Lost escrita por Knight


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Uma das minhas únicas tarefas literárias do ano de 2015.
Não se trata de uma história convencional de romance.É algo sobre autoconhecimento.
Espero que apreciem!



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O tempo estava ruim. Nuvens carregadas e um céu acinzentado premeditavam um temporal, mas isso não impediria Sasuke de finalizar a viagem. O avião pousou em solo escocês e o moreno não poderia estar mais aliviado. O seu trabalho como cirurgião não permitia muitas viagens o que era algo positivo para ele uma vez que ainda se sentia claustrofóbico com aquele tipo de “aventura”.

O Uchiha saiu do avião e assim que pôs os pés no chão sentiu que o tempo na Escócia não melhoria tão cedo. Estava mais frio do que ele esperava – vestia apenas um casaco- e a ventania se fazia cada vez mais presente.

Ele pegou suas malas e foi em direção ao carro de sua família que o aguardava. A família Uchiha possuía muitas posses e umas delas era a Casa de Campo em terras escocesas embora o temporal não favorecesse o local de sua estadia.

Ele iria passar apenas uma semana no país, mas dois dias sozinho na Casa de Campo. Sua noiva iria chegar mais tarde porque precisava dar uma palestra em Nova York. Isso aconteceu abruptamente, caso contrário Sasuke não iria viajar sozinho.

Cumprimentou seu motorista de maneira sutil, fez alguns telefonemas e o resto do caminho até a Casa de Campo o silêncio absoluto tomou o carro envolto em divagações por parte de Sasuke. Não estava completamente satisfeito com aquela ideia de viajar, porém sua mãe o convenceu que precisava de mais tempo com sua noiva.

Aquilo não era uma inverdade. Estava noivo de Ino há mais ou menos três anos, contudo não passavam tanto tempo juntos. Parte porque o trabalho dos dois os impediam de ficarem juntos e outra parte porque Sasuke não se considerava do “tipo romântico”.

Moravam juntos, mas com exceção da rotina não poderiam dizer que faziam muitos programas divertidos como um casal e o moreno sabia que em breve teria que se casar com Ino. Era o esperado já que o noivado se estendia e as duas famílias encorajavam enfaticamente a união.

E esse pensamento incomodava Sasuke até o fundo do seu ser. Ele apreciava estar na presença de Ino e ela era definitivamente uma boa companheira, porém não conseguia imaginar nada, além disso. Não havia uma imagem de “futuro” fincada em sua mente fazendo-o questionar os motivos de ter feito o pedido de casamento, talvez a comodidade do estático o agradasse.

Sua linha de raciocínio foi cortada quando o carro estacionou na garagem da casa. Sasuke saiu do veículo e pegou ele mesmo suas malas, não eram muitas e não exigiam a ajuda do motorista.

– Obrigado Daniels. – Sasuke agradeceu o motorista com um inglês levemente arrastado. Daniels se retirou e deixou que o moreno ficasse a vontade na casa.

Ele foi em direção ao espaçoso quarto e colocou suas malas no chão. Automaticamente caminhou até a janela para verificar a paisagem que era, sem sombra de dúvidas, umas das coisas mais bonitas que havia visto na vida.

O tempo apenas havia piorado. Estava mais frio do que quando havia chegado e as nuvens cada vez mais cinzentas e carregadas, porém esses fatores não tiravam a beleza da estonteante Escócia.

Havia poucas casas ali então a paisagem natural adornava o local. Infinitas formações montanhosas compunham o local, uma grande quantidade de vegetação esverdeada que agora tomava um tom amarronzado. O céu contrastava com o verde e a terra apenas terminava onde o mar iniciava.

O mar, agitado no momento, batia nas paredes das montanhas e as ondas se desfaziam apenas para se tornarem algo novo, para renascerem. A água salgada também estava escura, um tom de azul que Sasuke ainda não tinha visto.

O Uchiha decidiu sair para uma caminhada enquanto inventava algo para fazer. Ele pegou outro casaco, colocando por cima daquele que já vestia, e seguiu a vegetação até onde a terra se encontrava com o mar: um penhasco.

À medida que foi se aproximando da barreira natural do mar percebeu um ponto cor de rosa em meio ao verde e cinza. A mulher encontrava-se a poucos metros de uma queda que com certeza era mortal, talvez estivesse querendo se suicidar e se desfazer no mar.

– Você está em propriedade particular. – Sasuke gritou enquanto continuava a caminhar em direção à mulher. O vento batia contra a mesma balançando suas madeixas rosadas e o vestido azulado que trajava. Ela devia estar com muito frio, contudo não aparentava sentir absolutamente nada. Tudo o que fazia era observar a longa queda e as ondas quebrando na parede.

– É mesmo? – Gritou de volta, porém desta vez ela se virou na direção de Sasuke. – Não sabia. – Finalizou a fala ficando completamente de frente para o moreno. Os olhos verdes esmeralda demonstravam fragilidade e ao mesmo tempo, se é que é possível alegria.

Os dois ficaram alguns segundos apenas se encarando e sentindo o vento frio chicoteando suas faces. A chuva logo cairia e o trovão, como prova do apocalipse, cortou o estranho silêncio.

– Eu estou perdida. – Ela disse se aproximando do Uchiha. Apenas naquele momento ele reparou que ela estava descalça e o primeiro pensamento do moreno era que talvez ela vivesse nas ruas, mas o vestido que trajava dizia o contrário.

De repente Sasuke se viu completamente intrigado pela moça de cabelo rosa. Seu olhar carregava mistérios e ele queria desvendá-los, uma pequena brincadeira de detetive que se enveredava pelos caminhos que aquele olhar esmeraldino pudesse guiar.

Antes de alcançá-lo, ela abaixou-se e pegou algo que estava escondido na vegetação alta. Tirou dali sandálias e um violão embalado em um case em tons pastéis.

– A propriedade é sua? – Perguntou em tom zombeteiro finalmente se aproximando do Uchiha. O vento forte carregava a essência de cerejas dela e insistia em balançar o vestido da moça, revelando parte de seu corpo.

– Sim. – Sasuke respondeu escondendo as mãos dentro dos bolsos dos casacos, parte porque estava desconfortável, mas também porque o frio havia aumentado consideravelmente. O moreno estava tentado a perguntar como ela aguentava o frio, porém deteve-se, não invadiria a privacidade de alguém que nem sabia o nome.

– Sou Sakura, aliás. – A rosada disse passando as sandálias para a mesma mão do violão e estendo a outra mão. Relutante Sasuke apertou a mão da moça que estava incrivelmente gelada.

– Você não devia estar aqui. – Ele disse.

– Tudo bem. – Sakura respondeu sorrindo, quase que se divertindo com o comportamento taciturno do moreno. – Já estou indo embora senhor. – Respondeu de maneira brincalhona, porém Sasuke não pareceu apreciar.

O moreno estava pronto para responder, todavia um relâmpago cortou os céus e o barulho grave do trovão mais uma vez inibiu o silêncio. Em questão de segundos as primeiras gotas caíram do céu e então a chuva começou, para piorar tudo. Em instantes os dois estavam encharcados e os relâmpagos começaram a se tornar mais frequentes, algo que com certeza não era seguro.

– Vamos sair daqui! – Sasuke bradou tentando fazer com que sua voz soasse mais alto do que os trovões. Tudo o que a rosada fez foi seguir o moreno, os dois tentavam correr, mas a vegetação dificultava o processo.

Depois de uma “corrida” que durou minutos os dois chegaram à porta da casa de campo da família Uchiha. Os funcionários estavam em sua maioria em suas casas uma vez que no trajeto até ali, com Daniels, o moreno ordenou que o motorista dispensasse todos para ficar sozinho.

– Sou Sasuke. – O moreno falou de forma abrupta. Sakura sorriu e sentou-se na porta da casa completamente exausta. Observou a chuva cair com intensidade e naquele momento o moreno apenas conseguia observá-la.

Teria prestado atenção no corpo encharcado de Sakura se não tivesse reparado nos diversos arranhões, marcas roxas e cortes na pele dela.

– É melhor entrarmos. – Ele disse tentando disfarçar o frio parecia que ela nunca sentia o frio preocupante. – Ou podemos morrer de hipotermia aqui fora.

– Não seria o pior final... – Ela começou a falar, porém parou de repente e apenas voltou a olhar a paisagem. – Você nem me conhece, eu posso ser uma assassina até onde eu saiba.

– Você é uma assassina? – Perguntou.

– Não. – Ela respondeu com outro sorriso, mas desta vez olhando para os profundos olhos ônix.

– Então você pode entrar. – Sasuke quase quis se matar por falar daquele modo, porém não se arrependeu. Sakura se levantou deixando as sandálias e o violão ali mesmo e entrou na casa de Sasuke.

O lugar possuía um sistema de aquecimento então o choque térmico era instantâneo. Rapidamente Sasuke buscou algumas toalhas para que os dois se secassem.

– Bela casa. – Sakura disse admirando o lugar enquanto tentava se secar de maneira parcial, as madeixas longas ainda estavam completamente molhadas. – A família Uchiha sabe se divertir.

– Como sabe que sou Uchiha? – O moreno perguntou desconfiado.

– Todos sabem que os Uchiha são donos daqui e com esse logo na sua camisa de marca duvido que apenas trabalhe aqui. – Ela disse ainda olhando de forma encantada para o lugar.

– O que você está fazendo aqui? – Sasuke perguntou enquanto tirava os dois casacos molhados. – Na Escócia, eu digo?

– Minha família se mudou do Japão para Londres quando eu tinha cinco anos. – Sakura respondeu desta vez olhando para Sasuke. – Há dois meses saí da casa dos meus pais e vim para cá, então não conheço muito daqui.

– E você veio fazer o que aqui?

– Rever alguns amigos que se mudaram para cá, sair da casa dos meus pais... Achar um caminho para mim. – A última parte ela respondeu quase que em um sussurro. – Eu estava por perto quando avistei esse lugar e apenas comecei seguir em direção ao mar, em seguida descobri que estava perdida. E você? Suponho que não more por aqui.

– Férias. – Foi tudo o que disse. – Tem um quarto e um banheiro subindo a escada na segunda porta a direita. É melhor que tome um banho. As roupas no armário podem ser usadas, fique a vontade.

– Uh! Sinto-me em casa! – Ela disse brincando enquanto seguiu na direção indicada. Preferia aceitar a cortesia de Sasuke enquanto existia, afinal de contas ela não tinha lugar melhor para ir.

Enquanto Sakura tomava banho o moreno foi em direção à cozinha e começou a preparar café pensando no que diabos estava fazendo. Mal conhecia a garota, afinal ela não parecia muito velha, e já estava oferecendo as roupas de suas primas.

O moreno tomou um banho rápido enquanto aguardava o café ficar pronto. Vestiu apenas um jeans e uma camisa branca e desceu para sala, colocou o café em uma xícara e pegou um livro tentando ocupar sua mente. Contudo, pensava apenas em Sakura, sua mente estava nublada e ele não conseguia pensar corretamente. Ino, com certeza, não ficaria feliz com Sakura ali, mas a moça permaneceria na casa de campo apenas até o temporal passar.

Depois de alguns minutos a rosada desceu trajando um simples vestido preto combinava bastante com os olhos verdes e o cabelo rosa.

– O que está lendo? – Perguntou de forma casual tentando olhar para a capa do livro. A verdade é que Sasuke nem lembrava o título do livro, tinha pegado um livro qualquer apenas para distrair-se momentaneamente.

– Onde se machucou? – Perguntou tentando soar neutro ao olhar os vergões e cortes por toda a pele. Ela olhou para si mesma como se ela estivesse intrigada e apenas sorriu como sempre fazia.

– Por aí. – Foi tudo o que disse sentando-se no sofá contrário ao que Sasuke se encontrava. – Não é grande coisa.

– Na verdade é uma grande coisa. – O moreno respondeu fechando o livro e colocando na pequena mesa que se encontrava ao seu lado. – Você tem que tratar os ferimentos. – Disse levantando-se e indo em direção ao banheiro mais próximo para pegar o kit de primeiros socorros.

Ele voltou e aproximou-se de Sakura que quase imediatamente recuou.

– Não se preocupe. – Sasuke tentou tranquiliza-la olhando nos seus olhos. – Eu sou médico. – O moreno disse olhando para os ferimentos, alguns eram bem feios. – Como se machucou? – Ele perguntou tentando conversar enquanto tratava de Sakura. Ela ainda parecia relutante, porém cedeu aos cuidados do moreno.

– Alguns eu não tenho ideia de como arrumei. – Respondeu de maneira sincera. – Outros foram um “presente” do meu ex-namorado. Vamos dizer que ele não gosta de garotas que pensem e quando comecei a questioná-lo ele não ficou muito satisfeito.

– Foi por isso que saiu de Londres? – Perguntou interessado na história.

– Sim. – Sakura respondeu com um suspiro. – Ele me ameaçou e me bateu algumas vezes e a polícia não parecia querer fazer muito por mim, então eu fugi. Não contei para minha família porque não queria que sofressem mais depois... – Sakura parou de falar revelando que havia falado demais. – Em que área da medicina trabalha? – Ela perguntou desviando o assunto.

– Cardiologia. – Ele disse enquanto focava em outro corte, ele também não forçaria para arrancar informação dela.

– É casado há quanto tempo? – Perguntou para disfarçar a dor que estava sentindo.

– Como sabe que sou casado?

– Não sei, mas supôs que você fosse. Você parece o cara certinho que quer construir uma vida confortável. – Sasuke tinha que admitir que aquela parte estava correta. – Além do mais, você tem uma aliança.

– Não sou casado, mas tenho uma noiva. – Sasuke respondeu olhando para Sakura. Havia um pequeno corte na têmpora direita. – Você trabalha?

– Trabalhei em algumas lanchonetes e lojas de departamento, mas nada muito relevante. Depois que você abandona a faculdade e sem muita experiência as pessoas não te contratam. Às vezes toco em alguns bares.

– Faculdade? – Perguntou tentando continuar a conversa.

– Eu fazia Psicologia e eu tenho 21 anos caso queira saber. – Sakura disse fechando os olhos enquanto Sasuke aplicava um spray ou algo do tipo em seu rosto. – Você deve ter uns 40 anos.

– Você acha que eu tenho 40 anos? – Ele perguntou de maneira retórica. – Tenho 32 caso queira saber. – Rebateu com uma raiva fingida.

– Acho que todos têm segredos. – Foi o que Sakura disse ao abrir os olhos.

– Muitas pessoas têm a tendência de compartilhá-los com estranhos. – O moreno disse ao finalizar o último curativo. Não era preciso ressaltar que aquilo, no mínimo, se tratava de uma situação exótica para ele. Em alguns minutos tinha sido “revirado” por uma estranha de cabelos cor de rosa.

– Obrigada. – A rosada agradeceu segurando levemente a mão dele. Aquele “obrigada” referia-se a algo além de acolhê-la ou tratar seus ferimentos, porém Sasuke não queria prolongar aquele assunto.

Estavam a uma distância confortável, mas algo em Sakura mudava Sasuke. Talvez fosse uma reação química, a excitação do desconhecido ou o fato de dois estranhos estarem presos em uma casa, de qualquer modo o moreno sabia reconhecer que aquela sensação era nova. O Uchiha apenas concentrava-se naquela estranha sensação, uma espécie de formigamento que não sentia há anos. Estava inebriado pelo o aroma adocicado de Sakura, por sua presença marcante e na maciez de sua pele.

Subitamente, se afastou da rosada. Pensamentos fervorosos começavam a surgir em sua mente e mesmo que o moreno estivesse tentado a beijá-la naquele momento, ele jamais trairia Ino.

– Aceita café? – Perguntou enquanto tirava as luvas de borracha e guardava o kit médico.

– Sim. – Sakura respondeu se aconchegando em uma parte do sofá enquanto esperava o moreno trazer a bebida quente. Ele entregou a xícara à rosada que bebericou e contorceu a cara, Sasuke a olhava com um olhar de interrogação.

– Odeio café. – Ela explicou colocando a xícara na mesa de centro, mas o olhar de interrogação permanecia. – Está frio e é uma bebida quente, achei que combinava. – Finalizou sorrindo. Sasuke apenas balançou a cabeça com um meio sorriso e sentou-se no outro sofá enquanto tomava o seu próprio café que naquele momento estava morno.

O barulho dos trovões começou a ressoar cada vez mais forte o que impedia um silêncio constrangedor.

– Então... Como é ser um médico? – Sakura perguntou desviando o olhar e sorvendo mais um gole de café. – Como é salvar a vida das pessoas? – Sasuke parou por alguns segundos para pensar em uma resposta. Em essência tudo o que ele sabia era que amava o trabalho, independente do que acontecesse.

– Satisfatório.

– Satisfatório? É tudo o que tem a dizer sobre o trabalho de toda a sua vida?

O moreno parou para pensar mais uma vez. Não estava realmente no humor de responder mais perguntas de uma desconhecida, mas no final chegou à conclusão que não tinha muito que fazer e novamente ficou preso em um dilema. Não sabia exatamente como descrever o fato de ser um cardiologista e quando parava para pensar no assunto uma sensação de cansaço o alcançava.

– É... Um trabalho difícil. A vida de alguém depende que você faça os exames corretos e os diagnósticos corretos. – Ele começou e tudo o que conseguia fazer era encarar os enigmáticos olhos verdes. – Mas ao mesmo tempo é bom porque se você fez tudo corretamente, você salvou a vida de alguém. – Ele finalizou com um toque de melancolia no final. – Você devia saber, fez psicologia.

– Eu estudei psicologia por uns dois anos e depois tive que largar. – Sakura explicou. – E sabe o que dizem... Psicólogos são estudantes frustrados que não conseguiram entrar na faculdade de medicina. – Ela disse inclinando seu corpo para o braço do sofá e apoiando a cabeça ali.

Estava cansada, exausta na verdade. O barulho da chuva, mesmo que turbulento, era de alguma forma reconfortante. Na verdade, os dois estavam muito exauridos. Com o trabalho agitado e a viagem longa Sasuke não tinha tido muito tempo para dormir e dormir no avião não era exatamente confortável.

– Obrigada. – A rosada disse novamente se aconchegando ainda mais no sofá e trazendo as pernas junto ao peito. Bastaram apenas alguns segundos em um silêncio rodeado por trovões para que ela dormisse, mas talvez o moreno tivesse dormido primeiro.

xxx

Sasuke parecia estar de ressaca quando finalmente acordou. A sua cabeça doía, sua garganta estava seca e o mundo ainda parecia girar com resquícios de bebida em seu organismo. Porém, ele sequer tocara em uma garrafa de bebida noite passada.

Abriu os olhos lentamente tentando se acostumar com a claridade natural e assim que o fez percebeu que algo estava faltando. Ele levantou-se sobressaltado e olhou ao redor procurando por respostas apenas para descobrir que não as encontraria tão facilmente.

O moreno caminhou até a porta e por alguma razão soltou um suspiro de alívio ao perceber que Sakura ainda estava ali. Ela trajava o mesmo vestido azul do dia anterior e estava pegando seu violão quando percebeu a presença do moreno.

– Bom dia. – A rosada disse enquanto endireitava o corpo. – Queria ter deixado um cartão de agradecimento antes que eu partisse, mas não encontrei lápis e papel. – Então, obrigada. – Finalizou olhando enigmática para o moreno.

Não havia sinais de uma tempestade e o tempo estava incrivelmente ensolarado e quente. Sasuke recostou-se na parede e colocou as mãos nos bolsos da calça procurando o que falar. Tinha sido um breve encontro, um lapso em sua vida, porém algo de diferente havia ocorrido.

– Você vai para onde se não sabe onde está? – Ele perguntou.

– Vou me encontrar em um dos caminhos que escolher. – A rosada disse com um meio sorriso em sua face. Ao que tudo indicava ela também sabia bancar a detetive e brincava com as palavras que, por algum motivo, ele sabia que gostaria de ouvir. – Foi bom te conhecer Sasuke, o verdadeiro você. – Sakura disse dando um sorriso e virando-se em direção ao mesmo lugar de que tinha vindo.

Algo atingiu o moreno ao ver a moça partir com a brisa cálida atingindo-a. Uma reverberação dentro de si de algo que tinha adormecido anos atrás. Por mais que fosse contraditório, a presença daquela estranha parecia mais familiar do que nunca.

Descolou-se da parede apenas para ver a figura rosada desaparecer entre a vegetação verde e desvanecer no horizonte ao mesmo tempo em que sentia que, na verdade, ela nunca estivera tão presente. Esfarelou-se com a tempestade para depois encontrar-se com o sol.

Entrou em casa com um sorriso atípico, localizou uma garrafa de uísque sem a tampa e meio cheia e fechou os olhos sentindo uma estranheza conhecida, se é que algo assim existe e apenas os abriu quando ouviu o carro de Ino chegar para recebê-la de braços abertos assim como tinha feito consigo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Bem, decidi trazer algo mais psicológico e enigmático a narrativa. Espero que tenham compreendido a temática e ficaria muito feliz se levantassem hipóteses. Comentários e críticas são bem-vindos desde que construtivos.Obrigadx por lerem!Kissus Ja ne



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