Dois mundos escrita por The Escapist


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Desde que seu pai usara de todo donaire para anunciar sua promoção na empresa, Felipe não estava feliz. O fato de a carreira dele ascender era ótimo, mas a ideia de mudar-se para outra cidade deixava o adolescente apreensivo. Apesar de não estar se mudando para nenhuma ilha semota, não demonstrava o mínimo bom humor diante daquela imersão numa nova cultura e estilo de vida.

Não gostava do sol, nem da perspectiva de viver vinte e quatro horas num lugar onde a temperatura poderia chegar aos quarenta graus. Do momento em que o avião pousou no aeroporto do Galeão, a tal Cidade Maravilhosa estava se mostrando apenas a combinação de tudo aquilo que ele detestava.

Da janela do apartamento no Leblon observava as pessoas na praia e não conseguia entender o que as levava a ficar no sol por tanto tempo. Nunca chegara realmente a compreender a lógica por trás da ideia de ir à praia se banhar em água salgada.

— Lipe, nós vamos sair pra dar uma volta no calçadão, você quer ir? — Ouviu a voz animada do seu pai perguntar. Ao contrário dele, Jorge estava muito animado com a nova moradia. Provavelmente se adaptaria rápido ao novo estilo de vida e não chegaria a considerar que a mudança não seria tão fácil para o filho. Felipe suspirou. Estava sempre precisar reiterar ao seu pai sobre suas preferências.

— Obrigado, pai, prefiro não ir. — Apesar de sua infelicidade, respondeu com calma. Sua mãe apareceu na sala, usando um vestido florido, de óculos escuros e chinelos de dedo.

Como sentiria falta da terra da garoa.

— Tomem cuidado, eu li que não é raro acontecer um homizio nesse calçadão. — Os pais se entreolharam, sorriram. Talvez eles não soubessem o que a palavra significava, isso acontecia com bastante frequência. — Eu quis dizer que o bairro é violento — explicou. Vanessa apertou a bochecha do garoto.

— Lindinho da mamãe, não trate seus pais como se eles fossem dois ignorantes.

Os pais saíram para o passeio e deixaram o rapaz entregue aos seus pensamentos lúgubres. Felipe até tentava ser otimista, afinal, ainda teria seu videogame, o computador e um quarto grande e confortável onde poderia passar a maior parte do tempo. É claro que também teria uma nova escola, o que, consequentemente, significava conhecer pessoas. Mas teria que lidar com essa parte desagradável da vida.

— x —

De acordo com seu pai, a nova escola era tão boa quanto a anterior, de modo que sua preparação para o ingresso no ensino superior não seria prejudicada. Felipe não duvidava disso, sabia que Jorge não media esforços para que o filho pudesse auferir uma boa educação.

Ser o aluno novo, todavia, nunca era uma situação agradável, embora aquela não fosse a primeira vez que mudava de escola. Houve todos os terríveis momentos de se apresentar à turma cada vez que um professor diferente entrava na sala. Durante os dois primeiros dias, deve ter dito seu nome e falado um pouco sobre si mais de dez vezes.

Felizmente, depois disso, pôde optar pelo sossego da invisibilidade. Não fez grandes esforços para se enturmar, falava pouco durante as aulas, sentava sozinho no intervalo. Ocupava os horários livres indo à biblioteca. Não queria se envolver, afinal, talvez não demorasse muito até que seu pai recebesse outra promoção e fosse transferido para outra cidade, talvez até para fora do país — a empresa onde ele trabalhava era uma multinacional e já fora sondado para ir para a Alemanha uma vez, porém, recusara a proposta na época.

Foi pensando nisso que Felipe concluiu que precisava de um conhecimento mais aprofundado na língua alemã. Era uma decisão aleatória, como a maioria das que tomava em sua vida. Pediria ao pai para matriculá-lo numa escola de idiomas.

— Posso sentar aqui com você? — a voz o arrancou de suas divagações. Levantou a cabeça e deu de cara com um rosto sorridente. Às vezes não entendia a necessidade que as pessoas daquela cidade tinham de ficar sorrindo o tempo todo.

— Pode, claro. — Reconhecia o garoto à sua frente como um dos colegas da turma, mas não era capaz de lembrar o nome dele. Ele tinha a pele morena bronzeada, cabelos espetados e uma tatuagem no braço. Sem perceber direito o que estava fazendo, Felipe ficou encarando o kanji desenhado na pele do garoto. — Você sabe o significado da sua tatoo? — perguntou. Longe de querer parecer exibido, mas já ouvira falar de pessoas que desenhavam ideogramas japoneses ou chineses no corpo sem saber direito o que eles significavam. O dono da tatuagem sorriu novamente, exibindo dentes perfeitos.

— Paz.

— Típico — Felipe resmungou. As pessoas também poderiam ser um pouco mais autênticas.

— Posso te fazer uma pergunta? — O garoto continuou, sem parecer incomodado com o comentário do outro. Felipe assentiu. — Por que você não se mistura com o resto da galera? — Mixtura. Rexto. O som do sotaque carioca ainda o incomodava deveras.

— Como assim? — usou o desentendimento como camuflagem para a antipatia que sentia pelas pessoas, de modo geral, e pela “galera” em especial.

— Mermão, tu tá aqui há mais de duas semanas e só fica sozinho, não fala com ninguém. Qual é o problema?

— Eu gosto de ficar sozinho, não sabia que isso poderia ser um problema. — Não pretendia soar grosseiro, por isso deu um sorriso amarelo ao final da frase. O garoto balançou a cabeça, fazendo seus cabelos sacudirem de um lado para o outro.

— Você é engraçado, brother. Escuta, meu nome é Marcos — se apresentou. Para antepor o momento que ele estenderia a mão e talvez quisesse abraçá-lo e beijá-lo, Felipe escondeu as mãos embaixo da mesa, deixando claro que dispensava o contato físico.

— Felipe — disse, um tanto a contragosto.

— Eu sei. — Marcos sorriu. — Cê pode me chamar de Marquinhos, falou? — Outra coisa que jamais entenderia era como algumas pessoas poderiam pressupor intimidade com alguém que mal conhecia.

— Ok. Mas eu continuo sendo Felipe mesmo. — Marquinhos soltou uma risada exagerada.

— Mermão, tu é muito engraçado — repetiu. — Foi mal, aí, eu não tô querendo tirar onda com a sua cara nem nada do tipo, falou?

— Falou.

Felipe tentou voltou para o livro que estava lendo, esperava que Marcos se tocasse e o deixasse em paz, mas o outro menino continuou ali, puxando conversa.

— Aê, tu morava em Sampa antes de vir pra cá, né? — perguntou, mas nem deu tempo do outro responder, já emendou outra pergunta. — Como era morar lá? Ouvi dizer que lá é chato pacas! Tu tá gostando do Rio? — Felipe quase não conseguia acompanhar o raciocínio de Marcos, tão rápido ele falava. Foi apenas o seu senso de educação que o impediu de ignorar as perguntas. Ele poderia ser uma pessoa chata, mal-humorada e antissocial. Mas não era mal-educado.

— Sim. Legal. Não. Não.

Pensou que seu comportamento monossilábico poderia afastar o garoto, mas isso não aconteceu. Marcos não parecia incomodado com o jeito do outro menino, não parava de falar e estava sempre disposto a convencê-lo a se enturmar. Puxava conversa, convidava-o para se juntar à galera, se oferecia para fazer dupla com ele quando algum professor pediu trabalho em grupo.

O mais assustador, no entanto, foi que Felipe começou a não evitar a presença dele. Era algo que contrariava seu comportamento geral, mas não chegava a incomodá-lo.

— Aê, tu já saiu pra conhecer o Rio? Tem umas parada maneira aê que tu vai se amarrar. — Felipe parou de andar e olhou para o colega.

— A gente já não havia combinado que você falaria em português? — O jeito como ele falava apenas arrancava risadas do garoto carioca.

— Tu vai querer ou não sair pra passear?

— Não, não, obrigado. Eu já vi fotos suficiente do Cristo Redentor.

— Não tô falando do Cristo, maluco. Tô falando de outros lugares irados pra tu conhecer. Melhor que ficar dentro do quarto com as cortinas fechadas enquanto tem um sol maneiro desses brilhando no céu.

— Não tem nada de errado em ficar no quarto com as cortinas fechadas.

— Se tu diz. — Marcos encolheu os ombros, derrotado. Voltaria àquela questão depois, até porque tinham um trabalho de história para fazer e ele não queria deixar o mané irritado justo naquele momento. Ter um amigo super nerd estava se mostrando uma coisa bastante útil. — Hm, eh, mané, a gente tem que fazer aquele trabalho de história, tá ligado? — Felipe rolou os olhos.

— Ok, você quer ir à minha casa depois da aula?

— Partiu!

— Depois da aula.

— Partiu. — Felipe abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Marcos não esperou. — Partiu é uma gíria que significa combinado. É por isso que você tem que conhecer o Rio, malandro.

— Ok. Quer dizer, partiu.

Vanessa foi buscar o filho na escola e ficou surpresa quando Felipe informou que levaria um colega para almoçar e estudar em casa. Ela gostou de Marcos à primeira vista, achou muito simpático e alto astral — o que só aumentava sua admiração em vê-lo ser amigo de Felipe.

Depois de almoçar, os dois garotos ficaram estudando no quarto — com as cortinas fechadas. A tarde passou sem que eles se dessem conta e quando Marcos percebeu já havia passado muito de sua hora de ir. Vanessa já estava chamando-os para o jantar.

— Eita porra, minha mãe vai ficar bolada! Foi mal aê, dona Vanessa, mas eu não vou poder ficar pra jantar.

— Você não avisou que vinha? — Vanessa perguntou.

— Avisei, claro, mas... ela fica preocupada mesmo assim, tu sabe como é.

— Eu posso pedir ao meu pai pra levar você em casa, ele deve estar um pouco cansado, mas não vai se incomodar. — Felipe ofereceu, pois sabia que o colega voltava para casa de ônibus e fazer isso à noite não deveria ser seguro.

— Não precisa, cara, eu me viro. — Jorge tinha acabado de entrar na sala. Chegara há pouco do trabalho e acabara de tomar banho.

— Onde você mora, Marcos? Liga pra sua mãe, avisa que vai jantar com a gente, daí eu te levo sem casa, sem problemas. — Marcos coçou a cabeça, confuso. Não queria parecer ingrato ou algo assim, tampouco sentia-se confortável em aceitar a gentileza. Sabia como algumas pessoas da zona sul se sentiam quando mencionava seu bairro.

— Eu moro bem aqui na Rocinha, mas sério, não precisa se incomodar, seu Jorge. — E antes que eles insistissem, atirou a mochila no ombro e fez um sinal de joia para o amigo. — A gente se vê na escola, mané.

— Falou! — respondeu, desajeitado, ainda processando a informação de que Marcos morava numa favela. Depois o acompanhou até a porta.

— Parece ser um bom garoto — Jorge comentou enquanto iam para a sala de jantar. — Vocês estão ficando?

— Pai! — Jorge riu com a reação do filho.

— Você o trouxe pra casa, pensei que...

— Pensou errado.

O mais engraçado, Felipe pensava, era que contar ao pai que era homossexual tinha sido a parte mais fácil. O problema agora era que não podia falar com um garoto que ele pensava que estavam ficando.

Realmente não estava interessado em Marcos para algo além da amizade. Achava-o legal, até bonito, mas não atraente. Além disso, ainda havia uma pessoa em sua vida, apesar da distância, não era como se pudesse esquecê-lo da noite para o dia.

— x —

Felipe nunca tinha ido a uma favela. Claro que em São Paulo também havia periferia, mas não era o tipo de pessoa que gostava de explorar a cidade. Tudo que sabia sobre as comunidades da periferia o que tinha visto na televisão, e na maioria das vezes, nem tudo que diziam era bom. Não gostaria de ser chamado de preconceituoso, mas não iria se admirar se alguém o chamasse de esnobe ou coisa parecida. Até ele estava se sentido assim. E mais, sentia-se ridículo pelo fascínio que conhecer alguém que morava numa favela tinha causado nele.

— Como é morar lá? — perguntou a Marcos. Ele encolheu os ombros. Como explicar a um playboy como era viver na maior favela do país? Aliás, por que será que as pessoas sempre perguntavam isso?

— Eu posso te levar até lá, se você quiser. — Lipe mordeu o lábio, indeciso. Estava curioso, mas não podia negar que tinha receio de ir. Pensou um pouco. Seus pais viviam dizendo que ele deveria começar a ver o mundo além de sua janela. Talvez pudesse começar com o que estava além dos prédios de luxo do Leblon.

— Partiu. — Marcos se dobrou numa risada.

— Mermão, daqui uns dias tu não vai nem se lembrar que já morou em Sampa.

Combinaram para o dia seguinte, depois da aula. Felipe disse aos pais que ficaria na escola durante a tarde para fazer trabalho em grupo. Apesar de Vanessa e Jorge, aparentemente, serem tranquilos, talvez eles tentassem admoestar sua decisão de conhecer a periferia. Seus pais, por vezes, faziam o tipo “não sou preconceituoso, mas...”

— Mas é sério que tu nunca foi num bairro pobre? — Marcos perguntou enquanto estavam no ônibus. Aquela também era a primeira vez de Felipe no transporte coletivo. Ele balançou a cabeça. — Tu é o maior burguesinho, brother.

— Vou entender como um elogio.

— Podescrer. — Nessa hora, Marcos pediu parada e quase teve que puxar Felipe pela manga da camisa, pois ele estava distraído, olhando pela janela do ônibus, provavelmente impressionado com a visão. — É diferente de quando tu vê da janela do apartamento?

Enquanto iam andando, Marcos comentava sobre a tal “vida na favela”. Claro que havia problemas, ninguém era louco de dizer que tudo andava às mil maravilhas, mas nem tudo era tráfico de drogas e tiroteio.

— Quer dizer, tem uma porrada de gente que vive normalmente, tá ligado?

— Todos esses policiais? — perguntou quando viu uma viatura passar na rua.

— A UPP. Tu não vê televisão, não? — Marcos provocou. — Os caras fazem de conta que estão resolvendo, a gente faz de conta que eles estão, e a vida segue.

Felipe lembrou de ter visto um comentarista na TV falando sobre a efetividade das unidades de polícia pacificadora nas favelas do Rio de Janeiro.

— Mas mudou alguma coisa desde que isso foi implantado, não é?

— Pode-se dizer que sim. — Felipe não entendeu bem o que o amigo quis dizer, mas não fez mais perguntas. Marcos geralmente falava pelos cotovelos, se ele preferia não se alongar muito naquele assunto, devia ter seus motivos.

Já haviam andado por quase dez minutos desde que desceram do ônibus. Felipe começava a ofegar, mas não reclamou. Atento a tudo, observava com curiosidade as casas construídas sobre o morro e a aparente normalidade das pessoas na rua. Depois de subir ladeiras e virar esquinas, Marcos finalmente parou de frente a uma casa.

— Não é grande coisa, mas é o que eu chamo de lar doce lar.

A casa era pequena, tinha uma porta e uma janela na frente, ambas com grades; era pintada de um azul desbotado e o reboco estava cedendo em alguns pontos. Havia várias construções do mesmo estilo bem próximas umas das outras. Marcos abriu a porta e o convidou para entrar.

— Minha mãe ainda não chegou do trabalho, ela deve chegar pelas cinco e meia, mais ou menos, mas deve ter comida na geladeira.

— Hum... tô legal, não se preocupe.

Mesmo assim, o dono da casa esquentou a comida e o chamou para almoçar. Quando Felipe ia puxar a cadeira para sentar, no entanto, Marcos o impediu.

— Essa daí tá bichada... quer dizer quebrada. Pega outra. — Lipe mudou de cadeira. Apesar de ter sido feita logo cedo, a comida tinha um cheiro ótimo e ele sentiu o estômago protestar. — Minha mãe é cozinheira, então tu pode confiar que o rango tá irado.

A previsão se fez verdade assim que Felipe levou a primeira colherada à boca. Estava realmente uma delícia, apesar da simplicidade da refeição. Depois que terminaram de comer, os dois descansaram um pouco, então Marcos propôs que fossem dar um passeio pelo coração da Rocinha. Felipe aceitou. Enquanto andava com o amigo, pensava no fato de algumas pessoas terem o costume de difamar a favela, sem nem mesmo ter conhecimento de causa.

No fim da tarde, Marcos o guiou até um ponto no alto do morro, de onde tinham uma vista espetacular da Rocinha. Sentaram e ficaram esperando o pôr-do-sol.

— E aí, o que tu achou? — Marcos perguntou.

— Não é tão complexo quanto eu imaginei que seria.

— Mas é diferente do seu mundo...

— Claro que é diferente, Marcos — fingiu impaciência, mas como estava sorrindo, o outro garoto sorriu também.

— Aê, tu agora deve tá se perguntando como um lascado como eu estuda na nossa escola... — ponderou. Felipe arqueou a sobrancelhas.

— Estas não foram as palavras exatas que eu pensei, mas... — Marcos deu uma de suas risadas exageradas.

— Minha mãe trabalha na casa de uma madame lá na Gávea, daí conseguiu essa bolsa pra mim. — Felipe assentiu. Ficou um instante calado, olhando para o horizonte.

— Marcos, você não fala sobre o seu pai... — disse, finalmente quebrando o silêncio. O garoto encolheu os ombros, como se a dizer que não havia muito o que falar.

— Nunca o conheci — disse e Felipe pensou que essa seria toda a resposta que teria, mas depois ele continuou: — Pelo que eu sei, era um bosta que estuprou minha mãe.

Felipe não conseguiu conter a expressão de horror. Não era o tipo de coisa que esperava ouvir numa conversa entre amigos, tampouco soube o que dizer em seguida.

— Eu.... ahm... sinto muito, não queria fazer você lembrar disso — gaguejou, supondo que não era um assunto do qual Marcos gostasse. O menino deu de ombros.

— Como eu disse, nunca o conheci, e a mãe é um anjo. Às vezes eu penso que deve ser horrível pra ela, olhar pra mim e lembrar do que aconteceu... Ela sofreu o diabo, mas não me abandonou apesar de tudo.

O silêncio que se seguiu não foi do tipo constrangedor. Foi mais daquele tipo de silêncio solidário de pessoas que se entendem e oferecem apoio com um simples olhar. Em certo momento, Felipe sentiu a mão de Marcos encostando na sua, e deixou que ela ali ficasse. E gostou da sensação. Do calor. Embora ainda lembrasse, com saudade, da vida e da pessoa que deixara em São Paulo.


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