Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 11
E que comece a confusão




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Estava sentada no chão de casa com as pernas abertas e o cabelo completamente bagunçado quando Oliver desceu as escadas, toquei minha perna ferida e suspirei enquanto pegava o martelo e algumas madeiras. Olhei a caixa de tinta jogada no canto da sala, já estava pronta para começar a reforma. Klaus poderia chegar a qualquer momento já que ele acredita que sou vidente e posso prever quando ele vai vir.

– Tudo bem? - se aproximou tocando minha perna.

– Já está na hora de reformar essa casa não acha? - me olhou atentamente.

– Sim.

– Não ia chamar um amigo?

– O único disponível é um pertubadinho. Coitado. Tadinho dele. - me referi a Kol.

– Ah sim. Ele. - riu e coçou a cabeça olhando o cômodo - O que é isso tudo? - apontou para as tabuas e latas no canto da sala.

– Acredita que eu entrei em casa e assim que passei pela porta a madeira quebrou e eu quase fui parar no porão? - apontei o buraco

– Casa assombrosa. - olhou a parede verde escura.

– É muito é feia isso sim.

– E o trabalho? - olhou para mim.

– Vai bem. - sorri.

– Está diferente.

– Estou quase apaixonada. Deve ser algo tipo paixonite adolescente já que eu nunca tive uma. Ou só algo como tesão. - dei de ombros sorrindo para meu gêmeo.

Oliver gritou cobrindo os ouvidos e me olhou com o rosto vermelho, ele respirava fundo e sorria transtornado.

– Que bom irmã. - reprimi uma risada.

– Eu deveria ter sido mais sutil?- perguntei curiosa.

– Não é o seu forte. Quando você diz que vai ser sutil acaba jogando um ataque nuclear.

Revirei os olhos com o drama e pensei nos últimos dias.

Kol fizera questão de aparecer em minha casa e me despachar, fingiu até uma cara decepcionada quando disse que não tinha mais interesse em mim. Ele acreditava fielmente que havíamos tido um relacionamento. Eu apenas dei de ombros e fechei a porta deixando ele do lado de fora. Já haviam se passado 2 dias depois de um incidente na casa dos Mikaelson em que eu cheguei a irritar tanto Kol que ele quase me bateu, só não bateu devido a Elijah que surgiu das sombras e o segurou.

Eu já tinha conseguido um emprego após a morte de meu antigo chefe, agora eu trabalhava em um pet shop e fedia a cachorro molhado todos os dias. E o pior, eu gostava muito do meu trabalho. Era até divertido, e a companhia era sempre boa. Tudo bem que eu levava algumas mordidas, mas não era nada comparado com uma mordida de um vampiro. Eu já não frequentava mais o colégio e esperava apenas pela formatura, agradeci por não ter dado bobeira esse ano ou eu ainda estaria indo para as aulas ao invés de ter sido dispensada mais cedo pelo próprio diretor.

– Vamos? - apontei para as latas de tinta.

– Hum - o loiro resmungou cansado e me olhou sorrindo - Vamos.

– Ai! - gritei quando cortei a mão de novo, suspirei e passei a pular em cima da madeira a quebrando e cai para o porão.

Ódio.

Reclamei de dor ao cair em cima de um monte de caixas, a cabeça de Oliver apareceu pelo buraco com um enorme sorriso, ele gargalhou me vendo jogada no porão e eu fechei a cara me levantando com dificuldade enquanto mancava até a porta.

Nós passamos uma boa tarde do nosso dia retirando as tábuas, na realidade Oliver. Eu simplesmente sai quebrando tudo e fazendo buracos no chão, Oliver foi comer e quando voltou o piso já havia sido todo retirado por mim que quase coloquei a casa abaixo. Eu fui tão violenta que minhas mãos tinham cortes até fundos. Trocamos a madeira escura por uma clara, fiquei até impressionada com a minha rapidez.

Já estava quase terminando o piso da cozinha quando a campainha tocou, me levantei e abri a porta com força fazendo ela bater na parede e se fechar com um estrondo. Abri de novo e a segurei sorrindo para Klaus.

– Atrapalhei algo amor?- perguntou divertido.

Me olhou de cima abaixo. Me avaliei também, eu estava usando a camiseta de Oliver que estava totalmente fora do lugar, meus joelhos estavam vermelhos, meu cabelo caia sobre meu rosto e eu deveria estar corada. Não foi difícil imaginar o que ele pensava. Dei de ombros.

– Na verdade estava precisando de você, um homem forte e rápido. É o que estamos precisando. Diz que sim! - saltitei no lugar.

– O que? - perguntou confuso.

– Precisamos de ajuda Nik. Não aguentamos fazer isso sozinhos, já estávamos quase lá quando você chegou. Sabe como é maravilhoso que você participe? - Klaus corou.

KLAUS COROU. NIKLAUS MIKAELSON COROU. Engoli a risada. Que imaginação fértil. Ele estava horrorizado.

– Do que esta falando mulher?

– Das tabuas, eu e Oliver estamos trocando o piso. - avisei.

Respirou aliviado e olhou minhas mãos sangrentas assim como a perna direita.

– Que blusa é essa? - questionou.

– Do meu irmão. Entra. - o puxei pra dentro e lhe entregou um martelo o levando ate as escadas, apontei - Tira isso.

Ele não me deu tempo para mais nada, rasgou o pulso e enfiou na minha boca. Não me esquivei, aceitei e logo ele se afastou enquanto o próprio pulso se curava. Me olhou atentamente antes de se virar para a escada.

– Ser seu escravo faz parte do acordo? - o loiro questionou começando a retirar as tabuas

– Vamos nos ajudar ok? Você precisa do meu sangue, da minha lealdade e do meu amor incondicional e eu preciso de um homem forte e rápido. Se quiser te deixo ate dar uma mordidinha no meu pescoço, mas trabalhe ok?

Sai do local e deixei um loiro sério na sala, logo voltei e levei um susto já haviam se passado apenas 5 minutos e todos os degraus já estavam com as tábuas trocadas. Dei de ombros e voltei para a cozinha me deitando em uma bancada e tornando a chutar o armário acima. Oliver começou a rir enquanto eu chutava com mais força e enfiava a chave de fenda entre a parede e o armário.

– Eu já tirei os pregos Oliver, essa porra não quer sair. - xinguei chutando com mais força.

– Olha a boca caralho. - o jovem apenas pegou o pregador de pregos largando o martelo.

– Amor deixa que eu faço isso antes que isso desabe em você. - Klaus se fez presente e antes de seguir até mim olhou para Oliver - Niklaus Mikaelson.

– Oliver. Seja bem vindo. Não acredito que ela também esta te escravizando. - comentou rindo.

– O que não se faz por mulheres psicóticas. - o loiro revirou os olhos e veio até mim, provavelmente ouviu o armário ceder, Klaus o pegou com facilidade e colocou no chão.

– Isso é tão injusto. - reclamei saindo do mármore frio.

– Injusto seria o seu lindo nariz quebrar quando isso caísse no seu rosto. - ele passou a retirar os outros armários sem que eu pedisse.

Bom mesmo que ele fizesse isso, eu estava exausta. Comecei a pegar os pequenos armários e os empilhei em frente a casa, a qualquer momento alguém os pegaria já que roubavam até as caixas de correio. Klaus conversava com Oliver quando voltei para dentro, dei uma olhadinha no loiro que vestia uma camiseta verde a calça jeans clara, ele não era musculoso, na realidade tinha um corpo normal se comparado a Stefan, Damon e Elijah. Mas por algum motivo eu o achava infinitamente mais sexy e gostoso que os outros.

– Hey moças. Desculpe interromper irmão, mas acho que Klaus queria falar comigo antes de me prestar favores. - peguei a mão dele e o puxei para o meu quarto.

Me sentei na poltrona vendo Niklaus andar por todo o meu quarto, sem nenhuma discrição ele começou a mexer em minhas gavetas, roupas, bolsas e tudo que ele conseguia. O loiro abriu meu closet e passou a mexer em uma penca de vestidos estilo prostituta que eu nunca havia usado, só comprara por comprar mesmo. Eu nem gostava de vestido, aquele ventinho nas coxas me tirava do sério.

– E então? - peguntei quando ele analisou meu vestido preto de couro super curto e o jogou no chão.

– Não vou te dar muita escolha. - pegou um vestido branco extremamente curto e colado que Caroline me deu - Eu quero que no contrato seja determinado uma coisa - jogou o vestido no chão - Eu não irei ficar em Mystic Falls para sempre. Então quando eu for eu quero que vá comigo, que abandone Mystic Falls. Na realidade nem precisa colocar no contrato, só tem que vir comigo.

Pegou uma saia e franziu o cenho jogando no chão e começou a vasculhar minha gaveta de lingerie, o olhei debochada e corri imediatamente em sua direção batendo em suas mãos e ele apenas se trancou dentro do closet comigo enquanto continuava mexendo em minhas coisas.

– Hein? - franzi a sobrancelha o empurrando com meu corpo.

Eu iria sim né? Mas não podia deixar que ele achasse que eu era fácil assim. Eu conheceria o mundo? Talvez, ele não tem cara de quem fica quieto.

– É isso, só aceitarei o acordo se você for embora comigo quando eu precisar. Estará abrindo mão de um casamento, de filhos e de uma vida normal, correrá perigo constante e terá que lidar com todo tipo de situação. Terá que me fazer aquilo que eu pedir, pra onde eu pretendo ir não é seguro. Eu vou embora e espero que vá comigo. - virou apenas o rosto enquanto pegava meu sutiã.

Corei para caramba e ele riu, peguei a peça de suas mãos e ele começou a olhar cada peça minuciosamente. Não abra a ultima gaveta por favor, eu não suportarei esse micão. Minha camiseta team vampire está lá.

– Filhos não entram nos meus planos. E tenho certeza que se eu for casar vai ser com um vampirão sexy que parece que tem de sobra nesse mundo. - dei de ombros - Já que é você que vai me bancar, tudo bem. Só que eu é que não vou contar a novidade pra ninguém, isso ai é problema seu. E meu irmão?

Oops, pois é. Eu havia me esquecido que ainda tinha família. Acontece, quem manda ele preferir ficar com os amigos?

– Se quiser que ele viva, fique seguro e não se transforme em um vampiro ou seja assassinado, eu sugiro que você o deixe aqui. E outra parte do acordo é disponibilidade a qualquer momento pra mim. Vou precisar da sua companhia para ir atrás dos híbridos e resolver alguns assuntos, em florestas, cemitérios e tudo quanto é tipo de lugar.

Rotina gente. E desde quando eu faço alguma coisa? Talvez faça faculdade de fotografia, é pode-se dizer que sim. Disponibilidade e empolgação para uma farra vampira eu tenho de sobra.

– Oh céus, eu estou sonhando? - perguntou empolgada - Não posso abandonar meu irmão - desanimei.

Pensando por um lado. Oliver ficaria sozinho.

– Ele pode ir. Mas não garanto sua segurança.

Afirmei com a cabeça. Ele entenderia? Iria? Aceitaria? Meu gêmeo não era diferente de mim, e se ele descobrisse o sobrenatural provavelmente iria querer ser o novo Van Helsing. Só de palhaçada, mas eu precisava contar para ele e isso facilitaria nosso relacionamento. Foda-se o sigilo sobrenatural, não sou obrigada.

– O que está fazendo com minhas roupas? - jogou meus vestidos no chão.

– Jogando fora. Isso não cabe em você.

– Cabe sim. - o olhei irritada.

– Não cabe.

Peguei o vestido de couro e arranquei a roupa que eu usava sem nem olhar em sua cara, vesti o vestido com a maior dificuldade do mundo, ele ficou preso em minha cabeça e eu cai para o lado batendo contra a porta. Comecei a me mover como uma minhoca entrando no vestido, assim que terminei olhei vitoriosa para Klaus que me olhava divertido e horrorizado ao mesmo tempo.

– Eu disse que entrava. - falei sem ar enquanto me abanava.

– Não cabe. - apontou em direção as minhas coxas o vestido chegava até a minha virilha, dei um tapa em sua cara - O que eu fiz? -massageou a bochecha.

– Para de olhar. - falei sem nenhum ar, tentei puxar o ar e não deu certo. O vestido apertava como o inferno.

– Não fiz nada. - me empurrou abrindo a porta e eu me joguei em cima dele sem conseguir andar enquanto sufocava.

– Klaus... - chamei sem voz e ele caiu em minha cama me levando com ele.

– O que Sage? - olhava o teto.

– O vestido não... cabe.

– E... - me olhou vitorioso.

– Rasga. - implorei e ele gargalhou.

~°~

– Come logo isso Sage. Vai nos livrar da companhia chata do Tefinho. - Damon tentou enfiar a colher em minha boca e eu fiz careta.

– Dão bou comer essa merda. - voz rouca, tossi - Katerina debe ter envenenado toba a comiba humana dessa casa.

Damon revirou os olhos e olhou a tigela de sopa em suas mãos com uma careta, suspirou e abriu um sorriso malicioso e então fechou a cara decidindo não realizar seu planos perversos, agradeci interiormente enquanto me encolhia mais ainda no lençol de Stefan. Suspirei passando a mão em minha testa suada e o vampiro bufou irritado.

– Você não facilita nossa vida mesmo hein. Quem diria que logo eu estaria aqui, dando sopa na sua boca.

– Eu tenho braços. Dão quero sopa, quero pizza. - o olhei de lado.

– Se eu pedir pizza você come isso aqui? - mostrou o caldo.

– Joga ba privaba, Stefan dão bai saber. – merda. Odeio gripe.

– Ele vai, pois Stefan mexe com todos os tipos de ervas e aqui tem um potente alguma coisa medicinal para te curar dessa gripe. Já que nosso sangue não faz isso. - tocou em minha testa com suas mãos geladas.- E você DÃO tem escolha. – gargalhou.

Me esquivei o olhando emburrada.

– Eu como depois da pizza. - eu precisava mesmo ser alimentada.

Eu mal conseguia erguer os braços, e líquidos não eram bem-vindos pois eu tremia tanto que derrubava tudo, Damon estava sendo meus braços e vai saber qual é o motivo disso tudo. Talvez ele esteja com pena da minha situação, eu estava horrorosa com o cabelo todo bagunçado, olheiras enormes e extremamente pálida.

– É bom comer ou eu faço você engolir essa porcaria fedida. - olhou a sopa verde.

Stefan quer me matar, ele provavelmente ainda estava na aula de recuperação que foi forçado a fazer por ter faltado durante um longo tempo e ter perdido as provas finais. Ele poderia hipnotizar os professores, mas era corretinho demais para isso.

Damon saiu do quarto praguejando e eu me sentei com dificuldade, levantei carregando o edredom comigo enquanto tremia. Arrastei meus pés em uma pantufa de coelhos que Bonnie havia me dado naquela manhã e um pijama rosinha muito fofo, eu parecia uma criança em uma manhã de natal. Parei tendo uma crise de tosse, funguei e voltei a caminhar em direção a biblioteca.

Oi Sage. - atendi o telefone.

– Oi Bik. - tossi quase cuspindo meu pulmão.

Tudo bem?– riu.

– Dão.– tentei evitar falar tudo anasalado - E bocê?

Bem... onde está? Oliver disse que saiu.–perguntou curioso.

– Nos Salbatores. - tossi de novo.

Ah... está doente não é? O que eu avisei sobre sorvete de madrugada?

– Para com isso Biklaus... Dão.. Banque meu Pai. - funguei mexendo nos livros.

O que faz ai?– curioso.

– Damon está cuidando de bim. Stefan que me sequestrou.

Bem... bom saber disso. A tarde estarei ai para resolver algumas coisas do acordo.

– Tubo responsabilidade sua. Tô bem ai. Desculpe, é b-e-m... - soletrei errado devido a congestão nasal - Entenbeu?

Sim.– gargalhou - Até amor.

– Hum. - desliguei e sentei na mesinha pegando um livro de Jhon Gilbert - Olha só... - comentei babando.

As duplicatas são seres quase invisíveis a todo sobrenatural, descobri isso a pouco tempo em uma viagem e acreditei não ser possível, mas é. Elas não podem ser sentidas ou ouvidas por lobisomens, bruxas e vampiros a não ser que queiram isso. Os vampiros não podem ouvir seu coração e nem respiração desde que estejam escondidas, mesmo atrás deles. Sua presença pode ser notada desde que ela se manifeste, o motivo disso é simples... as duplicatas formam um código genético diferente, haviam sido criadas por bruxas para matarem outras bruxas e seres sobrenaturais. Isso foi esquecido a mil anos atrás, e algum tipo de bloqueio surgiu impedindo que as duplicatas soubessem de seu verdadeiro destino. Descobri também que elas podem ter a força de um vampiro jovem se treinadas de forma correta, a força se manifesta mais em momentos de raiva ou perigo, podem ter reflexos tão bons quanto de um vampiro, serem extremamente ágeis, porém não tão rápidas quanto um. E elas são mortais, afinal ainda são humanas. sei que a essência desses seres se perdeu a muito tempo atrás e é graças a isso que infelizmente esses seres tomaram o controle de nosso mundo.

Fechei o livro feliz pela nova descoberta e me arrastei pelo corredor, ouvi a porta de baixo bater e a voz de Stefan soar... corri para seu quarto, mas no meio do caminho levei uma queda batendo a boca no chão. Gemi engolindo o sangue e virei de lado vendo o loiro que me encarava de forma repreensiva. Ele me pegou no colo e me colocou de volta em sua cama, olhou a sopa intocada e abriu um sorriso divertido enquanto pegava a tigela.

– Abra a boquinha...

~°~

– Não, não, não e não. - Caroline gritava andando de um lado pro outro.

Eu estava escondida atrás do sofá ouvindo Caroline berrar, eu sabia que Klaus me procurava tentando usar seu olfato e ouvir minha respiração ou coração, mas ele não conseguia. Eu simplesmente havia deixado o furacão em suas mãos e na de Elijah.

– Sim Caroline, ela estará segura. Sage e humana, não vou ter que radicalizar muito pra manter ela quieta e em segurança. - gritou irritado.

– Desculpe Klaus, estamos falando da mesma pessoa não é? - Stefan perguntou calmo, mas a raiva era visível.

– Nem se você tivesse olhos nas costas iria manter ela segura. Estamos em 8 aqui e não conseguimos se quer manter a garota longe de problemas, agora sabe-se la o que você, Kol, Elijah e Rebekah vão fazer pra proteger ela. - a loira gritou nervosa.

– Caroline! Alguma vez alguém já consegui fugir de mim? Não amor, sabe por que? Eu sou o Hibrido Original, eu sou imortal. Não há ninguém que tenha escapado de mim com vida. Ninguém encostara nela - o loiro bufou e eu ouvi seus passos.

– Oh claro. Até você matar o cara provavelmente ela já vai estar com o pescoço quebrado em algum canto por ai! Klaus, deixe minha amiga em paz! - a loira bufou irritada.

– Deixaremos ficar com o sangue dela Klaus, ela já ira criar seus híbridos e ira te ajudar, não vamos deixa-la ir morar em outro país!

Stefan acha mesmo que é meu pai né? Só pode, só falta colocar comida na minha boca. Ele já fez. Estou sem moral.

– Eu acho que ela já esta grande o suficiente para decidir sozinha. Não acha?

Eu ouvi as respirações e sabia que estavam todos irritados, eu estava encostada na traseira do sofá bem abaixo da cabeça de Rebekah e ninguém me enxergava.

– Eu protegerei a minha "doadora" com a minha vida. Ninguém vai encostar em Sage, ninguém vai se aproximar de um único fio de cabelo dela. - falou de maneira arrastada e pude ouvir que se jogou em um sofá.

– Me diga como Klaus, você mata as pessoas, não as salva. - Elena aumentou a voz.

– Não me lembro de ouvir alguém reclamar quando curei mordidas de lobisomens, cortei alguns pescoços e arranquei alguns corações. Ela estará mais segura comigo do que com vocês.

Eles sabiam que Klaus moveria o céu e a terra para ter o que queria, ele sempre estava um passo a frente. E era intimidante o suficiente para ninguém tentar abusar da sorte. Seu histórico violento ajudaria a me proteger mais do que todos os meus amigos juntos.

– Não. Ela pode ter uma família, pode se formar em uma faculdade, viajar pelo mundo. Conhecer pessoas novas. - Alaric discordou.

ALARIC?

– Ela pode ter isso comigo. Nunca vou deixar faltar nada para ela, Sage é minha amiga. - falou entre dentes - Não nos tire aquela que pode nos salvar.

– Com você? E quando ela não servir mais? Vai larga-la? - Bonnie gritou.

– A questão não é essa Bonnie, Mikael virá. Nós temos certeza, todos sabemos que os mortos estão tentando atravessar, sabemos que algo esta muito errado. Se Mikael voltar, será o meu fim, o de Kol o de Rebekah e o de Niklaus. E isso resulta em todos os vampiros que nós criamos mortos. Por isso ela é essencial. Os híbridos são mais fortes, não estaremos salvando só suas vidas, mas milhares. - Elijah interviu - Se as bruxas tomarem o controle o mundo entrará em colapso, sacrifícios humanos e magia negra irão dominar o mundo em busca do poder máximo. Não se trata de um interesse do Klaus de manter vivo a si mesmo, as coisas ficarão complicadas para nós. Principalmente depois de mortos. Sage não é descartável, se não confiam em Niklaus confie em mim.

Stefan encontrava-se pensativo, afinal ele estava bem quieto.

– Ela não irá morar lá. Ela sera perseguida, e não sera só por vampiros. - Caroline tentou.

– Sabemos disso. Por isso até pensávamos em levar alguns de vocês pra New Orleans se quiserem. - Rebekah interviu - Pensamos em tudo, híbridos podem vigiar quando ela estiver em casa, quem sabe compramos uma na cidade mesmo e a deixamos morando com um deles disfarçada como se fosse irmãos. Ela frequentará faculdade e cursos, só sai acompanhada.

– Isso não é vida. - Elena confrontou - E Sage não fica trancada de forma alguma, e a mesma coisa que prender uma minhoca em uma gaiola.

– Mas ela também não terá uma aqui. É questão de tempo pra caçadores aparecerem e matarem ela, questão de tempo pra uma matilha de lobos, um grupo de vampiros ou bruxas ate mesmo Mikael vir ate aqui e a matar. Ela é uma duplicata, uma das últimas e será caçada para ser usada em rituais. Vocês são muitos, mas não fortes o suficiente. Mikael já matou milhares de vampiros sozinha. Imagina o que faria com vocês. -Elijah parou - E com o resto da cidade, é claro. Ele não mata humanos, mas não significa que goste de os ver vivos.

– Ela pode viajar. Não morar lá. - Stefsn fez uma objeção e eu me levantei de trás do sofá jogando uma almofada em sua cara.

– Cala a boca. Fica ai querendo decidir minha vida por mim, mas sabe muito bem que é isso que vai me matar. O homem mais odiado do mundo sobrenatural não está vivo por sorte. - apontei meu dedo torto para Klaus.

Tossi compulsivamente e de quebra engasguei caindo no meio da sala enquanto sufocava, Bonnie deu tapinhas em minhas costas. Bebi a água que ela me ofereceu e agradeci internamente pela sopa de Stefan ou eu estaria pior.

– Posso treina-la. - Elijah interviu e Klaus interrompeu.

– Todos nós.

– Tem certeza sobre essas habilidades de duplicata? - Stefan cruzou os braços.

– Sim, em uma de minhas viagens eu encontrei algo sobre isso. Sage leu o diário de Jhon que por algum motivo está aqui. E afinal... ela conseguiu bater em Caroline e arremessar Elena. Não é algo que um humano normal faça.

– Ela não é normal. - ouvi Kol sussurrar e me virei para xingar ele, mas tive outra crise de tosse.

Stefan fez uma careta e mexeu os pés, ele estava sedendo. Droga, meu amigo de 18 anos age como se fosse meu pai. Na realidade meu tataravô.

– O que? Não vai aceitar isso né? - Caroline se irritou.

– Care... não estamos em condições de escolher. Ou ela, ou todos nós e o resto do mundo. E não e como se Klaus fosse a colocar no fogo cruzado. - apontou para mim.

– É exatamente o que ele vai fazer. - Elena bateu o pé.

– Ele vai evitar. E se algo acontecer ele irá a salvar. - Damon veio a favor.

– Não estou pedindo autorização de ninguém, não mandam em mim caralho. Eu vou e ponto final e se não quiserem vou sem acordo. - gritei socando e tossindo. Merda que vergonha.

– Sage seja sensata minha amiga... isso é um sacrifício. - Caroline se ajoelhou a minha frente.

– É só sangue. Meu corpo repõe. - olhei minhas pantufas de coelho.

Ela revirou os olhos.

– O problema não é sangue, o problema é você ir para New Orleans.

– Lá tem mais lobisomens. Por isso é melhor ir para lá. Eles não irão vir até aqui quando receberem um convite.

– O problema é Niklaus. - sussurrou.

– Só é um problema para quem vê ele como um, Nik não me assusta.

Levantei ainda usando meu pijama rosa e me virei para Klaus.

– Vamos. Você vai me dar uma carona para casa. E vamos dar uma passada pra comprar sorvete. - revirou os olhos e Stefan me repreendeu, como sempre.

~°~

Eu estava sentada quietinha em uma rocha de frente para um riacho olhando a água correr, Klaus estava dentro mansão junto de Rebekah e Kol. Elijah estava ao meu lado.

– Tem um lago aqui perto. Vamos? -perguntei, eu já estava irritada por ficar tanto tempo quieta.

– Não acho que gosto disso. Que tal irmos, você entrar e eu ficar vigiando? Não tenho certeza se quero ficar perto de um local com água o suficiente pra submergir um corpo com você do lado.

– Meu Deus Elijah deixa de ser chato e tira esse terno. - mordeu o lábio e fechou os olhos.

– Sage... - balançou a cabeça.

– Eu já me preparei psicologicamente pra ser rejeitada pelo Klaus e quando acontecer eu vou atras de você! - levantei apontando o dedo para o rosto dele - Você é tudo de bom. - brinquei corando.

É brincadeira, espero que não leve a sério.

Ele riu enquanto pegava o copo que eu havia roubado de Klaus de volta, ainda estava na metade da bebida. E eu nem sabia o que era, só sabia que era muito forte.

– Eu não me importo de ser a segunda opção. - piscou e se levantou.

– Por que você é tão sério? - perguntei colocando as mãos no bolso da calça.

– Não sei se percebeu, mas alguém ali tem que ser. - deu de ombros.

– Você também é louco como todo mundo da família. Só que disfarça. - olhei para o moreno que olhava para frente com um pequeno sorriso - Se eu fosse parente deles eu já teria perdido a sanidade.

– Você não é muito normal, seria uma Mikaelson perfeita. E você não precisou ser nossa parente para perder a sanidade Sage. Estamos empatados. - sorriu.

Saltitei mentalmente.

– Você é única.

– Não se apaixone. - brinquei rindo e ele me acompanhou.

– Vou tentar.

Entramos na cozinha e levamos um pequeno susto assim que colocamos os olhos no grupo, Klaus segurava Katerina pelo pescoço com força enquanto ela se debatia, Enzo olhava preocupado e eu revirei os olhos.

– Sage... - Enzo pediu.

– Eu não estou nem ai. - cruzei os braços.

– O que quer Katerina? - a voz de Elijah foi dura.

– Tenho pendências com essa garotinha. - apontou na minha direção.

– Eu não tenho nenhuma com você. Klaus por favor quebre o pescoço dela e dê o corpo aos animais, ok? - pedi e ela se debateu mais ainda.

Klaus revirou os olhos e antes que fizesse algo Enzo chamou sua atenção.

– Temos informações sobre um ritual que vai acontecer aqui. É importante. Aceitaram nos dar detalhes desde que nos encontrem em um local público. Vai ser durante uma festa em um lago, eles iram mandar uma mensagem próximo ao dia. Disseram que a mensagem chegaria através de Katerina. - mentiu na última parte apenas para deixar a maldita viva.

Klaus suspirou soltando Katerina, mas antes que ela fosse longe demais ele a puxou de volta e cravou os dentes no pescoço dela com tanta força que eu consegui ouvir o som. Katerina gritou e se debateu assustado, ele retirou os lábios do pescocinho de galinha dela e olhou para Enzo deixando o sangue escorrer pelo canto de seus lábios.

– Que fique claro, que não quero armações pra cima de mim. Sage também vai. - decretou e eu sorri animada.

– Nem precisava pedir. É só ir me buscar em casa no dia.

Katerina e Enzo foram embora e eu pulei no pescoço de Klaus quase o derrubando no chão, olhei no fundo de seus olhos e ouvi Elijah rir quando fiz a pergunta do dia, louca para ouvir sua resposta.

– Instalou a Netflix? - Klaus revirou os olhos me tirando de cima dele - Comprou o pacote?

– Sim.

Bati palmas e os puxei pela mão correndo para o meu quarto na casa dos Mikaelson, me joguei na cama e liguei a televisão e o ps4. Deitei de bruços enquanto selecionava o filme.

– Sage nem pensar. - tomou o controle da mão - Titanic não.

– É meu filme favorito Niklaus. - reclamei.

– Não vou assistir esse filme.

– Bem... então... evocando espíritos? - olhei para Elijah vendo que ele saia de fininho do quarto.

– É bom?

– Eu gosto ué. - olhei Niklaus - Terror.

Ele deu de ombros sem se importar, não era do feitio dele assistir alguma coisa e nem mexer na internet. E isso era muito estranho afinal ele tinha 1200 anos e não ficava entediado, exceto hoje que iria assistir um filme comigo, ele havia tirado um tempo em atormentar pessoas.

Olhei a tela secando as lágrimas discretamente, Klaus deu uma risada maligna me olhando.

– Sage... ainda está na apresentação do filme.

– Tem uma história tão emocionante. - comentei melancólica me lembrando do fim do filme.

Riu fechando os olhos e agarrou o travesseiro. Bufei, não acredito que ele vai dormir. Ele odeia tecnologia tanto assim? Não acredito que me impediu de ver Titanic para ir dormir.

~°~

Desci do carro de Rebekah e fui em direção a porta de casa, assim que me aproximei da porta notei que ela estava aberta. Olhei ao redor desconfiada e retirei o punhal do cós da calça enquanto entrava, a casa estava silenciosa e por precaução não tranquei a porta da sala. Fui em direção ao corredor e notei uma figura de costas para a escada, era muito alta então de cara eu soube que não era Oliver.

Ótimo. Com tanta criatura pra me matar, vou morrer nas mãos de um bandido. Parabéns para mim, comecei a subir a escada silenciosamente e fiquei surpresa pelo quão furtiva eu conseguia ser. Ele se curvou e eu estava pronta para dar o bote, mas parei reconhecendo a jaqueta e o anel que brilhava em seu dedo. Stefan. O loiro cambaleou e eu o segurei a tempo o forçando a encostar na parede que se sujou com o seu sangue.

Levei um susto ao perceber o enorme pedaço de madeira em seu peito, o rosto dele estava ficando azul enquanto as veias começavam a se sobressair. Imediatamente arranquei a madeira de seu peito, mas seu corpo ainda continuava a se decompor, Stefan tossiu me olhando preocupado enquanto dava olhares rápidos em direção ao meu quarto.

– Stefan! o que eu faço?- perguntei entrando em desespero.

Stefan estava morrendo na minha frente, na frente de meu quarto e eu nem sabia se quem o machucou ainda estava perto.

– Damon. - o rapaz chamou enquanto a respiração acelerava.

Estiquei meu pulso para ele que recusou sem pensar duas vezes. Suspirei e finquei meu punhal em meu pulso e o forcei na boca de Stefan.

Os olhos de Stefan se arregalaram enquanto seus orbes ficavam de um vermelho escuro, as veias saltaram do rosto e os caninos apareceram. E então ele me mordeu e eu vi todo o seu controle escapar quando ele agarrou meu pulso com força me impedindo de fugir.

É o destino.


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