[One-Shot] Habits escrita por King Of Norway


Capítulo 1
Stay High- Capitulo único


Notas iniciais do capítulo

One para dor de Co Tove Lo



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SOUNDTRACK

Eu sempre acordo as 10:00 da manhã e percebo que os lençóis estão vazios, a não ser é claro pelos resquícios do meu decadente estado da noite anterior. Meus olhos ainda estão turvos, mas não consigo distinguir se é apenas sono ou o efeito inacabado dos entorpecentes. Passo a mão pelos meus cabelos desgrenhados e olho para todos os lados possíveis dessa caixa de fósforos que chamávamos de apartamento. Você não está mais aqui; Para onde você foi? Por que me tornou uma dependente da sua droga para depois me deixar em uma reabilitação obrigatória?

Falando em narcóticos, essa é a primeira coisa da qual eu faço uso assim que desgrudo a minha bunda da cama. Foda-se o café da manhã. O LSD naquela caixinha psicodélica está aberto sobre a minha mesinha de cabeceira e funciona como a minha pílula matinal. Levo a minha mão, onde as unhas estão com um esmalte mal feito, até a cartela e retiro um dos comprimidos. LSD é a sigla para a palavra alemã Lysergsäurediethylamid – tente dizer isso enquanto estiver chapada-, mas eu prefiro dizer que é uma sigla para Lesada, Sozinha e Destruída.

Dizem que ela causa alterações sensoriais e te torna capaz de sentir até o cheiro de uma cor. Mas sabe qual é a única coisa que toma conta de cada célula nervosa que ainda me resta? Você. Sua barba linda e mal feita, sua pele leitosa roçando sobre mim, seus fios negros que caem com perfeição sobre a sua testa e seu excitante aroma único de Néctar. Eu costumava brincar que sentia o cheiro da sua colônia de longe, mas você sempre rebatia que não usava nenhum perfume e que com certeza correspondíamos a nível celular.

Agora o único cheiro que sinto é o da névoa em que eu passo todos os dias, trancada, na esperança de te esquecer. Por que você fez isso comigo seu puto? Espero que essa imagem na minha cabeça seja desfeita o mais rápido possível. Pego mais uma cerveja Bear Strong e a viro em um único gole sobre os meus lábios manchados pelo batom vermelho. Isso foi tudo o que me restou, meu querido. Você foi embora e eu preciso ficar chapada o tempo inteiro para tentar te esquecer.

Deixo o restante do meu almoço na banheira e vou para os clubes de sexo mandar ver. Chame-me de vadia depreciada, mas preciso de alguém dentro de mim para me sentir melhor. Paquerar homens mais velhos é o que eu faço agora para passar o meu tempo. Algumas mulheres assistem diário de uma paixão comendo sorvete da Ben & Jerry’s, eu alivio esses caras, fazendo eles se sentirem vivos. Eu movo rápido sem mostrar classe, provavelmente estou anestesiada e meio fácil demais.

Em seguida vou para qualquer festa que estiver tendo para continuar o meu faz de conta onde à diversão não tem fim. Um garoto gostoso com um colete jeans surrado me olha da cabeça aos pés e não fica muito difícil entender o que ele quer. Algumas garotas quase tão altas quanto eu também vem até mim e começamos a conversar. Não leva muito tempo para eu ir de encontro a várias bocas. O rapaz começa a mordiscar a minha orelha e eu só consigo corresponder aos movimentos sublinguais de qualquer uma delas que encaixa os seus lábios cheios de gloss em mim. Logo estamos dentro de um táxi e eu me vejo envolvida pela boca carnuda do moreno que percorre sobre a minha sem fazer cerimônia. É um roçar tão incessante que faz com que todo o meu batom vermelho passe para a boca dele também. No fundo, talvez em alguma parte da minha mente que ainda me fazia agir racionalmente, eu sabia que aquilo era insano, mas eu não posso ir para casa sozinha de novo, preciso de alguém para aliviar a minha dor.

Agora estávamos em outra casa noturna. Vou para o banheiro junto dele. Não sei o seu nome, mas isso importa? Amanhã eu provavelmente nem me lembraria de que isso ocorreu, apenas que eu faria exatamente igual à noite anterior. Ele tocava os meus peitos enquanto lambia cada extensão do meu pescoço. Eu brincava com os seus fios negros que caiam com perfeição sobre o seu rosto e revirava os olhos a cada acochada que recebia. Quando conseguiu o que queria, ele fechou o zíper da sua calça e voltou para o bar. Não sou hipócrita, aquilo me fazia sentir bem. Pelo menos até que eu voltasse ao meu estado “normal”.

Peguei o meu Gin tônico e também voltei para o movimento das pessoas na boate. Estava bêbada, trocando os pés e escorando pelas paredes para não cair. Mas isso não queria dizer muito coisa, não é mesmo? Eu já havia chegado ao fundo do poço, com certeza do chão não passaria.

Fazia de tudo para não chorar, mas logo um aperto tomou conta de novo do meu peito. As lágrimas salgadas começaram a escorrer pelos meus olhos e levaram consigo o meu delineador que não era a prova d’água. Era isso que eu ganhava por usar uma maquiagem tão vagabunda quanto eu.

Mesmo no meu estado, consegui chegar até o lado de fora do estabelecimento onde peguei um táxi para voltar para casa. Não levou muito tempo para eu estar de volta ao inferno que chamava de lar. Antes de entrar no meu prédio, paguei o taxista com um oral. Não me julguem, mas eu havia gastado todo o dinheiro que estava comigo em cigarros e bebidas baratas. O cheiro da nicotina ainda estava impregnado sobre o meu vestido roxo de paetê.

Ele também era bem bonitinho. O levaria para cima se não estivesse muito bêbada para encontrar a minha própria vagina.

Assim que entrei no meu apartamento, liguei o interruptor que ficava próximo ao meu pôster vintage do Marvin Gaye. Tudo estava exatamente igual ao que eu deixei. Você havia ido embora e agora eu precisava ficar chapada a vida toda para tentar te esquecer.

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