Our Games escrita por Magicath


Capítulo 15
Capítulo 15 — Luta ou Fuga


Notas iniciais do capítulo

LUTA OU FUGA: é uma reação fisiológica que ocorre na presença de algo que é aterrorizante ou ameaçador. O hipotálamo estimula o Sistema Nervoso Simpático, que ativa as adrenais, as glândulas que vão liberar adrenalina. Portanto a pupila dilata, a pressão arterial e a freqüência cardíaca aumentam.

O que significa? Bem, significa que agora as coisas começam a esquentar....



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XV

Luta e Fuga

 

Meus olhos se abrem de rapidamente, interrompendo um cochilo. Minha cabeça oscilara novamente, repousando sobre meu peito. Meu subconsciente adormecido foi incapaz de contar quantas vezes isso aconteceu durante meu turno de vigia ou há quanto tempo eu permanecia em estado de sono.

Não sei como medir horas aqui dentro, mas deveria ter acordado Chris há algum tempo — muito tempo atrás, na verdade — para revezarmos os turnos de vigia. O cansaço derrubou minha teoria de achar que eu não conseguiria dormir e permaneceria acordada. Eu comprometi nossa segurança, aparentemente, porém, nada de ruim aconteceu. Então esse será um segredo apenas meu e dos idealizadores. E de Panem inteira.

Um barulho estranho me desperta dos pensamentos. Ele vem de fora, uma repetição sonora uniforme. As gotas de água continuam a fazer eco pela extensão da gruta congelada, mas o barulho é outro e se mistura às gotas. A luz do dia entra pela fresta e ilumina os cristais de gelo. Bem em frente à fresta consigo enxergar o contorno de alguma coisa caída na neve. Surpreendo-me quando noto ser uma caixa metálica amarrada a um paraquedas.

Arrasto-me rapidamente até a dádiva e a toco diversas vezes, certificando-me que ela é real. Há algo dentro e faz barulho quando eu chacoalho o recipiente. Abro a caixa e vejo um pote branco e duas maçãs. Mordo uma delas, sentindo o líquido gelado e adocicado incitar minhas papilas gustativas, molhar minha boca árida. Posso jurar ouvir meu estomago comemorar. Ele implorava tanto por comida que chegava a doer.

A outra coisa dentro da caixa é um pote com algo pastoso, como um unguento. Tem um cheiro comum de remédio. Experimento passar sobre uma das minhas lesões. Dá uma sensação de ardência, o alívio da dor, entretanto, é instantâneo.

Chris dorme ao meu lado, mergulhado em um sono profundo. Dorme como quem não está num jogo mortal. Não sei como consegue. A boca, sempre aberta, respira tranquilamente. Embora esteja sobre um chão duro e castigado de pedras, parece confortável deitado no casaco que usou de travesseiro. Chacoalho-o duas, três vezes e ele desperta, esfregando os olhos.

— Chris, olha. — Minha voz soa rouca e fraca quando falo.

Ele imediatamente levanta e olha para a caixa em minhas mãos. Ele encara maravilhado para as maçãs e agarra uma, saboreando-a em seguida, sedento. 

— Achei que os patrocinadores tinham esquecido da gente — Chris comenta, roendo o miolo da fruta.

— É mesmo? — indago, franzindo as sobrancelhas. — Depois dos perrengues pelos quais a gente passou eu achei que íamos ter algum lucro.

— É o terceiro dia de arena e ainda estamos vivos. Tem um carreirista louco para nos matar, porque acha que somos uma ameaça. — Chris diz com rispidez. Ele parece bem frustrado. — Essa é a nossa única dádiva. Aparentemente ele está errado. Os idiotas ainda se ocupam de embolsar eles com milhões de dádivas.

— Mas, diferente deles, não podemos ficar dependendo de dádivas. Se temos que sobreviver, é a gente que vai ter que achar um jeito. É assim que provamos que somos bons.

Chris apoia a cabeça na parede gelada e suspira.

— É, você tem razão.

Ele se levanta e vai até onde deixou a garrafa para coletar a água que pingava das estalactites. A poça e a goteira perto dela se desfizeram da noite pro dia. Chris chacoalha para analisar a quantidade de conteúdo.

— Não encheu nem a metade — queixa-se. Ele vira a garrafa e prova um gole. Sua expressão se contorce em uma careta. — E ainda tem um gosto nojento de ferro.

— Então vamos ter que procurar por água e comida — sugiro. Embora eu esteja com certo receio de voltar à floresta para explorá-la... 

— É... Certo, mas parece não haver nada nessa arena maldita. É mais fácil encontrar um bestante do que recursos.

— Deve ter alguma coisa, Chris — contesto, dando de ombros. — Pare de ser chato. 

Chris ignora minha tentativa de deixar as coisas melhores e veste o casaco, pronto para sair. Ele encolhe os ombros quando uma brisa entra pela fresta e resfria nossos corpos.

— Esse frio é uma droga.

Pressiono as têmporas* e suspiro.

Claro, o que você esperava de uma arena de inverno Chris?

— Alguém acordou com o pé esquerdo hoje — digo, mas ele já saiu.

Arrumo o restante das coisas dentro da mochila. Chris deixou tudo para eu guardar. Mas não adianta confrontá-lo quando está de mal humor. Ele é pior do que eu quando está nesse estado.

Coloco a mochila nas costas e observo meu reflexo no paredão de gelo. Meu rosto parece melhor do que ontem. O olho esquerdo e o nariz desincharam um pouco. Toco a superfície lisa e gélida, passando a mão por ela. Olhar-me naquele estado é algo estranhamente... familiar. Eu mal consigo reconhecer aquela menina presente em minha memória, intacta, não transformada pelos transtornos dos Jogos Vorazes. Como se aquele passado não fosse eu. Essa realidade está fora de meu alcance agora.

Lá fora o céu está claro. Contudo, não há sol, não há cor, tudo é uma imensidão branca, cinza e verde. Faz-se um frio danado, de congelar os miolos, mas o ar é pesado, estagnado, como se todas as moléculas estivessem completamente paradas. Não há vento algum. A sensação é de estar dentro de uma caixa fechada, onde dentro há um vácuo congelante. Quase como uma geladeira. 

Saindo da caverna, vejo Chris do lado de fora, agachado. Porém, imediatamente percebo não se tratar dele. O número cinco está estampando na manga do casado da pessoa. Ao seu lado, no chão, está Chris, contorcendo-se meio atordoado. Há uma espécie de dardo fixado no ombro direito dele.

Seria veneno? Ou apenas uma substancia entorpecedora?

O garoto do cinco nota minha presença assim que apareço e entro em posição de defesa, com as mãos levantadas representando que não farei nada a ele. Ele carrega uma zarabatana no ombro presa a uma alça. Há um dardo em mãos e uma ampola, um pequeno tubo de vidro com líquido branco dentro.

Ele está nervoso, mas tenta manter uma pose madura. Meu coração bate acelerado, porém permaneço calma e alerta, tentando acalmar a ansiedade. O rosto do menino tem cortes profundos e ele está sujo de sangue e terra. Está acabado, detonado. Ele tenta tirar a zarabatana, atrapalhado. Acho que ele não sabia que Chris estava junto comigo e guardou a arma, não tendo assim tempo para pegá-la e atirar em mim. 

— Se você fizer isso, eu vou ter que te machucar — ameaço, fingindo pegar uma arma no meu bolso. Ele imediatamente para de se mexer. Ele está incapacitado, sem arma em mãos teria que chegar perto para me ferir e eu estaria em vantagem com a suposta arma em meu bolso.

Porque logo Chris tinha que estar com aquele maldito porrete?

— O que você, uma garota, pode fazer contra mim? — ele se pronuncia, desconfiado. Tenta soar superior; seu tom, entretanto, tem pouca convicção.

Meu cérebro trabalha para achar uma solução. Chris continua no chão, balançando de um lado para o outro, sonolento. A substancia em seu organismo parece perder efeito aos poucos. Só espero que não seja veneno.

Pense, Lara, pense...

Uma luz se ascende quando lembro dos óculos que guardei no meu bolso. Lembro-me do seu rosto durante os dias que passamos na Capital. Talvez possa persuadi-lo. 

— Primeiro: o fato de eu ser uma garota não tem nada a ver. E você parece mais uma menina do que eu. 

O garoto fica ligeiramente ofendido. Deixo escapar um sorriso vitorioso.

— Você está em completa desvantagem — continuo. — Nem deve estar enxergando muito bem sem os seus óculos. Não está muito disposto a lutar, Ethan. 

Ele fica surpreso por eu saber esses detalhes sobre ele. Isso acabando de denunciar que estou certa. Não sei o quanto ele enxerga, mas não deve ser muito. Ele de vez em quando estreita os olhos ao olhar para mim.

— Porque não me ataca logo então? — indaga ele. Parece que abri uma brecha na minha estratégia pouco eficaz. — Já estou condenado mesmo, não?

— Não é necessário — digo, tentando soar sensata. — Eu não quero te machucar

Ethan franze o cenho, confuso. Ele baixa um pouco a guarda. Um erro, caso estivesse diante de um inimigo mais perigoso.

Eu começo a travar. O sangue começa a circular mais rápido. Minhas mãos formigam. Cometi um erro terrível. Eu literalmente estava propondo uma aliança. Não queria ter de me aliar a algum tributo. Não queria lutar com ele, por outro lado. Muito menos matá-lo. 

Chris grunhe, contorcendo-se um pouco aos pés de Ethan. Os olhos do garoto do cinco desviam a atenção de mim para Chris por um milissegundo.

Preciso ganhar tempo.

Há uma última tentativa que posso propor. 

— Eu estou com seus óculos — informo, novamente atraindo sua atenção. — Eu os achei no chão, por aí. 

— O que você tá querendo? — Ethan questiona.

— Eu já disse que não quero te machucar. Mas se quiser seus óculos de volta, vai ter que nos deixar em paz. Jogue a zarabatana no chão que eu devolverei. Então saia daqui imediatamente. 

Agora basta esperar ele escolher entre a arma ou seus óculos. Eu definitivamente o encurralei. Sem os óculos, mirar e acertar o alvo deve ser difícil. Mas se optar por eles, ficará sem arma. Qual seria o objeto mais preciso para a sobrevivência dele?

Estendo o objeto para ele, que hesita por um momento. Ethan olha para os óculos, ainda inseguro. A burrice dele me irrita, eu estou lhe dando uma chance de fugir e ele não reage. Se bem que é difícil acreditar em alguém dentro dos Jogos Vorazes. Contudo, ele já deveria ter percebido que estou totalmente desarmada. Eu deveria tentar deixá-lo inconsciente para que eu e Chris possamos sair daqui, mas eu duvido dessa minha capacidade.

Ele está prestes a tirar a zarabatana do ombro quando, repentinamente, sinto sangue espirrar na minha direção, manchando meu corpo e meu rosto. Arregalo os olhos quando vejo o pequeno machado enterrado na lateral de sua cabeça, perfurando o crânio, jorrando sangue.

O grito de dor logo se dispersa. O corpo deliza suavemente para frente. Ele tomba no chão sem vida e o vermelho do sangue o contorna. É possível ouvir o canhão logo em seguida.

Não há tempo de lamentar ou de reagir, pois o tributo que o assassinou se prepara para lançar o outro machado na minha direção. A cara do indivíduo está pintada de branco assim como seu cabelo, até mesmo a mochila em suas costas. Uma perfeita camuflagem. O número sete está costurado na manga.

Jogo-me no chão, chocando-me com Chris. A machadinha crava no chão a pouco centímetros de nós.

O sangue de Ethan avança até onde Chris está estirado. Então tenho uma ideia. Mancho meus dedos com o líquido rubro e passo pelo rosto e pescoço de Chris com o máximo de rapidez que consigo.

— Finja que está morto — sussurro. Chris está mais consciente do que antes e parece apto a se levantar, porém segue minhas ordens e permanece imóvel. O tributo está quase nos alcançando.

Pego a machadinha e fingo retirá-la do corpo de Chris. Interpretando, viro-me para o tributo, com o rosto estampado com dor e sede de vingança, como se ele tivesse matado meu amigo. Atiro-me na frente do tributo, interceptando a sua corrida. Ele me empurra, livrando-se de mim. A arma acaba se desprendendo dos meus dedos. Não está afim de luta corporal, está mais interessado em pegar suas machadinhas para nos desmembrar de uma vez.

O garoto torna a me perseguir, correndo ferozmente atrás de mim. Corro para longe, fugindo. Por sorte ele ignora a presença de Chris, que aparenta ser mais um cadáver do que um tributo vivo.

O menino do sete parece estar ferido, pois corre um tanto devagar., mancando. Contudo, isso não o impede de caçar a sua presa com as armas em mãos, ameaçadoras. Distribuo meus olhares para frente, desviando dos galhos, e para trás. Vejo-o lançar uma das armas na minha direção, num movimento apurado e não muito caprichoso. Atiro-me no chão para desviar do ataque. O tributo, agora só com uma machadinha em mãos, tenta me acertar, mas desvio desajeitada. O machado passa raspando por mim, abrindo um furo na minha jaqueta. Por sorte a lamina não atingiu meu braço. 

Ainda envoltos em um combate no chão, não percebemos que não há mais chão. Rolo ladeira abaixo, junto com ele, ralando-me toda na ladeira terrosa e rochosa.

Meu corpo bate no chão duro e perde velocidade quando deslizo por uma superfície lisa e escorregadia. Um pouco tonta, apoio o antebraço no gelo e sinto uma dor insuportável no braço. Devo ter fraturado alguma coisa.

A pressão que meu corpo exerce sobre o gelo faz ele perder a rudimentariedade, ameaçando rachar. O chão que me sustenta é só uma fina camada de gelo na superfície da água. Abaixo desse lago congelado deve ter muito mais dessa água, numa temperatura tão baixa que eu poderia morrer em segundos. Não estou muito afim de dar uns mergulhos agora.

O garoto do sete está a alguns metros de mim. Ele continua a segurar a machadinha. A outra está bem longe dele. O tributo me lança um olhar mortífero, desejando minha morte. Ele não pode vir me pegar, pois o gelo está quebrando. Contudo, ambos estamos encurralados. Se nos movermos, corremos o risco de nos afogarmos. Haveria uma chance de escapar, se eu soubesse nadar.

O lenhador não se importa com a estrutura do gelo e tenta se levantar. Cada movimento é uma nova rachadura no gelo. É tarde demais quando ele fica em pé. O chão se parte e nossos corpos afundam na água.

Assim que entro em contato com a água glacial, tudo arde. É fria demais. Ela queima minha pele, dando uma sensação de que tudo paralisou. Meus membros ficam rígidos, não conseguindo movimentá-los. Dói, como a sensação de que meus músculos estão sendo comprimidos, queimados e alfinetados.

Não ouso abrir os olhos, a água fria traria problemas. A falta de ar queima meus pulmões enquanto afundo dentro da água. Eles clamam desesperadamente por ar.

Minha mão raspa a superfície de uma pedra. Tateio cegamente por terra firme, até fincar as unhas no bloco de gelo que boia pela água. Faço força para subir e enfim saio da água. Sinto o vento, o ar, a liberdade.

— Lara, segura! — ouço alguém dizer. Chris está imerso na água até os joelhos, de pé onde há chão, estendendo a mão para mim. Suas pernas tremem, esforçando-se para permanecer assim.  

Chris me puxa com toda força possível e eu saio completamente da água. Ambos caímos no chão, agonizando. O frio é tão intenso que mal consigo movimentar meus músculos.

O tributo do sete emerge, não desistindo, distraído em sair da água. Chris se levanta e golpeia a cabeça do tributo com o porrete. Ele cai para o lado, soltando a machadinha em mãos. Chris toma posse da arma e continua a esmurra-lo, descontando toda a raiva no garoto. Vejo sangue espirrar para todo lado. O canhão do menino soa, mas Chris não para. Ele grita e esmaga o crânio do garoto sem piedade. Fico atônita por um segundo, horrorizada.

Estou fraca, quase não conseguindo me mover, mas forço-me a impedir os movimentos dele antes que enlouqueça ainda mais.

— C-Chris, para! Ele j-já está morto! — grito, segurando o braço dele tentando fazê-lo parar. Minhas mãos fracas não são o bastante para ampará-lo. 

Durante o movimento, Chris acidentalmente acerta meu rosto com o cotovelo e eu caio no chão, encolhida. Ele para, percebendo o que fez. Os olhos estão arregalados, a respiração acelerada. Sangue, há muito sangue manchando a roupa dele, o rosto, as mãos. Eu não posso acreditar no que vejo. Não consigo olhar para a cabeça mutilada do tributo expelindo o líquido rubro sobre a neve. Não consigo associar isso ao plano da realidade.

Este não é Chris. Não é.

— O que eu fiz... — Chris sussurra para si mesmo, agarrando os cabelos com as mãos ensanguentadas. Seus joelhos cedem e ele cai, apoiando a cabeça no chão. O grito dele ecoa pela floresta, ressaltando pura agonia.

Essa é a pura personificação dos Jogos Vorazes.

*

A sorte era que Ethan portava consigo uma mochila, que deixou de lado quando atacou Chris. Conseguimos uma lanterna, um isqueiro, cordas e uma lata de feijões. E ainda tinha alguns curativos guardados nos bolsos. Foi o mínimo que pudemos fazer por nossos ferimentos. Mas creio que sem um cuidado preciso essas feridas só vão piorar. Principalmente meu braço, que não sei se está quebrado ou foi só uma pancada muito forte.

Eu me aproximo do fogo que Chris acendeu com o isqueiro, tentando me aquecer. Minhas roupas estão espalhadas na tentativa de que possamos secá-las. Estou vestindo as roupas que retiramos do tributo morto. É nojento e repugnante, mas precisava me manter seca. Além disso, é perigoso acender fogo durante a noite. Não há outro jeito, porém. Não quero correr o risco de ter hipotermia ou morrer congelada.

Chris está na entrada da caverna, olhando para o céu. O hino da Capital toca, exibindo os rostos dos mortos de hoje. Ethan e Jess, o garoto do sete cujo nome está estampado abaixo de seu rosto, são as únicas vítimas de hoje.

A luminosidade da fogueira ilumina o vulto de Chris. Ele se encolhe abraçado aos próprios joelhos, olhando para cima. Há horas ele não se move. Ele tem permanecido calado e recluso desde que voltamos do lago.

Levanto do meu lugar e vou até ele, arrastando a manta comigo. Chris continua estático, esfregando as palmas das mãos para se livrar de algo não inexistente nelas. Lembro-me do sangue que as manchavam horas atrás, de como ele as esfregava e repudiava a si mesmo. Seus olhos vidrados refletem o brilho sinistro da lua e as sombras de lembranças agorentas pintadas de vermelho. O corpo dele treme de frio e de horror, mas ele nem nota.

Sento ao lado dele e interrompo suas mãos de continuarem se punindo. Seu olhar encontra o meu e sinto toda a dor presente ali. Passo a manta sobre as costas de Chris, cobrindo tanto ele quanto eu, protegendo-nos do frio e das assombrações. O desespero transborda junto das lágrimas que mal terminam o caminho, congelando na bochecha dele. O rosto se contorce numa careta de aflição e culpa. Abraço-o forte, deixando que o tecido do meu casado absorva seu pranto incontrolável.

É inevitável. Há um nível suportável até certo ponto, mas uma mínima gota basta para romper o limite. Então a gente transborda.


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Notas finais do capítulo

O que tem a dizer sobre Chris nesse capítulo? Ele foi irracional? Ele está ficando louco? Acham que ele pode fazer algo de errado daqui pra frente?
Comentem! 45 acompanhamentos gente, cade vocês?!

Avisem-me sobre palavras repetidas, trocas de palavras e erros. Revisei, mas sempre parece não ser o suficiente.

Esse é o 3º dia de arena
São 13 mortos. 11 vivos
♂ = masculino
♀ = feminino

MORTOS
Distrito 4 ♀
Distrito 5 ♀ ♂
Distrito 6 ♀ ♂
Distrito 7 ♀ ♂
Distrito 8 ♂
Distrito 9 ♀ ♂
Distrito 10 ♀
Distrito 11 ♂
Distrito 12 ♂

Por hoje é só
Att,
Magicath.