Stalker escrita por Yokichan


Capítulo 1
Perseguidor


Notas iniciais do capítulo

Short-fic em três capítulos. Aqui vai o primeiro. ♥



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Sting não sabe quando ou como aquilo começou — se por um feitiço barato, pelo que as pessoas chamam de “química” ou por imaginação sua —, mas o fato é que ele anda pensando bem mais do que deveria em uma única garota. Na garota mais bonita de toda Magnólia — que a Donzela o perdoasse — e que tem o sorriso mais encantador que ele já viu. Na garota que usa sempre as roupas mais sexys. Na garota que tem aparecido em todos os seus sonhos quentes e molhados. Na garota que nunca lhe dirigiu mais do que sorrisos e palavras gentis, e que por isso mesmo lhe dá mais vontade de tê-la.

Lucy Heartphilia.

Ele não entende como isso pode ter acontecido.

E sentado em seu posto de mestre no salão principal da Sabertooth, sozinho consigo mesmo, Sting deixa escapar uma risada nervosa e baixinha como alguém que cometeu um crime e que está cansado de atormentar-se. Ele se pergunta por quanto tempo ainda pretende se enganar e nega com a cabeça algo que só foi dito naquele mundo que se revolve dentro dele. Não importa o quanto tente manter-se longe daquela ideia — ela já o tomou por completo.

Sting sabe que não há mais volta.

E finalmente toma uma decisão.

Se é para se queimar, que seja com motivo.

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Então ele passa a persegui-la — a toda hora e para qualquer lugar. Discretamente, esgueira-se pelos cantos enquanto Lucy caminha pela calçada, os saltos altos dela fazendo barulho sobre o chão de pedra. Confunde-se entre as pessoas e vendedores de verduras que anunciam aos gritos tomates e repolhos e tenta não perdê-la de vista no meio de toda aquela gente irritante. Carrega consigo um jornal amarfanhado da semana passada e finge lê-lo sempre que ela olha na sua direção. E reza para que Lucy simplesmente continue seguindo em frente. Arrasta-se atrás dela rápido e silencioso como uma sombra e, ao mesmo tempo em que anseia estar cada vez mais perto, teme ser descoberto.

Sua vida depende daquilo e ele nem mesmo entende por que.

Sting se sente o mais ridículo dos stalkers.

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Quando Lucy está na guilda, ele encontra um modo de empoleirar-se no telhado da Fairy Tail e de espiá-la lá de cima por uma fresta. Imagina o quão estúpido vai parecer se alguém o descobrir ali, mas a vontade de vê-la é sempre maior. Então ele arrisca. Apesar do sol escaldante sobre as costas, sente a boca ficando molhada ao observá-la sentada ao bar numa conversa com Mirajane, as pernas cruzadas — aquelas pernas brancas e bem torneadas que despertam em Sting pensamentos obscenos — e o decote da blusa parecendo bem maior visto de cima. Tentador.

Lucy solta uma risada e Sting sente os pelos dos braços ficando de pé.

E suspira desolado.

Como ele, o Dragão Branco da Sabertooth, pôde ter sido vencido sem nem mesmo ter começado a lutar?

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Ele a vê andando com Juvia em direção à Fairy Hills e percebe, intrigado, como elas conversam num tom quase cúmplice e soltam risadinhas suspeitas. Não está perto o suficiente para escutar o que elas dizem, mas aposta que estão falando sobre homens. Sting sabe que garotas gostam de falar sobre esse tipo de estupidez e se pergunta quem é o cara capaz de fazer Lucy sorrir daquele modo — sobre Juvia, não há mistério algum e ele também não se importa com ela.

Elas param em frente à vitrine de uma loja de roupas e Sting mais uma vez põe em prática a tática do jornal — agora aperfeiçoada, pois ele fez um pequeno furo no papel para poder espiar através dele. Senta-se num banco do outro lado da rua e ergue o jornal na altura do rosto.

E a observa.

Vê quando Lucy apoia uma mão sobre o quadril de curvas perigosas e se inclina para frente, entretida com algo na vitrine. Sting sente o rosto esquentar porque a saia de Lucy é tão curta que ele quase pode ver o que há debaixo dela. Ele presta atenção a cada movimento daquela garota com uma concentração digna de um verdadeiro maníaco perseguidor. Ela endireita o corpo e afasta os cabelos para trás de um ombro num gesto despretensioso. Segura um cotovelo enquanto conversa e move distraidamente o salto da sandália sobre a calçada como se estivesse esmagando um inseto.

Um inseto que bem poderia ser Sting — porque é como ele se sente agora.

Então as duas se afastam da loja e continuam andando sob o sol da tarde.

E Sting se prepara para ir atrás.

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De todas as garotas que poderiam flagrar Sting infiltrado em Fairy Hills — convenientemente escondido atrás da cortina do quarto de Lucy —, ele teme apenas uma. Erza Scarlet. Ele não quer imaginar o que pode acontecer se ela pegá-lo ali, aquela que chamam de Titânia, e receia o som da própria respiração. Ouve o som dos passos de Lucy pelo quarto, das molas da cama afundando e das sandálias sendo jogadas ao chão, e a voz dela cantarolando uma melodia qualquer.

Sting está morrendo de vontade de espiar o outro lado, mas controla-se.

Justo ele, que sempre dá tudo de si.

As molas da cama gemem outra vez quando Lucy se levanta. Ela abre uma porta que ele imagina ser a do banheiro e então sua voz fica mais distante. Sting fecha os olhos com força e tenta não imaginá-la nua em uma banheira, mas é simplesmente impossível. Ele quer vê-la e precisa vê-la. Cada parte de seu corpo e cada gota de seu sangue necessita disso e sua consciência não tem chance alguma.

Ele sai de trás da cortina quando ouve o som da água caindo da torneira. A porta do banheiro está entreaberta e as roupas de Lucy penduradas no trinco — o que lhe provoca um aperto esquisito no peito. Nuvens brancas de vapor e um cheiro perfumado escapam para o interior do quarto e envolvem Sting como um suspiro. Absorto, ele só consegue pensar em tudo o que daria para poder entrar naquela banheira e tomar aquela mulher para si.

Lucy.

Silencioso como um gato, ele se aproxima da porta e espia através da cortina de vapor. E sente o coração suspenso. Ela está submersa até a altura dos seios, os cabelos presos num coque alto e os joelhos aparecendo sob a espuma branca. Os pés estão apoiados na borda oposta da banheira. Lucy está de costas para a porta e Sting agradece mentalmente por isso, pois assim ela não pode ver como ele parece tolo naquele momento.

Fascinado como uma criança apaixonada por um doce que não pode ter.

Lucy ergue um dos braços e desliza sobre a pele uma esponja coberta de espuma. Do pulso até o ombro e então para o pescoço, escorregando para a nuca. Depois, a esponja desce até as curvas graciosas dos seios e Sting quase grita em desespero por não poder vê-la de frente e por inteiro. Agarrando os próprios cabelos, ele pensa que ela é tão linda e que ele só quer beijar cada parte de seu corpo molhado.

Sting está decidido a não mover-se dali até que o banho termine e que Lucy se levante da banheira para alcançar a toalha, mas batidas na porta do quarto e uma voz feminina o arrancam de seu momento de contemplação.

— Lu-chan! Você está aí?

Praguejando consigo mesmo — por que algo tinha sempre que dar errado? — e sentindo na pele a dor de deixar para trás aquela garota imersa em espuma e desejo, Sting leva dois segundos para afastar a cortina e saltar pela janela do quarto. Num momento ele está espanando as folhas e gravetos da roupa — porque caiu sobre o jardim de Fairy Hills — com um nervosismo afetado e no outro andando tranquilamente pelas ruas de Magnólia, as mãos nos bolsos e a expressão mais fingida de que está tudo bem.

Sting decide que, por hoje, já chega de perseguições.


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