Stalker escrita por Yokichan


Capítulo 2
Ciúmes




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Sting percebe que a vida de um stalker pode facilmente se tornar um inferno quando vê Natsu Dragneel colocar um braço sobre os ombros de Lucy. Os dois estão conversando diante da guilda e Natsu está tentando convencê-la sobre alguma coisa com aquele seu sorriso de quem está sempre de bem com o mundo.

Que cara irritante.

De trás de uma árvore, Sting sente queimar por dentro uma vontade imensa de acertar Natsu com um Hakuryu no Hoko* e de mandá-lo para bem longe, o que seria até mesmo divertido — faz tempo que ele não entra em uma briga de verdade —, mas então Lucy o empurra e o ameaça com o punho antes deixá-lo falando sozinho. E Sting sente-se amolecer num sorriso aliviado.

Sente-se vitorioso.

E é claro que não pode deixar de esfregar sua superioridade na cara de Natsu.

— Ei, kisama!

Sting tem um sorriso orgulhoso enquanto se aproxima e Natsu franze o cenho.

— Sting. O que você quer?

— Você parece péssimo.

— Não é da sua conta!

— Olhe como fala comigo, kuso!*

E bastam apenas algumas palavras cuspidas para que Sting ative a White Drive* e Natsu comece a queimar, literalmente. Nenhum dos dois tem qualquer motivo plausível para entrar em uma briga, mas não importa, porque Natsu está sempre pronto para destruir o que estiver pela frente e porque Sting jamais dispensa um desafio — e às vezes, como agora, chega mesmo a procurá-lo.

Enquanto luz e chamas se enfrentam, contudo, Sting só tem um pensamento.

Lucy é sua.

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Com o rosto apoiado em uma mão e um olhar gelado de tédio, Sting pensa em quão inconveniente Erza foi ao se meter em seu acerto de contas com Natsu e acabar com a diversão. Pensa que aquela mulher não tem mesmo qualquer senso de humor. Enquanto isso, Yukino faz um curativo em um de seus braços. Embora Sting tenha tentado impedi-la porque ele obviamente não quer perder tempo com um arranhão sem importância, ela insistiu.

Mulheres.

Sim. Mulheres! Uma ideia se acende no escuro.

— Já que você quer ajudar... — ele começa. — Eu tenho um pedido para você.

— O que é?

Mas então Sting abre um sorriso que lhe dá arrepios e ela quase se arrepende de ter perguntado.

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— Mas... Eu não sei se devo fazer algo assim...

— Bobagem. — ele diz. — É só uma brincadeira.

— Mas a Lucy é minha amiga...

Sting ignora os resmungos de Yukino e continua a arrastando por um braço pela rua. O sol está se pondo e ele tem certeza de que Lucy está no restaurante do Velho Yajima — a espionou o suficiente para saber que é seu restaurante favorito em toda Magnólia. Ele quer saber como ela reagirá ao vê-lo com outra garota, se sentirá ciúmes como ele sente.

Não é justo que apenas ele passe por ridículo.

— O que todos vão pensar e...

Só então Sting percebe que Yukino ainda está reclamando, para e a segura firme pelos braços. E a encara de um modo que a faz pensar que seu mestre perdeu o juízo.

— Yukino.

— Sim?

— Apenas sorria.

— Mas eu...

Sorria.

Uma ordem.

Ela respira fundo e se concentra na missão — porque é isso o que Sting faz parecer. E abre um sorriso trêmulo e incapaz de convencer. Um sorriso que, em comparação com o de Sting, orgulhoso e sensual, assusta as pessoas que estão no restaurante. Um sorriso que definha quando ele a aperta pela cintura em um abraço e que se assemelha a uma careta de constrangimento quando o olhar curioso de Lucy os alcança. Yukino se pergunta, chocada consigo mesma, o que não é capaz de fazer por um amigo desesperado.

Parado na porta do restaurante com Yukino — que não está sorrindo direito —, Sting percebe como todos os olhares convergem para eles, inclusive o de Lucy, sentada a uma mesa com Levy, e fica satisfeito. Não consegue decidir se ela parece mais intrigada ou incomodada, a boca meio aberta de surpresa e o canudo do suco a meio caminho dos lábios, mas entende que o resultado foi positivo.

Então dá meia volta e arrasta Yukino para longe dali.

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Sting pragueja irritado quando percebe que está agitado demais para dormir. Depois de ter se virado na cama de um lado para o outro sem conseguir pegar no sono, ele se põe de pé, veste-se outra vez e sai para o escuro da rua. É quase madrugada e não há ninguém ali fora além dele, o mestre da Sabertooth, andando empertigado sob as luzes dos postes ao longo da calçada.

Ele respira o ar úmido da noite e se faz perguntas que não sabe responder. Tem consciência de que tem agido como um tolo e feito coisas estúpidas por mero instinto. Não entende por que foi se apaixonar por uma garota que não lhe deu o mínimo motivo para tanto. Tudo o que Sting sabe é que a simples lembrança de Lucy o atormenta.

Ao perceber que está próximo de Fairy Hills, ele acelera o passo e enfim avista o dormitório feminino da Fairy Tail. Quase todas as janelas estão escuras. Apenas uma, que ele conhece muito bem, permanece iluminada. A janela do quarto de Lucy. Parado no meio da rua escura, ele se pergunta o que ela pode estar fazendo tão tarde. Sente o impulso de subir até lá e espiar para dentro, por entre a cortina, mas então pensa que ela pode estar com alguém e o sangue subitamente ferve nas veias.

Talvez ela esteja com Natsu, aquele moleque maldito.

Sting cerra os punhos e decide que, se Natsu Dragneel estiver mesmo naquele quarto, com a sua garota, ele lhe dará uma surra tão grande que todas as guildas de Fiore vão ficar sabendo, e não importa que Erza ou qualquer outra pessoa queira entrar na briga, Sting vai terminar as coisas dessa vez.

Contudo, a cortina tremula e ele desperta daquele estado letárgico a tempo de recuar para as sombras e de ver a figura de Lucy surgir da janela. Ela debruça-se sobre o parapeito, apoia o queixo em uma mão e olha para o céu estrelado parecendo especialmente pensativa. Silêncio. Sting sente a respiração vacilar quando se dá conta de que ela está sozinha e sorri ao perceber que está sendo um idiota outra vez.

Um idiota que não sabe o que fazer agora.

Então simplesmente espera.

E a deseja com todo o seu ser.

No fim, depois de um tempo que parece ter se espichado até o infinito, Sting a vê desaparecer por trás da cortina e desligar a luz. Então ele toma seu próprio rumo, apesar da vontade de ficar e de se infiltrar outra vez naquele quarto só para vê-la dormir. E enquanto caminha de volta para a Sabertooth, entende que aquilo não pode continuar.


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Notas finais do capítulo

* Hakuryu no Hoko: Rugido do Dragão Branco, uma das técnicas de Sting.
* Kuso: xingamento semelhante a “droga” ou “merda”.
* White Drive: uma técnica que amplifica as habilidades de Sting e o envolve em uma aura branca de luz.