiro bateu na estrutura e ela balançou - Sage nós temos um acordo...

– Eu não ficaria longe de você.

Murmurei e ele paralisou me olhando, o vento veio com força bagunçando meus cabelos. Ignorei as mechas e continuei olhando para Klaus, firme no que eu havia dito.

Eu estava apaixonada? Não sei, como ter certeza?

Niklaus se dividia entre surpreso, desconfiado e divertido.

– Que tipo de coisa estão armando? - decidiu desconfiar.

– Nada Nik. Nada. Eu só... Eu nem sei o que dizer Klaus... Mas eu estou sentindo algo a mais por você. Algo que eu não conheço muito bem. E eu entendo e sei que não é reciproco. Eu sei que ama a Care e não vou pedir que desista dela, por que ela não te quer. Você sabe disso e não liga e eu tento não ligar pro fato de que nunca vou te ter. - admiti - Eu não sei nem o motivo de eu estar falando disso aqui abertamente com você quando deveria estar sentada na maldita cadeira.

– Sage querida... - o interrompi.

– Eu sou muito confiante e otimista. Eu não espero que me ame hoje, amanhã, ou daqui mil anos até por que não vou viver isso tudo. Não quero, mas eu só preciso que você saiba disso. Eu me recuso a me fechar novamente. Eu quero ser humana e quero saber passar por todas essas fases, isso faz eu me sentir viva, gostar de você fez eu me sentir alguém de verdade, você devolveu uma vida que estava se apagando e eu sei o quanto isso parece absurdo.. Eu não quero que me tirem isso. Eu sinto algo por você e eu vou aceitar isso de braços abertos e vou intensificar, pois é isso que vai me manter desperta. Não estou pedindo que me corresponda e não vou dizer que isso é amor... como eu disse... nem eu sei o que é isso.

Respirei fundo vendo que ele ainda estava em choque. Eu fugiria depois.

– Eu não me importo de ficar ao seu lado esperando por uma coisa que não vai acontecer. Não prometo viver pra você, mas sim por você. Vou seguir com a minha vida, mas estarei aqui quando me quiser.Por que eu sei que te quero comigo pelo resto da vida. - confessei desviando os olhos.

– Querida, sente-se por favor. Se acalme. - ao loiro se alarmou ouvindo a minha frequência cardíaca aumentar drasticamente. - Por favor se acalme. Não é lugar e nem hora pra morrer.

Eu ri trêmula. Estava uma pilha de nervos, eu precisava sumir logo.

– Eu não vou parar minha vida, mas meu coração vai ter um espaço guardado para você sempre. Você é o meu primeiro, será único e eterno.

Segurei o rosto chocado dele e encostei meus lábios suavemente nos seus, e então me afastei como a verdadeira covarde que eu era. Fui até o vestiário e me sentei em um banco, tirei os saltos e movi as pernas tentando fazer o sangue circular. Caroline me paga.

Bufei e Stefan entrou no vestiário e se escorou no armário a minha frente. Oliver se sentou ao meu lado ajeitando seu capelo.

– É um dia horroroso.

– Tudo vai dar certo. - Stefan estava confiante.

– Eu espero que não. Stefan... eu quero morrer. - estava envergonhada.

– Não diga essas coisas. - pediu me repreendendo com o olhar passando uma mão em minha cabeça.

Bufei e nos escoramos nos armários vendo as horas passarem. Quando se passou meia hora nós saímos do vestiário tentando mostrar que tínhamos pelo menos um pingo de dignidade e animação, ajeitei o cabelo e entrelacei meu braço ao de Stefan, mas eu queria mesmo era fugir para de baixo da minha cama. Eu sou os meus demônios, nada me assusta mais do que a mim mesma.

– Acha errado eu me apaixonar por ele? - sussurrei para Stefan.

– Sim. - admitiu envergonhado - Mas não se escolhe né? - dei de ombros - Eu já esperava por algo assim Sage, você o aceitou fácil demais. Dá para ver nos seus olhos que você o idolatra.

– É errado que eu não me importe com as coisas que ele faz?

Ele suspirou e me olhou com carinho, quando vimos o híbrido sentado em uma das cadeiras soubemos imediatamente que deveríamos controlar as palavras.

– Eu te desejo toda sorte do mundo irmã. - Stefan começou - Vamos pegar meu carro, vamos para Cancun, beber um coquetel...

– E dançar Macarena na praia. - dei uma risada imaginando a cena - Eu vou adorar ver isso Stefan.

Klaus nos encarava de forma descarada mostrando que nos ouvia, ele me lançou um olhar sugestivo enquanto ajeitava sua gravata. Desviei os olhos encarando um grupo de formandos.

– Se não fossemos o centro das atenções eu te beijaria. - brincou - Estou esperando por uma viagem assim a anos.

– Pode fazer isso mais tarde. No escuro. Na minha casa. Na minha cama. - brinquei e nós rimos - Stefan eu sempre te amei. - imitei Katerina.

– Você é que entende a mente dos loucos. - se referiu a minha pergunta anterior.

– Uma habilidade. - me queixei.

– Ou deve ser por que você é uma deles. - rimos - E Enzo? Ele comentou algo sobre tentar te perturbar, mas pelo seu humor agradável vejo que ele se perdeu no caminho.

– Sem sinais de sangue hoje. Enzo vai bem. Aliás eu nem contei. Fiz uma tatuagem.

– Tatuagem? - perguntou chocado.

– Que tatuagem? -Matt questionou.

– Se eu for te mostrar vou precisar tirar o vestido. - pisquei para o loiro.

– Enzo... - interrompi Stefan

– Ele não é a pessoa mais doce, carinhosa, educada e sutil que já conheci, mas hoje o vejo como alguém importante.

– Assim me ofende linda. - me virei vendo o moreno com uma rosa na mãos, Damon logo atrás - E eu achando que tinha chance com a minha Déa.

Ri pegando a rosa e o abraçando para logo o soltar, abracei Damon que sussurrou um parabéns e logo saiu atrás de Elena.

– Obrigada. - cheirei a rosa.

– Um belo presente para uma bela dama, nada romântica, sutil e muito menos delicada. Uma rosa para uma... mulher sensual, espetacular que me dá água na boca em todos os sentidos.

Ri e ele beijou a minha mão me dando um sorriso e piscando em seguida enquanto ia se sentar ao lado de Damon. Stefan me empurrou para os nossos lugares.

Sem ânimo algum me levantei antes mesmo da formatura iniciar e fui até o diretor, implorei para ele me tirar da lista, mas ele se negou, bati com meu capelo em seu rosto. Quando voltei para meu lugar eu me sentia completamente sem vida, meu corpo inteiro dormente e gelado. Após a cerimônia eu me dirigi para a casa de Caroline e troquei de vestido, não me dei nem ao trabalho de tentar falar com ninguém, doía admitir que eu e sentia receosa com o que aconteceria a noite, isso afastou meus pensamento de minha atual situação com Klaus

Olhei o vestido preto colado com rendas finas também pretas com pequenos brilhos, o vestido era colado e se soltava levemente quando próximo aos joelhos, era um vestido magnifico. Cortesia de Rebekah.Passei um batom vermelho escuro e cacheei os cabelos, reparei que eu não parecia em nada com uma típica formanda. Eu não suava tule e nem um vestido cheio esvoaçante, eu estava eleganete demais para a ocasião.

– Linda - Caroline sorriu satisfeita se jogando na cama e passando a arrumar o coque - Com quem vai?

– Pretendente não falta. - reclamei olhando para a janela enquanto Elena entrava em um vestido com a ajuda de Bonnie.

– Ah não? - a loira me olhou pelo espelho.

– Enzo está sobrando e tem o inútil do Klaus, o imbecil do Kol e o Elijah meio que se convidou. Ele disse que não gosta disso, mas iria de qualquer forma. - dei de ombros e Bonnie olhou curiosa.

– E o que disse?

– Que queria me jogar em uma cova ao invés de curtir esse baile inútil. Vou sozinha. - empinei o nariz e ajeitou os cachos.

– Você dispensou o Original sexy? - Caroline surtou.

– Todos são. Fazer o que? Não tem escolha. - as três me olharam chocadas

– Escolha você teve. - as duas mais velhas concordaram com Elena - E homem não falta, poderia ter roubado o Stefan da Caroline. Quem sabe até ir com seu irmão.

– Ele vai com a doçura da April. - Elena fez uma careta.

– O Matt.

– Matt está com a Bekah. - todas se olharam.

– Bem, então venha conosco. Seremos suas parceiras de bailes.

– Mas eu já estou indo com vocês. A única coisa que precisam me convencer a não fazer hoje é encher a cara. E eu espero ganhar um presente por salvar vidas hoje.

Fomos no carro de Elena, descemos do carro e elas foram até seus pares enquanto eu apenas fazia uma careta e ia vagarosamente em direção a entrada. Meu braço foi segurado com delicadeza, me virei e vi Elijah me olhando com um pequeno sorriso.

– Imaginei que precisaria de companhia. - segurou minha mão delicadamente.

– Uma companhia educada, agradável e bonita. - sorri para ele, Elijah era um homem muito bom.

– Se me permite. Você está maravilhosa. - os olhos de Elijah brilharam.

– Obrigada, mas não me cante muito. Você consegue coisa melhor. - pisquei pra ele que riu.

– Ninguém chega aos seus pés. - ele pegou uma caixinha preta no bolso - Imaginei que não iria querer aquelas flores horríveis no seu pulso. Não consigo ver uma mulher de ficando bonita com aquilo, então eu trouce isso.

Elijah prendeu em meu pulso uma pulseira prateada de cordas grossas com varias pequenas flores umas grudadas nas outras em vários tons de azul formando uma bela corrente.

Abri um enorme sorriso encantada com o presente. Eu nunca havia ganhado algo tão bonito e delicado.

– Bem... Você acaba de conseguir 50% do meu coração. É linda Elijah. Obrigada. - ele entrelaçou seu braço no meu.

Entramos no salão e as pessoas fixaram seus olhos em nós, provavelmente se perguntando como eu havia trazido um homem tão gostosão. Abri um sorriso enorme e acenei para Matt, caminhamos por entre os convidados e eu fiquei sem saber como agir. Peguei uma taça vendo que era champanhe, se a xerife descobrisse Caroline seria uma vampira morta.

– Se acostume. Quando Klaus começar a realizar os planos dele, você passará por isso mais do que pensa. - o moreno sussurrou muito próximo encostando os lábios em minha orelha quase me fazendo cuspir o líquido.

– Sim senhor. Seguirei sabiamente alguns de seus conselhos.

Ele me puxou de forma delicada para uma dança, grudou nossos corpos e pousou a mão em minha lombar. Tremi levemente e Elijah sorriu me olhando com intensidade. Havíamos ficado mais próximos devido ao meu treinamento, Elijah queria explorar ao máximo as habilidades de uma duplicata.

Olhei para o lado vendo Klaus e Caroline dançando e discutindo fervorosamente e de maneira nada discreta.. Soltei uma risada e me virei para Elijah.

– Obrigada por ficar comigo, não estou me sentindo muito confortável hoje. Achei que ter uma companhia não seria bom, mas é muito fácil gostar de estar com você.- admiti dando um sorriso pequeno.

– Fico lisonjeado com isso, mas devo admitir que só estou aqui por você. O meu humor hoje é bem assassino. - esticou o pescoço olhando ao redor - Ah eu daria tudo por uma boa briga.

Balancei a cabeça reprimindo uma risada.

–Ok senhor confusão. Logo você terá isso. - o tranquilizei.

– Não estaremos muito perto. Diria que a uma distância de 150 metros, mas estaremos observando e só interviremos caso algum problema muito grande aconteça, somos um alvo fácil, se nos pegarem as chances de tudo dar errado é enorme.

– Entendi.

– Sage. - franziu o cenho olhou curioso - Preparada pra hoje?

– Sim. Tive um professor maravilhoso. - Elijah sorria maravilhado

– Não posso discordar. - porque eu não podia gostar dele?

– Obrigada por ser tão paciente Elijah. Não deve ser muito fácil treinar uma humana não é?

– É sempre bom passar um tempo com você Sage. E você é uma aluna aplicada, em 3 aulas já conseguia me derrubar.

– Só porque você se distraia acreditando que não iria levar uma surra. - abri um sorriso.

– Talvez eu tenha sido um pouco confiante demais.

Dançamos por mais alguns minutos, meus pés já estavam cansando então pedi licença e fui para o jardim me encostando em uma árvore, olhei para o céu e então fechei os olhos sentindo o coração palpitar pela novidade. Ouvi algumas vozes próximas ao local onde eu estava, Klaus e Caroline estavam em uma conversa animada por incrível que pareça, nenhum dos dois se quer havia percebido a minha presença. Klaus se aproximou da loira mexendo no cabelo e nas bochechas dela que sorria. Reprimi um gemido de desgosto ao sentir meu estômago revirar, me virei para trás e levei um susto ao ver Elijah praticamente encostado em mim.

Ele me avaliou por breves segundos e seus olhos dispararam na direção de Niklaus e logo se voltaram para mim, senti dois pares de olhos em minhas costas e senti que algum deles me duzilava.

– Eu não planejei.

– Ninguém planeja. - resmungou sabendo do que eu estava falando.

Sabíamos que os dois estavam atentos a conversa e decidimos falar em códigos.

– Eu contei o que se passava comigo. - ou seja, eu disse a ele o que sinto.

– E Fugiu? - "ele fugiu"?

– Eu fugi.

Ele me encarou em choque.

– Eu nunca teria te deixado ir. Eu tenho a eternidade pra esperar você fugir para os meus braços. Eu amei Katerina por mais de 500 anos, esperei por ela. E agora... Você.

– Eu estou me sentindo... uau... confusa. Eu não esperava que... Isso.

Minha mente dava muitas voltas com o que acontecia. O que eu deveria pensar ou fazer?

– Estou sendo direto. Eu te quero. Como amiga e como mulher. E não me diga que faz pouco tempo, eu não sou Kol e já me apaixonei muito. E não tive nenhuma delas pra mim, eu irei esperar.

Eu juro que nem vi como aconteceu, apenas senti os lábios macios dele contra os meus. Ele os movimentou de uma forma suave tentando fazer eu abrir os meus, surpresa pelo ato entreabri meus lábios sentindo sua língua passar pelo meu lábio inferior e então encostar na minha. Sua mão se moveu para o meu queixo e o segurou com firmeza mantendo minha cabeça no lugar, me afastei rápido.

– Elijah isso não está certo. - senti os olhos dos dois loiros queimarem em minhas costas e ouvi Caroline ofegar.

– Está mais do que certo. Não há nada de errado. Eu estarei aqui por você.

Elijah saiu me deixando completamente estática, respirei fundo e comecei a entrar um pouco mais na floresta deixando os olhares curiosos para trás. Evitando assim algum comentário maldoso do Mikaelson e outro julgador da santa dos cachinhos dourados.

Uma mão agarrou meu braço e me virei surpresa vendo Alaric. Ele estava muito bonito, mas sua expressão não era uma das melhores e eu imaginava bem o motivo.

– Vamos. Temos que ir agora. - Alaric me puxou olhei para o relogio no pulso dele, ja eram quase 23 horas - Katerina está te esperando no Grill.

Quando cheguei no estacionamento todos já estavam lá, Caroline estava muito emburrada ao lado de um Klaus extremamente sério. Segurei o paletó de Alaric enquanto ele tomava a iniciativa já que todos se mantinham em silêncio esperando os comandos.

– Sage está indo se juntar com Katerina agora. Klaus e Elijah ficaram as vigiando caso precisa de interferência, eu e Rebekah nos encarregaremos de procurar outros bruxos. O resto de vocês deve atravessar a fronteira de Mystic, se não os chamarmos até as 5 da manhã é porque deu tudo errado e estamos mortos.

Todos concordaram, Klaus se moveu para perto de mim, mas Matt foi mais rápido e tomou o lugar dele se sentando no banco traseiro junto de mim. Alaric foi para o banco do motorista e dirigiu até o Grill o mais rápido que conseguia, durante o trajeto vi que o carro onde Klaus entrara mudou de rota entrando em outra rua.

– Cuidado com Katerina. - Matt avisou.

– Ela não seria tão estupida. -peguei as chaves das mãos do loiro.

Entrei no bar e dei de cara com Katerina que arremessou uma mochila para mim, fiz uma careta para as roupas e reprimi um gemido. Vesti a calça jeans clara extremamente apertada, uma camiseta preta que parecia infantil e uma bota de salto altíssimo.

"Como essa louca acha que se mata alguém assim?" Reclamei olhando a bota, mas não havia muitas opções, Caroline também havia exagerado no salto do sapato do baile.

Prendi o cabelo em um coque mal feito e saímos do bar o trancando, dei a chave para Matt que me olhou divertido assim como Alaric ao verem que eu estava visivelmente irritada com as roupas. Não dá para correr com esse salto. Me virei para trás e peguei meu arco dando um sorriso de canto para Katerina.

Me agachei atrás de um pequeno muro com Katerina enquanto observávamos a movimentação, ainda tínhamos trinta minutos e eu sabia que Klaus e Elijah já estavam nos vigiando de algum lugar alto. Nos olhamos entediadas enquanto encostávamos no muro, logo passamos a dividir uma imensa barra de chocolate enquanto Katerina falava de homens que passaram por sua vida nos últimos quinhentos e não sei quantos anos.

– Hum... Sério mesmo que o Stefan passou a se controlar quando você deu seu sangue pra ele e beijou ele? - a morena abriu outro pacote.

– Sim.

–Eu deveria ter feito isso. Ele se apaixonaria por mim. - mordiscou o chocolate e ofereceu outro pacote para mim.

– Duvido. Eu não vi ele morrer de amores por mim. - falei com descaso.

– Stefan... Stefan. - suspirou e olhou para o céu - Você é interessante. Tem uma mente diferente. - Katerina confessou.

– Nem tente se passar por minha amiga. Eu odeio gente falsa. Eu te mataria.

– Você é uma humana melhor que eu, mas não seria uma vampira tão boa assim.

– Talvez eu seja.

– Ninguém é melhor que eu.

– Eu acho a Bekah melhor que você.

Katerina se irritou e pegou o pacote de chocolate de volta.

– Você é uma vadia.

– Kat não me cobre amizade. Nos conhecemos a pouco tempo, fora que você é bem desprezível mesmo.

– Você não é diferente de mim. Se fosse uma vampira de mais de 500 anos entediada você entenderia isso muito bem viu.

– Talvez. Mas eu acho que descontaria o meu tédio em uma única pessoa.

O sino da igreja tocou e eu vi um pequeno reflexo brilhar entre as arvores a um distância bem grande. Eles já estavam alertas. Movi os olhos em direção a praça e fiz uma contagem rápida vendo trinta pessoas no meio da praça de cabeça baixa, eles ficaram completamente imóveis. Assim que o sino parou de tocar eles começaram a falar.

– São muitos. - sussurrei e Katerina abriu um enorme sorriso.

– Ótimo.

Peguei meu arco e respirei fundo, coloquei a flecha e estiquei o fio de aço o máximo possível. Posicionei o arco corretamente e soltei acertando a cabeça de um deles em cheio. Disparei mais algumas flechas enquanto Katerina disparava em direção a eles, ela era um alvo fácil na minha mira e estava mais atrapalhando do que ajudando. Lancei mais três flechas

– Vadia suicida. - sussurrei.

Joguei o arco no chão e corri até eles quebrando o pescoço de um dos viajantes enquanto Katerina saiu enfiando o punhal no coração deles.

Quando avançamos para os próximos uma dor alucinante nos atingiu fazendo com que fôssemos ao chão, levantei cambaleante e peguei um punhal no cós da calça. Passei pelo pescoço de um deles e vi que não conseguiríamos terminar com eles daquela forma

– Katerina que merda é essa? - Gritei ao ver que os viajantes nem se mexiam.

– Bem. Klaus avisou! - a morena puxou a perna de um deles o fazendo cair para enfiar o punhal no coração.

Apertamos a cabeça entre as mão com mais força quando a dor intensificou fazendo nossos narizes sangrarem. Se Klaus e Elijah agissem nesse momento, nós poderíamos morrer.

– Precisamos ir mais rápido. Só matamos 10 até agora. - Katerina se levantou.

– Ideia! - me ergui com dificuldade a puxei para longe sentindo a dor sumir - Acham que fugimos.

– Qual é o plano brilhante?

Não a respondi, apenas soquei a janela de um dos carros estacionados e entrei fazendo ligação direta, algo que não era difícil já que eu passei anos praticando com Oliver. Acelerei o carro e fui até a ponta da rua que era o local mais distante, colocamos o cinto e nos olhamos.

Eu sou ótima em capotar carros.

– Saia o mais rápido possível, é provável que sobre algum.

–Perai! Não vamos fugir? - ela me olhou.

– Não sei se você percebeu lady, mas você não é uma vampira, eu muito menos. Klaus nos acha em segundos. E eu não estou nem um pouco afim de fugir dele. Torça para ser um strike. E para não morrermos.

– O que você vai fazer?

– Não é obvio? Jogar boliche.

Pisei no acelerador e fui o mais rápido que consegui, assim que eu estava próxima da praça e do meio fio girei o volante para o lado de uma vez e pisei no freio, ouvi o pneu traseiro soltar e o carro bateu com tudo contra o meio fio fazendo com que ele saltasse e girasse várias vezes acertando vários corpos antes de bater no chão capotar uma única vez e parar de cabeça para baixo. Gemi baixo ao sentir o meu corpo todo dolorido e cheio de pedaços de vidro, me soltei do cinto e um pedaço imenso de metal entrou em minha perna, reprimi um grito o transformando em um gemido feroz. Olhei Katerina e vi que seu estado era bem melhor que o meu, nem se comparava.

Nos arrastamos para fora do carro com muita dificuldade, uma pilha de corpos em nosso caminho. Olhei ao redor vendo que não foi um strike, ainda havia três deles.

Sem nenhuma arma ao alcance, peguei um sapato do pé de Katerina e joguei com toda a minha força na cabeça de um deles que caiu desacordado. Assim que isso aconteceu os outros dois saíram da espécie de transe e nos olharam com ódio, comecei a tossir violentamente enquanto vomitava sangue. Meu corpo inteiro parecia estar sendo comprimido e então tudo acabou com o som de algo molhado, levantei os olhos e vi Klaus e Elijah segurando os corações.

Suspirei de alivio e caminhei em direção a eles de forma vagarosa, eu estava muito sonolenta. Olhei para Elijah e vi sua expressão preocupada.

– Só estou pegajosa. - apontei todo o sangue em meu corpo - Se não se importam. Eu gostaria de comer.

Sai andando em direção ao carro. É... foi mais divertido do que pensei.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, bem... esse capítulo ficou como penúltimo mesmo pois resolvi acrescentar um a mais. Então são no total de 18.
Eu me lembro de ter umas trinta coisas para falar, mas no momento não me lembro de nenhuma agora, apenas que iniciei a nova fanfic :) Sim, já comecei e as postagens são mais demoradas lá, não postei esse capítulo ontem devido a minha avó que não estava muito bem e precisou de companhia pra uma série de exames. Bem...
Curiosidades:
5. Sage não propõe o acordo para Niklaus em seu quarto, o híbrido apenas escuta ela e Damon conversando sobre o acordo e se interessa.
6. Sage e Kol tem um romance temporário, namoram por pouco tempo e se separam se tornando grandes amigos. Kol se torna obcecado por Sage.
7. Sage treinava com a equipe de futebol americano e surrou Brenno em um dos jogos. Eu não deveria ter tirado isso.
7. Klaus e Sage nunca tiveram contato físico nas versões anteriores, exceto pelo híbrido dando seu sangue, fora isso nem mesmo um aperto de mãos.
8. Sage não enfrenta Klaus quando ele dá o seu sangue, ela simplesmente ignora tudo.
9. Kol era extremamente ciumento e possessivo com Sage, tanto que começa a ter uma rivalidade mortal com Niklaus e Stefan que fica extremamente preocupado com a amiga.
Por enquanto essas são as curiosidades das versões anteriores :)
Daqui para frente não ocorreram tantas modificações.
Bjs!



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