Nosso pequeno mundo branco escrita por Yuro


Capítulo 3
Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas aqui estou eu postando. Ainda não acabei de escrever o cap 4, to quase terminando, só digo que as tretas vão começar u.u
curtam o cap bonitinho, pois ele vai ser um dos poucos completamente assim daqui em diante u.u
bem, deixo vocês com outra imagem nada a ver com Inuyasha, mas que está ligada a história no significado que ela tem quando interpretada ^^



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Kagome on:

Abri os olhos lentamente, pois era quase doloroso fazer aquilo. Queria apenas ficar de olhos fechados por toda a eternidade, perdida na escuridão. Me sentei na cama, os olhos vazios fixos na frente, mas não vendo nada. Coloquei a mão no coração. Ele batia vivaz, irritantemente vivaz. Ah, o que eu não faria para alguém fazê-lo parar de uma vez! Aquela dor em meu peito... Como se alguém estivesse esmagando meu coração e querendo partir-me em milhares de pedacinhos de dentro para fora... Doí... Por favor, alguém faça parar essa dor!

Fechando os dedos trêmulos na camisola branca, eu respiro fundo. Aos poucos, era despida de minha sanidade, que escorria por entre meus dedos como areia... Tudo que sobraria era uma doce, doce, loucura. Eu quero provar essa loucura, permita-me prová-la, Kagome... Repetia aquela terrível voz em minha mente. Prová-la, eu quero tanto prová-la, quão doce ela deve ser? Me deixe prová-la, Kagome... Kagome...

–Cale-se!- Falo com firmeza, com meus dedos segurando firmemente meus cabelos por entre os dedos.

Me levanto lentamente, passando o olhar pelo quarto monocromático branco. Pouso o olhar sobre um porta retrato sobre a mesa, me aproximo e pego-o com delicadeza, passando suavemente os dedos pela moldura e pela foto, onde três mulheres encarava-me. Prestei atenção principalmente nas duas mais altas. Abraço a moldura, a envolvendo em meus braços magros, sussurrei com a suavidade de uma pluma:

–Mãe... Irmã...

Fico alguns momentos daquele jeito, depois de uma última olhada na foto a coloco sobre a mesa, indo em direção ao banheiro. Lá eu tiro a camisola branca de sempre e entro no chuveiro, colocando uma água fria. Tremi quando ela tocou minha pele, me arrepiando toda. Fui tomando meu banho quando bruscamente aquela dor em meu peito volta, junta com aquela maldita voz. Seguro um grito de dor enquanto me apoiava na parede do chuveiro para não cair no chão.

Vamos, Kagome, me deixe provar a loucura, só um pouquinho, jogue logo sua sanidade fora!

–Não...- Juntei forças para dizer.- Minha sanidade é tudo que me resta! Não vou deixar você tirá-la de mim, seja você quem for!

Aquela dor durou mais alguns minutos e depois foi-se dissipando lentamente, ofegante e trêmula eu saí do chuveiro, com a água fria ainda a escorrer por meu corpo, meu cabelo encharcado pingando e colado na minha pele, seguindo as curvas de meu corpo. Encarei a imagem no espelho, meu olhar brilhava de fúria, falei secamente aquela citação que me veio a cabeça, pensando naquela dor em meu coração e naquela voz manipuladora:

–Até a última hora da minha vida você não tem escolha senão permanecer em meu caráter, do pouco bem que existe em mim, parte do mal. (Estella, Grandes Esperanças)

Tomara que aquilo fosse realmente apenas minha "parte do mal"...

Resolvi colocar uma roupa diferente hoje, pego uma blusa folgada branca onde a única coisa que a mantinha no lugar eram duas alças pretas finas, as mangas livres no braço. Coloquei uma bermuda marrom folgada e pronto, estava mudando um pouco, embora a blusa ainda continuasse com o branco de sempre. O odioso branco de sempre.

Saio do banheiro penteando meus cabelos que já estavam quase secos, meus olhos logo deslizam para a janela, que estava coberta pela cortina branca. Me aproximo e abro as cortinas lentamente, dando as boas vindas a luz do dia, que iluminou o quarto dominado pelo branco. Como fazia todas manhãs encostei as pontas dos dedos no vidro. Olhei para o mundo a minha frente, os prédios que se estendiam até o horizonte e além dele, a grandiosa Tokyo. Quando será permitido para mim andar nessas ruas despreocupadamente...? Quando meu espírito estará livre...?

Um barulho faz minha atenção voltar-se para a porta, de onde uma garotinha me encarava. Reconheci imediatamente aqueles olhos castanhos. Não pude resistir a um sorriso que rapidamente tomou conta de minha boca enquanto exclamava:

–Rin! Que surpresa te ver aqui! Vamos, entre!

Ela entra e pude ver seus longos cabelos castanhos rebeldes que caíam como uma cascata sobre suas costas, e claro, sua marca, uma mecha presa uma fita separando ela do resto do cabelo. Como as outras pacientes ela usava a camisola branca padrão.

–Bom dia, Kagome-san!- Disse ela sorridente.

–Bom dia, Rin.- Respondo igualmente sorrindo.- Então, deu uma fugidinha do seu quarto foi?- Sorrio marota.

–Ah, você não vai me entregar, né, Kagome-san? Eu saí só para te ver!- Ela faz aquela carinha de cachorro sem dono.

–Não, claro que não.- Tento tranquiliza-la.

–Que bom! Kagome-san, você estava olhando lá para fora de novo, não é?- Ela fala me olhando triste.

–Sinto saudade da sensação do sol tocando minha pele diretamente, da grama sobre meus pés e do cheiro de terra molhada, sim... Não posso evitar de sentir saudade...

–Kagome-san, um dia nós duas vamos brincar lá fora! Vamos sentir o sol, a grama e o cheiro da terra molhada, tudinho! Vamos sair desse lugar um dia, juntas! Por isso... não perca as esperanças, Kagome-san!

–Rin...- Fico surpresa com suas palavras. Rin fora assim desde que eu conheço ela... Ela tinha chegado aqui a alguns anos, não sei exatamente o que ela têm e nem se ela realmente têm alguma coisa, e se tiver, isso em nada atrapalha em seu senso de justiça e personalidade admirável. Uma menina tão boa... Sinto ela me abraçar e arregalo os olhos.

–Okay, Kagome-san? Acredite em mim, nós duas ainda vamos sair daqui, e iremos para muito longe desse maldito lugar, para nunca mais voltarmos.

–Sim...- Retribuo o abraço, os olhos fechados, sentindo aquela sensação de calor e proteção... ah, faz quantos anos desde que eu fui abraçada pela última vez...?

Estava tão centrada naquele abraço que não ouço quando a porta é aberta novamente.

Kagome off:

Inuyasha on:

Chegando no hospício logo vou até o quarto de Kagome, antes de entrar respiro fundo e entro sem hesitação, só para me deparar com uma cena que nunca esperava ver. Kagome e uma criança abraçadas. Imediatamente vi o singelo sorriso em Kagome. Eu realmente achava que ela ficaria mais bonitinha se sorrisse, mas não tanto! Tentei desviar o olhar, mas era impossível, estava completamente hipnotizado por aquele sorriso, por mais pequeno que pudesse ser. Quão fascinante aquela mulher conseguia ser...?

Separando-se da menina, ela sorri mais olhando-a, e depois deu um terno beijo na testa dela. Depois finalmente nota minha presença, e seus olhos imediatamente ficam frios.

–Inuyasha-san.- Ela fala em um cumprimento frio.

Fiquei mais desapontado do que achava com aquela atitude, quando a vi sorrir algo se aqueceu em mim, mas quando ela me encarou tão friamente, senti um aperto terrível no coração. No fundo, eu realmente desejava ser amigo daquela miko...?

–Bom dia, Kagome.- Respondo sorrindo gentilmente, a garota nos braços dela se vira e me olha curiosa.

–Quem é ele, Kagome-san?

–É Inuyasha-san, quem está cuidando de mim. Por enquanto.

–Oh... entendo.- Um olhar de compreensão passa por seus olhos.

–Veio aqui dizer que desiste de mim, Inuyasha-san?- Um sorriso de escárnio toma conta dos lábios de Kagome.

–Não.- Falo simplesmente.- Vim aqui levá-la para fora.

Ela arregala os olhos e os cerra novamente, evidentemente desconfiada:

–Isso é uma piada?

–Não poderia estar falando mais sério. Vamos.- Abro a porta e estendo a mão para ela.

Com um último olhar desconfiado, ela aceita minha mãe relutante. Noto que sua mão era delicada e macia, mas tão fria... Vejo que Kagome também estava segurando a mão da garotinha. As levo para fora do quarto, saindo pelos corredores, notei que Kagome tremia. Olhei por cima do ombro para ela.

–Não precisa se preocupar. Confie em mim dessa vez, okay?- Sorri suavemente e ela me olha de um modo que eu não sabia se confiava em mim ou não, só senti sua mão apertar mais a minha.

As guiei até a porta dos fundos, que dava para o jardim. Felizmente, ninguém nós viu. Soltei a mão dela e indiquei a porta.

–Abra.

Ela tremia muito, estava ficando preocupado, mas vi seus dedos trêmulos segurarem a maçaneta com firmeza e a girarem, antes dela empurrar a porta ela engole a seco. E então pulou para fora, segurando firmemente a mão da garota a levando junto e de olhos fechados com força.

Inuyasha off:

Kagome on:

Senti meus pés descalços tocarem algo macio e que fazia leves cosquinhas. Algo quente banhava minha pele. Milhares de cheiros invadiram meu olfato. Abri os olhos lentamente. Um mar de cores invadiu sem permissão minha visão. Eram tantas... Milhares tons de verde, marrom, amarelo, azul, flores de todas as cores imagináveis. Era tudo tão mais vivo do que quando eu olhava da janela.

–Kagome-san, estamos realmente aqui. Estamos fora daquele lugar.

A realidade me atingiu como um raio, lágrimas logo escorreram de meus olhos, fazia quantos anos que eu não chorava? Um sorriso de orelha a orelha iluminou meu rosto. Caí de joelhos na grama. Toquei ela com meus dedos, arranquei algumas e as cheirei. Aquele cheirinho de grama... Chorava tanto que chegava a soluçar.

Olhei para cima, o sol por um segundo me cegou, mas senti aquela sensação deliciosa tocando a minha pele. Depois de tantos anos na escuridão e no frio... Finalmente a luz e o calor!

Rin chorava também e se deitava na grama, sorrindo.

Levantei e comecei a correr pelo jardim, sentindo o vento fazendo meus cabelos flutuarem, aquela brisa deliciosa...

–Finalmente, viva de novo!- Gritei enquanto continuava a correr, rindo como uma criança. Me aproximei das flores e senti seu perfume que me embriagava. Observei as formigas que andavam pelo solo. Não parei quieta. Depois de tantos anos... me sentia realmente viva!

Abracei Rin, a beijei na testa e na bochecha milhares de vezes, girei ela no ar e a joguei para cima, brincando com ela. Riamos tanto que nossas barrigas doíam mas estávamos pouco ligando para isso. Lágrimas não conseguiam parar de escorrer por meu rosto, eu não aguentava de tanta felicidade, ela transbordava de mim.

Quando estava sem fôlego me deitei na grama ao lado de Rin, ofegante e sorridente, rastros úmidos de lágrimas de pura felicidade ainda na minha face, não conseguia mais chorar, minhas lágrimas haviam acabado, meus olhos deviam estar mais vermelhos do que nunca.

Olhei para o céu azul com algumas nuvens que deslizavam por ele, como espuma no mar. Minha boca doía de tanto sorrir, mas nem por isso eu parava.

Kagome off:

Inuyasha on:

Nunca vi ninguém tão feliz daquele jeito, nunca vi um sorriso tão bonito quanto aquele. Tinha que admitir, ela não ficava só bonita quando sorria daquele jeito, ficava belíssima, praticamente uma deusa! Nunca havia visto mulher mais linda do que aquela que como uma criança brincava naquele jardim. Não pude conter o sorriso, muito menos o rubor que logo tomou conta da minha face e meu coração à mil, como se tivesse corrido dez maratonas sem descanso.

Era uma cena tão fascinante que até parecia um sonho, estava ainda mais hipnotizado do que antes, quase não conseguia piscar de tão fascinado. Ela finalmente se aquieta, deitando na grama. Me aproximo lentamente, me ajoelhando ao seu lado, me inclinando para ela, entrando em seu campo de visão.

–Viu? Eu estava falando sério.

Ela sorriu docemente, e meu coração que havia se acalmado um pouco logo voltou a bater rapidamente e logo me encontrei ruborizado de novo.

Repentinamente, sinto os braços dela me envolverem num terno abraço. Sinto o cabelo dela tocando em meu rosto e sinto seu perfume embriagante. Meu coração batia mais rápido ainda, e sentia meu rosto muito quente, agradeci mentalmente por ela não conseguir ver meu rosto.

Meu alivio durou pouco, pois logo ela se separou um pouco, mas ainda estava bem próxima, tanto que sentia sua respiração no meu rosto. Engoli a seco, ela estava muito perto... Ela sorriu e falou na voz mais doce que já ouvira:

–Obrigada. Muito obrigada mesmo, Inuyasha.

E foi se aproximando mais e mais... Ei! Ei! O que ela ia fazer?! Ela foi se aproximando mais... PERA! EU NÃO ESTOU PREPARADO PARA ISSO! Quase gritei isso, mas me contenho. Meu coração parecia que iria sair pela boca de tão rápido e forte que estava batendo, devia mais vermelho do que nunca. E finalmente... Ela me beija na testa.

–Eh?- Deixo escapar, mais confuso do que nunca.

–Se eu puder retribuir de algum modo, me diga, okay?- Ela sorriu.

–S-sim...- Ela lançou um último sorriso e se afastou, observando uma flor ali perto.

Coloquei a mão no coração que ainda batia rápido. No que diabos você estava pensando, Inuyasha?! Me repreendo mentalmente. Não deve pensar coisas assim com sua paciente, idiota! Idiota! Idiota!

Vejo de canto de olha uma figura que nunca vira e olho para ela. Ela olhava para nós com desdém evidente. Ela falou:

–Kagome, o que faz aqui fora?

Vi todos os músculos de Kagome ficarem tensos e ficarem estáticos, ela estava em choque, e nem precisou se virar para reconhecer a figura, ela falou numa voz trêmula:

–Naraku.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu parei aí u.u podem esquecer a vida tranquila da Kagome até agora u.u
Espero que tenham gostado, se puderem comentem ^^

Minha reflexão da imagem: Não tenho muito a dizer sobre essa imagem, ela é mais daquela se sente do que se pode falar com palavras. A criança pode representar a Kagome, olhando para um universo que sempre esteve ali, tão distante mas ao mesmo tempo visível. O fato é que ela nunca vai se sentir satisfeita, sempre vai procurar por mais desse universo. Como sempre, quero saber qual a visão de vocês ^^



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