A essa altura do nosso relacionamento, Edward já sabia que eu não servia para qualquer tipo de esporte. Eu conseguia um dançar um pouco (bem pouco mesmo!), mas nada improvisado, tudo metricamente ensaiado e coreografado.

Mesmo assim, resolvi vê-lo jogar beisebol com a família Cullen. Ainda sabendo que provavelmente meus olhos não seriam rápidos o suficiente para acompanhar sete vampiros a toda velocidade.

Alice e Jasper me contaram que eles jogavam numa clareira perto da floresta de Forks, então fomos até lá no Volvo de Edward. O resto dos Cullen foram no Jeep de Emmett.

Ao chegar, e descermos do carro, Edward havia me dito que ele teria que me carregar; obviamente fiquei apreensiva e disse que não iria.

— Amor, serão só cinco quilômetros. — ele ponderou. — Não da pra chegar lá de carro.

— Eu vou andando. — digo com firmeza.

— Então você só vai chegar lá no fim do jogo. — disse Rosalie com a cara amarrada. — Pensando bem, não é uma má idéia.

— Ignore ela, Bella. — Alice deu um tapinha em meus ombros.

— Vamos, Bella! — Edward pediu.

— Você é maluco? A gente pode bater numa árvore ou sei lá! Me arrepio só de imaginar!

— Você está certa, Bella. — Emmett brincou. — Eu também não confiaria no Edward.

— Vamos indo na frente preparar o campo. — Esme disse descendo do Jeep. Rosalie, Carlisle, Emmett, Jasper e Alice concordaram.

Eles saíram do meu campo de visão num piscar de olhos. Edward me encarou.

— Você realmente acredita que eu deixaria algo te atingir? — Edward perguntou magoado.

— Nunca. É que...

— Então porque não vamos logo? — ele me interrompeu.

— Edward, medo é algo irracional! Não é algo que se explique, ok?

— Você é absurda. — ele riu vindo em minha direção.

— Não se atreva, Edward Cullen! 

Obviamente, ele não me obedeceu. Num segundo ele me tirou do chão. Como se eu pesasse o mesmo tanto que um graveto. Enterrei meu rosto no pescoço dele, amedrontada.

— Feche os olhos. — ele sussurrou.

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Depois que Edward me colocou no chão, eu ainda estava meio tonta devido à corrida (planejei matar Edward depois que voltássemos para casa). Consegui visualizar a clareira, e era grande como um estádio de beisebol oficial. Não pude evitar deixar de pensar na satisfação de Charlie ao jogar em um campo como aquele.

Emmett e Rosalie marcavam as bases e Alice e Carlisle disputavam quem seria o juiz. Ao observá-los naquele momento, pareciam mesmo uma família de humanos normais. Ninguém imaginaria a história que os Cullen carregavam.

A certa altura da discussão, como toda mãe, Esme decidiu que nenhum dos dois seria juiz Ri com a cara de injustiçados que ambos fizeram.

Gentilmente, Esme me pediu para auxiliá-la na arbitragem do jogo e eu aceitei.

— Vamos dividir os times. — Rosalie pediu.

— Nem pense nisso, perdedora. — Alice disse. — Nosso time já está montado, como sempre.

— Dessa vez a gente acaba com eles, Rose. — Jasper disse excitado.

Olhei para a divisão dos times e concluí que eles não conseguiriam; o time de Alice era imbatível: Alice preveria os movimentos de seus adversários; Edward leria os pensamentos das possíveis próximas jogadas, e seria difícil Rosalie, Jasper ou Carlisle passarem pela base de um brutamonte como Emmett.

O jogo começou e eu mal acompanhava os lances. O time de Alice ganhava disparado na frente, e Emmett e Edward não perdiam a oportunidade de fazerem piadas com Jasper. Eles estavam o irritando bastante.

Em certo momento do jogo, Alice paralisou. No mesmo momento procurei os olhos de Edward e vi que ele corria em minha direção, aterrorizado. Ele e todos os Cullen.

Edward me pegou em seus braços de uma maneira totalmente diferente de quando havíamos chegado. Foi rude.

Os outros conversaram em um tom irritado, eu não entendia absolutamente nada.

— Não devia ter trago ela. — Edward disse. — Vou levá-la pra casa.

— Não dá tempo. — Alice brigou. — Coloque-a no chão!

Edward, relutante, a obedeceu.

— Eu disse que esse relacionamento era um erro desde o começo. — Rosalie deu de ombros.

— Cale a boca, Rosalie! — Alice estava totalmente diferente da Alice graciosa e meiga que eu conhecia.

— SERÁ QUE DÁ PRA ALGUÉM ME DIZER O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — grito, fazendo com que todos me encarassem.

— Tem gente nossa perto do campo. Estão vindo aqui. — Carlisle explicou.

— Estavam indo embora, mas sentiram nosso cheiro. — Alice contou. — Nos ouviram jogando e resolveram dizer um olá.

— Ok, entendi. Mas eles não vão me fazer mal, vão? — pergunto.

— Não vou deixar encostarem em um fio de cabelo seu. — Edward prometeu.

— Quantos são, Ali? — Emmett perguntou animado.

— Três. — Alice respondeu. — Dois homens e uma mulher.

— Poxa, se tiver briga nem vamos nos divertir direito. — Emmett disse rindo. — Deixe que venham! 

— Solta o cabelo. — Edward mandou e eu o fiz.

— Não adianta. — Rosalie disse irritada. — O cheiro dela está impregnado em todos vocês. Dá pra sentir de longe. Vocês sabiam que era um erro, ao menos, estavam avisados.

— Rosalie, não vou me responsabilizar por meus atos se você continuar! — disse Alice.

— Eles chegaram. — disse Jasper se virando de costas.

Um grupo de três pessoas entrou na clareira. Eram absurdamente lindos como todos os Cullen. Dois homens e uma mulher, exatamente como Alice havia dito. Vinham em nossa direção de uma maneira até um pouco lenta para vampiros, quase caminhavam.

Eles eram mais velhos que Emmett, Jasper, Alice e Rosalie, mas não mais velhos que Carlisle e Esme. Deviam estar na faixa dos vinte anos quando foram transformados.

Meu coração se acelerou e eu prendi a respiração. No meio de toda a situação Alice percebeu, e tratou de me acalmar:

— Respire, Bella. Respire. Finja que é uma de nós.

Mas era difícil, estava impressionada com a aparência dos indivíduos que se aproximavam. Suas vestes eram rasgadas e sujas de sangue. A mulher tinha longos cachos ruivos e andava de mãos dadas com um dos homens: de cabelo loiro e comprido.

À frente, vinha o outro homem, como se fosse o líder; era moreno e tinha os olhos num tom de vermelho arrepiante.

Os Cullen se curvaram a minha frente, como se formassem um barreira. Eu estremeci, e Edward segurou minhas mãos.

— Não se preocupe, Bella. — ele disse. — Enquanto eu viver, não deixarei que nada de ruim lhe aconteça.

E foi ali que o pesadelo começou.