Nosso pequeno mundo branco escrita por Yuro


Capítulo 4
Hostilidade


Notas iniciais do capítulo

oie o/ finalmente o cap 4 saiu u.u e depois da chegada do nosso amado, adorado Naraku, as coisas vão começar a ficar tensas u.u
espero que gostem do cap ^^



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Inuyasha on:

–Kagome.- Falou o homem, um sorriso cruel rasgando seu rosto.

Kagome ficou imediatamente de pé, cada músculo seu tenso e os olhos cerrados olhando Naraku. Achava o olhar que ela lançava para mim já era cheio de ódio, mas comparado aquele que ela dava a ele no momento, ela parecia morrer de amores por mim.

–O que faz aqui fora? - Indagou ele calmamente, se aproximando a passos lentos. Quando passa perto de Rin, olha para ela com um olhar frio e assustador, que faz ela soltar um gritinho e ir correndo até Kagome, abraçando suas pernas.

–Vivendo.- Falou Kagome rispidamente, mas parecendo rosnar, enquanto apertava Rin, como se com medo dele fazer algo com ela.

Senti que deveria falar alguma coisa, a cada passo daquele homem na direção da Kagome, parecia uma ameaça a ela. Então, me colocando entre ele e as duas, falo, o olhando sério:

–Fui eu que a trouxe para fora.

Ele ergueu uma sobrancelha, me fitando com seus olhos vermelhos com desprezo. Olhou-me de cima para baixo, dizendo por fim:

–E você, hanyou? Quem seria?

Senti meus orgulho ser cutucado pelo jeito cheio de desprezo com que ele me tratava. Quem ele pensava que era...? Estufei o peito e o encarei raivoso.

–Sou Inuyasha Taisho, médico responsável pela Kagome. E você? Quem é?

–Seu chefe.- Ele disse com um sorriso debochado ao ver meus olhos arregalados.- E eu não me lembro de ter te dado autorização para deixar essa paciente sair.

–Eu trouxe ela por vontade própria.- Falo crispando os lábios.

Ele cerra os olhos, provavelmente pensando que eu sou idiota por falar com tanta ousadia com ele. Nem eu sei por que estou com tanta raiva dele, só sei que ele não tem intenções boas. Naraku fala lentamente:

–Eu vejo...- Em seguida me empurrou para o lado bruscamente, deixando o caminho livre. Me volto para ele pronto para reclamar, mas paro quando vejo a cena na minha frente.

Ele havia segurado o pulso de Kagome e lhe esbofeteado com força, fazendo ela virar a cabeça, os olhos olhando o nada. Senti algo em mim se contorcer de raiva, mas me contenho, senão não saberia do que seria capaz de fazer com aquele maldito. A garotinha soltou um grito:

–Kagome-san!

–Nunca mais saia do seu quarto, entendeu?- Falou ele, pegando o rosto dela rudemente, a fazendo olhar para ele.

O olhar dela brilhava em puro ódio, mas ela abaixou eles resignados, toda a raiva contida. Os lábios trincados para não dizer nada enquanto ela assentia mecanicamente com a cabeça. Como aquela garota tão forte e intensa podia curvar a cabeça para esse cara?

–Agora, você...- Fala ele voltando-se para Rin, um sorriso cruel enquanto apertava seu fino pulso.

Num segundo, toda a resignação de Kagome se desfez, e tudo que ficou foi uma assustadora fúria. Com apenas um passo largo, ela acabou com a distância entre ela e Naraku. Quando ela segurou o pulso dele, ele soltou um grito de dor e afastou-se, segurando o pulso, que quando eu olhei, estava queimado como se por ácido. Ele encarou Kagome com os olhos esgazeados, enquanto ela dizia, lentamente e cheia de autoridade:

–Não ouse chegar perto dela, Naraku.

Foi então que percebi que ela irradiava uma aura lilás clara, que parecia dominar todo seu corpo. Seus verdadeiros poderes de miko haviam desflorado de vez. O tal Naraku deve ter percebido isso também, pois sorriu levemente e a provocou, com um brilho curioso e divertido no olhar:

–Senão...?

Kagome apenas cerrou mais os olhos, fazendo seus olhos castanhos aparecerem apenas numa fenda em meio aos seus abundantes cílios negros. Num movimento rápido, ela bateu a palma aberta contra o peito dele. Eu pisquei e no segundo seguinte estava me jogando para o lado, pois Naraku passou voando por onde eu estivera.

–Wow! Isso deve ter doído. - Exclamo quando vejo ele bater com força contra o tronco de uma árvore, o barulho ensurdecedor tomando meus ouvidos.

O impacto havia destruído uma boa parte do tronco, que se manteve firme, embora por um momento achasse que ia cair sobre Naraku. O que eu não lamentaria nem um pouco, admito. Ele gemeu de dor enquanto lutava para se levantar, nenhum de nós movemos sequer um dedo para ajudá-lo. Mesmo assim, quando ele ergueu o olhar para encarar Kagome, havia pura êxtase neles.

–Eu sempre soube que uma hora você ia florescer, Kagome. Sempre!

–Você é um doente.- Falou ela simplesmente.

Pura verdade.

Ele apenas sorriu, ajeitou as roupas e o cabelo bagunçado e fez um sinal para uma mulher que estava passando, a qual quando adentrou o quintal, a reconheci como Sango.

–Leve a paciente para o quarto dela. E você, Inuyasha Taisho, - ele fala volvendo o olhar para mim.- acompanhe-me até minha sala, temos que conversar.

Sempre que alguém diz que quer conversar comigo, quer dizer que notícia ruim vem aí, ou que já está hora de eu saber de onde vem os bebês. Eu já sei a segunda coisa, então... Levando em conta a situação tensa que aconteceu a poucos momentos, a chance de eu ter feito merda são...cem por cento.

* * *

Segui o Naraku pelos corredores sempre brancos, que me faziam perder completamente o senso de direção, e por conseguinte me perder. A sala dele não era uma exceção, tomadas pelo ofuscante branco do teto ao chão, constituído de lajotas quadradas. Não era grande, mais ou menos do tamanho do quarto da Kagome, mas o espaço era bem mais trabalhado. A decoração era simples e moderna, feita de esculturas de vidro e quadros abstratos. Ele sentou-se numa grande cadeira giratória de couro escuro, tamborilando com os longos e magros dedos a mesa de vidro, me encarando. Me senti desconfortável, sem saber exatamente o quê fazer, não sabia se ele me diria para sentar, se eu mesmo o deveria fazer. Só tinha certeza de uma coisa quando encarei suas íris vermelhas, ele estava se divertindo com minha dúvida.

Num gesto preguiçoso ele indicou a cadeira também de couro na frente da mesa, e eu me sentei com os músculos tensos sem parar de encará-lo por um só segundo. Havia algo muito errado com aquele cara. Quem foi o gênio que fez um doido cuidar de outros doidos? O silêncio dominou o local como uma nuvem sufocante, até dizer encostando-se nas costas da sua grande cadeira de modo descontraído:

–Sabe, Inuyasha Taisho, acho que não entendeu muito bem sua posição dentro desse prédio. Eu sou o chefe, e você é um simples funcionário. Mesmo que seja mandado pelo governo, há de se seguir regras. Isso quer dizer que não pode ir levando para fora de seu quarto uma paciente sem requerer minha autorização primeiro, estamos entendidos?

–Sim.- Falei num rosnado, cerrando os dentes por trás dos meus lábios crispados para baixo em uma careta de desgosto.

–Bom. Agora, Taisho-san, deixe-me lhe explicar algumas coisas sobre nossa paciente Kagome Higurashi. Primeiro, temo que o quê o motivou a levá-la para fora tenha sido... afeição, ou pelo menos o começo de uma. Tenho um conselho para lhe dar, não falo isso como seu chefe e, sim como um amigo. - Nesse momento se inclinou sobre a mesa e apoiou-se nela pelos cotovelos e sorriu de maneira tão dissimulada, que mostrava claramente que nunca ele seria meu amigo. - Não cultive nenhum relação informal com ela. Kagome é perigosa, você mesmo viu isso hoje.

–Ela me parece perigosa somente para você, já que foi o único que ela jogou contra uma árvore.- Alfinetei com um sorriso zombeteiro, mesmo sabendo que isso não era nenhum pouco sábio.

–Por enquanto. Não digo somente no sentido dos poderes recém descobertos dela. Dentro dela - E apontou para a própria testa - existe algo a espreita, apenas esperando para fazer mal para ela e para quem estiver a sua volta. Você verá em breve, só espero que esteja preparado para isso e não fuja como os outros. Bem, agora vamos a segunda coisa, ela nunca, nunca mesmo deve sair daquele quarto.

–Por quê? Por que você quer?- Indaguei cerrando os olhos e franzindo o cenho.

–Não que eu tenha algo contra isso, tenho que admitir, é por demais... divertido vê-la olhar-me com fúria. Mas não. Não mesmo, eu não poderia mantê-la presa apenas com a minha decisão. O responsável por ela também o quer.

–Kagome é maior de idade certamente o que ela têm, ou melhor, dizem que têm, não tira seu direito de fazer suas próprias escolhas.

–Na verdade, o responsável por ela me pediu isso com bastante... hmmm... ênfase para que ela nunca saísse daquele quarto.- Disse Naraku com um sorriso perverso brincando com seus lábios.

Entendi qual era a tal ênfase assim que vi o olhar ganancioso dele. Aquilo me enojou e não pude evitar a careta:

–Aceitou suborno.

Naraku não negou, mas também não aceitou. Senti que ele nunca conseguiria nenhum respeito meu, somente nojo e raiva, e estava completamente correto. A cada palavra que ele dizia, a cada olhar lançado a mim ou a qualquer outro, deixava a ver a alma podre dele, ele se afundava permanentemente em meu mal conceito. Em minha mente e coração, seu nome já fora escrito com ódio. ''Naraku ser desprezível. Inimigo".

–Você realmente não tem nenhuma honra ou orgulho, não é?- Silabei. Nunca achei que poderia olhar para alguém com tanto nojo, mas lá estava eu, o fazendo para o homem que pontuava meu trabalho, então indiretamente liberava meu salário.

Seu sorriso falso morreu e seu semblante ficou sério. Levantando-se, ele disse:

–Tome cuidado com o que diz, Inuyasha Taisho. Já dei todos os conselhos que podia para você a respeito da Kagome, o que fará com eles, isso só cabe a você. Agora, para fora da minha sala.

Inuyasha off:

Kagome on:

Podia sentir o olhar cheio de pena de Sango enquanto ela me guiava suavemente pelo ombro para o quarto. De canto de olho, vi Rin me olhando triste enquanto segurava a mão grande de Miroku, um médico daqui, que a guiava para seu quarto, no sentido contrário do meu. Tentei segurar as lágrimas que queriam escorrer por meu rosto. Não sabia o que preferia, continuar sem ir para fora ou ir apenas para ser levada de novo para dentro, sentir a felicidade escorrer por meus dedos como areia, sendo substituída por desesperança. Enquanto ouvia a porta atrás de mim ser trancada lembrei-me de um livro que havia lido alguns anos atrás, dado por um médico, não sei bem para que propósito.

Não há sofrimento igual à lembrança do amor e a consciência que ele se foi para sempre. - Morgana, As brumas de Avalon

Olhei por cima do ombro para a foto das três mulheres. E as lembranças que passaram por minha mente destroçaram minha determinação de não chorar. Risos, sorrisos alegres, olhos transbordando de amor, mãos que acariciavam meu cabelo de forma tão, tão carinhosa, a forma como a mamãe me abraçou em meio aos soluços meus e dela, as promessas não compridas... E o som de algo pesado caindo na água. Os gritos engasgados, clamando por ajuda.

O quarto estava silencioso, apenas eu e meus soluços, que vinham da parte mais profunda de minha alma fragilizada. Tentava me mandar parar, mas apenas conseguia chorar mais, e sentia as lágrimas salgar minha boca.

Oh, coitadinha. Chore, chore, criatura fraca e cheia de auto piedade. Chore de culpa pelo o que fez, chore. Chore até que caia morta no chão.

A voz que habitava minha mente agora parecia reverberar pelo quarto. Isso a fazia tão presente que chegava a ser perturbador. Devia ser um truque da minha mente, mas juro que senti lábios deformados num sorriso cruel roçarem na minha nuca. Virei a cabeça assustada, mas não havia nada ali. Deveria ter passado um bom tempo chorando, pois o anoitecer já havia passado, e agora tudo que se via da janela eram formas vagas na escuridão. Estranhamente, a voz parecia vir do lado de fora, mas ainda podia ouvi-la perfeitamente.

–Deixe-me em paz! Você não existe realmente! É apenas...- Não sabia o que ela era.

Kagome, Kagome, por que você ainda insiste em me repudiar, em me negar. Você sabe melhor que ninguém que não pode negar minha existência.

Tomei coragem e fui até a janela murmurando negações. Encostei meus dedos no vidro frio e imediatamente uma mão do outro lado o fez, fazendo nossas mãos serem separadas apenas pelo vidro. Os dedos eram idênticos aos meus, tirando o fato que eram brancos como marfim. Olhos castanhos como os meus apareceram no meio da penumbra da noite, donos daquela mão pálida como a de um cadáver. Mas o brilho neles era tão diferente, algo sádico e cruel. E por uma boca pequena e de lábios finos como a de uma boneca, igual a minha, as últimas palavras que me recordo daquela noite foram proferidas:

Você não pode me negar, Kagome. Porque você me criou.


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Notas finais do capítulo

obg por lerem ^^ até o próximo cap o/
sobre a imagem: eu acho que ela mostra a constante luta que a Kagome vive para se manter sobre o controle de suas emoções, para não cair na insanidade e depressão, mantendo-se sempre perfeitamente equilibrada e mostrando apenas indiferença.



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