Remember me escrita por J S Dumont


Capítulo 38
Capitulo 37 - Uma nova fase


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!!! Estou aqui postando mais um capitulo, quero agradecer os comentários e espero que gostem do novo capitulo, ele está até grandinho e acho que tem coisas bem interessante neles, prometi que iria dá uma diminuida no drama, mas eu havia esquecido esse capitulo, embora eu ache que vocês vão até gostar do drama desse capitulo, não vou falar mais nada para não acabar soltando algo, não esqueçam de comentar assim que lerem tá bom ;))



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Uma nova fase

Entrar na equipe de lideres de torcida havia suas vantagens, e foi nisso que eu pensei durante toda a noite, tudo bem que era um tanto desagradável entrar em um mundo da qual eu sempre critiquei, mas eu também precisava pensar que na situação em que eu estava essa era a melhor decisão da qual eu poderia tomar.

O motivo não era apenas provocar Peeta, embora eu não pudesse negar que isso era o que mais me interessava, mas também me tornar uma líder de torcida era uma boa forma para os populares, principalmente Gabbe, terem que me engolir. Eles estavam precisando disso, ainda mais agora depois de ver meu vídeo espalhado nos celulares de uma boa parte dos alunos da escola, principalmente no deles.

Então por esses dois motivos no outro dia eu fui até Madge e aceitei sua proposta de entrar na equipe, ela parecia satisfeita com minha decisão, eu ainda não sabia o porque de tanto interesse em me ver na equipe, porém eu não estava tão segura como ela de que isso daria certo, na verdade eu estava um pouco receosa, afinal, eu não estava me tornando uma líder de torcida por talento, então eu precisaria me dedicar e muito para aprender as acrobacias e aqueles passos que elas fazem antes dos jogos, durante os jogos e nos finais dos jogos.

Madge fez questão de me ensinar, como eu não confiava em nenhuma outra líder de torcida ela convidou Finnick para nos ajudar, e nós três passávamos algumas horas na quadra para treinarmos, eu tenho que admitir que os próximos dias foram um tanto complicados, tanto que algumas vezes eu até pensei em desistir, meu corpo estava todo dolorido, cai diversas vezes e depois de quatro dias seguidos de treino eu não estava quase conseguindo me levantar da cama, pensei em ficar o dia de todo deitada, mas Annie acabou me convencendo a ir para as aulas.

Pouco a pouco os passos foram se tornando mais fáceis e eu comecei a conseguir realizar as acrobacias, cada uma que eu conseguia era uma vitória e quando eu finalmente vi que estava pronta, até algumas lágrimas caíram dos meus olhos e então eu entendi como é prazeroso se superar.

Finnick e Madge me abraçaram, pareciam felizes que nem eu, assim que me soltei deles corri até Annie que nesse dia estava assistindo o meu treino, ela estava me apoiando e muito e ficou tão feliz quanto eu ao ver que eu finalmente havia conseguido, ela me deu um forte abraço e então soltei um gemido devido as fortes dores musculares.

— Eu falei que você ia conseguir! – disse Annie sorridente.

— É, valeu a pena sentir muitos e muitos dias dores musculares, ter quase uma perna quebrada, quase uma costela quebrada e claro eu não posso me esquecer também de quase um pescoço quebrado... – eu disse lembrando-me dos dias de sofrimento.

— Você conseguiu e é isso que importa! Você praticamente já tá na equipe... – Madge disse, e sorrindo sentou-se na arquibancada, Annie e eu também sentamos, já Finnick ficou em pé, na nossa frente.

— Agora eu entendo que realmente ser uma líder de torcida não é fácil... – eu disse um tanto pensativa, Madge então me olhou. – Por muito tempo eu critiquei tanto vocês, eu achava vocês metidas, e eu achava os atletas uns completos idiotas e eu também pensava que vocês tem uma vida fácil, mas agora eu vejo que não é bem assim, vocês precisam de muito treino, e olha que também virar uma líder de torcida dói pra caramba! – eu disse, Madge e Finnick deram risada.

— Nada é fácil, para ser líder de torcida tem que se dedicar, precisamos treinar três vezes na semana, sempre precisamos estar nos exercitando, temos que sempre fazer regime porque não podemos engordar e sempre temos que estar lindíssimas. Você acha que ás vezes nós não ficamos tentadas a não fazer a unha, não arrumar cabelo, não passar maquiagem? Claro que sim, tem dia que não estamos legal, mas mesmo assim temos que respirar fundo e fazer pela equipe... – Madge explicou e só então comecei a me dar conta que essa seria minha nova vida.

— Eu adoro chocolates! – eu disse.

— Ah você também terá que controla-los... – Madge  me falou, fazendo-me gemer, será que não dava para eu voltar atrás não?

   É acredite o chocolate acabou sendo uma das coisas mais complicadas nessa minha nova fase da vida, para quem estava comendo praticamente uma enorme barra de chocolate por dia, perde-lo era uma tortura. Desde que Peeta saiu de minha vida os chocolates haviam virado meu melhor amigo, eu descontava a raiva e frustação neles, e não tê-los mais, de uma hora para outra era como o fim para mim.

E claro, tirá-los da minha vida era praticamente impossível, mas Madge, Annie e Finnick pareciam ter se juntado apenas para me vigiar, e sempre me impedir de cair na tentação de comer doces, tanto que ás vezes eu precisava me esconder no banheiro para comer um pedacinho de chocolate.

Quando eu me via nessa situação, sendo escrava da minha própria aparência, sendo proibida de comer coisas que gosto, sentindo todas as dores musculares devido aos treinos, eu sempre repensava em minha decisão, eu me pegava me perguntando se tudo isso valeria a pena. Não seria mais uma nova decepção? Só que logo depois eu respirava fundo, olhava-me no espelho e dizia para mim mesma: Sim vai valer a pena! Porque eu sabia o motivo de estar fazendo tudo isso.

E quando finalmente chegou o grande dia e virei oficialmente uma líder de torcida, eu vi tudo acontecer da forma como mesmo eu imaginei que seria, e pude me sentir satisfeita. Somente em ver a expressão de surpresa e ao mesmo tempo de raiva no rosto de Gabbe quando Madge me apresentou a todas as lideres de torcida, e eu pude sorrir para ela com um sorriso vitorioso, eu vi que todo meu esforço sim estava trazendo resultados satisfatórios.

Esse dia história foi após um treino, Madge e sua equipe, treinava na quadra, elas estavam treinando para o inicio do campeonato de basquete que a escola iria jogar, estava próximo e seria um jogo importante.  Esse jogo seria minha estreia como líder de torcida, e é claro que eu estava sentindo aquele famoso frio da barriga, afinal, eu não queria cair ou pagar mico na frente de todo mundo.

Enquanto as meninas treinavam, eu assistia o treino na arquibancada, ela estava vazia, com exceção a mim e claro isso chamava bastante atenção, principalmente de Gabbe, que a cada minuto me lançava um olhar raivoso e ao mesmo tempo curioso.

Somente quando terminou o treino, Madge disse ás meninas que tinha algo importante para falar para elas, foi só então que ela me chamou, eu aproximei-me e Madge então colocou o braço em volta do meu ombro, enquanto olhava para as meninas que estavam paradas na frente dela, uma do lado da outra, me olhando com olhares curiosos.

— Meninas, eu quero apresentar a vocês a nossa nova companheira de equipe, para quem não conhece é a Katniss Everdeen, a partir de hoje ela fará parte da nossa equipe de lideres de torcida!  - Madge enfim me apresentou, e então quase todas as garotas bateram palmas, pareciam felizes em me ver na equipe, com exceção de Gabbe e de outra garota, essa eu reconhecia, foi uma das garotas que entrou no quarto de Peeta no dia que nos flagraram, foi a infeliz que falou um monte de palavras grosseiras e maldosas para mim, palavras que até hoje eu me lembro e se pudesse, eu faria ela as engolir..

As duas permaneceram de braços cruzados enquanto me olhava com aquele olhar como se eu fosse uma pedra no sapato delas. Já as outras garotas começaram a me parabenizar, e enquanto eu abraçava-as os meus olhos continuavam fixos nas duas que ainda me encaravam fixamente, com aquele olhar.

— Cadê os meus parabéns? – perguntei para elas assim que terminei de cumprimentar as garotas, eu parei bem na frente de Gabbe, e ela me encarou com a cabeça erguida. – Não, deixa, não preciso dos parabéns de vocês, para mim é insignificante, então Gabbe me diga, quem agora está por cima? É parece que agora você terá que me engolir!

— Não se ache muito não Everdeen, porque você já sabe quanto mais alto você sonha, mais alto, será a queda! – Gabbe disse, sorrindo para mim com aquele sorriso cínico.

— Querida, eu sei que você desejava que tudo isso fosse um pesadelo, mas serei obrigada a te informar que não, é a realidade, a mais dura e cruel realidade, então é bom você começar a se costumar a ter a minha adorável presença... – eu disse para ela sorrindo da mesma forma, e então em seguida dei mais um passo em sua direção, aproximei minha boca do ouvido dela e feliz da vida eu acrescentei, agora em sussurros. – Bem vinda ao inferno...

Quando me afastei, Gabbe me encarou calada e com um semblante sério, já eu continuei sorrindo para ela, cinicamente, depois me virei e voltei até Madge que conversava com as outras lideres de torcida. Eu não poderia ter começado melhor.

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— Por que você me escolheu para ser líder de torcida? – perguntei para Madge, assim que sentamos a mesa do refeitório, era o primeiro dia que eu sentava a mesa das lideres de torcida, e o engraçado é que Gabbe sentou em outra mesa, é ela ficou bem chateada com a minha entrada na equipe. – Eu sei que as lideres são escolhidas através de teste, por que você quis me incluir dessa forma? Ainda perdeu seu tempo me ensinando?

Madge me olhou por alguns segundos, antes de me responder.

— Lembra quando eu te perguntei por que você aturava as zombações dos populares? – ela perguntou e eu concordei com a cabeça. – Eu não imaginava que você levaria aquilo a sério, mas você levou, pouco tempo depois você apareceu desfilando nos corredores e eu adorei te ver daquele jeito, sabe, parecia a justiça sendo feita, ninguém tem direito de humilhar uma pessoa se achando melhor do que ela, eu nunca fui de acordo com isso e o que eu pudesse contribuir eu iria, eu queria mostrar isso para eles, eu queria que eles vissem o quanto eles estavam errados referente a você...

Eu olhei para Madge surpresa com as palavras dela, minha cabeça girava enquanto eu pensava o quanto eu julguei as lideres de torcida errado, pois não era somente ela que era legal, havia outras lideres de torcida que me trataram muito bem, é não são todas iguais a Gabbe ou igual aquelas idiotas que foram me zombar no quarto de Peeta. Não são todas que deixam a popularidade subir a cabeça. Foi então enquanto eu comia que eu começava a pensar: Quantas coisas a mais eu julguei errado?

Meus olhos desviaram-se para Peeta, ele também estava comendo, e naquele momento ele não me olhava, por alguns segundos eu pensei: Será que em algum momento eu julguei o Peeta errado?

Chacoalhei a cabeça e decidi não pensar mais nesse assunto, com certeza pensar em Peeta só me deixaria ainda mais nervosa. Então comecei a me concentrar na comida.

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A cada dia que passava mais eu ficava ansiosa, estava chegando o dia do jogo e seria minha grande estreia, eu ainda estava com medo de que algo desse errado, mas entre todos os meus receios o meu maior medo é de ficar na quadra, próxima de Peeta. Eu ficava imaginando como ele iria reagir.

Mesmo assim eu tentava me manter mais calma o possível e disfarçava o máximo, eu não queria que ninguém percebesse que estou na equipe, a não ser as lideres de torcida que já sabem.

 - Está muito nervosa, não é? – Annie perguntou, enquanto andávamos pelo corredor, já tínhamos jantado e estávamos a caminho do dormitório.

— É... Sinceramente eu preferia que minha estreia não fosse em um jogo tão importante! – eu assumi, soltando um suspiro.

— Acho que você ficaria nervosa em qualquer jogo que fosse, isso eu te garanto! – ela respondeu e então dobramos o corredor, estávamos já bem próximas do dormitório, quando algo nos fez parar. Estávamos frente a frente com Gale, somente alguns metros de distancia dele.

Já fazia um tempo que ele nos evitava e isso me deixava um tanto magoada, afinal, ele era meu melhor amigo e depois que tudo aconteceu, no momento em que eu mais precisei dele, ele não esteve ao meu lado. Ele manteve-se afastado e nem mesmo agora tentou voltar a falar conosco.

Ele também estava parado no corredor com as mãos no bolso, assim que nos viu ele nos encarou seriamente, depois abaixou a cabeça e saiu andando, assim que passou ao nosso lado, Annie virou em direção a ele.

— Vai nos ignorar para sempre? – ela perguntou.

Gale parou de andar por alguns segundos, ainda de costas para nós, eu me perguntei em pensamentos o que ele poderia estar pensando, provavelmente ele estava muito chateado comigo, mas eu também estava chateada com ele, eu só não sabia qual de nós dois estava com a razão e quem deveria procurar o outro? Mas por via das duvidas eu me mantive em silencio, achei que ele ia se virar e falar alguma coisa, mas ele não fez isso. Voltou a caminhar e dobrou o corredor.

— Ai que idiota! – Annie reclamou.

Eu também senti-me assim, que nem a Annie, mas eu não ia julgá-lo, não sem antes conseguir falar com ele, eu não sabia quando um iria ter a coragem de procurar o outro, mas uma coisa eu sabia em algum momento nós dois teríamos que conversar e seria ai que eu iria falar tudo o que eu estava sentindo.

Suspiramos, nos entreolhamos e então voltamos para o dormitório.

Assim que o dia amanheceu, no dia do grande jogo, eu tive uma grande ideia. Eu quis mudar o meu cabelo, sabe quando vem uma decisão do nada e você simplesmente vai e faz? Foi isso mesmo que aconteceu, acordei e disse vou virar loira e fui e virei. Acho que seria legal para minha nova fase. De inicio não foi pensando: “vou fazer isso para provocar Peeta” ou “vou fazer isso para provocar Gabbe”. Mas eu vi que meu novo visual realmente provocou e se provocou ajudou mais ainda, claro.

Assim que falei sobre meu desejo, Madge como pintava o cabelo de loiro, tinha uma tinta loira guardada e ainda tinha pó descolorante e agua oxigenada, aproveitei e não pensei duas vezes, peguei dela e pedi para Annie pintar, no final, achei que havia ficado perfeito. Eu estrearia como líder de torcida já com um novo visual, perfeito para minha nova fase.

Duas horas antes do jogo eu já estava com coração a mil, eu tentava disfarçar o nervosismo a todo custo, afinal, tinha uma inimiga na equipe e eu não queria demonstrar fragilidade a ela. E falando em Gabbe, ela parecia não ter gostado nenhum pouco do meu visual e tratou até de me zombar, durante o treinamento ela chegou próximo de mim e me disse:

— É impressão minha ou você está querendo se parecer comigo? – ela perguntou. – Se for desculpa querida, mas você nunca vai ser tão boa o suficiente quanto eu...

Eu dei uma risada irônica e revirei os olhos, eu já tinha uma resposta na ponta da língua, mas infelizmente ela saiu antes de eu responder.

Na hora do jogo eu já sentia as minhas pernas bambearem, cheguei a ficar com medo e pensei até em sair correndo e desistir, mas Madge colocou a mão no meu ombro e disse: Vai ficar tudo bem...  Fechei os olhos por alguns segundos e pensei nos motivos que me fizeram a tomar essa decisão e virar líder de torcida, após alguns segundos, fui ganhando mais confiança até criar coragem e conseguir entrar naquela quadra.

Ver todas as arquibancadas cheias e todos aqueles pares de olhos olhando em nossa direção fez com que eu sentisse meio que um desespero, é como estar sentindo uma fobia e eu tinha que me segurar, relaxar, para seguir em diante.

Tentei não focar os olhos em ninguém, mas quando dei por mim não estava mais olhando para as pessoas da arquibancada, tinha um par de olhos que eu tinha mais interesse e embora eu estivesse extremamente nervosa eu não podia deixar de olhar, ele era o que mais me interessava. Eu precisava ver sua reação em me ver na quadra, loira e ainda líder de torcida.

Era Peeta, ele já estava na quadra com o resto do time, eu tinha medo dele notar o meu nervosismo, então respirei fundo antes de olhá-lo, quando os meus olhos finalmente encontraram os dele, eu percebi que ele também estava me olhando, ele realmente parecia muito surpreso em me ver ali, e então eu sorri para ele, imaginando que ele acharia que o meu sorriso seria um sorriso de deboche.

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Realmente Finnick tinha razão, a minha presença na quadra desconcentrava totalmente Peeta, eu notei que durante o jogo ele me olhava com bastante frequência, eu não entendia muito de basquete, mas não era difícil de notar que Peeta estava totalmente desconcentrado e estava perdendo um monte de jogadas. Tanto que nem parecia o mesmo Peeta focado e dedicado que já vi jogar diversas vezes.

Porém mesmo com seu desempenho não sendo um dos melhores, o time ganhou, mas claro, não foi graças a ele. Notei que Peeta ficou arrasado e com razão, era um jogo importante e ele precisava se sair bem, e sabendo dessa importância e de como ele deveria estar mal por isso no fundo eu ainda senti pena dele, ainda mais sabendo que ele havia ido mal por minha culpa. Eu sabia que a minha presença o deixava nervoso e desconcentrado, e era essa uma das minhas intenções quando aceitei a proposta de Madge.

 Mas mesmo com pena de Peeta, eu não pude perder a oportunidade de fazer comentários referente a isso com ele.

Eu poderia sentir pena e ainda um pouco de culpa, mas mesmo assim eu não iria perder a oportunidade de provoca-lo. Isso aconteceu quando estava indo embora da quadra e avistei Peeta saindo sozinho, ele parecia chateado e ao mesmo tempo nervoso.

Eu senti uma mistura de sentimentos que me fez por um lado querer ignorá-lo, ir para meu dormitório e esquecer que o avistei, já por outro queria segui-lo, chama-lo, provoca-lo e falar tudo que eu estava sentindo de uma vez por todas.

 Eu fiquei parada por um tempo, ainda pensando no que faria, até que o vi entrando na sala de TV, no mesmo minuto meu coração disparou e quando dei por mim meus pés já foi me levando até ele já decidindo-se por mim.

Quando eu entrei avistei Peeta sentado no sofá, ele estava com a cabeça abaixada, então respirei fundo e dei passos pequenos na direção dele, ao me aproximar eu notei que Peeta estava com o rosto todo vermelho e os seus cabelos estavam um pouco molhados, mas não parecia que ele havia molhado, acredito que seja devido ao suor.

— Parece que hoje não é seu dia, não é Peeta? – eu falei num tom mais irônico o possível, Peeta levantou-se do sofá rapidamente e me encarou com um olhar estranho, parecia desnorteado.

— Que isso, eu não sou nenhum demônio Peeta, não precisa ter tanto medo de mim assim... – eu disse rindo.

— Eu só me assustei... – ele respondeu. – Por que você pintou seu cabelo de loiro? – ele perguntou.

— Não me diga que não gostou? – perguntei, mexendo em meu cabelo. – Eu já achei que ficou perfeito, essa cor combina muito comigo nessa minha nova fase... Que digamos, está sendo ótima, não acha?

— Não sei qual é a definição de ótimo para você... – ele respondeu daquele jeito amargo dele, deveria estar de mau humor, tanto que me fez lembrar-me de quando eu era feia e queria ser amiga dele e ele fugia por ter vergonha de mim, naquele momento eu senti-me novamente nessa situação. Só que dessa vez eu não seria uma idiota, eu já sabia como lidar com essa situação, e com classe.

— Ah já sei, você já vai querer fazer aquele discurso de que quando eu era feia e sem graça, eu era mais atraente para você... – eu disse revirando os olhos. – Na verdade eu nunca fui importante o suficiente para você, nem a versão Katniss feia, e nem a versão Katniss bonita, não é mesmo Peeta? – eu desabafei sem pensar, mas logo percebi o quanto eu havia sido errada em fazer isso e então acrescentei. - Mas tudo bem, agora não tem mais importância... – eu dei de ombros – A Katniss de antes sim se importava, mas a nova Katniss não se importa, agora o que você acha não faz diferença alguma para mim, eu estou bem, e posso até mesmo te agradecer por isso... – eu disse, embora tudo fosse mentira, mas isso não importava caso ele acreditasse em tudo que falei, e para isso eu quis demonstrar a maior segurança possível em todas as minhas palavras.

— Me agradecer? – ele perguntou.

— Sim Peeta, sabe talvez eu nunca saiba o porque você fez o que fez, mas eu posso fazê-lo entender como você fez eu me sentir... Você quer saber Peeta? – perguntei andando na direção dele, e eu não esperei que ele me respondesse. – Eu tenho que confessar Peeta que por alguns momentos você quase acabou com minha vida, depois daquele dia eu só queria morrer, morrer de vergonha, morrer de tristeza, morrer de tanta raiva, tenho que admitir que você conseguiu Peeta, você conseguiu destruir todos os meus sonhos, a minha fantasia e ainda você  conseguiu roubar a minha inocência por uma maldita aposta, e naquele momento eu me senti a pior pessoa do planeta por ter acreditado em você, sim naquele momento eu quis morrer, mas, apesar de tudo isso, no final vemos que a vida é justa, agora eu posso chegar aqui na tua cara e te agradecer...  – eu sorri antes de continuar. - Pois agora eu sou o que sou graças a você... – eu acrescentei, jogando tudo na cara dele, como sempre sonhei em fazer desde que tudo isso aconteceu, mesmo que isso não mudasse em nada nossa situação, pelo menos Peeta agora estava ciente o quanto me fez sofrer, aquilo estava entalado em minha garganta e eu precisava soltar e enfim soltei, mas eu também sabia que isso também gerava consequência, eu sabia que falar sobre isso me deixava sensível e então eu virei-me e sai andando, antes que eu começasse chorar ali mesmo e a ultima coisa que eu queria é que Peeta me visse chorar.

— Katniss! – eu ouvi ele me chamar, porém eu não parei e eu não voltei, sai da sala de TV e comecei a caminhar pelo corredor, em passos lentos.

 Minha cabeça estava girando e algumas lágrimas começaram escorrer pelos meus olhos. Maldito sentimento, embora eu tentasse demonstrar-me forte, Peeta continuava sendo o meu ponto fraco. E mesmo que eu não quisesse, ele ainda me fazia chorar.

Foi quando de repente, eu senti alguém puxar meu braço com força, obrigando-me a parar de andar, quando virei e vi que se tratava de Peeta meu coração disparou acelerado e minhas pernas amoleceram, tanto, mais tanto, que tive que me manter firme para não cair no chão, eu estava surpresa por Peeta ter ido atrás de mim, mas imaginei que ele iria falar alguma coisa, tentar retrucar as palavras que falei e por isso me segurou, mas para minha surpresa isso não aconteceu, ele apenas me puxou em sua direção e me abraçou.

No mesmo minuto eu senti um choque, como se todo meu corpo tivesse sido atingido por uma forte carga elétrica, eu sabia, eu sabia que aquilo mexia comigo e então desesperadamente eu tentei lutar, gritei, mandei ele me soltar, bati no peito dele, empurrei, mas nada, ele era bem mais forte do que eu, e por mais que eu tentasse me soltar, mais Peeta me segurava mais forte.

Por fim, eu desisti daquela luta interminável, eu estava já cansada, esgotada, só queria voltar a chorar e derrotada eu acabei colocando meu braço em volta do pescoço dele e enterrei meu rosto em sua camiseta, voltando a chorar, sim, eu não deveria, eu sabia que não deveria, mas acabei correspondendo o seu abraço.

— Katniss, eu sinto muito... – eu escutei ele dizer depois de algum tempo, acredito que já tenha se passado no mínimo um minuto desde que ele me abraçou, e ouvir Peeta só fez com que eu chorasse ainda mais. – Você nunca, nunca deveria ter passado por nada disso... – ele acrescentou, enquanto eu sentia a mão dele acariciar o meu cabelo. Ele continuou me abraçando por mais alguns segundos e quando ele enfim me soltou, eu já não queria mais que ele me soltasse.  Ele me olhou nos olhos e eu encarei-o com os lábios entreabertos, enquanto via sua mão aproximar-se do meu rosto e enxugar as minhas lágrimas.

— Por que Peeta? Por quê? – perguntei, em sussurros enquanto ainda encarava-o fixamente.

Peeta suspirou, fechou os olhos por alguns segundos e depois os abriu, voltando a me olhos e naquele momento como eu desejei poder ler os pensamentos dele, como eu queria saber o que ele está pensando e principalmente eu queria saber se ele estava sofrendo assim como eu.

— Eu só não queria mais fazer você sofrer Katniss, mas acho que eu só piorei ainda mais toda situação, eu não mereço que você sofra assim por mim, você é maravilhosa demais, é boa demais, eu não te mereço, eu nunca te mereci... – Peeta disse, abaixando a cabeça, seu rosto estava novamente totalmente vermelho, eu discordei com a cabeça, enquanto ainda digeria o que ele me falava.

— Eu acho que isso quem deveria saber sou eu não é? Se você me merecia ou não... – eu disse, e então ele voltou a me olhar, parecia envergonhado. Ele mordeu os lábios, enquanto me olhava nos olhos, eles brilhavam parecendo estarem cheios de lágrimas.

— Me perdoe... – ele pediu e depois desviou os olhos rapidamente para o chão, mais algumas lágrimas caíram dos meus olhos, enquanto eu sentia meu estomago despencar. Peeta deveria nem imaginar como eu desejei ouvir esse pedido de desculpas, principalmente quando tudo aconteceu e eu mais precisei dele. Mais naquele momento, em que eu estava sofrendo, ele não o fez, se fosse naquele dia, naquele dia em que eu estava precisando de respostas ele tivesse me feito esse pedido, talvez nós dois tivéssemos evitado tantas lágrimas, tantas noites sem dormir, tanta solidão.

Mas não tinha mais como voltar atrás.

— Porque você não me pediu desculpas antes? – perguntei, num tom fraco e ao mesmo tempo choroso. Esperei apenas alguns segundos, mas Peeta não me respondeu, continuou calado, olhando-me com o rosto ainda todo vermelho e com os olhos cheios de lágrimas.

Talvez ele não soubesse como responder a minha pergunta e novamente ficou aquele silencio, aquele maldito silencio em meio a milhões de duvidas. Eu senti mais uma lágrima cair dos meus olhos, enquanto eu abaixava a cabeça, eu não aguentava mais chorar na frente dele, eu não podia mais chorar na frente dele, então eu fiz a única coisa que me restara, virei-me e fui embora, sem voltar a olhar para trás.

###

Abri os olhos com dificuldade, minha cabeça estava latejando, havia sido uma noite péssima, fiquei revirando de um lado para o outro na cama enquanto a cena em que falei com Peeta na noite anterior ficaram repetindo na minha cabeça. Isso gerou para mim uma forte dor no corpo e fortes dores de cabeça. Eu não sabia se o que aconteceu apenas melhorava ou piorava nossa situação. Também existia a possibilidade de tudo continuar na mesma, e se isso acontecesse continuaríamos vivendo assim, um ignorando o outro. E eu claro, continuaria provocando-o quando possível.

Eu decidi tomar um banho para ver se melhorava a dor, Annie acabou arrumando-se mais rápido e disse que me encontraria no refeitório, pois teria que passar antes na biblioteca. Já eu que agora sou líder de torcida tinha que me arrumar mais do que ela, então nem pedi para que ela esperasse, pois sabia que ainda ia demorar. Eu precisava passar maquiagem e arrumar mais o cabelo e quando finalmente fiquei pronta eu suspirei aliviada, eu nunca tive paciência com essas coisas.

Olhei a hora no meu relógio de pulso e vi que eu não teria muito tempo, ainda eu iria tomar café da manhã, fui até a porta e abri-a rapidamente, eu já ia sair pela porta, quando vi que tinha algo no chão, franzi as sobrancelhas, meio confusa, era uma rosa vermelha.

Peguei-a do chão e a observei por alguns segundos, notei que havia um pequeno cartão em seu caule e então logo o abri para ler. Havia poucas palavras e assim que as li, o meu coração disparou. A pessoa não assinou o seu nome, mas ela nem precisava fazer isso, pois logo eu já sabia de quem era.

Katniss

Nunca deixe de ser quem você é...

Era de Peeta, não apenas porque reconheci a letra, mas para mim aquelas palavras não poderiam ser ditas por outra pessoa a não ser por ele. A razão para isso eu não fazia ideia, ou pensando melhor talvez eu até fizesse, ontem Peeta deve ter percebido que aquela Katniss que ele conheceu ainda existia e ele desejava que ela continuasse existindo para sempre.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: Peeta parece estar mudando, isso já é um começo não é? Mas será que já não é tarde? O que vocês acham? Deixem sua opinião! Espero que tenham gostado, COMENTEM, RECOMENDEM, FAVORITEM!!!