O Cupido escrita por Mits


Capítulo 7
Hospital


Notas iniciais do capítulo

O lance dos erros, vc sabe, desculpa e blá.
Se existe alguém que lê esse treco de sinal de vida, seria bem legal da sua parte, mas se não quiser tudo bem.



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Caro leitor, amigo que quero muito acreditar na sua existência.

Olá.  

Há quanto tempo não nos falamos não é mesmo? Quase… Um mês? Mais? Não sei, mas a culpa é claramente da autora. Eu narro, ela escreve, tão simples, mas ela insiste em complicar tudo.

“Quase não temos leitores”, ela diz.

“De que isso importa, bobinha. Escreva com o intuito de não deixar suas ideias morrerem, não para obter publico”, eu retruco. E cá estamos.

Bom, acredito que você deve estar perdido – ou perdida – com o andar dessa abóbora, já que no capitulo dois e três tivemos um pulo e um regresso no tempo.

Ah, você também percebeu? Que ótimo! Agora eu já posso parar de escrever como um idiota de site de moda.

E para você que não tinha percebido isso, aqui vai uma breve explicação:

No primeiro capitulo “O começo”, vemos o presente – se podemos assim chamar. Já no segundo “Fora de Ordem”, eu dei uma pequenina pulada no tempo, mostrando uma previsão provável do futuro, o título escolhido foi justamente para mostrar o que aquele capítulo significava, ou seja, que não era ordem do presente. Já o terceiro “Kamikaze”, foi um regresso no tempo, mostrando o que já tinha acontecido. A ligação do título com o capitulo é bem complicada, a autora fica inventando de complicar as coisas e eu que tenho que explicar… Lá vamos nós: Kamikaze, quando laçavam seus aviões contra os inimigos na Segunda Guerra Mundial, eles apontavam os aviões para baixo, dando a sensação de cair de cabeça, e era exatamente isso que nosso querido amigo Dan estava fazendo, caindo de cabeça em direção a sua morte.

Calma, não morte literária, talvez só de espírito e dignidade — e não somente a sua. Bom, não sei né, hihi.

 Os capítulos quarto, quinto e sexto tomam o rumo normal das coisas, trazendo nosso querido presente de volta, porém na Perspectiva de dois personagens muito importantes dessa história.

Mais um detalhe, os acontecimentos realmente significantes ainda estão para acontecer, essa é a subida de uma montanha-russa e, vai por mim, quando a descida chegar…

Ok. Chega de enrolação. Ficamos um bom tempo distante, hora de retomarmos com essa loucura.

Have fun!


 

 

 

Conte-me seu passado e saberei o seu futuro.

O sol esta caindo! Diria Anna apontando para a grande estrela de fogo no céu que se escondia sob as montanhas rochosas no horizonte. O ponteiro maior do relógio completou sua terceira volta, totalizando 18h00. O diretor acabara de ligar na secretaria avisando sobre seu atrasado repentino, colocando toda culpa no trânsito – maldito dia para pegar o metrô – entretanto, finalizou a ligação dizendo que passaria na escola apenas para buscar o carro.

Os portões da escola já estavam presos por dois cadeados durados e algumas travas, aos poucos as ruas iam esvaziando e o barulho diminuindo. Alguns alunos ainda estavam em choque com a visita de ambulância, imaginando a reação desesperada do diretor, outros faziam piadas sobre o caso e encenavam todo o ocorrido, seguido de explosões de gargalhadas. Por sorte os professores mais não apareceram, deixando o prédio cercado de inspetores e professores de humanas. Exatas, nunca se envolvem com o publico — pelo menos o evita.

Cláudia, a secretaria, tentava ao máximo limpar o sangue das arquibancadas e arrumar a bagunça, as moças da limpeza observavam o desespero da mulher e, numa tentativa falha, seguravam o riso. O carro dele sumiu, o carro dele sumiu, era a única coisa que sua mente conseguia pensar.

Horas antes…

Do outro lado da cidade os carros abriam passagem nas ruas, pedestres assustados ficavam o mais longe possível da calçada quando a HB20 passava por perto. A cada curva, um infarto.

— Você disse que sabia dirigir! – gritou Megan caindo pesadamente na porta do passageiro, seu corpo se prendia ferozmente no banco. Outra curva. Seus cabelos dourados se esvoaçavam com o vento que entrava pela janela aberta, seus olhos castanhos saltavam no rosto com tamanho desespero. – Eu ainda não estou pronta para a morte, então trate de parar esse carro! Vira, vira, vira! – gritou agarrando o volante e o girando para o lado oposto da van que vinha diretamente, o carro fez um movimento bruto forçando a motorista pisar no freio e fazer seu corpo e de seus amigos penderem para frente e voltar violentamente para o banco, a van passou raspando na lateral. O farol estava vermelho.

— A gente vai morrer, a gente vai morrer... – a voz aguda de Peter soou em meio ao silêncio perturbador que reinava, todos estavam em choque desde que Hayley deu a partida.

Ao seu lado estava Jen segurava na porta logo atrás do banco do motorista, onde Hayley estava. Os cabelos castanhos de Hayley colavam no seu rosto, os olhos cor de azeitona fitavam Megan, que sorria desesperada.

— Você disse que sabia dirigir – ela disse quase gritando, mas sem fôlego para isso.  

— E-eu sei a parte teórica, mas meu pai nunca me deixou pegar no carro…

— E por que será, né? – disse Jen com reprovação. Ela arfou quando o sinal ficou verde para eles – Eu quero chegar viva no hospital, Hayley. Então estaciona esse carro AGORA.

— A gente está quase chegando – falou Hayley enfiando o pé no acelerador. O carro ganhou forma e saiu deslizando pela pista como um trator desgovernado. Os outros motoristas buzinavam loucamente atrás dela, gritando todos os palavrões existentes, enquanto tentavam desviar do veiculo.

Hayley fez uma curva errada e quase subiu na calçada.

— A senhorinha, Hayley, cuidado – Megan gritou cobrindo o rosto com a mão.

— Merda, merda, merda, sai da calçada, idosa! – seu berro era seguido de buzinas e solavancos.

Uma última curva fez com que o carro subisse na calçada quase esmagando a cabeça de um cachorro contra o asfalto, o animal se afastou e correu para a esquina mais próxima. Hayley estacionou o carro de maneira desajeitada na frente do hospital

— Me lembre de nunca mais andar no mesmo carro que você – Megan disse antes de abrir a porta e descer do carro.

Peter foi o segundo a sair, se jogando no chão e murmurando agradecimentos a Deus. Jennifer deu uma volta rápida pelo carro para verificar se ele estava inteiro.

Quando eles entraram no hospital, Megan e Hayley começaram a vasculhar a bolsa de Hanna em busca de documentos, enquanto Jen foi até o balcão com Peter logo atrás.

O lugar era razoavelmente grande, as paredes azuis e brancas combinavam perfeitamente com o clima e emergência, logo na entrada três balcões eram ocupados por senhoras de meia idade ou mais, no ultimo balcão uma placa escrita “preferencial” balançava com o vento que entrava pela porta, já que ali não havia janelas. O pronto-socorro da cidade estava quase sempre vazio, era uma cidade pequena e não muito populosa, por isso o numero de vitimas era menor.  Naquela tarde, em especifica, um senhor de cadeira de rodas estava encostado na parede, ao seu lado uma adolescente de cabelos e pele negra repousava sua cabeça no ombro do senhor. Mais isolado, um rapaz com o braço enfaixado tentava mexer no celular. Nada excepcional.

Jennifer conversou um pouco com a atendente e criou toda uma história para eles liberarem passagem, Peter a observava e balançava a cabeça positivamente, concordando com tudo.

— Ela tá na terceira sala no fim do corredor, já foi atendida e está bem – disse Jen.

— Ok, vamos – disse Megan.

                                                   x

Enquanto seus dedos tateavam as paredes e seu corpo seguia em direção ao quarto da amiga, os pensamentos de Megan se prenderam em um detalhe que deixara passar em meio a toda confusão: Hayley e Alex estavam juntos, na verdade eles pareciam bem íntimos. Talvez ciúmes, ou intuição, mas Megan não conseguiu segurar a língua.

— Por que vocês dois estavam juntos? – perguntou sem cerimônia. Peter estava na frente com Jennifer. Ela brigava baixinho com ele, que estava com as mãos enfiadas no bolso e a cabeça baixa como uma criança.

— Vocês quem?

— Você e Alex.

— Ah, ele. Nada demais, apenas conversando.

— Conversando. E quando foi que vocês começaram a conversar?

— Não é nada demais, nos encontramos no bebedouro e ele puxou assunto comigo.

— Entendi – ela fez uma pausa antes de continuar. Não uma pausa longa, porque se não teria que pensar nas merdas que falaria logo em seguida. – Achei que você não conversasse com os garotos.

Hayley a encarou com as sobrancelhas juntas.

— Foi só uma conversa, não é como se a gente fosse casar.  – ela olhou rapidamente para uma sala vazia e voltou a encarar Megan. Ela sabia que Hayley nãos e sentia bem em hospitais depois da morte da mãe.  – Você me disse uma fez que nem todos os caras eram com Henry e que por isso eu não deveria condená-los. Eu não quis acreditar na época, mas talvez acredite agora. Não quero viver com medo para sempre.

Megan imediatamente se sentiu mal. Ela tentou sorrir, mas era com se seu rosto não se lembrasse de como fazer isso. — Desculpa, fui idiota.

— Você sempre é – riu, Megan riu também.

— Cala boca, feia.

O final do corredor estava chegando e Megan reconheceu os cabelos negros de Alex, ele estava sentado com as mãos apoiadas nas pernas, tinha sangue na sua camisa. Seu coração começou a bater descontroladamente, ela se sentia com uma garotinha.

Hayley se aproximou e cochichou para ela.

— Eu quase me esqueci – Megan não conseguia tirar os olhos de Alex, Jen correu em sua direção e começou a conversar com ele. – Se eu fosse você, desistira do Alex. Na verdade, eu nem tentaria alguma coisa com ele.

Megan a encarou, surpresa e incrivelmente irritada. Hayley continuou andando, alcançando Peter e Jeniffer. Não existia maldade nenhuma nas palavras de Hayley, Megan sabia disso. Hayley não era sua prima ou sua irmã, que sempre competia com ela em tudo. Hayley não era mais uma idiota da escola, que era apaixonada por Alex. Hayley era sua melhor amiga.

Mesmo assim, um pensamento eloquente a fez respirar fundo. O pensamento de que, se fosse preciso, passaria por cima de Hayley para chegar a Alex.

 

                                                                       x

16h27min

Seus braços descobertos doíam como nunca, as pernas pediam misericórdia e os fios castanhos insistiam em cair sobre o rosto suado, enquanto roçavam nas suas costas. Hayley terminou de tirar as caixas do deposito e colocá-las na arquibancada. De uma maneira desajeitada chutava as sacolas para um canto vazio.

— Hayley, as três últimas – Michael sorriu para a morena que retribuiu com um suspiro casando. Depois de um dia inteiro de trabalho e nenhum descanso, estava feito, as flores finalmente se alinhavam em todo o ginásio.

Bom... Boa parte dele pelo menos, isso se nenhum aluno idiota destruísse antes do evento.

Hayley se espreguiçou e seguiu em direção ao bebedouro na saída de emergência do ginásio que ia de encontro com o corredor dos primeiros anos e, no final, o jardim de orquídeas. Os feixes de luz atingiam o piso fazendo um brilho intenso iluminar o chão, uma brisa fria sacudia as flores que nasciam das rachaduras na parede. Não havia uma só alma ali, o que era ótimo, já que ela não queria plateia vendo-a lavar o rosto na pia.

Com cuidado, ela tirou os fios de sua testa e se abaixou na direção da torneira, uma quantidade razoável de água chiou nos canos, saiu pelo bocal e espalhou-se no azulejo azul. Hayley sentiu uma presença aproximar-se lentamente e parar ao seu lado, uma segunda torneira chiou e a suposta pessoa se abaixou para beber água, uma cabeleira negra chamou sua atenção.

Rigidamente, Hayley se levantou, enxugou a boca com as costas das mãos e pigarreou desconfortável.

— Existem, no mínimo, três bebedouros nessa escola, e você tem que escolher esse – disse seca apoiando a cintura na beirada do bebedouro e cruzando os braços.

— Não sabia que esse era seu – o dono da cabeleira negra respondeu com um sorriso simpático, apesar da ironia. – Você não é o único ser humano que bebe água, sabia?

— O que você quer, Alex?

Alex apontou para o bebedouro, seus olhos estavam fixos no dela. Uma gota de água cristalina escorria por seu pescoço.

— Beber água.

Com um suspiro profundo e penoso, Hayley sacudiu a cabeça negativamente. Ela estava se sentindo um gato de rua, assustado e receoso de aceitar a ração que estava no chão. Alex não parecia ser ruim, mas de longe, ninguém parecia ruim. Ela acha que o mundo seria um lugar melhor se as pessoas tivessem um nível de maldade bem em cima da cabeça. Oi, e sou escroto, não fale como.

Alex ainda estava ali parado, provavelmente esperando que ela dissesse alguma coisa.

Ele é gay, ela pensou encarando aqueles olhos negros e profundos, ele é gay. Ela sorriu internamente, mais relaxada. Deus, ele é gay!

Se sentindo meio idiota e envergonhada pelo olhar intenso dele, ela decidiu que seria melhor ir embora dali antes que fizesse besteira. Suas armaduras de proteção estavam sempre tão bem colocadas que quando um garoto dizia oi, ela logo respondia morre, inferno, e fugia segurando sua ansiedade com as duas mãos. Por fora era durona, mas por dentro tremia como vara verde.

Mas, ele é gay! A voz em sua mente gritava feliz. Gay!

— Enfim, divirta-se – ela disse rapidamente se afastando e percebendo que gostaria de conversar mais com ele.

Quando uma mão gelada e firme prender-se em seu cotovelo, seu coração bateu forte.  Ela o olhou com surpresa. Alex fitava seu rosto que estava começando a ficar corado.

Ele é...

— Hay... Posso te chamar assim?

— Tanto fiz – disse sem pensar. Normalmente ela diria não, me solta, e provavelmente começaria a gritas, mas ele era...

Gay.

— Tudo bem, então. Hay. Gostaria de conversar com você.

Ela percebeu que ele ainda estava segurando seu braço. Um sentimento sufocante fez sua respiração falhar. Ela olhava fixamente para a mão que quase cobria seu braço todo.

Alex percebeu o olhar e a soltou.

— Estamos conversando – respondeu vagamente, ainda sentida pela ansiedade que começava a revirar seu estômago.

Ele é gay, ele é gay, ele é gay. Ele não vai me machucar, porque ele é gay.

— Hayley, tudo bem? Você está pálida.

— Você é gay – ele a encarou sem expressão. – Você é realmente gay, certo?

Por favor, seja gay, ela pensou loucamente. Seja gay e não me machuque.

— Sim – ele disse e fez uma longa pausa. Hayley colocou o peso na outra perna. Parecia ter sido tudo, mas ele continuou. – Eu sei que disse isso do nada, mas achei que tornaria tudo mais fácil. Eu percebi que você é meio distante dos caras e pensei se eu falar a verdade para ela, ela não vai achar que estou dando em cima dela.

— Entendi. Para ser sincera, torna tudo mais fácil você ser gay, você não imagina quanto. – Ela suspirou aliviada. – É um pouco irritante como os garotos conseguem ser insistentes. Normalmente eles só me chamam para dar em cima de mim ou falar alguma merda. Sei lá, achei que você quisesse fazer o mesmo.

— Eu dei a entender isso na nossa conversa por mensagens?

— Não! Acho que não. Só é minha defesa natural.

— Eu te entendo. As garotas adoram dar em cima de mim também, mas sinceramente eu não sei como agir com elas – ele disse, rindo. Hayley o acompanhou.

Os dois ficaram ali por um tempo se encarando, ainda rindo do comentário dele. – Amigos? – ele perguntou esticando a mão para ela.

— Amigos.

                                                          x

16h30

A fumaça cinza saia por suas ventas e rodopiava no ar, a pele morena brilhava com o fraco sol que iluminava o jardim menos frequentado da escola, onde as árvores já estavam morrendo e as flores despedaçadas no chão, os diretores pretendiam destruir aquele jardim e fazer uma piscina, se isso se concretizasse ele não mais um lugar longe das pessoas para fumar.

Will estava sentado no topo de uma árvore, o que não fora muito difícil já que os galhos vacilantes ficavam perto do chão, as folhas laranjadas variam o chão. Aquele silêncio era perfeito, tão perfeito que durou pouco tempo. Embaixo do galho em que estava um barulho de caixa velha sendo arrastada o incomodou, seus olhos seguiram o barulho e, de ponta cabeça, seu rosto se encontrou com uma cabeleira cacheada, a dona dos cachos se virou e cortou qualquer distancia entre seus rostos. Uma espécie de Tarzan e Janie.

Eles ficaram parados, apenas fitam um ao outro, analisando cada parte de suas faces morenas.  A garota da aposta, Will pensou, ela é muito gata, completou.

— Você fede a machona – pensou Jen em voz alta, Will rapidamente se arrependeu de sua dedução. – Com licença, você está no meu galho – disse friamente subindo em cima da caixa para alcança a madeira, o garoto riu internamente por ver que ela não era grande o suficiente para subir ali. Ainda de ponta cabeça ele a observava, mais precisamente as coxas. – Você é surdo amigo? Sai.

Will se ajeitou e encostou sua cabeça na árvore, derrubou o cigarro no chão. – Não estou vendo seu nome nela.

— Levanta a cabeça – pediu mal humorada, ele a olhou por um tempo e depois obedeceu. Ela apontou para o tronco, onde letras mal feitas escreviam Jennifer atrás do moreno. – Meu nome, agora sai.

Ele riu. Linda e autoritária. O tipo complicado de mulher.

— Me obrigue – disse voltando a se encostar e fechar os olhos. Jen ficou parada o observando, ele sentia seu olhar queimar. Ele até sairia dali numa boa, mas estava sendo divertido irritá-la.

— Olha, só levante e sai. Não quero ser obrigada a socar seu saco.

— Golpe baixo.

— Sai logo.

— Tem espaço para nós dois, chatinha. Sobe aqui – disse ele a segurando pelos braços e ignorando os gritos de protesto dela.

 Quando ela se acomodou, limpou a sujeira da calça e lançou um olhar furioso para ele. 

— Idiota.

Will começou encará-la em silêncio. Ela tinha um belo rosto raivoso, com a pele morena levemente corada e os olhos de gato.  Transar com ela não seria tão ruim assim.

 Depois de alguns minutos em silencio, Will pigarreou e estendeu a erva para a garota. – Quer?

— Não, não fumo maconha, é nojento – Jennifer tirou um cigarro do bolso e o acendeu, ela estava na ponta do galho, nenhum tipo de apoio para evitar sua queda, a não ser Will. Ou seja, nenhum tipo de apoio.

— Maconha não, mas cigarro sim. Você é um exemplo de saúde.

— Vamos fazer um acordo? Você não fala comigo, nem eu com você. Só estamos dividindo o mesmo espaço por que esse é o único lugar totalmente tranquilo, e aparentemente nós dois gostamos dele. Então só cala a boca.

— Nisso concordamos.

— Cala boca... – ela disse com o cigarro na boca.

— Qual é seu motivo pra fumar? – perguntou. Jen permaneceu em silencio sacudindo as pernas no ar. Will se viu obrigado a continuar a conversa. – Meus pais são meu motivo, às vezes eles conseguem encher o meu saco com esse lance de futuro. A verdade é que eles sempre me acharam um fracassado, e, bom, eu confirmei isso. Enquanto a filha é um gênio, o filho é um drogado – riu – o filho mais velho. Deve ser uma decepção enorme.

— Pelo menos você tem uma família – ela o olhou. – Eles te enchem o saco, como você mesmo disse, porque se importam com você.

— Você não entenderia.

— Não estou tentando entender.

— Você é bem babaquinha, hein. Qual seu problema? Você é mal amada?

Jennifer jogou o cigarro no chão e pulou do galho, Will não ficou surpreso por ter ido longe demais.

— Você não me conhece, seu idiota.

— Não disse que conhecia.

— Quer saber? Finge que essa conversa nunca aconteceu e fica longe de mim – ela completou enquanto saia pisando firme. – E fica longe do meu galho também.


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Notas finais do capítulo

Bah