Remember me escrita por J S Dumont


Capítulo 52
Capitulo 51 - O recomeço


Notas iniciais do capítulo

olá gente, volteei depois desse vai faltar dois para terminar a fic, boom mais o próximo vai ser bem longoooo!!!! então prepare-se muita emoção teremos nesse e no outro também não perca, esse capitulo também vai ser bem longuinho, esses ultimos serão grandes mesmo, espero que goste e aproveitem os momentos finais de "remember me", e aproveitem esses ultimos momentos para comentar, favoritar e recomendar, irão me deixar muito feliz, bgs bgs!!!



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O Recomeço

Peeta Mellark

Jullie era uma garota legal, e todos estavam fazendo um grande esforço para que eu me divertisse no baile, confesso que eu também estava me esforçando, principalmente em não ficar me torturando e olhando para Katniss todo momento. Tudo bem que vê-la com Cato não era mais algo novo para mim, porém, isso não impedia de que eu ficasse incomodado em vê-los juntos, acho que sempre vou me incomodar, mesmo passando anos.

Eu tentava sorrir e prestar atenção na conversa de Thomas, Glimmer e Jullie, os três pareciam felizes, e eu percebia que Thomas e Glimmer estavam cada vez mais próximos, eu torcia muito pelos dois, pois eu realmente achava que eles fariam um belo casal.

 Durante o baile eu reparei poucas vezes em Katniss, porém, não precisei olhá-la muito para perceber o quanto ela estava linda, o que não era nenhuma novidade, mas eu percebia que embora ela estivesse linda ela carregava um olhar triste, pela primeira vez em muito tempo ao olhá-la eu não encontrei aqueles olhares gélidos que ela costumava carregar, mas também não era aquele olhar doce que ela carregou por tantos anos, era um olhar triste, que nem quando ela descobriu que eu estava namorando Gabbe.

As poucas vezes que meus olhos pararam em Katniss, percebi que os dela também estavam parados em mim, eu não consegui encará-la, pois algo dentro de mim me incomodava e eu sempre desviava o olhar, eu tentava tirar ela dos meus pensamentos e me concentrar em meus amigos e em Jullie que era meu par e merecia atenção, mas estava difícil, eu sentia como se algo estivesse acontecendo com Katniss. Mas eu ainda não sabia o que era.

Porém, não demorou muito para eu avistar Gabbe acompanhada de Gale, eles estavam juntos, eu já tinha visto os dois conversando antes pela escola, o que me fez concluir de que eles se juntaram para separar Katniss e eu, só que o que eu não imaginava é que a relação deles tinha alguma ligação amorosa. Eu estava com raiva de Gale, afinal, por culpa dele Katniss e eu estávamos separados, mas tenho que confessar que eu ficava aliviado em vê-los juntos, pois isso me mostrava que Gabbe havia superado mesmo o nosso termino, e isso era bom, pelo menos alguém conseguiu ser feliz nessa história toda.

Logo eu me perguntei se esse era o motivo pela qual Katniss estava assim, ou será que é por que ela viu Glimmer com Thomas e se deu conta de que ela estava errada? Afinal, ela acreditava fielmente que Glimmer e eu tínhamos alguma coisa. O motivo certo eu não sabia, até o momento eu só estava achando algumas coisas, até que teve um momento que Jullie disse que ia ao banheiro e assim que ela se afastou Glimmer olhou para mim com um leve sorriso no rosto, ela estava sentada numa cadeira em frente a minha, ao lado de Thomas.

— Sabe quem eu encontrei no banheiro? – ela perguntou, aproximando seu rosto com o meu.

— Quem? – perguntei.

— Katniss, e sabe o que ela me perguntou? – o sorriso dela se alargou. – Se Thomas e eu estamos namorando... É ai é claro eu abri o jogo com ela e deixei bem claro que você e eu não temos nada, ela parecia bastante abalada ainda mais quando comentei que Gale estava no baile com Gabbe...

Olhei a minha volta, procurei Katniss na mesa em que ela estava alguns minutos atrás, e então eu percebi que ela não estava lá, depois fui procurar Gale com o olhar e também não o encontrei, encontrei Gabbe conversando com algumas lideres de torcida no fundo do salão. Voltei então a olhar para Glimmer.

— Talvez ela vá te procurar para falar com você... – Thomas disse esperançoso.

Soltei um longo suspiro.

— Será mesmo? – perguntei, eles se entreolharam e confirmaram com a cabeça. - Vocês acham mesmo que Katniss e eu poderíamos recomeçar? – eu perguntei.

— Você ainda a ama e lá no banheiro eu percebi pela forma que ela falava, pelo olhar dela, que ela também ama você, tem vezes que ela se esquece daquela pose de durona dela, eu percebi Peeta, que é tudo uma mascara, talvez foi uma forma que ela encontrou para se proteger, para não sofrer mais... – disse Glimmer.

— É e agora vocês dois não vão mais ter mais a escola para separá-los, vocês não vão ficar cercados mais por aqueles alunos idiotas... – Thomas lembrou.

— É, pense a formatura como o final de um ciclo, e agora um recomeço... – Glimmer disse, porém eu não queria me iludir com isso.

Eu sabia que a relação minha e de Katniss estava frágil, varias vezes a confiança um no outro foi quebrada, foi decepção atrás de decepção, brigas atrás de brigas, magoa atrás de magoas, tudo bem eu já estava decidido a não guardar esses momentos ruins, e deixar apenas em minha memoria os momentos em que Katniss e eu fomos felizes, quando ainda existia confiança, existia companheirismo, quando ainda a presença um do outro era o suficiente para nós sermos totalmente felizes. Mas guardar esses momentos não queria dizer que seria possível repeti-los.

Eu queria recomeçar, e foi o que tentei durante os últimos meses que estive na escola e me decepcionei por sempre levar nãos de Katniss, ela sempre queria mostrar para mim que preferia Cato, embora por um lado aquilo me deixasse decepcionado e com raiva, eu a entendia, era difícil deixar o passado de lado e recomeçar, é difícil juntar todos os cacos e colá-los novamente, confiança não é algo que se ganha de um dia para noite, recomeçar não é fácil. Não mesmo. E eu acredito que só o tempo poderia dizer tanto a ela como para mim se ainda poderia existir “nós dois”.

— Eu a amo... – eu confessei, depois de muito pensar. – Mas as vezes mesmo o amor sendo imenso, não é sempre que ele basta, tudo que vivi com a Katniss, uma coisa eu acabei aprendendo, mesmo que tenha sido da maneira mais difícil...

— O que? – Glimmer perguntou bastante curiosa.

— Quando amamos temos que ter paciência, não podemos ser egoístas e precipitados, a gente tem que aprender a perdoar, a crer, a esperar, a tolerar... – dei um longo suspiro antes de continuar. – Se não, mesmo não querendo, mesmo sendo da maneira mais idiota ou da maneira mais inofensiva ou inocente, acabamos magoando o outro, até mesmo o destruímos sem perceber, eu vi que o meu tempo, ás vezes não é o tempo dela, ás vezes posso estar preparado, ás vezes ela não, não posso simplesmente pensar apenas em minhas necessidades, o que eu quero, o meu desejo, ou meu bem estar, amar, é colocar o sentimento do outro antes do nosso, se eu soubesse amar assim desde o inicio, Katniss e eu não teríamos passado por nada disso...

— É tão lindo... – Glimmer disse, suspirando. – Mas o que você quer dizer com isso? Que você desistiu dela? Vai esperar ela te procurar ou algo assim?

— Não, eu não disse que desisti dela, mas simplesmente eu vou deixar as coisas acontecerem como tem que acontecer, Katniss precisa se reencontrar de novo, precisa ver que Cato não é melhor opção, e não vai ser eu falando, ou um de vocês falando, ou os melhores amigos dela falando, acho que ela só conseguirá perceber isso sozinha, ela só vai se reencontrar sozinha, e isso leva tempo, então se Katniss e eu nascemos para ficar juntos, eventualmente em algum momento encontraremos o caminho de volta... – olhei para baixo e novamente suspirei.

— Você acredita mesmo nisso? – Thomas perguntou.

— Eu preciso acreditar... – falei, voltando a olhar para Thomas. Iriamos continuar a conversa, mas desistimos quando Jullie voltou para a mesa, então trocamos de assunto e tentamos sorrir, eu queria que ela tivesse uma boa noite, não era justo que ela tivesse uma noite ruim apenas porque eu não estava conseguindo ser feliz.

###

Quando chegou o momento de falarem quem seria o rei e rainha do baile de formatura eu vi que o baile para mim havia chegado ao fim, eu já imaginava quem iria ganhar, e ao ouvir a professora falando os dois nomes, eu só tive a terrível certeza, que realmente Katniss e Cato estavam sendo vistos como o “casal perfeito”, e vê-los ali no palco agradecendo e depois indo dançar no meio do salão. “a dança final”, era muito para mim, era mais do que eu poderia suportar.

— Vocês se incomodam se a gente ir embora? Acho que o baile já deu o que tinha que dar... – eu pedi.

Por sorte Glimmer, Thomas e Jullie concordaram, tínhamos vindo todos no mesmo carro, o carro de Thomas, então eu dependia deles para ir para casa, por sorte eles concordaram, e então Thomas primeiro dirigiu até a casa de Jullie, eu desci para abrir a porta do carro para ela e a acompanhei até a porta de casa como um gesto de cavalheirismo. Fiquei imaginando o que ela teria achado da noite, com certeza eu não devo ter sido “o melhor par de bailes do ano”.

— Espero que você tenha se divertido, apesar de que eu acho que eu não fui o par que você estava esperando... – eu disse.

— Que isso! – ela falou, sorrindo para mim. – Glimmer tinha já me alertado de que você ama outra garota, eu não vim ao baile com esses tipos de expectativas, mesmo assim eu me diverti, você é um doce, um cavalheiro, gostei muito de ter tido a oportunidade de ter vindo a um baile com você... – Jullie falou e eu sorri para ela.

— Obrigado! – agradeci.

— Espero que você possa ser feliz Peeta, qualquer coisa Glimmer tem meu numero! – ela disse e depois piscou para mim, me deu um beijo no rosto, antes de se virar para abrir sua porta.

Assim que ela entrou em casa, eu me virei e então voltei para o quarto, achei que dali Thomas me levaria para casa para ganhar algum tempo com Glimmer, afinal, mesmo eles estando próximos ainda não tinham ficado, só que para minha surpresa, Thomas levou primeiro Glimmer para casa, assim que se despedimos dela e ela desceu do carro, eu passei para o banco da frente e o olhei com um olhar bastante confuso.

— Posso saber por que você me deixou por ultimo? – perguntei para ele.

— Porque não vamos para casa, vamos para a festa que já deve ter começado! – ele disse.

— Não, eu não quero ir a festa alguma! – eu respondi.

— Katniss vai estar lá e é sua chance de se resolver com ela! – ele disse.

— Eu já não te falei sobre isso? Eu vou dar um tempo a ela... – eu respondi.

— Tempo, tempo, tempo, para mim vocês estão é perdendo tempo, aquela garota precisa de você... – Thomas falou enquanto dirigia e eu sabia que não era para minha casa.

Eu suspirei e olhei para janela, decidindo não discutir com Thomas, afinal não iria adiantar e embora eu não concordasse com ele, assim que cheguei aquela festa eu vi que em uma coisa ele estava certo. Katniss precisava de mim.

###

Cheguei a casa com Thomas, com medo do que eu poderia ver ali, Thomas praticamente me arrastou para dentro da casa, fui olhando a minha volta, vendo vários alunos espalhados pela sala de estar, em rodas, conversando um com o outro e com copos de bebida na mão, sem mesmo querer, inconscientemente já fui procurando Katniss com o olhar, mas sem sinal dela e sem sinal de Cato.

Então meu olhar parou em Annie que estava conversando com Finnick, eles estavam um pouco distante de nós. Eu soltei um longo suspiro.

— Será que ela não veio? – perguntei para Thomas, que também olhava a sua volta.

— Ela deve estar por aqui, em algum lugar... – Thomas respondeu, olhei novamente para Annie e vi que ela também tinha me visto, ela se aproximou de mim, rapidamente.

— Peeta, é muito bom ver você aqui! – ela falou para mim, eu a olhei com as sobrancelhas arqueadas, afinal, Annie e eu não éramos amigos. – A Katniss quer conversar com você...

— Comigo? – perguntei, meio confuso.

— Ela já se deu conta de que cometeu um erro, ela já sabe que deveria ter acreditado em você... – Annie disse, e depois olhou a sua volta, em seguida ela franziu as sobrancelhas. – Ela estava aqui com o Cato, estranho, para onde será que eles foram? – ela perguntou fazendo eu me lembrar de algo automaticamente, algo que eu não gostava de lembrar.

Ela e Cato, entrando no dormitório dela, eles fechando a porta, dando a entender que eles iriam passar a noite juntos.

— Eu vou ao banheiro, já venho! – eu disse e então me virei e sai andando rapidamente pela sala de estar, subi as escadas, sem ao menos olhar para Thomas, que com certeza deve ter ficado bastante confuso com minha atitude, andei pelo corredor do andar de cima a procura do banheiro, encontrei, fechei a porta e olhei-me por alguns segundos no espelho.

Eu odiava me lembrar daquele momento, eu odiava me lembrar do que senti só de imaginar outro homem tocando em Katniss, da mesma forma que um dia eu toquei.

— Para de pensar nisso Peeta, para de pensar nisso... – eu disse, irritado comigo mesmo por estar me lembrando novamente daquele dia, definitivamente aquilo era algo que eu não gostava de pensar, que eu evitava me lembrar a todo custo, e aquele, aquele era o pior momento para pensar nisso.

Respirei fundo, usei rapidamente o banheiro, lavei meu rosto, sequei com a toalha e em seguida mexi em meu cabelo, colocando os fios arrepiados em seu devido lugar, e só então eu sai de dentro do banheiro, eu já ia descer as escadas para voltar para a sala de estar, quando ouvi algo que chamou minha atenção:

— Que é melhor a gente terminar por aqui! – eu reconheci, era voz de Katniss, e ela vinha de um quarto próximo do banheiro, parei de andar para olhar em volta do corredor.

— Calma, calma, você está nervosa, você não está raciocinando direito, como assim terminar? É melhor você beber um pouco para se acalmar! – eu escutei a voz de Cato falar.

— Mas que droga Cato, para de insistir com isso, eu não estou nervosa, quer ver? – Katniss falava, e então eu decidi aproximar-me lentamente do quarto aonde eu ouvia as vozes. – Eu bebi, está feliz? Acho que não, porque continuo com a mesma decisão de querer terminar com você!

Parei ao lado da porta, meu coração estava disparando, se eu estava ouvindo direito Katniss estava querendo terminar com Cato.

— Eu sei que você vai mudar de opinião...

— Cato, eu não quero! Cato? Cato? – eu ouvia Katniss falar, franzi as sobrancelhas eu não estava entendendo o que estava acontecendo. – Cato, o que você colocou na bebida? – a ouvi perguntar num tom bem baixo, quase eu não escutei, o meu coração agora disparava ainda mais, e meu sangue estava começando a esquentar. Eu não acreditava que Cato era canalha o suficiente, para fazer o que eu estou imaginando o que ele quer fazer.

Tudo foi muito rápido, enquanto eu tentava digerir o que estava acontecendo, eu ouvi o barulho de passos vindo em direção da porta, depois a porta ao meu lado fechou-se, eu fechei os punhos e meu sangue esquentou ainda mais, o maldito estava com a intenção de violentar Katniss. Mas aquilo eu não iria permitir.

— Peeta? – ouvi uma voz atrás de mim, era Thomas, mas a voz estava longe, eu não conseguia nem raciocinar, eu fui em direção a porta e comecei a tentar arromba-la, fazendo força com o meu próprio corpo.  – O que você está fazendo?

— Me ajuda abrir aqui, Cato está lá dentro com a Katniss e quer violenta-la! – eu falei.

— O que? – Thomas perguntou, aproximando-se rapidamente para me ajudar, nós dois começamos a chutar a porta até conseguir abri-la, deparamos com Cato em pé, sem camisa ao lado da cama, nos olhando com um olhar surpreso e ao mesmo tempo assustado e Katniss deitada na cama com os olhos quase fechando.

— Seu desgraçado! – eu falei, com sangue mais quente do que antes, aproximei-me rapidamente dele, e já fui lhe acertando um soco, joguei-o no chão, subi em cima dele e comecei acertar vários outros socos no rosto dele, Cato tentou me empurrar, mas não conseguia, eu sentia-me fora de mim, minha vontade era de bater nele até ele desmaiar.

— Peeta, calma, Peeta! – dizia Thomas numa voz assustado, tentando me tirar de cima de Cato, quando viu que eu não ia parar de bater no infeliz.

— Me solta, eu vou matar ele! – eu falei, me debatendo na tentativa de conseguir me soltar de Thomas, ele conseguiu me tirar de cima dele, mas eu me debati novamente, Cato já ia levantar-se do chão, quando corri novamente para lhe acertar mais um soco.

— Ai meu Deus! Katniss! – eu ouvi a voz de Annie exclamar, mas eu sequer a olhei, eu estava concentrado em bater em Cato. O nariz dele estava sangrando, mas para mim ainda não era o suficiente.

— Peeta, para, Peeta! – agora era a voz de Finnick que falava, ele e Thomas me puxaram de cima de Cato, precisou dos dois para conseguir me segurar.

— Sai daqui Cato, sai! – Finnick gritou, Cato levantou-se do chão, pegou sua camisa, e com a mão no nariz saiu rapidamente do quarto, sem dizer uma palavra sequer, eu debati-me nos braços dele, querendo me soltar para ir atrás dele e bater nele ainda mais, o desgraçado merecia, e muito.

— Por que vocês não deixaram eu bater mais nele? – eu reclamei, assim que eles me soltaram.

— Você já bateu nele o bastante não acha? – Thomas falou.

— Ele ia violentar a Katniss! – eu falei, bufando de raiva, olhei para ela que estava inconsciente na cama e Annie ao seu lado tentando acordá-la.

— Ela não acorda! – disse Annie desesperada, olhando para nós.

— Ele a drogou... – eu falei, com uma voz de ódio.

— O importante é que ele não conseguiu, e depois dessa ele não vai nunca mais tentar algo com ela... – Finnick disse, eu discordei com a cabeça, inconformado, pois por mim Cato merecia apanhar bem mais.

###

Katniss foi levada para casa de Annie, e enquanto a mãe dela fazia chá para todos nós, estávamos em volta da cama de Annie da qual Katniss estava deitada, ainda inconsciente. Annie, Finnick, Thomas e eu olhávamos para ela, o meu coração estava apertado enquanto eu pensava no que poderia ter acontecido caso eu não tivesse visto o que Cato estava tentando fazer, mesmo não querendo eu me sentia culpado, culpado por quase a desgraça que ia acontecer com ela.

Varias lembranças foram passando por minha mente, enquanto os meus olhos mantinham-se fixos em Katniss, lembrei-me daquela Katniss de anos atrás, que me amava incondicionalmente, que acreditava em mim, que me deu conselhos, que me ensinou Literatura Inglesa, que me ensinou o que é amor, hoje eu pude retribuir um pouco de tudo que ela fez por mim, mas ainda foi muito pouco. Ainda mais por saber que se ela esteve naquela situação, se ela quase foi violentada hoje, parte daquilo foi por minha culpa.

Aproximei-me um pouco da cama dela, para olhá-la melhor, ela continuava dormindo, tão linda, como sempre. Peguei uma de suas mãos, enquanto eu senti minha garganta dando um nó, os meus olhos começavam arder, era a vontade de chorar, tentei segurar as lágrimas, enquanto eu sorria levemente.

Vê-la daquela forma, me fazia cada minuto sentir-me mais culpado, culpado por um dia ter a magoado, por um dia ter sentido raiva dela, por não ter entendido a sua mudança de comportamento, por não ter lutado mais por nós dois, por não ter insistido mais, por não ter feito mais por ela, eu me sentia culpado por ter errado tanto e ter permitido que Katniss se perdesse. Sim eu continuava sentindo-me culpado e confesso que a culpa foi o que mais senti por todos esses anos, e acho que continuarei sentindo isso pelo resto de minha vida.

Eu só voltei em mim quando vi os olhos dela se abrindo lentamente. Ela piscou algumas vezes, parecia surpresa por eu estar ali, ao seu lado.

— Peeta... – ela falou numa voz fraca. – Você me salvou... – ela sorriu levemente para mim, agora seus olhos brilhavam. – Obrigada... – ela me agradeceu, quase em sussurros.

Uma lágrima caiu dos meus olhos, enquanto eu soltava um longo suspiro, sorri para ela, mas meu sorriso foi um tanto forçado.

Não. O contrario. Eu pensei.

— Obrigado você! – eu disse, percebi que Katniss ficou um tanto confusa com minha resposta, mas ela não questionou, apenas fechou os olhos, caindo novamente num sono profundo.

Apertei sua mão com um pouco mais de força, e ainda olhei-a por mais alguns segundos.

###

— O que você vai fazer agora? – Thomas perguntou para mim, enquanto eu saia da casa de Annie, ele andava atrás de mim, seguindo-me. Já havia se passado uma hora, Katniss continuava dormindo e era melhor assim.

— Bom estamos de férias, eu acho que eu vou passar um tempo na casa dos meus avôs...  – eu falei.

— Em outra cidade? – ele perguntou.

— É, é uma maneira para colocar a cabeça em ordem... – falei, e então entrei no carro de Thomas, Thomas abriu a porta do banco do motorista e também entrou.

— Por que você vai fazer isso? – ele perguntou. – Você não vai visitar a Katniss? É sério que você não vai tentar se entender com ela?

Eu soltei um longo suspiro, enquanto encostava a cabeça no banco e voltava a me lembrar dela, Katniss deitada na cama, dormindo tranquilamente.

— Você não vê Thomas que parte do que aconteceu com ela foi tudo por minha culpa? Praticamente fui eu que a joguei para os braços de Cato...

— Você vai novamente ficar se culpando por tudo que acontece com a Katniss? Você vai ficar insistindo nessa de: melhor manter-se longe? Lembre-se que tudo começou por causa disso, por você sempre ficar fugindo... – Thomas falou.

— Não é isso Thomas, a Katniss precisa se reencontrar, ela precisa de um tempo...

— Você não acha que ela que tem que decidir isso? – Thomas perguntou para mim, olhei para frente, enquanto pensava no que ele dizia. – Será que você não vê que é esse seu problema Peeta? Você sempre quer ficar decidindo por vocês dois...

Eu então olhei para o chão, enquanto as palavras de Thomas repetiam-se em minha cabeça, repetia-se e repetia-se.

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Uma semana depois:

Katniss Everdeen

— Filha? Você não vai tomar café? – ouvi minha mãe perguntar, abrindo a porta do meu quarto, não fazia nem vinte minutos que eu havia acordado, eu estava penteando meus cabelos, olhei para trás e sorri levemente para ela.

— Eu já vou... – eu disse.

— Eu já estou atrasada para ir para o trabalho! – ela falou para mim.

— Pode ficar sossegada mãe, eu me viro! – eu disse, ela sorriu para mim, concordou com a cabeça e então fechou a porta, voltei a olhar-me no espelho, sorri para mim mesma, enquanto prendia meus cabelos, que agora estavam novamente escuros, em um rabo de cavalo.

Foi quando o meu celular começou a tocar, o peguei no criado mudo e rapidamente atendi. Era Annie.

— Bom dia! – ela falou, meu sorriso se alargou.

— Bom dia Annie! – eu disse.

— Iai que tal sairmos hoje á noite, você, Finnick e eu! – ela falou.

— Ah não! – eu resmunguei.

— Ah temos que aproveitar, logo não nos veremos tão cedo... – ela disse.

— Eu sei amiga, mas você sabe que agora, nesse momento, a ultima coisa que eu quero é ver um garoto e uma garota se beijando, e sei que vocês dois em algum momento vão se beijar...

— Diz isso pelo Peeta né? – ela perguntou.

Eu soltei um longo suspiro. Já fazia uma semana que eu não o via, e a cada dia a ausência dele doía mais. A ultima vez que o vi foi na formatura, eu sabia que havia sido ele que havia me salvado do desgraçado do Cato, eu me lembro de em algum momento ter acordado na casa de Annie, e ter visto ele, eu o agradeci, e ele disse: “obrigado você”, depois eu apaguei e essas foram as ultimas palavras que escutei dele.

Sai do quarto e então comecei a descer as escadas.

— Eu não quero falar sobre ele... – eu disse.

— Você vai continuar nesse silencio? – ela perguntou, passei pela cozinha da minha casa, abri a porta e sai de casa, como todos os dias desde que vim para casa, eu fui até a caixa de correio pegar as correspondências do dia.

Voltei com as cartas para dentro de casa, fechei a porta e fui até a mesa da cozinha.

— Annie, eu não tenho mais o que... – eu dizia, enquanto olhava envelope por envelope, até que um deles chamou minha atenção. Meu coração disparou acelerado ao ver meu nome escrito em um daqueles envelopes, eu conhecia aquela letra.

— Katniss? – ouvi Annie me chamar.

Minhas mãos começaram a tremer, e meu coração a cada segundo batia mais rápido.

— Eu já te ligo! – eu disse para Annie, desligando a ligação rapidamente, e colocando o celular em cima da mesa, olhei aquele envelope por mais alguns segundos, até que então caminhei até a sala de estar, sentei-me no sofá, e com as mãos tremulas, fui abrindo o envelope, e desdobrando a carta.

Respirei fundo, enquanto olhava para letra, agora com mais certeza ainda de quem havia me mandado:

Katniss

Todos aqui em casa já foram dormir, menos eu, estou sem sono e para passar o tempo fiquei um bom tempo lendo um livro que como sempre é impossível não me lembrar de você, foi quando de repente começou a cair uma forte tempestade, e então eu fui para frente da janela, observar as estrelas. É incrível como elas se tornam infinitas acima de nós, lembrei-me de que esse é o único meio de ainda estarmos unidos, é sob o céu que nos guia, o norte que nos cerca, e enquanto eu olho para elas eu fico aqui imaginando se você nesse exato momento também está olhando para esse mesmo céu, eu não sei se ai está chovendo, mas sei o quanto você gosta do som da chuva e principalmente de observar as estrelas, isso é tão você e é isso que nos une, nos une em pensamentos, pois é impossível olhar para elas e não se lembrar do quanto você me ensinou a admirá-las, na verdade você me ensinou tantas coisas.

Não é difícil não me recordar que há exatamente cinco anos atrás eu conheci o amor da minha vida dentro de uma biblioteca, em primeiro momento eu só quis fugir dela, por achar ela esquisita com aqueles enormes óculos que eu havia achado horríveis e com aqueles cabelos todos despenteados, lembro de que ela falava rápido e sem parar, e comia doces tão rápido e de uma forma tão deselegante que eu fiquei extremamente assustado, devo confessar que eu havia a achado esquisita, e em primeiro momento eu só quis fugir dela, sem ter a mínima ideia, de que aquela garota tinha muitas coisas para me ensinar, e ela me ensinou, sim e não foi apenas literatura inglesa, poemas de Shakespeare ou xadrez, ela não me ensinou apenas admirar a chuva e as estrelas e o que é ler um bom livro, ela me ensinou muito mais do que isso, me ensinou a valorizar a vida, a confiar em mim mesmo e o que é verdadeiramente o valor do amor, na verdade ela me ensinou tudo que eu sou hoje. E essa garota é você

Katniss, dentro desses cinco anos você foi muitas coisas em minha vida, minha amiga, minha inimiga, minha namorada, e até a minha vida. Por um momento te amei loucamente, ao mesmo tempo em que eu senti uma imensa raiva e quis te odiar, mas, eu nunca consegui, e agradeço imensamente por isso. É impossível odiar alguém que foi tão importante e ainda é na sua vida.

Por esse motivo, eu não encontro e nunca encontrarei palavras certas para dizer adeus, pois é difícil as despedidas, ainda mais quando se trata de você, sei que com muita dor no coração, que a saudades é uma das dores mais cruéis que pode existir, dentro desses cinco anos eu comprovei isso algumas vezes, quando erroneamente tentei seguir minha vida sem você, achando que uma hora esse buraco que você deixa dentro de mim quando não está por perto vai cessar, e não, ele não cessa, eu já sei disso e já desisti de acreditar que conseguirei te esquecer e que essa dor um dia vai passar, não, não vai e também eu não quero mais te esquecer. E a mesma palavra que falei para você da ultima vez que nos vimos, eu irei repetir agora, “obrigado”. Obrigado, pois foi você que me salvou, foi você que me tornou o que eu sou hoje.

Mesmo que tenhamos sofrido dentro desses cinco anos, ainda valeu a pena e muito ter te conhecido, não apenas pelo que você me ensinou, mas também por ter feito o pouco tempo que ficamos juntos os melhores de minha vida, sempre irei lembrar cada momento que tive em seu lado, cada palavra, cada toque, confesso que eu queria ter tido mais, eu queria estar com você agora, mas saiba que não é porque não estamos juntos, que o amor deixou de existir, ele ainda existe em mim, você foi especial, você é especial e sempre será especial para mim Katniss, tanto, que se eu não tivesse te encontrado, penso que saberia que minha vida está incompleta, você completou uma parte de mim e mesmo que ela agora esteja vazia de novo, para mim valeu o tempo em que ela esteve completa, o que vivemos vale uma vida, tanto, que tudo que sofremos para mim tornou-se pequeno, pequeno ao sentimento enorme que eu senti e ainda sinto por você, pequeno a felicidade imensa que você me proporcionou, você mudou minha vida e não existem lágrimas que vai ultrapassar tudo de bom que pudemos viver dentro desses cinco anos.

Eu sei que nossos últimos meses juntos foram difíceis, sei que o final da nossa história não foi feliz, mas, por esse motivo eu não consigo te dizer adeus, pois sei que tem algo que está incompleto nisso tudo, e sempre algo em mim estará incompleto também, e esse buraco permanecerá assim, enquanto você não fazer parte da minha vida de novo, não sei se também você se sente incompleta, eu não sei se seria pedir muito para recomeçarmos, e eu entendo caso você não queira, porém, se eu puder te pedir alguma coisa Katniss, eu peço do fundo do meu coração que você não guarde esses momentos ruins em seus pensamentos, porque não são esses momentos que eu irei guardar, cada palavra que não deveria ter sido dita, cada momento de dor e raiva, cada briga, eu peço com todo meu coração para você esquecer, é tudo pequeno se comparado ainda a vida que teremos, e caso você não fazer mais parte da minha vida, eu sei que não será tão colorida para mim, mas espero que seja para você.

Agora caso você também sinta o que eu estou sentindo, eu quero que você saiba que todo o por do sol ás seis horas da tarde, eu passo por aquele bosque onde passamos alguns momentos juntos, foi aquele melhor verão que eu tive em minha vida, eu fico algum tempo sentado no banco, em frente aquele lago que tem no bosque, próximo aonde eu te ensinei a andar de bicicleta, eu fico ali um bom tempo me lembrando do momento em que eu empurrava a bicicleta e você pedalava, tentando incansavelmente aprender a andar nela, é uma maneira de estar mais perto de você, mesmo estando longe.

Confesso que ás vezes eu fico olhando para os lados, como se eu fosse te encontrar por ali, e mesmo não te encontrando, sinto como se você estivesse presente, é como se você estivesse no ar, é como uma vez você mesmo me falou. Eu sempre vou estar perto de você. E isso é a mais pura verdade.

Continuarei indo naquele bosque a todo por do sol, mesmo passando semanas, mesmo passando meses, mesmo passando anos, sempre acreditando que em algum desses passeios eu possa te encontrar, mas caso eu não encontre, fique sabendo que eu espero que você seja feliz, e que encontre alguém que possa te fazer sorrir novamente, que possa te fazer rir sem motivo algum, que possa ver as estrelas com você, admirar a chuva ao seu lado e que possa te fazer se sentir completa porque você merece isso Katniss, você merece ser feliz, tão feliz como um dia você me fez, porque você é perfeita, é a minha Katniss, a Katniss que me transformou em um homem ao te amar, e por isso serei eternamente grato, obrigado pela honra de um dia ter me amado, você foi e é minha vida, sempre será, continuará perto de mim como um dia disse que estaria, e mesmo que eu nunca mais te encontre pessoalmente, saiba, que eu continuarei te sentindo no ar, na minha respiração, na minha volta, nos meus sonhos, na minha alma, você estará eternamente ao meu lado.

E se puder me prometer mais uma coisa, eu peço que: quando você se olhar no espelho e não se sentir satisfeita com o que está vendo, lembre-se de mim, e se olhe de novo no espelho, dessa vez imaginando que está se vendo com os meus olhos, tenho certeza que você conseguirá enxergar a mulher mais maravilhosa desse mundo, pois é assim que sempre continuarei te vendo, pois mesmo nunca mais te encontrando, saiba que amarei você eternamente.

Espero um dia poder te reencontrar naquele bosque,

Lembre-se de mim

Peeta Mellark

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: RECOMENDEM, FAVORITEM E COMENTEM!!! *_*