A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 7
Sete


Notas iniciais do capítulo

Lamento a demora, eu realmente queria ter postado ontem, mas não consegui terminá-lo a tempo. Essa semana foi bem corrida pra mim. :< Mas aqui está e espero que gostem.



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Uchiha Sasuke

Era Ascendente: Cinco de outubro de 1523, Segunda-feira

Sinto um incômodo e enorme feixe de luz entrar sobre a minha janela que estranhamente está aberta e com as cortinas esbranquiçadas esticadas para os seus respectivos lados. Praguejo mentalmente, pois agora meus olhos começaram a ficarem irritados com tanto sol. Provavelmente havia acabado de amanhecer e lembro-me do motivo da janela ter ficado escancarado.

Haruno Sakura.

Bom, certamente a culpa diretamente não era a da garota. A verdade era que na madrugada, quando a vi colocando flores no túmulo de Itachi, senti variados tipos de pensamentos e sentimentos em relação a garota que tanto irritava-me. A maioria das coisas que pensei não eram nada boas – por que diabos aquela menina conheceria o meu irmão sem nenhum interesse? –, mas consegui ignorar a raiva de não saber o motivo daquilo. As vantagens de ser um membro da realeza é que você aprende a ser frio e calculista antes mesmo de começar a falar direito. Isso, com toda a certeza, eu havia aprendido e muito bem, portanto, quando vi que ir até Haruno Sakura e indagar sobre as flores na sepultura de meu irmão poderia ser desfavorável no momento, decidi ir até o meu quarto e descansar.

É claro que o meu cérebro, deveras curioso com o peculiar acontecimento, havia decidido que no momento anterior não era hora de dormir, e eu não o fiz por algum tempo. Pensei com vontade qual o melhor jeito de encurralar a garota dos cabelos rosas enquanto sentia a leve brisa da janela aberta e acabara adormecendo.

Francamente, não sei o que esperar de Sakura. Apenas, e apenas nos meus pensamentos, posso admitir que tenho certo medo da menina que somente com um breve olhar a mim, havia desmascarado a máscara de um futuro rei calculista, sem ao menos parecer se esforçar com isso. Como? E por quê? Itachi tinha algo a ver com isso?

— Tsc. — reviro os olhos com os meus próprios pensamentos. — Como se eu fosse compreender alguma coisa sem conversar com ela.

Isso poderia ser um problema. Sempre tive um capacidade social medíocre com mulheres e o fato de Sakura deixar-me receoso não ajudaria em nada. Com toda a certeza, Naruto teria algum tipo de conselho para dar-me agora sobre como chamar uma garota para conversar – sem que ela desconfie dos meus interesses ou se assuste com o chamado – mas o meu orgulho jamais deixaria-me fazer algo tão humilhante. Eu, Uchiha Sasuke, futuro rei de Konoha, pedir um conselho sobre garotas para Uzumaki Naruto? Tsc, isso é, era e será sempre ridículo.

♦♦♦

Realmente havia pensado que Sakura poderia estar no jardim, admirando a vista ou simplesmente escorada em um tronco aproveitando a vista, no entanto, esse não parecia ser o caso. Abro uma carranca de insatisfação por não conseguir achá-la e o meu orgulho impede que eu peça a algum guarda para procurá-la e chamá-la. O jeito era

— Sakura. — falo o nome da menina com alívio ao ver que estava indo em direção ao jardim, assim que saí de lá. — Finalmente.

Ela fica alguns segundos olhando-me aturdida. Bom, para Sakura, que não tinha o conhecimento de que eu havia a visto colocando flores na sepultura de meu irmão, com toda a certeza acharia esta cena, de eu a chamando, no mínimo estranha. Por fim, a menina parece lembrar que sou alguém da realeza e faz uma reverência desajeitada.

— Vossa Alteza. — ela cumprimenta ainda surpresa. — Estava a me procurar?

Vejo em seus olhos uma curiosidade realmente grande e não a culpo por isso. Sakura dá um sorriso mínimo para mim e não parece tão oprimida e assustada com a minha presença hoje, o que deixa-me de certa forma aliviado. Isso poderia atrapalhar ao interrogatório sobre Itachi.

— Sim. — eu falo sem realmente explicar o que eu queria exatamente. — Vamos.

A puxo por um de seus pulsos com delicadeza, para que ela não perceba a ânsia por resposta. A curiosidade minha e a dela, a cada passos feitos, eram ainda mais aumentados. Procuro com os olhos um local que não tenha nenhum guarda ouvindo e sento-me em um dos diversos bancos do jardim.

— Sente-se. — ordeno a garota, que senta-se ao meu lado com hesitação.

Olho rapidamente para as árvores perto, checando se não poderia ter a possibilidade de uma Tenten aparecer no horário mais inconveniente possível. Para a minha sorte as únicas pessoas – tirando os guardas colocados em locais estratégicos sobre o jardim – era eu e ela.

Penso em um jeito de começar a conversa com a garota, mas nada de mim poderia sair natural. A única coisa que verdadeiramente importa-me no momento é saber qual era o objetivo de colocar as flores no túmulo de Itachi. Poderia ser alguma estratégia para conseguir a minha simpatia? Não, improvável. Até porque ela não me viu e fora até o cemitério Uchiha na madrugada.

— Sakura. — observo atentamente as suas expressões por causa da pergunta que logo sairia pela minha boca. — O que você estava fazendo no cemitério do palácio?

Ela arregala os olhos para mim, provavelmente surpresa com o fato de que eu soubesse de suas ações. Estranhamente, Sakura não parece realmente nervosa ou assustada com a minha pergunta, apenas surpresa.

— Acho que a Vossa Alteza já sabe a resposta para essa pergunta.

Olho para os olhos esverdeados da menina um pouco atordoado. Como ela poderia ser tão abusada ao falar algo assim com Uchiha Sasuke? Por incrível que pareça, não consigo ficar irritado com isso. Tirando Naruto, Itachi – na época em que estava vivo – e meu pai, ninguém nunca havia tratado-me assim. De certa forma senti por poucos segundos uma pessoa comum. Mas eu jamais serei alguém comum, porque sou o príncipe.

— Segure sua língua. — fuzilo a menina com os olhos tentando não mostrar a minha satisfação com a sua resposta.

Ela dá um sorriso mínimo com a minha resposta, como se imaginasse o que eu iria falar a ela e então coloca uma mecha de suas madeixas róseas por detrás de sua delicada orelha. Observo atentamente ela, esperando por uma resposta.

— Veja bem, Vossa Alteza. — sua voz sai cada vez mais confiante do que nunca. — Eu não o conheço realmente, mas tive contato o suficiente para saber que és um homem deveras impaciente, então porque não pula logo para a pergunta principal?

Quem era aquela garota? Sakura não parecia mais nervosa... E ainda fora mais impertinente do que a sua fala anterior. Talvez, se fosse o meu pai perto dela, poderia ser punida a ponto de ficar algumas horas no calabouço... Bom, mas nesse momento, eu realmente não importo com as suas ações irritantes. Apenas preciso de uma resposta sincera e ela já pode sair de perto de mim, e caso necessite, será punida.

— Por que estava colocando flores na sepultura de meu irmão? — acho que a minha voz saíra bastante agressiva ou rude, porque ela afasta-se ligeiramente de mim, ainda sentada no banco.

Ela parece recuperar-se do susto que tomara com a intensidade da minha fala enquanto mexe lentamente no seu vestido impecável feito a medidas pelas melhores – provavelmente – costureiras do castelo Uchiha.

Ela levanta o seu olhar e começa a observar o movimento dos galhos de uma árvore qualquer, sendo levemente balançados pela brisa do dia, como se fosse algo realmente importante ou talvez nostálgico.

— Se eu disser a Vossa Alteza que havia o conhecido a anos atrás, no meu distrito, acreditaria?

Sakura não diz mais nada depois disso e seu olhar parece longe, como se estivesse em um local – ou até mesmo tempo – completamente diferente do meu.

.

.

.

Haruno Sakura

Era Ascendente: Cerca de onze anos atrás.

Mais um dia sem um almoço descente em minha casa. Infelizmente, meus pais não podem trabalhar no momento. Minha mãe acabou de perder uma criança ainda em seu ventre – e ela ainda teve a audácia de dizer que isso era uma benção dos deuses, por não ter mais uma pessoa para alimentar – e está adoentada. Sei que Kizashi – meu pai – teve que pagar tudo que tínhamos para que a minha mãe não morresse no processo de retirar o feto morto, por isso ele trabalhou por dias e dias sem descanso. Hoje fez três dias que Kizashi não trabalha por ter machucado a perna em um acidente enquanto estava colhendo frutos para a nossa família.

Três dias sem recompensa significa três dias sem comida. E a dor no estômago combinada com a fraqueza incomoda qualquer pessoa no mundo inteiro.

Nunca fui uma pessoa com um peso relativamente alto, até porque a minha família não tem o dinheiro necessário para isso. Eu pego apenas os restos de comida dos pratos que meus pais comem e Mebuki vive dizendo que devo agradecê-los por não me jogarem na rua. Mas o que eu fiz para merecer algo assim? Mal fiz dez anos de idade e nunca dei trabalho nenhum...

Limpo os meus olhos assim que começam a lacrimejar. Gostaria de saber se ter um filho era um fardo tão grande assim para camponeses, como eu pareço ser para meus pais.

Levanto do chão sujo da minha casa e decido passear um pouco para tirar o sentimento ruim que aperta o meu peito. Depois de vários minutos andando pelo distrito vinte e dois, percebo que estou no único lugar verdadeiramente interessante: a biblioteca.

Infelizmente não temos dinheiro o suficiente para eu entrar na escola – e suspeito que meus pais gastariam o dinheiro com outra coisa, se tivessem – então não sei ler. Mas aprender a ler definitivamente é o meu sonho. Adentro o local de fininho, sentindo a tristeza amenizar e procuro por entre as pequenas prateleiras de livro algum que tenha uma capa interessante.

— Você de novo aqui, pirralha? — resmunga o bibliotecário chamado Tetsui. — Casca o fora daqui! Anda! — encolho o meu corpo ao sentir as livradas nas costas e na cabeça e saio correndo em direção a saída. — Menina maltrapilho... — escuto ele gritar assim que saio do lugar.

— Droga. — reclamo massageando a minha cabeça dolorida pelas livradas. — Hoje ele me pegou muito cedo...

Sinto o meu estômago roncar muito alto, nivelando com a dor sentimental e física da fome. Suspiro sentindo fraqueza e vou em direção a plantação do distrito.

Tenho o conhecimento de que é deveras errado adentrar aqui, mas não irei roubar nada. Pelo menos nada que as pessoas costumam comer. Muitas vezes, futas caem de mangueiras, macieiras e outras árvores e ninguém vê, ou parece importar-se com elas. Olho as frutas já meio estragadas no chão com um sorriso banguela. Malditos dentes de leite que caem mais tarde que o imprevisto...

— Oba! — comemoro segurando uma maçã ainda comestível e vermelha.

Nesse momento, os trabalhadores estão almoçando. Ainda que não estivessem, quase ninguém trabalha no domingo, apenas os necessitados como a minha família. Procuro alguma pessoa presente no local, mas acabo não vendo ninguém. Que sorte! Corro em direção a saída da plantação de frutas e subo em uma pequena árvore próxima ao fim do distrito. Dizem que por trás das cercas há uma imensidão de água chamado oceano. Quem sabe um dia terei coragem de pular e conhecer o rio gigante?

Meus devaneios sobre o oceano acabam assim que escuto alguns passos em direção da árvore na qual estou escondida, esperando o momento certo para comer a minha saborosa maçã. Tento esconder mais por entre os galhos, mas faço barulho e chamo a atenção do desconhecido.

Ele franze o cenho parecendo intrigado comigo e depois estreita os olhos tão negros quanto a escuridão. O menino coloca as suas mãos nas cinturas de uma forma quase cômica, mas não rio, por ter medo de o garoto irritar-se e assim fazer algo de ruim comigo, que sou uma garota magricela, fraca e miúda.

— O que você está fazendo em cima dessa árvore? — os cabelos escuros e longos, envoltos em um rabo de cavalo extremamente frouxo, do desconhecido que claramente é um adolescente, balançam com a brisa gostosa de verão.

É uma pergunta simples e eu poderia responder com facilidade, se não houvesse exatamente dois problemas: não gostei nem um pouco do seu tom mandão e rude e por último e não menos importante eu não deveria ter pego a maçã, mesmo que ninguém fosse colhê-la, e caso fosse descoberta poderia ser punida severamente.


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Notas finais do capítulo

Eu iria finalizar a história da Sakura e do Itachi nesse mesmo, mas acontece que eu realmente estou sem tempo e acabaria demorando mais para postar. Espero que tenham gostado e comentem! ♥



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