Remember me escrita por J S Dumont


Capítulo 24
Capitulo 23 - Admitindo




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Admitindo

Sabes, não peço nada mais, que estar em teus braços, e fugir de todo mal que de tudo há renunciado, por estar junto a ti. Sabes, não deixo de pensar, que estou apaixonado, te quero confessar, sou só um escravo, que não sabe viver sem ti.

Eu não podia deixar que tudo acabasse dessa forma, eu não podia ficar ali, sentado naquele corredor, vendo Katniss se afastar de mim, e simplesmente não fazer nada referente a isso. Eu não podia ser fraco dessa forma, eu sabia que precisava da Katniss, e eu era suficientemente egoísta ao ponto de ir atrás dela e impedir que ela fosse para longe de mim. Embora ela dissesse que sentia que o melhor era afastar-se, eu não sentia a mesma coisa, eu não queria mais ter que sentir a falta dela.

O medo de ficar sem Katniss deu forças as minhas pernas para que eu me levantasse e fosse atrás dela, sem pensar mais em nada eu passei pelos corredores em passos apressados até avistá-la, ela estava correndo para fora da escola, eu sabia que estava chovendo lá fora, porém isso não foi utensilio para que eu desistisse, sai correndo atrás dela no meio da chuva, não me importando em me molhar, a vi indo para trás da escola e então a segui.

Quando já estava numa aproximação razoável, diminui os meus passos e observei-a, ela estava próxima da parede, virada de costas, dei mais alguns passos na direção dela, respirei fundo para tomar a coragem e então a chamei. Ela continuou virada de costas, talvez tivesse levado um choque por eu estar ali, então aproximei-me um pouco mais e chamei-a novamente. Só então ela se virou para me olhar, parecia impressionada por eu ter ido atrás dela.

— Peeta... – ela iniciou, notei que a voz dela estava fraca. – Acho que eu já disse o que eu tinha para falar, eu sei que você não gosta de mim, tudo bem, eu entendo e não estou com raiva, não precisa vir até aqui para... – ela começou novamente aquele discurso que eu não estava mais a fim de ouvir, eu já estava cansado de vê-la se menosprezar, eu estava cansado de vê-la falar que eu não gosto dela, sendo que já estava mais do que claro que ela não era indiferentemente para mim.

E então pela primeira vez na minha vida decidi com que o desejo e o impulso agissem no lugar da razão, decidi deixar o medo de lado, a insegurança de lado, a vergonha de lado e tudo quanto mais coisas que impedisse eu de fazer o que há muito tempo eu desejava fazer mais não me permitia por não querer aceitar o que já era obvio.

Já não dava mais para apenas fingir que a amizade dela era o bastante para mim, já não dava mais para esconder que eu desejava tocá-la, era só ela dizer que vai se afastar de mim que eu já fico louco a ponto de fazer o que fiz. Sem sequer pensar.

Aproximei-me rápido o suficiente para não desistir, puxei-a pela cintura e a conduzi até a parede, prensando-a nela, notei que ela ficou assustada e ao mesmo tempo surpresa, tanto que deixou o óculos que ela segurava escorregasse de sua mão e caísse no chão. Olhei-a poucos segundos, não queria pensar, não queria desistir, pois eu queria aquilo. Eu queria beijá-la. E foi o que fiz, a minha boca aproximou-se da dela, rapidamente e logo nossos lábios tocaram-se pela primeira vez, no mesmo momento eu senti como se eu tivesse sido atingido por uma corrente elétrica, e um calor gostoso logo dominou-me de uma maneira, que meu único desejo era aprofundar o beijo e beijá-la cada vez mais e mais.

O beijo durou um ou dois minutos, e me fez sentir todas as sensações diferentes e boas que existem nesse mundo, antes de beijá-la já estava claro para mim que eu sentia algo por Katniss, mas ao beijá-la eu constatei que o que sinto por ela é diferente de qualquer coisa que já senti por qualquer garota nessa vida. Eu a amava. Eu a amava desesperadamente. E aquilo me assustou de uma forma que me fez parar de beijá-la para olhá-la.  Eu senti o choque da realidade fazer o meu cérebro acelerar, eu ofeguei e continuei a olhando recordando-me rapidamente de vários momentos que passei junto de Katniss, desde quando ela era repugnante para mim até o momento em que ela se tornou fundamental em minha vida. Talvez ela sempre fosse importante para mim. Talvez ela nunca tenha sido indiferente. Eu só nunca quis aceitar.

— Peeta... – ela sussurrou, parecendo querer me trazer de volta.

— Eu... – eu sussurrei, soltando um suspiro, coloquei a mão no rosto dela e continuei encarando-a. Ela tinha um rosto tão dócil, ela tinha olhos tão perfeitos... Ela era tão perfeita. Eu queria dizer que a amava, eu queria beijá-la de novo e fui fazer isso, aproximei-me para beijá-la novamente, mas não consegui. Algo me impediu. Eu voltei a pensar, então envergonhado, afastei-me. – Me desculpe... – eu sussurrei e então virei-me, e fui embora rapidamente, deixando-a lá, na chuva, sozinha.

Fui novamente fraco, idiota e preconceituoso, deixei a minha razão falar e vencer os meus sentimentos, eu entrei no meu quarto, bati a porta com força, e me encostei na parede, lentamente deixei meu corpo molhado deslizar-se pela porta, até eu cair sentado no chão. Nunca me odiei tanto na minha vida. Primeiro por me apaixonar por Katniss, e segundo por não conseguir admitir isso.

Senti os meus olhos queimarem e meu coração doer, como voltaria olhar para Katniss depois de deixa-la lá no meio da chuva? Eu não sabia como faria isso, mas eu sabia que uma hora eu faria, eu iria encará-la de novo, pois eu não conseguiria ficar afastado dela, se antes eu não conseguia, muito menos conseguiria agora.

###

Quando você chegou se meteu em meu ser, acendeu uma luz, me encheu de fé, tanto tempo busquei, mas enfim te encontrei tão perfeita como te imaginei, com uma agulha em um palheiro te busquei sem cansar, como pegadas em mar tão difícil de achar, tanto tempo busquei, mas enfim te encontrei, tão perfeita como te imaginei.

Eu não consegui dormir a noite toda, eu sentia o meu corpo arder de uma forma estranha toda vez que eu pensava no beijo e nas sensações que ele havia me causado, como era bom o gosto dos lábios de Katniss, como o corpo dela era quente e aquela pele, que pele macia. Só de pensar naquilo, eu começava a me revirar na cama sem parar.

 Era mais fácil segurar a vontade de beijar Katniss enquanto nunca tinha experimentado, do que agora, após ter experimentado. Meu desejo era levantar da cama e ir até o quarto dela e beijá-la novamente, porem eu sabia que era uma loucura, e me segurei, só que isso me tirou o sono a noite inteira.

No dia seguinte, eu fiquei levemente nervoso ao pensar que veria Katniss novamente, primeiro no refeitório, depois nas aulas, depois de tanto pensar eu estava decidido a pedir desculpas a ela, nunca deveria ter sido fraco, nunca deveria ter a deixado sozinha na chuva. Ter me assustado com aquela mistura de sentimentos não era motivos suficientes para o que fiz.

Então, tentei tirar aqueles pensamentos pelo menos por alguns segundos de minha mente, arrumei-me rapidamente, e enquanto vestia a camisa eu percebi o quanto meu corpo estava dolorido e como a minha cabeça também doía. 

Terminei de me arrumar e sai do dormitório, fui para o refeitório rapidamente, entrei e sentei-me à mesa de sempre, ao lado de Thomas, que logo começou a falar algo que fingi prestar atenção, mas na verdade minha cabeça estava tão distante, que parecia que nada que ele falava fazia sentido, eu estava mais preocupado em procurar Katniss, os meus olhos percorreram em todas as mesas, mas ainda sem sinal dela.

Demoraram ainda alguns minutos para ela chegar, ela sentou-se a sua mesa e comia sem olhar para nenhum lado. Com certeza deveria estar me evitando, porém eu continuava olhando-a com frequência, na esperança de ainda os olhos dela me procurar.

Demorou cerca de dez minutos mais ou menos para ela levantar o olhar, ela começou a olhar em volta do refeitório, até finalmente parar os olhos em mim, nossos olhos se encontraram, e percebi que os olhos dela brilhavam como nunca. Meu coração disparou no mesmo instante, eu sabia que precisava falar com ela.

Logo ela desviou o olhar para baixo, desistindo de me encarar. Soltei o ar e olhei para baixo também. Eu precisava falar com ela, eu precisava falar com ela. Era a única coisa que passava pela minha cabeça, durante toda manhã.

As aulas pareciam todas uma eternidade, as horas foram se arrastando até finalmente chegar a aula em que eu teria com Katniss, o nervosismo começou a aumentar, eu já estava na expectativa de conversar com ela e quem sabe resolvermos esse problema. Eu não sabia como ele seria resolvido, mas precisávamos conversar e chegar a um consenso.

Logo quando entrei na sala já fui procurando-a com olhar, encontrei ela sentada na carteira com o olhar distante, então logo aproximei-me, sentei na carteira atrás dela, respirei fundo e então a chamei.

Ela olhou para trás rapidamente e logo desviou o olhar, parecia estar envergonhada, mas na realidade eu que deveria estar envergonhado com a minha atitude.

— Me desculpe... – eu pedi num tom baixo, ela rapidamente voltou a olhar para mim.

— Como? – ela perguntou.

— Eu não deveria ter ido embora, não daquele jeito... – respondi.

— Você também não era obrigado a ficar... – ela respondeu.

— Eu queria ter ficado, eu... – eu iniciei, mas calei-me ao perceber que uma garota loira havia entrado na sala, era Gabbe, ela aproximou-se e sentou no meu lado, fazendo assim eu ser obrigado a deixar a conversa para mais tarde, era incrível como ela conseguia sempre aparecer no momento mais inadequado.

— Oi Katniss! – ela cumprimentou, sorrindo de uma forma estranha.

Katniss sorriu de volta e depois se virou para frente, sem falar uma única palavra. Logo em seguida o professor entrou na sala, começando a aula.

Por mais que eu tentasse, eu não conseguia me concentrar na aula, eu sabia que o professor estava passando um texto na lousa, mas sequer eu conseguia saber do que se tratava o texto. Eu o copiava sem nenhuma vontade, enquanto os meus pensamentos continuavam concentrados em Katniss e como eu conseguiria falar com ela.

— Heii querida... – Gabbe chamou Katniss, fazendo eu acordar dos meus pensamentos.

Katniss se virou rapidamente para olhá-la.

— O que? – ela perguntou.

— Teria como você prender um pouco o cabelo? Ele está atrapalhando a minha visão... – ela respondeu, Katniss encarou-a com a boca entreaberta, eu também fiquei chocado, não acreditava que Gabbe poderia chegar a esse ponto.

— Por que você não troca de lugar? – Katniss sugeriu.

— Ué... É mais fácil você prender o cabelo do que eu trocar de lugar... – ela respondeu com desdém. – Além do mais eu quero ficar perto do meu namorado... – ela fez ênfase novamente na palavra “meu”.

— Ela não é obrigada a prender o cabelo Gabbe! – eu respondi, com raiva. As atitudes de Gabbe já estavam me enlouquecendo, eu sabia que uma hora nós dois íamos brigar feio.

— O que custa ela fazer isso? Ficaria até mais bonito para ela, se você ver até ajudaria a...

— Gabbe, cala a boca! – eu a cortei novamente.

Katniss discordou com a cabeça e começou a rapidamente ajuntar os materiais de cima da carteira, enfiou-os na mochila com violência e saiu apressadamente de dentro da sala de aula. Logo alguns alunos cochicharam, talvez estavam comentando sobre a atitude “estranha” dela, o professor ficou parado alguns segundos olhando para a porta, depois discordou com a cabeça e em seguida voltou a continuar a escrever o texto na lousa.

— Você não deveria ter falado assim com ela! – eu disse, olhando para Gabbe com raiva.

— Você que não deveria ter me mandado calar a boca, tá pensando o que? – ela retrucou, também bastante irritada.

Encarei-a por alguns segundos, depois discordei com a cabeça e então foi a minha vez de querer sair da sala de aula.

—Aonde você pensa que vai? – Gabbe perguntou enquanto eu guardava o caderno e o estojo na mochila.

— Para bem longe de você! – respondi irritado, depois me levantei e coloquei a mochila das costas, indo em direção a porta da sala.

— Sr. Mellark, onde você pensa que vai? – escutei o professor falar, mas não o respondi, sai da sala e fechei a porta atrás de mim, bufei, passei a mão no meu cabelo e em seguida segui em direção ao meu dormitório.

###

Ao entrar em meu dormitório, joguei a mochila no chão e deitei-me na cama, meus olhos pararam no teto do meu dormitório e soltei um longo suspiro.

Katniss deveria estar se sentindo muito mal com o ocorrido, eu ainda não tinha tido a oportunidade de falar com ela, me explicar, e ainda Gabbe faz isso com ela, a provoca, a humilha e ainda na verdade a culpa é toda minha, afinal, se eu nunca tivesse ficado com ela nada disso estaria acontecendo agora. Não, as coisas não poderiam continuar assim, eu precisava logo falar com ela e resolver a situação.

Fechei os olhos e pensei por mais alguns minutos. Por que estava sendo tão difícil confessar que a amo? Eu precisava fazer isso, eu precisava criar essa coragem, antes que eu me arrependesse por não ter feito isso antes.

Na verdade eu já estava começando a me arrepender...

Levantei-me rapidamente da cama, e tentei não pensar mais, afinal nada melhor de quando agimos por impulso, lá fui eu, sai rapidamente do dormitório e comecei a andar pelos corredores, começando a pensar onde Katniss poderia estar, logo pensei, o mais provável pelo que a conheço ela estaria na biblioteca. Então lá fui eu, comecei a caminhar em direção a biblioteca.

Quando eu estava próximo a encontrei, ela estava caminhando nos corredores, bastante distraída. Aproximei-me rapidamente e sem pensar duas vezes a puxei rapidamente para dentro de uma sala de aula vazia, a mais próxima de nós.

Eu fechei a porta e em seguida a puxei pela cintura, colocando seu corpo entre o meu e entre a porta, nossos rostos estavam muito próximos e isso era um tanto tentador.

— Não dá mais Katniss, não consigo mais fingir... – eu iniciei, eu não aguentava mais, eu precisava falar para ela, se eu não falasse eu sabia que iria me arrepender mais tarde.

— Como? – ela perguntou numa voz fraca, que saiu meio com dificuldade.

— Eu tento me segurar, mas a única coisa que eu quero é tocar em você, ficar perto de você, principalmente... – meus olhos desceram para a boca dela. – Te beijar... – finalizei em sussurros, enquanto tocava o seu rosto. – Essa vontade está ficando incontrolável, por isso que te beijei ontem... – acrescentei, tudo bem eu estava parecendo um desesperado, mas eu não estava mentindo, era isso mesmo que eu estava sentindo.

— Você estava com dó de mim, foi desespero, foi pelo que eu disse... – ela falou.

— Não... Eu não tenho pena de você Katniss, porque eu teria? – eu perguntei e senti sua respiração acelerar. – Se você é a garota mais incrível que eu já conheci... – e meu rosto aproximou-se mais do dela meu coração disparou e a frase saiu com um pouco de dificuldade, mas finalmente saiu. – Eu estou completamente apaixonado por você Katniss Everdeen...

Continua...


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