O Cupido escrita por Mits


Capítulo 13
Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Erros blabla



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O final de semana havia chegado e o ar abafado consumia a cidade aos poucos, o escaldante sol esquentava o asfalto e secava as poças d’águas da noite de chuva anterior. Um tempo inconstante. E como todo final de semana, festas marcadas para a madrugada já tinham suas presenças confirmadas.

“Festa do pijama da Didi!

Você foi convidada para a melhor festa do pijama do ano!

Venha com seu melhor pijama e aproveite a noite.

Com amor, amor, Didi.”

— Ela tem dezessete anos mesmo? – perguntou Hayley rindo. Em mãos ela tinha convite em folha cor de rosa com glitter. – E por que Di-di? O nome dela é Amanda, seria como me chamar de Ley-Ley.

— Ela tem vários apelidos como esse. E elas me chamam de Meg-Meg.

— Meu Deus, que eu não ganhe um apelido.

Megan queria explicar que isso era quase impossível, mas deixou a amiga cruzando os dedos para os céus.

As duas seguiam até o centro da cidade, o ônibus não estava tão cheio e isso facilitou para que elas encontrassem um lugar vazio. O ônibus dava solavancos e paradas inesperadas, fazendo com que Megan e Hayley batessem suas cabeças no banco da frente. Eita, merda, diziam as duas rindo.

Megan não estava ansiosa para a festa, no entanto estava surpresa por Hayley também ter recebido um convite de Amanda, já que as duas definitivamente não se davam. A garota, por outro lado, já se negara a ir.

A loira mantinha seus pensamentos firmes em um detalhe que fez um sorriso abrir-se: a noite dos garotos, Amanda a dissera por telefone que planejava dar uma passada rápida por lá e curtir um pouco com eles. Acrescentou, também, que finalmente apresentaria o garoto por quem estava afim. Megan tinha uma dedução óbvia quanto aquilo, mas decidiu não pensar no assunto.

O ônibus parou no ponto em que iriam descer e Hayley havia iniciado uma conversa sobre vegetais assassinos com um amigo por telefone. Não disse quem, mas como sempre Megan tinha uma breve ideia de quem era.

Alex. Bem no fundo ela sabia que Hayley não tinha intenções com ele. Ou talvez tivesse. Não, Hayley, não. Depois do que aconteceu com ela, garoto nenhum a faria ter uma recaia. Henry tinha causado estragos demais. Mesmo assim...

— Ok, definitivamente seu argumento é melhor do que o meu – afirmou ela rindo ao telefone. Megan procurava sua carteira dentro da bolsa. – Indo fazer compras, me deseje sorte.

A morena desligou e sorriu, Megan lançou lhe um olhar de dúvida, como se esperasse que algo fosse dito então. Nada fora dito e ela continuou a procura. – Você parece feliz – comentou tentando não parecer presunçosa.

Era verdadeira, Hayley estava sempre rindo com o celular ou saindo correndo da sala para encontrar com alguém. E esse alguém, por sua vez, estava sempre perguntando dela para alguns amigos em comum.

O ciúmes era seu mostro debaixo da cama.

— Feliz com um amigo novo, só isso – ela respondeu.

— E quando você vai me apresenta-lo? – ela havia dito para Hayley que queria ajuda com Alex, e mesmo assim a amiga não tinha dado nenhuma luz a ela. Nada além de se eu fosse você, nem tentaria.

Megan estava curiosa, apenas curiosa. Hayley tinha o direito de dizer para ela tudo que sabia do Alex e porque estava conversando com ele, certo? Afinal, Megan falou dele primeiro.

— Qualquer dia desses, quem sabe. Acho que vocês dois não se dariam bem – ela disse com um risinho que irritou Megan profundamente. Não tente, vocês não se dariam bem. Qual é a sua?

— Acho que quem vai decidir isso sou eu, não é? – outra vez, ela usou o tom descontraído. Hayley a encarou por alguns segundos e depois voltou a olhar para o outro lado.

 As duas viraram a esquina e pararam em frente a uma loja feminina. A loira achou sua carteira no meio de embalagens de salgadinho. Hayley fitou uma saia na vitrine e disse:

 – Ele é gay.

Isso foi o suficiente para as duas se encararem. A primeira coisa que Megan fez foi rir e esperar Hayley rir, mas ela não fez isso, continuava encarando a saia.

Isso explicava tudo e nada ao mesmo tempo.

— Gay?

— Sim, gay. Foi por isso que eu não te disse nada, não queria que ficasse decepcionada. Mesmo assim entendi suas indiretas, você deve ter achado estranho que tenhamos virado amigos. A iniciativa foi dele, eu só deixei rolar.

Ela deu os ombros e Megan piscou, tentando digerir a informação. Gay?

Megan sempre se orgulhou do seu radar, ele quase nunca falhava. E quando ela viu Alex pela primeira vez, não precisou de radar nenhum. O sentimento que veio por ele foi tão desfreado e desesperador que ela achou que fosse vomitar. Alex era o cara perfeito, o seu cara perfeito, e nada poderia estragar seu cara perfeito. Nem mesmo Hayley.

Claro, era tão confortável para Hayley dizer que ele era gay e fazê-la simplesmente desistir dele. No fim, Hayley ficaria com ele.

Não, Megan, cala boca, ela pensou, quase gritando para si mesma. Era Hayley. Hayley, a garota que teve seu coração despedaçado no passado. Hayley não mentiria desse jeito para ficar com uma cara.

Então por que eu simplesmente não consigo acreditar? Por que esse sentimento horrível de traição?

O ciúme era seu bicho-papão.

Era simples, ou Alex estava mentindo. Ou Hayley estava mentindo.

— Ele te contou isso?

— Sim, foi por isso que virei amiga dele. Ele é gay, então não tem problema.

— Ele poderia estar mentindo para você.

A porta da loja estava aberta, mas elas não entraram.

— Por que ele mentiria, Megan?

— Sei lá, Hayley, as pessoas mentem. Só é bem conveniente para você ele ser gay.

Ele pode ter mentindo para ficar mais próximo de você e conseguir chegar a mim, ela pensou loucamente. Ou você pode estar mentindo para me afastar dele. Hayley, você é minha melhor amiga, mas eu juro por Deus...

Meu Deus, Megan, meu Deus. Pare de pensar.

— Já entendi. Você acha que eu estou mentindo – Hayley a encarou com um olhar profundo.

Megan tentou desesperadamente silenciar sua mente, achando que seus pensamentos estavam sendo escritos na sua testa. Ela trocou o peso para a outra perna.

— Não disse isso.

— Você não precisa dizer, eu te conheço – ela cruzou os braços. – Ou eu estou errada?

— Não acho que você esteja mentindo, Hayley. Se você diz que ele é gay, ele é gay.

— Ele é.

— Ok, ele é. Se você diz, acredito em você.

Hayley franziu a testa e disse, elevando a voz. – Se vai dizer que acredita em mim, pelo menos não usa esse tom ridículo de ironia.

Por favor, mente, cala boca. – Caramba, eu disse que acredito. Ele é gay, você é traumatizada. Pronto, vivam os dois melhores amigos sozinhos em uma ilha.

— Para de agir como se eu estivesse roubando ele de você. Eu não quero seu namoradinho.

— Não disse que você estava roubando ele.

— Você é obvia demais, Megan. Está com ciúmes e agindo com uma idiota. Só acho ridículo você ter ciúmes de mim. Eu não roubaria seu namorado, eu não mentiria sobre ele ser gay só para ficar com ele. Eu passei um inferno e sou traumatizada, como você mesma disse. Então pode ficar tranquila, rainha de todos os homens, eu não quero seu namorado.

— Não quero brigar com você por causa de um cara.

— Não estamos brigando por causa de um cara, estamos brigando por que você está me confundindo com você.

Megan sentiu aquelas palavras como um soco bem forte. Sua mente girou um pouco antes de parar. O primeiro sentimento foi de culpa, o segundo foi de raiva. Hayley já havia entrado na loja quando as primeiras lágrimas brotaram. Megan adoraria entrar na loja e se defender, dizer que não era uma vadia, mas ela teve medo de descobrir que Hayley estava certa. Ela mentiria sobre ele ser gay, ela tentaria roubá-lo de Hayley, ela passaria a perna em Hayley para ficar com ele.

O ciúmes era seu demônio interior.

 

x

As begônias tinham sido levadas pelo caminhão de lixo três dias atrás, trazendo uma sensação de alívio que não sentia a muito tempo.

Ela tinha terminado sua batata assada quando o assunto surgiu novamente. À frente, sua mãe com um olhar viajante e preocupado com algum dever que ainda não havia sido cumprido. À esquerda e mais distante de presença, seu pai. Ele mordia o frango como se aquela fosse sua última refeição antes da cadeira de choque, afinal, eram assim que os dias se passavam naquela casa. Hannah pensou bem antes de começar.

Quarto arrumado.

Tarefas feitas.

Casa quase limpa.

Perfeito. – Mãe – chamou docemente, Clarice a olhou esperando que algo fosse dito. Não era certo dizer que sua mãe estava de bom humor, isso era inevitável nos últimos dias. No entanto a esperança é a última que morre. – A senhora pensou a respeito sobre o meu pedido?

— Pensei. A resposta é não – disse friamente mordiscando a salada. Antônio, seu pai, olhou-a meio triste e aconselhador. Não tente mais, era o que queria dizer. Ela, por outro lado, não tinha nada a perder.

Sim, ela havia chegado suja e irritada em casa, talvez as duas tivessem tido uma pequena discussão sobre privacidade. Pequena. Mas já se passaram três dias, seguir em frente seria uma ótima ideia. Sangue, sim, isso era algo inesquecível. Sua mãe presenciara o momento em que ela corria para o banheiro e lavava o restante de sangue que pingava pelo seu queixo, perguntas foram feitas e respostas artificiais foram dadas. Aquilo irritou Clarice, dando início a – como dito – pequena discussão.

— Mãe, é realmente importante para mim…

Na verdade, não era. O desejo de ter liberdade batia mais forte.

— Você tem dezessete anos, a única coisa importante na sua vida é estudar para o vestibular – disse redondamente certa na visão de uma mãe. Hannah respirou fundo, outra tentativa.

— Por favor, mãe. Eu já conversei com o papai sobre isso.

As duas olharam-no, cada qual esperando sua resposta. Antônio lançou um olhar de súplica para filha não metê-lo naquela história, mas já era tarde.

— E o que ele disse? – perguntou a mãe, agora com o queixo apoiado sobre as mãos.

Antônio engoliu o frango que, de repente parecia mais seco, para responder. Hannah tomou a frente.

— Disse que eu podia ir.

A mentira caiu na mesa como a sobremesa daquela tarde. Ele ponderou se seria saudável desmentir a filha daquele jeito, até que se decidiu.

— Ela já está crescida, não faria mal algum passar um tempo com as amigas – argumentou sem tirar os olhos da filha. Você me deve tanto, garotinha... – Foi o que eu disse.

— Ah, você acha isso mesmo depois dela mentir para gente?

— Eu não menti sobre nada, mãe – sua voz estava trêmula. Não mentira, de fato. Esconder fatos não é necessariamente mentira.

Não acredita em mim, leitor? Oras, procure no dicionário! Caso não encontre, ou tenha algo diferente, ignore esse fato e acredite em mim, um ser místico e mais experiente.

— Então eu sou louca? Porque não é possível, Antônio!  Um dia ela recebe flores e noutro chega toda suja e sangrando em casa. Se isso não é mentir, eu não sei mais o que é. Sem contar esse nariz arrebentado que até agora vocês evitaram explicar.

— Ela recebeu flores de quem? – ele não conseguiu segurar a pergunta, mesmo sabendo que aquilo aumentaria a discussão. Hannah coçou o nariz como sinalização, infelizmente seu pai não era muito bom em truco. Clarice não gostou de ser interrompida por outra pergunta.

— Tal de Peter, deve ser alguém que tentou transar com ela, e provavelmente conseguiu – acrescentou friamente.

Antônio suspirou e coçou a cabeça, não sabia das flores. Ele só queria comer em paz. – Ele foi responsável pelo hematoma no nariz, amor. Só isso. Ele deve ter mandado as flores como um pedido de desculpas.

— Ela sabe disso, pai – disse sem olhar para a mãe. Seu pai era o único capaz de fazê-la ter coragem suficiente para encarar sua mãe. Sozinha provavelmente já teria desistido. – Ele não vai estar lá, se é essa a preocupação. Sem contar que decidimos não cruzar mais o caminho um do outro, então vocês não vão mais vê-lo. Ah, e mãe, eu ainda sou virgem – respondeu com um sorriso falso.

— Você anda tão abusada, Hannah. Quer levar um tapa na boca?

— Eu só queria um pouco mais de liberdade, mãe.

— Para de me responder.

Hannah grunhiu em resposta, sua mãe tirou o calçado do pé e apontou para a filha. – Abre essa boca de novo para você ver.

Claro, violência. A resposta que os pais dão quando não têm argumentos suficientes. Hannah ficou parada, pronta para levantar da mesa e correr para o quarto. Apanhar não melhoria em nada a situação.

Antônio queria intervir, mas o perigo dormia ao seu lado todas as noites. Contestar sua maneira de educar seria como pedir divórcio, e não era isso que queria.

No momento.

Clarice colocou o chinelo na mesa por precaução. – Você não vai e ponto, depois do almoço você vai lavar a louça e ficar em casa, entendeu?

Hannah ficou em silêncio por alguns segundos. – Você disse que não era para abrir a boca, lembra?

O calçado acertou seu braço com força e rapidez, deixando-o vermelho. As lágrimas de raiva brotaram no rosto da garota quando ela empurrou a cadeira e se levantou bruscamente.

— Pode voltar! Termina de comer, lave a louça e aí você pode ir chorar no seu quarto, malcriada.

A ruiva furiosa sentou-se à mesa e segurou o garfo com força. Uma rápida e significativa troca de olhares com o seu pai foi mais do que suficiente para sua determinação crescer. Eu vou escondido, era o que queria dizer.

Eu sei, ele respondeu.




x

 

Três batidas foram suficientes para que ele abrisse a porta. No pequeno espaço entre a parede e o corpo do irmão, a pequena Anna enfiava sua cabeça de cabeleira bagunçada. Um sorriso se abriu ao ver quem estava na porta.

— Dan! – disse correndo até o amigo e pulando em seu colo. – Você trouxe seu celular? – acrescentou em seguida, causando riso nos dois.

— Interesseira – sorriu. – Trouxe, e dessa vez está carregado. Pode jogar o quanto quiser.

— Mas é claro que sim!

Ainda animada, Anna pegou o aparelho e voltou para o chão. Assim que seus pés tocaram o asfalto, ela correu para dentro de casa e se jogou no sofá sem se preocupar em trocar o pijama de unicórnio.

— Todas as crianças te amam? – perguntou Alex cumprimentando o amigo.

— Eu me esforço.

Alex abriu a porta de sua casa por completo, dando também passagem para Dan. Os dois entraram e foram direto para a cozinha. A casa era pequena, mas extremamente confortável e bem decorada – Alex tinha um bom gosto inegável. Dois quartos ao fundo próximos ao banheiro de azulejos azuis, uma sala ocupada por dois sofás pretos pequenos e uma poltrona vermelha de couro forrado; fotografias tiradas pelo próprio dono pendurados nos quatro cantos do cômodo, HQ’s da velha-guarda e estantes de jogos e livros de terror – cinco ou seis revistas para desenhar de Anna. Uma máquina de música antiga ficava no canto perto do orelhão preso na parede. Alguns piches enfeitavam a parte de dentro do orelhão, enquanto o lado de fora permanecia com a cor vermelha. Luzes no teto formavam um círculo branco, dando-lhes a impressão de ser um disco voador. A cozinha era colorida graças a Anna, que exigia uma cadeira azul só para ela e uma rosa para o irmão, a mureta que a dividia com a sala era azulejada, contrastando com o piso escuro no chão de todo a casa.

Dan assobiou surpreso. – Quando foi que você colocou um orelhão na sua casa?

— Algumas semanas atrás. Gostou? – perguntou pegando uma lata de energético da geladeira e jogando para o amigo, que a pegou no ar.

— Foda.

Anna levantou a cabeça e não conseguiu segurar uma gargalhada. – Boca suja! – exclamou apontando para o mais velho, que bateu na boca, fingindo timidez.

— Anna, quarto.

— Aah, por que eu não posso ficar? Finjo não escutar a conversa dessa vez – reclamou balançando o celular que segurava. – Fico jogando quietinha, prometo.

— Para o quarto, princesa.

Anna fez um bico, resmungou algo sobre irmão mais velho chato e se arrastou para o quarto no final do corredor.

Dan observou a cena e levantou os braços, como sinal de pergunta. Alex tirou o celular do moletom e entregou para ele. – Não a quero ouvindo sobre isso.

Assentindo, Dan desbloqueou o celular e começou a ler a conversa que só fora iniciada por sua causa, de qualquer forma.

Os dois estavam sentados no sofá quando Alex decidiu falar. – Ainda sinto que isso é errado.

Dan o olhou de soslaio e continuou a ler. Depois de um tempo soltou um comentário. – Conversa animada a de vocês. Viraram bons amigos, hein?

— É – respondeu.

— Eu já chamei a Vanessa, sua vez agora.

O moreno ponderou suas palavras antes de soltá-las, mas na terrível tentativa de parecer compreensível, ficou rabugento.  

— Dan, até quando você pretende continuar com isso? Tipo, beleza, eu e ela viramos amigos, então eu jogo ela para e você e... É isso? Vou ser sempre o amigo gay?

— Eu ainda não pensei nisso direito.

— Vai começar um namoro com mentiras?

Dan o olhou por alguns segundos em silêncio, ele queria dizer o que estava pensando, mas seria magoar demais seu amigo. No entanto, Alex entendeu seu olhar.

— Você também, era isso que queria dizer, não é?

— Eu não pensei nisso – mentiu, Alex percebeu.

— Além de mentir para a garota que você está afim, agora você mente pra mim também? Parabéns, Daniel.

— Alex... – ele mordeu o lábio inferior e jogou sua cabeça no sofá, estava cansado. Isso Alex não sabia. – Eu só queria que você entendesse porque eu estou fazendo isso.

— Então me conta logo. Não aguento mais mentir sem saber o motivo.

— É complicado.

— Vai se ferrar, na moral. Eu já entendi que é complicado, mas me explica porque é complicado.

Dan ficou em silencio, fitando a TV desligada. Dan colocou o celular no braço do sofá e suspirou. – Eu não pensei muito bem no meu plano, foi meio uma ideia que surgiu de um momento de desespero.

— Você está muito apaixonado pela Hayley.

— Não é só isso. Eu gosto dela, ele é uma garota incrível. Eu sei que você percebeu isso. Mas eu não te envolveria nisso se estivesse só apaixonado por ela.

Alex o encarou durante alguns segundos em silêncio. Dan finalmente explicaria tudo. Talvez as coisas se tornassem mais fáceis, ou mais difíceis.

— Você provavelmente vai me achar um covarde, mas é tarde demais para voltar atrás.

— Realmente, ela já acha que sou gay.

— Ok, isso aconteceu alguns anos atrás...

O tempo passou sem o dois perceber, assim como uma Anna sentada no corredor escutando toda conversa. E que conversa. Esclarecedora e triste, essas eram as duas palavras chaves para aquele momento. Alex não conseguiu dizer nada quando Dan terminou, com lágrimas nos olhos e um sorriso consolador – mais para ele mesmo do que para o amigo. Tudo fazia sentido de uma maneira assustadora, talvez no final Hayley entendesse o porquê daquilo tudo, das mentiras. Ajudar Dan não era mais uma obrigação desagradável, era de certa forma justificável e consoladora.

— Eu sinto muito, cara – foi tudo o que conseguiu dizer antes de colocar a corda no pescoço e se jogar de uma árvore alta com as próximas palavras que foram ditas. – Eu prometo te ajudar até o fim.

 

 


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Notas finais do capítulo

Show de bola



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