Os Jogos de Johanna Mason escrita por Tagliari


Capítulo 29
Epílogo: Torturada


Notas iniciais do capítulo

QQQ??? Não trezentos, não quatrocentos MAS 500 (ênfase no "500") FUCKING COMENTÁRIOS!!! Aooooooo! Galera, muito obrigado mesmo por esse estupendo feedback que a fic está tendo. E saibam que OJDJM seria nada sem todos os que comentaram, sempre apoiando-me a continuar.
E também dou um "joínha" para Mel Thorne pela recomendação incrível!
Bom, esse aqui é o tão falado epílogo Pós-Massacre. Espero que curtam!
Boa leitura, cambada!

REVISADO EM 30.04.2017



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NÃO POSSO CONFIAR em meus ouvidos. Tampouco em meus olhos. Nunca pensei que esse dia chegaria, mas meus instintos não são mais confiáveis. São mentirosos. Enganadores. Na verdade, acho que estão em uma categoria abaixo disso.

Cerro meus olhos em fendas, tentando fazer o lugar onde estou entrar em foco, mas é inútil. Está tudo oscilando por causa das drogas que injetaram em meu pescoço, que aos poucos vão perdendo o efeito. Mas acho que me lembro da primeira vez que estive aqui e de ter observado minha cela. Tudo é branco ― paredes, chão, teto e luzes. Não há janelas ou portas à vista, mas sei que alguma dessas paredes tem a capacidade de se abrir e revelar uma passagem secreta. A saída. Não que eu vá conseguir sair daqui algum dia. Também sei que tem vários compartimentos escondidos aqui, onde eles guardam seus instrumentos de dor. Já experimentei todos.

Ouço gritos que podem estar durando horas ou minutos ― acho que nunca saberei ao certo. É um som agourento e gutural que fere meus tímpanos. Reconheço a voz porque é o mesmo grito lamuriante que ouvi na arena quando os gaios tagarelas resolveram sair para brincar. Lembro-me que Peeta Mellark esgoelou e bateu repetidas vezes na parede de vidro para acalmar uma Katniss Everdeen histérica com as mãos pressionando os ouvidos. Agora ele grita para que os torturadores parem de machucá-lo.

Peeta deve estar na sala ao lado, pagando o preço por sua adora garota quente ainda estar viva. E logo será a minha vez. De novo. É sempre assim. Os gritos de Peeta começam e depois param. Então a porta se abre e é a minha vez de sofrer por uma causa maior que os Jogos Vorazes e eu mesma. Nos últimos dias, venho me perguntando com uma frequência cada vez maior se isso vai valer à pena. É a resposta que me faz continuar firme e torcer para que em algum momento eles errem na dosagem e acabem com meu sofrimento. Porque vale. Eu salvei Katniss e ela salvará Panem. Faço isso não por mim, mas pelos outros ― até mesmo os que não estão aqui. Por minha família. Meus pais, Dahlia, Aggie, Siena, Alistair, Aloe. Todos mortos. Sobrou apenas a mim e em breve terei o mesmo destino.

A sala finalmente começa a entrar em foco, o que quer dizer que as drogas perderam o efeito. Peeta parou de gritar.

O desespero inunda o meu peito e tento desvencilhar-me das amarras que me prendem à cadeira, mas não consigo sair. Não há escolhas. Não há, não há, não há.

Então a parede à minha frente abre-se em duas, revelando uma passagem. Uma mulher de cabelo verde cortado bem curto e vestida de branco entra empurrando uma espécie de mesinha metálica com rodas. Sobre a mesa está uma coleção impressionante de facas reluzentes e objetos cortantes que não sei o nome, mas que conheço perfeitamente a funcionalidade.

A mulher olha para mim e arqueia os lábios em um sorriso triste como se não gostasse do que faz. Mas sei que é mentira. Ela adora. Seu rosto tem uma doçura que me dá náuseas. É óbvio que ela nunca recorrera a cirurgias estéticas, pois as rugas que enchem sua face denunciam a velhice. Vibia. Esse é o seu nome.

― E como a nossa pequena rebelde está? ― a torturadora pergunta retoricamente, os olhos violetas brilhando. ― Espero que você tenha aproveitado essas últimas horas para pensar a respeito dos motivos pelos quais está aqui. E então? Já decidiu se irá colaborar, senhorita Mason?

Seu falso tom ameno enche-me de raiva. Eu quero matá-la, enterrar meu machado em seu crânio assim como fiz com aqueles que estiveram no meu caminho até a vitória da septuagésima primeira edição dos Jogos Vorazes.

― Vá se ferrar ― cuspo acidamente, juntando todas as forças que tenho para pronunciar essas palavras.

Vibia franze o nariz, mas não perde a compostura.

― Tundra Follmann, sua estilista, foi muito mais complacente durante o interrogatório. Você deveria aprender algo com ela, se é que me permite dizer. Bom, é uma pena que Tundra não tenha valido nossos esforços, porque até uma porta poderia ver que ela não sabia nada sobre os rebeldes.

Mesmo ferrada e torturada, consigo soltar uma pequena e seca risadinha de escárnio. Minha estilista não faz parte da revolução. Acho que se contassem a ela sobre a aliança formada pelo Distrito 7 e o 13, ela possivelmente teria um ataque do coração. Fiz questão de manter segredo apenas porque não confio na Mulher Cobra. Pois ela é um deles.

― Você está achando graça? ― Vibia indaga enquanto passa o dedo pela lâmina de um bisturi. ― Tundra não estava tão divertida quando arrancamos a sua pele... como a de uma serpente. Mas confesso que ela resistiu bastante para alguém tão irritante.

Meus olhos se arregalam e é a vez da velha com cabelo verde rir. Arrancaram a pele de Tundra?

― Oh! O que foi? Vai dizer que ela merecia um tratamento especial apenas por ter sido estilista do Distrito Sete? O que sobrou do corpo dela deve estar sendo descartado a uma hora dessas. ― Vibia suspira. ― E então? Algo a dizer antes de começarmos?

Fico em silêncio, pensando em Tundra Follmann. Apesar de eu não suportar a mulher, sempre pensei que a Capital não faria mal a um dos seus. Mas, claro, estou enganada. Porque estamos em guerra ― e nas guerras às vezes é necessário sacrificar aliados para vencer. Afinal, é exatamente o que está acontecendo comigo e com Peeta. Somos apenas um efeito colateral da revolução. Descartáveis.

Vibia não perde tempo. Ela vai até uma parede e aperta alguns botões. No mesmo instante, um pequeno quadrado branco cede, dando lugar para um compartimento interno. De dentro do buraco a mulher retira uma extensa mangueira e vários fios ― eletrodos. Primeiro Vibia fixa os fios em meu busto, pernas, braços, barriga e cabeça. Tento debater-me, mas há muitas tiras restringindo meus movimentos. É inútil.

A velha sorri e balança a ponta dos dedos como se dissesse tchau para mim. Ela pega a mangueira, aponta para o meu rosto e abre uma válvula. Centenas de litros de água jorram contra mim, dando a sensação de que estou recebendo milhares de socos ao mesmo tempo. Viro a cabeça para o lado e procuro manter os olhos fechados. Logo vai acabar, Johanna. A mangueira é desligada e cai ao chão, flácida.

Vibia volta ao painel de controle e pisca para mim.

― Qual será o próximo passo dos rebeldes, Johanna?

Cuspo a água suja que entrou em minha boca, de repente bufando. Irada. Enraivecida. Encharcada.

― Vai se ferrar ― digo entredentes. Não vou ceder. Não vou ceder. 

Vibia franze os lábios.

― Resposta errada.

Então aperta o botão.


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Notas finais do capítulo

NÃO ME ABANDONEM! Vale lembrar que ainda postarei o capítulo bônus nessa quinta, ok?

Bom, é válido lembrar, para os desmemoriados (sim, essa palavra realmente existe!) que, quando Johanna Mason foi capturada pela Capital, eles a molhavam e depois a electrocutavam. Espero que tenha ficado subtendido nesse capítulo.
E então? Onde estão meus leitores? Fiquem a vontade para comentar, cambada!
Até.



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