A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 9
Nove


Notas iniciais do capítulo

Lamento pelo tamanho do capítulo. Sério, eu realmente queria escrever mais do que isso, porém não consegui. Aconteceu umas coisas meio - pra não dizer muito - tensas por aqui na minha vida pessoal, então o bloqueio chegou e ficou. Fiquei um tempão pra escrever esse, e olha que mal tem 2k! ): Espero que gostem, ainda sim.



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Uchiha Sasuke

Era Ascendente: Seis de outubro de 1523, Terça-feira

Meus olhos abrem-se sem nenhuma vontade ao constatar que o sol já havia nascido há alguns minutos. O fato de ser o futuro “dono” da nação não vem apenas com benefícios, portanto, trato de levantar sem muita enrolação. Sinto uma ardência devido a luz forte que adentra por entre as minhas cortinas e fecho os olhos ligeiramente incomodado. Mais uma vez, havia deixado a janela entreaberta.

Lembro dos acontecidos do dia anterior e simplesmente não há como ficar pensativo sobre o que Haruno Sakura havia dito. Então Itachi tinha conhecido mesmo a garota… Surpreendente. E de certa forma inquietante.

— Sasuke-teme?! — a voz escandalosa de Naruto interrompe os meus pensamentos sobre a garota e escuto a porta de meu quarto abrir e logo o loiro entra sorridente. — Você já está acordado?

Francamente, eu não estava justamente na frente dele? Bufo com a pergunta tola e não dou o trabalho de respondê-lo, o que não faz diferença alguma. É claro que o Uzumaki começaria a tagarelar como uma criança carente de atenção.

— Não lembro de ter dado permissão alguma para você entrar no meu quarto a essa hora da manhã, Usuratonkachi. — resmungo para o loiro o interrompendo, enquanto massageio as têmporas devagar.

Ele dá uma risada animada, como sempre, devo ressaltar, (como uma pessoa consegue ser tão bem humorada assim todo o santo dia?) e volta a dissertar sobre assuntos banais no qual não dou a devida atenção. Naruto não é uma pessoa inteligente, mas tenho convicção de que o loiro sabe muito bem que NINGUÉM escuta as suas besteiras.

— Ei, bastardo! — a voz do loiro aumenta. — Não vai responder?

Oh. Bem, eu não faço a mínima ideia do que se trata, mas partindo da premissa de que todas as perguntas do Naruto são absolutamente desnecessárias e incômodas a resposta será sempre a mesma.

— Não.

— Você é um bastardo infeliz mesmo. Que diferença fará eu ver a minha prima? — ele indaga um pouco indignado com a minha resposta.

Uhm… Então era disso que o loiro estava comentando. Dou de ombros com a pergunta dele, porque também não vejo problema nenhum para isso. No entanto, não posso analisar apenas na minha opinião e sim na opinião de meu pai, que havia sido bem clara sobre o assunto Naruto perto das garotas, e também de todas as mulheres que estão no castelo.

— Sabe que para mim não há diferença. — resmungo entediado. — Mas não posso contrariar as palavras de meu pai e além do mais… — olho para o loiro, que permanece com uma expressão indignada. — Poderia causar algum tipo de briga entre as participantes.

— É verdade… — ele coça o queixo pensativo.

Naruto pensando em algo? Um milagre no qual não presenciarei por muito tempo. Um sorriso estranho toma conta de seus lábios e conto até dez, mentalmente, para eu me acalmar de um possível comentário estúpido.

— Eu, como o seu melhor amigo — crispo os lábios com o seu comentário, mas não o interrompo. — poderia muito bem convencê-lo a casar com a minha prima!

De certo que ele é sim o meu melhor - pior - amigo, mas a ideia continua a deixar-me no desagrado quando escuto isso saindo dos lábios do loiro.

— Apenas na teoria. — imediatamente completo o raciocínio do Uzumaki antes de ele acreditar que possa vir a manipular-me.

— Claro. — estranho com o fato de Naruto concordar comigo, pois isso não é algo que aconteça todos os dias. — Eu jamais sequer cogitaria a possibilidade de querer você com a Karin!

Oh. Interessante comentário. Visto que o Uzumaki irrita-me todos os dias, sem exceção, o seu desgosto ao imaginar-me com a sua prima seria algo útil para provocá-lo.

— Hn. É uma pena que o seu comentário não faz diferença alguma. — falo com um sorriso arrogante em meus lábios.

— O que você quer dizer com isso?! — Naruto observa-me com uma feição desconfiada e seguro o impulso de rir.

— Quero dizer que pretendo casar com ela.

Sim, uma mentira deslavada para que o loiro fique desesperado. Uma pequena vingança sobre os inúmeros dias no qual ele me irrita de uma forma inacreditável. Uma pena que Naruto não possa ver a prima; eu faria de sua vida um inferno, já que parece ser um primo ciumento.

♦♦♦

— Sasuke, já te disse que enquanto ainda não tenha escolhido a sua esposa eu seguro as pontas para você e o seu pai. — o tom calmo de Minato soa pela sala na qual estou lendo mais um relatório das dezenas que devem ser lidas.

Não vejo necessidade nenhuma no pai de Naruto chamar-me de “Vossa Alteza” ou qualquer outro tipo de honorífico, até porque ele é como se fosse o meu segundo pai.

— Hn.

Ele parece achar engraçado a minha resposta, pois sorri jocosamente logo após retirar da minha mão o relatório que eu havia acabado de ler. Ele suspira de uma forma cansada e pousa o papel sobre a mesa do escritório de meu pai.

— Eu estou falando sério, Sasuke. Confie em mim, eu posso deixar tudo em ordem por alguns meses.

— Eu sei. — respondo imediatamente, porque é a mais pura verdade.

Minato é uma ótima pessoa, além de ser inteligente em diversos assuntos. A questão não era a falta de confiança em deixar tudo em suas mãos, mas sim ficar absolutamente sem o que fazer, como um principezinho mimado em seu castelo.

— Então deixe-me ajudar, você não tem uma esposa para escolher? — o sorriso maroto que o loiro me dá não é algo usual…

Provavelmente o idiota do Naruto falou algo para o seu pai. Suspiro cansado e assinto para o Uzumaki, logo antes de sair do escritório. Por que todo mundo tem que me lembrar disso? Tsc.

— Não se esqueça de seguir os conselhos do Naruto! — escuto a voz divertida de Minato assim que começo a andar em direção ao cemitério da minha família.

Seguir conselhos do Naruto… Como uma pessoa tem a audácia de dizer algo assim? E que conselhos eram esses, de qualquer forma? Bem, não que eu me importe.

Quando chego na porta do cemitério de todos os Uchiha – a família real de Konoha – observo atentamente se há mais alguém além dos guardas em locais estratégicos. Realmente não consigo ficar a vontade com mais alguém por aqui. Não enquanto preciso fazer algo.

— Tsc. — não consigo resistir e acabo dando um muxoxo de insatisfação ao perceber o que exatamente estou fazendo.

Eu realmente estou aqui? Fazendo isso?

A verdade é que faz praticamente um ano que não entro nesse local. É claro, sempre consigo visualizar o local do escritório do meu pai, mas observar de longe e estar em frente é algo bem diferente. Isso parece mais real.

Observo atentamente o túmulo de Uchiha Itachi, sem saber realmente como reagir. Eu preciso de sua ajuda – mesmo que o meu orgulho negue isso até a morte – mas como ser ajudado por alguém que não existe mais? Sou um homem cético e, sendo assim, não acredito em fantasmas ou mitologias fantasiosas. Mas ainda estou em frente a sepultura de meu irmão, esperando algum tipo de sinal. Como se ele fosse me ajudar de alguma forma.

Bem, o que exatamente ele poderia fazer? Enviar alguma mensagem codificada do céu? Eu bem queria poder acreditar em algo assim. Dou uma risada amargurada e saio do local o mais rápido possível, sentindo o peso da perda aumentar cada vez mais.

— Vossa Alteza! — escuto uma voz que me é familiar.

No entanto, não me lembro realmente de quem seja e nem faço o trabalho de pensar sobre isso. Mas infelizmente a menina parece seguir os meus passos e acabo parando para ver quem era essa pessoa.

— Pensei que não fosse me esperar. — ela dá um sorriso aliviado e lembro de seu nome.

Tsuchi Kin. Distrito… Treze? Algo assim. A morena olha para mim com uma expectativa deveras elevada, enquanto alisa as madeixas. Definitivamente Itachi e meu pai diria algo como “ela se parece com uma Uchiha”, com os seus olhos negros como os meus, assim como a tonalidade de seus cabelos. Todavia, há algo nela que não consigo agradar. E confio nos meus instintos.

— Está indo para algum lugar em especial, Vossa Alteza? — ela volta a falar, preenchendo o silêncio.

— Não realmente. — a minha voz sai bastante rude, mas ela não parece se importar com isso.

O seu sorriso aumenta e ela anda ao meu lado, dizendo animadamente sobre como está feliz em estar na minha ilustre companhia – como uma pessoa pode ser tão falsa? – e que tem saudade de ouvir as melodias de algum trovador do seu distrito. Sim, definitivamente o distrito treze. Lá é onde há os melhores poetas e poetisas, onde cantam e compõe a maioria das modas atuais.

— … E então o mestre Jaskier, ou como gosta de ser chamado: Dandelion, cantou a sua nova composição sobre o romance de uma trovadorista com um bruxo!* — exclama animada.

Dandelion… Esse nome parece ser conhecido. Mas não é algo que eu realmente lembro muito sobre, mesmo com a minha memória excepcional. Não tenho muito interesse em músicas. Não há tempo suficiente para algo assim.

Continuo a andar sem um rumo específico até que escuto vozes femininas no salão de entrada próximo ao jardim. Logo no meio do enorme cômodo, consigo avistar Hyuuga Hinata e Haruno Sakura conversando animadamente sobre algo. Infelizmente a curiosidade apossa-se de mim, o que chama a atenção de Kin.

— O que você está olhando? — ela pergunta com interesse e segue o meu olhar.

— Nada. — que te importe ou que seja da sua conta.

Não digo a frase que desejo porque até eu sei que não devo ser tão insensível assim com as pessoas que conheço. Os lábios da morena crispam-se em desgosto, provavelmente por eu estar dando atenção a duas garotas nas quais nem estão na conversa, e força um sorriso incrivelmente falso.

— Entendo. — consigo ler fácil a raiva cravada no seu olhar. — Até a próxima, Alteza.

Depois que Kin vai embora dou mais uma última olhada, curioso, até Sakura e Hinata e percebo o olhar quase fanático da Haruno nas mãos da morena. E então percebo que a Hyuuga tem um livro em seus mãos.

Merda.

— Sakura. — desconheço tamanha sensibilidade que acaba de pairar sobre mim.

A rosada e a morena parecem ouvir a minha voz, e a Hyuuga diz algo para a sua companheira – algo que não consigo ouvir por estar um pouco longe – e vai embora após um aceno para a rosada e uma reverência elegante em minha direção. Sakura vai até mim, parecendo bastante confusa, e olha para mim com uma expressão interrogativa.

— Vossa Alteza. — ela faz uma reverência ainda com um semblante curioso.

Como falar que irá contratar um professor para realizar o seu sonho? Por que mesmo estou fazendo isso? Oh, sim. Claro, por Itachi. Nii-san gostaria que eu fizesse algo assim por ela, já que mandava comida para a sua casa durante anos.

— Amanhã cedo volte aqui.

— Hã? — ela parece totalmente perdida com a minha frase e de certa forma eu entendo ela, já que não fui nem um pouco específico.

Mas como fazer isso sem ferir o meu orgulho? Tsc.

— Amanhã cedo volte aqui. — repito as minhas palavras. — Para começar as suas aulas de leitura.

Assim que finalizo o que tenho a dizer, Sakura me observa com os lábios entreabertos e os olhos piscando, como se estivesse com algum tipo de tique nervoso. Ela segura a bainha do vestido com força e depois dá um sorriso forçado.

— Você poderia repetir? — ela parece um tanto nervosa e esse nervosismo extremo parece refletir em mim.

— Amanhã volte cedo aqui. — suspiro impaciente por repetir a frase pela terceira vez. — Para começar as suas aulas de leitura.

— Você está brincando. — Ela continua piscando os olhos incrédula, enquanto observa-me.

Agora é a minha vez de observar o semblante de Haruno Sakura incrédulo. Brincando? Eu, Uchiha Sasuke, brincando?

— Eu pareço ser o tipo de pessoa que brinca? — indago observando a menina com um misto de irritação e incredulidade.

Um sorriso bobo teima em aparecer no rosto de Sakura e ela começa a rir. O que diabos está acontecendo?!

— Isso é sério?

— Você tem algum tipo de problema de audição, Sa — mas antes que eu termine a minha fala, a menina praticamente se joga sobre mim.

— Obrigada, Sasuke-kun, obrigada! — Sakura continua a me apertar forte, como se eu fosse fugir ou algo assim (algo que eu realmente faria, como ela descobriu?).

Sinceramente, não sei como agir em situações como essa. A única mulher que já havia abraçado-me fora Uzumaki Kushina – e ela não pode ser levada em consideração por ser a mãe de Naruto – então não tenho nenhum tipo de experiência em algo como isso. Eu deveria abraçar de volta? Isso é estranho... Ouço um barulho peculiar, como se ela estivesse fungando.

Espera, ela está chorando? O quê?!

 


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Notas finais do capítulo

Ui, estou fazendo isso pelo Itachi, e não pela Sakura. Blabla. Aham, Sasuke, aham... A gente acredita. -_-

* Dandelion ou Jaskier: Nada a ver com Naruto, mas é uma referência ao meu personagem favorito dos livros “A Saga do Bruxo Geralt de Rívia”. JaskierDandelion também aparece no jogo “The Witcher”, onde é o melhor amigo, e um trovador, do Geralt. (Jogo e livro sensacionais, aliás.) A música realmente fora composta pelo trovador no livro, mas… Bem, não importa. Spoiler, rs.

Enfim, espero que tenham gostado! Mesmo sendo um cap pequeno e tudo mais, hehe. Até o próximo! Kisses! E não esqueçam de dar aquela comentada ;)



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