POV: Haruno Sakura

Larguei o teclado para pegar o celular e ver as horas.

“Santo Kami! Já são 17:10! Preciso me apressar!” Exclamei já me levantando do sofá.

Passou tão rápido que nem notei que estava atrasada.

“Hum... Posso saber aonde a Maluquinha vai?” Perguntou Gaara, dando ênfase ao ‘Maluquinha’, amassando mais uma bolinha de papel e jogando-a no canto.

“Você deveria era focar mais nisso daí ao invés de querer saber da vida alheia. Já faz umas duas horas que vejo o montinho de papel ali no canto só crescendo.” Disse rindo e apontando para o canto do sofá.

Rapidamente ele me deu aquele olhar sarcástico. “Bom... Talvez se não tivesse um certo alguém desafinando meu teclado, quem sabe eu já teria acabado!” Falou, elevando um pouco a voz, seu sorriso aumentando conforme eu fechava a cara.

“Demônio.” Eu disse e levantei o dedo do meio para ele, que apenas gargalhou.

Joguei umas folhas na bolsa e peguei o resto de comida que tínhamos pedido mais cedo.

Amava cada momento em que ficava ali no esconderijo de Gaara. Era como um escape para mim, e a sua companhia... Bom... Era surpreendentemente incrível.

Era estranho e fantástico como que em pouco tempo nós conseguimos criar uma amizade tão intensa.

Ele era aquela pessoa que, claro, tinha sua arrogância, mas ao estilo Gaara de ser.

O ruivo não se importava em me ouvir e eu não me sentia forçada ou obrigada a falar algo. Simplesmente fluía e ele, como sempre, ria das minhas burradas, mas logo em seguida tomava uma postura diferente e me dizia coisas que nunca me disseram. Ou talvez, eu nunca tenha escutado. Sinceramente, prefiro ficar com o último pensamento.

Antes de sair acenei e gritei um “Boa sorte com isso aí”.

Ele apenas balançou a cabeça e voltou para o violão.

Corri o caminho todo já que a banda iria tocar às 18 horas.

Quando estava saindo de casa lembrei que não havia respondido a pergunta que ele havia feito.

Peguei o celular e mandei uma mensagem.

No trajeto até o bar dos pais de Shikamaru comecei a me perguntar se não seria melhor ter inventado uma desculpa para ficar em casa (vulgo esconderijo), aí poderia finalizar a canção. Mas não podia deixar de ir. Afinal, era uma festinha organizada pela galera da escola e eu acompanhava a 3P desde o começo.

O próprio Sasuke-kun havia me chamado, dizendo que não aceitaria um 'não' e que se fosse necessário, iria me arrastar de casa com pijama e tudo.

Ri com esse pensamento e segui o caminho.

*

*

*

POV: Sabaku no Gaara

“Humpf.” Suspirei.

Estava cansado de tentar prosseguir com aquela melodia.

Nunca pensei que seria difícil escrever para alguém — alguém que de fato gostássemos.

Claro, eu sempre escrevia canções ótimas. Mas de uma forma geral, nada específico sobre alguém, a não ser quando era sobre mim.

Estava difícil, pois tentava encaixar a melodia perfeita com a letra adequada que realmente transmitisse tudo o que sentia.

Cheguei a pensar que talvez, em sua companhia, houvesse uma inspiração a mais. Porém não passou de uma distração.

Olhei para o relógio prestes a dar 19 horas e decidi que seria melhor ir embora. Deixaria essa tarefa para outro dia.

Tranquei o esconderijo e coloquei a chave próxima a um tronco de árvore partido pela metade, que ficava ao lado da porta.

Tínhamos combinado que deixaríamos a chave ali para que qualquer um de nós pudesse ir ao esconderijo a quando quisesse.

Estava no carro quando peguei o celular para ligar para Tsunade. Sorri ao ver que tinha uma mensagem de Sakura.

“Estou indo para o bar dos pais de Shikamaru (sim, aquele esquisito preguiçoso de cabelo espetado num rabo de cavalo). Os meninos vão fazer uma mini apresentação hoje para a 'festinha' que a galera organizou, lembra? Esqueci de te responder quando perguntou então pronto, já sabe para onde eu estava indo. Pensei em te convidar de novo (aliás você automaticamente já estava incluso na festa), porém sei que não se dá muito bem com eles. Mesmo assim, o convite está feito. Até ;) —Sakura.”

Era verdade. Eu não era de ficar muito com meus colegas de classe. Especialmente com seus amigos.

Liguei o carro na intenção de ir para o apartamento, mas como não tinha o que fazer, talvez fosse melhor dar uma passada na festa. Afinal, Sakura estaria lá e como era uma festinha da escola não vi problemas em aparecer.

*

*

*

POV: Haruno Sakura

O bar estava lotado de rostos conhecidos, a galera da escola estava em peso.

Eu e meus amigos estávamos em uma parte próxima do palco, onde se tinha completa e ampla visão da banda e do resto do bar.

Fiquei a maior parte do tempo olhando para Sasuke-kun e como ele estava lindo com seu cabelo espetado grudado na testa por causa do calor.

Sua voz rouca e tão suave preenchia o local. Estavam tocando um cover de “Pyro” do Kings Of Lions, uma das bandas que os inspiravam.

Em todo esse momento, não pude deixar de notar o olhar de Ino para Sasuke-Kun, e isso de certa forma não me incomodava mais tanto assim. Por que pode parecer loucura minha, mas o jeito de Sasuke-Kun com Ino pareceu mudar de uns tempos pra cá.

Não era mais toda aquela coisa do começo e no fundo eu me sentia aliviada, mas também culpada por me sentir meio que melhor com algo assim.

Algumas vezes ele olhava para o fundo, para a suposta platéia que eram nossos colegas e até passava por mim e me dava uma discreta piscada, e eu apenas sorria em resposta.

O clima estava ótimo, tinha uma galera dançando no pequeno espaço que podia ser considerado uma pista de dança.

Quando as músicas começaram a mudar para algo mais lento e envolvente, vi uns pares se formando e não pude deixar de sentir um leve solavanco no peito.

Nessa mesma hora meu celular vibrou. Era uma mensagem de Gaara.

“Seu semblante não está um dos melhores.” Dizia.

Franzi o cenho. “Que? Não me diga que faz uso da telepatia agora?” Sorri timidamente e enviei, levantando minha cabeça e olhando para todo o bar.

Claro que se ele fez essa observação era porque havia resolvido dar as caras.

De uns tempos para cá as pessoas diminuíram toda aquela euforia sobre o Sabaku está por aqui.

Não pude evitar sorrir por saber que agora ele andava mais à vontade pela escola e até poderia encarar uma simples festinha sem ser bajulado (não que tal bajulação tenha se encerrado de todo, mas enfim...).

“Não. Dá para ver de longe essa sua cara. PS: sorria mais vezes assim. Suas covinhas são lindas.” Ele mandou logo em seguida.

“Okay, você já pode aparecer Sr. Estranho.”

“Estranho? Eu? Tem certeza? Porque acho que não sou eu que estou com uma péssima expressão no rosto e babando por um b-a-b-a-c-a.” Outra mensagem.

Não respondi de imediato, pois ouvi Naruto anunciar que a próxima canção seria “Tenerife Sea”.

Senti meu interior se contrair, meu rosto murchou mais ainda.

Meu celular vibrou. Era Gaara, novamente.

“Humm, então essa é a tal da música?”

Automaticamente procurei pelo bar a figura dele, enquanto as primeiras notas se iniciavam.

“You look so wonderful in your dress

I love your hair like that

The way it falls on the side of your neck

Down your shoulders and back”

Olhei um pouco para Ino, que estava suspirando e com os olhos brilhando, para logo em seguida perceber que meus olhos começaram a arder. Já podia sentir as lágrimas se formando.

Ele estava cantando para ela, de novo. E eu, mais uma vez, fiquei ali parada assistindo.

Estava prestes a me retirar do local e responder a mensagem de Gaara, quando meu celular foi arrancado dos meus dedos.

Meu ar ficou preso, meus olhos se arregalaram e eu dei um minúsculo grito de susto e surpresa.

Gaara estava parado na minha frente e com um sorriso debochado nos lábios.

Ele se aproximou.

“Você é tão ridiculamente engraçada, Maluquinha.” Sussurrou, perto do meu ouvido.

“Should this be the last thing I see

I want you to know it's enough for me

'Cause all that you are is all that I'll ever need”

Involuntariamente senti meu corpo todo formigar. Arrepiei-me e, de relance, dei uma olhada para o grupo que estava a centímetros de mim também com cara de surpresos.

Ino estava com a boca em um perfeito “Ohh”. Hinata apenas balançava cabeça. E Shikamaru apenas olhava com um pequeno sorriso no rosto.

Fui arrancada da minha pequena bolha de pensamentos quando senti dedos se enroscarem na minha cintura. Surpreendi-me mais ainda quando ele me puxou para perto, colando nossos corpos como se fosse iniciar uma dança.

E droga! Ele realmente estava me arrastando para uma dança.

Toquei em seus ombros, levemente, e estanquei.

“O que você pensa que está fazendo?” Sibilei para ele, que apenas sorriu mais ainda.

“Está no inferno...” Ele gesticulou em volta. “...Abrace o capeta. Lembra?” Gargalhou.

“I'm so in love, so in love

So in love, so in love”

Não sei como e por que, mas com Gaara ali eu me senti bem.

Bom, o que eu podia fazer?

Entreguei-me ao momento, alheia a todos os olhares curiosos e de surpresa que se sucederam.

Conseguia pegar alguns comentários, porém dispersei-me disso e foquei em Gaara que cochichava algumas idiotices ao meu ouvido. Gargalhávamos, enquanto dançávamos. Presos em nossa bolha particular.

“You look so beautiful in this light

Your silhouette over me

The way it brings out the blue in your eyes

Is the tenerife sea”

A música ao fundo já não importava mais. Tudo ao me redor parecia não ter mais importância.

Não sabia o que estava acontecendo.

E essa sensação de proteção que eu sentia?

A certeza de que tudo ficaria bem estava me dominando.

Gaara me olhava intensamente, enquanto segurava cada vez mais firme em minha cintura, e, ainda assim, com uma delicadeza que eu não sabia que aquele ‘Demo’ poderia ter.

Eu, por fim, acabei por enroscar meus braços ao redor de seu pescoço, sentindo a maciez de seus cabelos ruivos e rebeldes.

“And all of the voices surrounding us here

They just fade out as you take a breath

Just say the word and I will disappear

Into the wilderness”

Em momento algum quebramos nosso contato visual.

A maneira que ele me olhava estava começando a me incomodar.

Senti minhas bochechas esquentarem e tentei me desviar do seu olhar.

“Não fique envergonhada.” Ele disse. “Bom... Não há jeito melhor de 'superação' do que dançar ao som do inimigo, não acha?” Sorriu, com deboche.

“Eles não são meus inimigos, Gaara. Sasuke-Kun é meu melhor amigo e Ino também!” Disse, repousando minha cabeça em seu peitoral.

“Eu sei, Maluquinha. Eu sei.” Ouvi-o suspirar e apoiar seu queixo em minha cabeça. “É só uma maneira de criar um novo ponto de vista.” Ele sussurrou.

Acabamos por determinar um ritmo só nosso, diferente dos outros ‘casais’, dançando ao som daquela música que, supostamente, me machucava.

“Lumière, darling

Lumière over me

Lumière, darling

Lumière over me

Lumière, darling

Lumière over me”

Por um breve segundo comecei a pensar...

Seria isso errado?

Seria errado sentir todas essas coisas enquanto estava com ele?

Tudo estava muito confuso.

Estaria eu, de alguma forma, traindo Sasuke-kun?

Oh! Sasuke-kun!

Virei-me rapidamente e olhei para o palco. Sasuke-Kun olhava fixamente para mim. Seus olhos apertados em minha direção.

Senti-me estranha. Como se estivesse fazendo algo errado.

Por que ele estava olhando?

Por que em seus olhos eu via algo parecido com raiva?

Por que estavam apertados?

Por fim, seu olhar pousou nas costas de Gaara, um olhar frio, duro, com uma raiva estranha...

Estranha?! Não! Eu só podia estar delirando.

Seu olhar me lembrou do dia em que encontramos Sasori na rua. Do momento em que o Akasuna falou de Ino.

Não! Eu realmente estava delirando. Por que ele simplesmente não volta a encarar e cantar para Ino?

Afinal, essa era a música que ele fez para ela, não?

“Should this be the last thing I see

I want you to know that's enough for me

'Cause all that you are is all that I'll ever need

I'm so in love, so in love

So in love, love, love, love”

Senti meus amigos também nos observando, mas nem dei importância. Já deviam ter se acostumados com o fato de que Gaara e eu éramos amigos.

Lembro de quando perceberam que havíamos nos aproximado mais. Eles me interrogaram sobre o porquê de eu não o ter incluído no nosso grupo de amigos, já que tinham combinado de arrastar o Sabaku para o ciclo de amizade. Coisa que Sasuke-Kun falhou no primeiro momento em que se encontraram.

Desviei-me desses pensamentos quando Gaara me rodopiou pelo espaço para logo me puxar para si de novo e me inclinar, apertando mais a mão em minha cintura, para suportar meu peso.

Seu peito estava de encontro ao meu. Nossas respirações estavam rápidas. Eu podia sentir seu hálito em meu rosto, muito próximo.

Ele sorriu e me levantou.

“Você realmente e definitivamente é um louco, Demo.” Sussurrei para ele que sorriu de imediato.

“Ah... Sabe o que dizem: a loucura é um dom.” Imitou voz de poeta.

Apenas balancei a cabeça não acreditando que Gaara realmente me tirou para dançar ali, no meio de todos da escola. Tudo bem que já sabiam da nossa amizade, mas aparecer do nada na ‘festinha’ organizada por nossos colegas realmente foi uma surpresa. Aposto que amanhã, na escola, isso será o destaque do dia.

“You look so wonderful in your dress

I love your hair like that

And in a moment I knew you were back”

Assim que a música acabou, ainda ficamos parados por poucos segundos, que mais pareceram minutos.

Por fim, decidi trazê-lo para a mesa em que estávamos, ignorando todos os olhares curiosos que eram lançados para nós.

Vez ou outra Gaara respondia uma pergunta e comentava algo com Shikamaru, que, aliás, parecia ser o único a não se sentir intimidado com sua presença, os outros ficavam parados apenas o observando.

A 3P anunciou que faria uma pausa e os meninos se juntaram a nós.

Sasuke-kun vinha na frente e — pode parecer delírio meu — eu podia jurar que estava vindo em minha direção, porém Ino se meteu na frente e o puxou para seu lado da mesa.

Começaram a conversar sobre as próximas músicas que tocariam e sobre como o local estava relativamente cheio.

Vez ou outra alguém surgia e fazia um pedido de música, elogiava e até mesmo pediam para tirar foto.

Logo em seguida, a 3P voltou para o palco. No entanto, antes de subir Sasuke-Kun veio até mim e olhou de soslaio para Gaara.

“Sakura, acho que não ficarei muito tempo por aqui. Tenho que ajudar minha mãe com algumas coisas. Assim que acabar de tocar eu estarei indo, ok?” Ele disse.

Apenas assenti e ele foi atrás do resto da banda.

“Não sei de onde vem tanta arrogância desse babaca.” Gaara disse.

“Não é arrogância, moramos na mesma rua e sempre voltamos juntos para casa.” Expliquei.

“Bom, você obviamente está aqui comigo, não é? Não seria mais sensato ele deduzir que eu a levaria em casa?” Questionou.

“Er... Você não estava aqui no começo. Eu, certamente, vim sozinha. Sem contar que Sasuke-kun e eu faremos o mesmo caminho, então...” Deixei a frase inacabada.

“Claro que não! Eu estou aqui agora e ‘certamente’ a levarei em casa.” Ele foi direto.

“Mas...” Tentei argumentar.

“‘Mas’ nada! Shiu! Quero ouvir a banda” Cortou-me e voltou seu olhar para o palco.

Passaram-se alguns minutos e todos estavam se divertindo.

Por incrível que pareça, Gaara estava mais comunicativo com todos. Até entraram em uma animada conversa sobre o Bunka-no-hi**, feriado que celebrava o dia da cultura no Japão.

Era tão agradável ver como estávamos nos dando bem ultimamente.

Senti uma mudança na maneira como meus amigos me tratavam.

Era como se eles começassem a me ver de verdade. Como se agora eu realmente pertencesse aquele ciclo. Não que eu não pertencesse antes, mas atualmente é como se eu pudesse ver a todos com clareza e vice-versa.

Eu, definitivamente, pertencia ali.

Acho que isso se deve ao fato de eu ter sido mais verdadeira com eles. Nunca havia deixado que vissem muito sobre como eu realmente era, e talvez isso tenha me levado a criar uma certa barreira.

O lado bom era que tal barreira havia diminuído. Não por completo, mas uma boa parte dela já sumira.

“Tem alguém em casa...?” Ouvi Tenten me chamando com os olhos brincalhões.

“Foi mal, eu estava pensando em outras coisas.” Disse.

“Aposto que eram cabelos e olhos negros.” Shikamaru falou e todos riram. Ok, quase todos.

Obviamente, corei e resolvi mudar de assunto, respondendo a pergunta que fizeram antes sobre o que eu faria no feriado.

“No feriado vou ficar em casa mesmo. Combinei com o Sasuke-Kun de revisarmos algumas matérias, já que as provas estão chegando.”

“Ah, fala sério, Sakura! Vai ter festival na cidade e temos que comemorar também!” Tenten contestou.

“É! E você e o Sasuke são bem inteligentes. Aposto que se sairão bem nas provas. Sempre se saíram.” Completou Hinata.

“É... Mas o Sasuke-kun quem combinou... Então...” Disse, baixinho.

“Qual é, Sakura?! Aposto que ele não irá se incomodar se você desmarcar. Vocês passam tempo demais juntos!” Ino soou meio amargurada, e pelo visto não foi somente eu que notei já que todos a olharam meio confusos pela forma que ela falou. “Bom... Nada mais justo do que passarmos esse dia juntos, não é, gente?” Emendou.

Todos pareceram concordar com isso, mas não pude deixar de reparar no olhar que Ino dirigia a mim.

“Vou falar com ele, então. Acho mesmo melhor sair do que ficar trancafiada estudando.” Todos riram.

“E você, Gaara? Também vai?” Ino perguntou.

Ele desviou seus olhos para ela, surpreso pela pergunta.

“Ah, não sei. Tenho coisas para resolver fora do país, então, fica meio complicado.” Voltou seu olhar para mim e disse: “Mas talvez eu dê um jeito e vá. Realmente faz tempo que não curto os festivais do Japão.” Sorriu, não pude evitar também sorrir em resposta.

Ino assentiu e voltamos nossa atenção para o palco, onde a 3P anunciou a última música da noite. Eles fariam mais um cover.

SuperHeroes, do The Script começou a tocar e todos se animaram, saindo para dançar.

Eu não sei por que, mas The Script era bem famosa por aqui.

Após os agradecimentos a banda se juntou a nós novamente.

Os garotos comentavam super animados sobre o show e a quantidade de músicas que a galera pedia.

Depois de alguns minutos, Sasuke-Kun se levantou e disse que iria embora.

Acabou que decidimos ir também, menos Shikamaru, Hinata e Naruto.

Paramos na entrada do bar e Neji se ofereceu para acompanhar Ino e Tenten, já que fariam praticamente o mesmo caminho.

Despediram-se e se viraram para sair. Ino deu uma última olhada para trás antes de seguir.

“Vamos, Sakura?” Disse Sasuke-kun, virando-se para mim.

“Ah, claro!”

Eu já ia me despedir de Gaara quando ele disse: “Pode deixar que eu a levo em casa.” Falou, olhando-me nos olhos.

“Não precisa, Gaara. Vai te dar mais trabalho. E já está meio tarde.” Afirmei, sorrindo.

“Isso mesmo. Não precisa se incomodar, Sabaku.” Sasuke-kun disse dando ênfase no ‘incomodar’. “Vamos logo, ainda tenho que passar em um lugar antes.” Completou, pegando minha mão e já se virando para sair.

“Ela realmente não precisa ir com você, Uchiha. Afinal, ela veio à festa comigo. Vem! Eu te levo.” Gaara deu um passo à frente me puxando e me colocando atrás de si.

“Er... Gaara... Realmente—”

Fui cortada pela voz de Sasuke-kun: “Qual é o seu problema, cara?” Falou, aproximando-se.

Em minha cabeça, eu tentava entender o que diabos esses dois estavam pensando.

Sasuke-kun e Gaara realmente estavam se enfrentando para decidir quem iria me levar em casa?!

O que eles acham que eu sou?

“No momento? VOCÊ!”. Gaara respondeu, dando mais um passo ao ponto de ficarem cara a cara.

Sasuke-kun bufou. “Cai fora! Vamos Sakura!”

O Uchiha me olhou.

Em seu olhar, eu via um pedido mudo de 'por favor, Sakura, vamos logo!'.

Percebi o quanto ele estava se segurando para não explodir ali mesmo.

“Eu já disse que eu irei levá-la. Melhor você ir logo, ou irá se atrasar.” Disse Gaara, que estava totalmente irritado.

Podia ver a raiva em seus olhos.

Fiquei com medo da reação dos dois e já estava com raiva pela maneira que eu estava sendo tratada.

Mas que droga! Eu não sou um objeto!

“Sasuke-kun é melhor você ir. Mikoto-san não vai gostar de ficar esperando.” Falei, tentando amenizar toda aquela tensão que estava no ar.

Sasuke-kun me olhou meio incrédulo.

Eu, normalmente, jamais recusaria de ir com ele.

Aliás, Sasuke-kun nunca agiu dessa forma com algo relacionado a mim.

Naquela hora tive a certeza de que isso era somente porque eles não se suportavam.

Isso me deu uma raiva instantânea.

Estava cansada de ficar no meio dessa coisa de macho-alfa entre os dois.

“Gaara pode me levar. Não tem problema algum.” Eu disse, mantendo o olhar firme sobre ele.

“Mas, Sakura...” Sasuke-kun me olhou como se não acreditasse no que eu dizia.

“Você a ouviu, Uchiha.” Gaara soou mais convencido de si.

“Cale a boca, seu idiota!” Sasuke-kun aumentou o tom mais ainda e deu um pequeno empurrão em Gaara, que o fuzilou e já partia para cima dele.

No momento, eu não pensei em mais nada, apenas me coloquei entre os dois e me virei para Sasuke-kun.

“Mas que droga. Já chega Sasuke-kun! Vá embora! Eu já disse que irei com Gaara.”

Tamanha era a minha raiva pela situação, que não percebi o olhar frio que dera para ele.

Sua reação foi simplesmente recuar como se tivesse recebido um tapa, olhando-me mais espantado ainda.

“Por favor!” Pedi, vendo a sua expressão.

Ele me lançou um último olhar, totalmente confuso.

A ira já ia se apagando e transformando seu olhar em algo que não consegui identificar no calor do momento.

Então, seus olhos endureceram novamente e se desviaram para Gaara. Logo, Sasuke-kun simplesmente se virou e foi embora.

Fiquei estática olhando por onde ele tinha ido.

Eu não acreditava no que tinha acontecido.

Sasuke-kun não era assim. Só agia dessa forma com coisas que ele amava, como quando falavam algo de sua família ou de sua música.

Mas de mim?

Não, Sakura!

Você está imaginando coisas!

Mas por quê?

Por que, no fundo, eu sentia que não era somente questão de rivalidade entre ele e Gaara?

Havia algo mais... Disso eu tinha certeza.

E esse último olhar que ele me dera?

Eu conhecia aquele olhar e a intensidade que possuía. Foi o mesmo de quando Itachi se fora.

Lembro-me claramente de sua reação.

Eu o conhecia melhor do que qualquer um. Ele jamais agiria assim só por agir.

Será que ele... Eu... Não!

Eu não posso pensar nisso.

Ele gostava de Ino, certo?

Eu vi!

Com meus próprios olhos!

Até mesmo escreveu uma canção para ela!

Ino! Ultimamente ela estava estranha comigo. Como se eu tivesse feito algo a ela.

Será que isso tem haver com o que aconteceu agora?

Sasuke-kun tinha mudado de uns tempos pra cá. Fazia questão de irmos e voltarmos da escola juntos. Se bem que sempre foi assim entre a gente, entretanto agora era ele que preferia ir andando e conversando.

Além disso, pedia minha opinião para quase tudo, chegando até a recusar um convite de Ino para irem ao show de uma banda na semana passada.

Sasuke-kun mudou.

Na verdade, ele estava voltando a se parecer com o mesmo de três anos atrás. O mesmo de 12 anos de idade... Mais atencioso e próximo de mim.

Meu coração se encheu com algo que eu não sabia explicar.

Atingiu-me fortemente e me vi com um sorriso no rosto.

Só percebi que chorava quando senti a mão de Gaara no meu rosto.

“Está tudo bem?” Perguntou, arrancando-me de meus pensamentos.

Pisquei algumas vezes e dei meu melhor sorriso. “Claro!”

“Desculpe-me por isso” Ele disse, meio cabisbaixo.

“Tudo bem, Gaara. Acho que ele ultrapassou um pouco os limites.” Reconfortei-o.

O ruivo apenas de seus sorrisos diabólicos. “Bom... Então vamos logo. Está ficando tarde.”

Assenti e ele pegou minha mão, puxando-me para o carro.