A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 6
Seis


Notas iniciais do capítulo

Em vez de domingo, estou pensando em postar todo sábado, como hoje. O que acham?



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Uchiha Sasuke

Era Ascendente: Quatro de outubro de 1523, Domingo

Nunca tive um humor excepcional, mas ter tantas garotas atrás de mim conseguira deixar-me em um estado pior que um velho rabugento e amargurado pela vida. É claro que isso fez com que o meu – pior – amigo Naruto zombasse de mim, coisa que eu tentei, sem sucesso algum, ignorar e continuar a fazer qualquer outra coisa. Infelizmente, o bastardo continuava a falar e falar como uma criança necessitada de atenção e não pude deixar de lembrar instantaneamente de sua irmã de cinco anos Naruko. Coitada de Kushina se a garota ficasse como o irmão quando crescer... Coitado do futuro marido da garotinha.

— Sasuke-teme! — escuto a voz do loiro aumentar um pouco e viro o meu olhar para a sua faceta irritada. — Você sequer estava escutando?

Sem mesmo reparar dou um sorriso debochado de canto para o meu amigo que continua a olhar para mim com o cenho franzido, irritado por não ser levado a sério. Tsc, como se algum dia fosse levar as coisas que o Usuratonkachi fala a sério...

— Não.

Observo entediado a mão do loiro fechar e ele estreitar os olhos para mim. Quem visse a cena, pensaria que Naruto fosse ir para cima de mim e começar a me bater, mas sei que ele não o fará. Embora há alguns poucos anos ele fizesse esse tipo de coisa.

— Você tem que parar de ignorar os outros! — resmunga o Uzumaki irritado. — Como vai conhecer sua futura esposa agindo assim?

Oh, então ele irá para esse caminho na discussão de hoje? Como se o loiro sequer importasse como eu escolheria a minha futura mulher. Provavelmente apenas gostaria de ouvir uma história engraçada e conhecer uma mulher que tivesse um senso de humor o suficiente para que zombasse de mim juntamente a ele.

— Naruto, você quer ser a minha futura esposa? — meu tom de voz sai ácido, mas o Uzumaki não nota o que eu queria dizer com isso.

— Que tipo de pergunta é essa?! É claro que não!

— Então pare de me importunar. Não tenho a obrigação nenhuma de ouvir as suas baboseiras. — dou-lhe as costas e ando tranquilamente até a porta da sala em que estávamos conversando, no entanto, o loiro segura o meu braço com uma força maior que o necessário.

— Ah, mas você vai ouvir sim o que eu tenho a dizer! — exclama o Uzumaki ainda mais irritado do que antes. — Tô certo!

Olho para o loiro sentindo a raiva descomunal mais uma vez querendo controlar as minhas ações. Retiro com grosseria a mão de Naruto que estava há poucos segundos segurando o meu braço com uma força desnecessária e depois olho para o garoto o fuzilando com os olhos.

— Tsc, o que você quer falar agora, Usuratonkachi? Sabes muito bem que eu não irei seguir conselho nenhum seu.

— Porque você é um maldito bastardo! — resmunga o loiro e depois começa a rir. — Ah, dane-se. Fique sozinho nessa, então. Eu vou ver você sofrer na mão das belas damas e darei boas gargalhadas.

Repreendo-me mentalmente ao ato que quase fiz – o de bufar e depois revirar os olhos – enquanto estreito o olhar para Naruto. Estaria o loiro desafiando-me a conseguir uma garota sem ajudas e sem, também, dificuldades? Entendo praticamente nada do sexo feminino – afinal, infelizmente, nunca havia conhecido a minha mãe – tirando o contato que tinha com a própria mãe do loiro. (Mas ela é tão louca quanto ele, então apenas relevo esse conhecimento.) Enfim, sei bem que sou inexperiente nesse quesito mas tenho um orgulho Uchiha a zelar.

— Estás insinuando que eu não conseguirei achar uma garota sem ajuda sua?

— É exatamente isso. — aponta o dedo indicador de uma mão para o meu rosto de forma grosseira. — Com o seu mal humor e o fato de ser desprovido de qualquer sociabilidade... É impossível.

Aposto que o loiro imbecil havia pesquisado as palavras “desprovido” e “sociabilidade”, porque pelo intelecto atual Naruto jamais saberia o que significava tais palavras. Eu, como um bom amigo, dou um sorriso debochado e solto uma minúscula risada de escárnio sobre a sua fala.

— Você sequer sabe dizer o que acabou de falar? Diga-me, Naruto... O que significa desprovido?

♦♦♦

— Você tem que tentar conhecê-las, Sasuke. — meu pai diz algo pela primeira vez no dia.

Eu, como todos os dias anteriores – em que descobrira a enfermidade dele – entro no seu aposento e tomo o café da manhã ao lado de sua cama, fazendo-o companhia. É estranho, porque nós não gostamos de falar muito, então na maioria das vezes fico apenas tomando o café em silêncio e ele faz o mesmo. Mas sinto que meu pai está satisfeito com a minha presença mesmo que não diga nada sobre isso em momento algum.

— Eu sei. — respondo após terminar de fazer o desjejum.

O velho Uchiha Fugaku ergue uma de suas grossas sobrancelhas, provavelmente surpreso com a minha resposta após vários minutos de sua fala.

— Então por que hesita?

— Apenas não sei como lidar com isso tudo. — confesso sentindo os olhos negros de meu pai fixar em meu rosto.

— Então aprenda logo. Você é um Uchiha.

Não o respondo e saio do quarto de meu pai sentindo o stress acumular ainda mais em mim. Com toda a certeza, o que ele havia dito era verdade e mesmo que a ideia não me agradasse, deveria seguir o que Fugaku havia dito. Mas haviam tantas... Qual conhecer primeiro?

♦♦♦

— Vossa Alteza, eu não esperava a sua visita! — escuto a voz surpresa e animada de Yuuhi Kurenai dizer ao ver-me ao seu encontro, logo após de dar uma breve porém respeitosa reverência.

Não a respondi, porque eu também não sabia o porquê de ter a escolhido como a primeira a ter um contato sem ser ao acaso. Kurenai vem de uma família clássica do distrito onze. Filha do atual duque do onze, ela sabia bem, aparentemente, como portar-se diante a mim.

Bom, talvez fosse esse o motivo. A de ser filha do duque. Quase dou um sorriso sarcástico ao lembrar-me das palavras de meu pai.

“Os duques escolherão aleatóriamente uma garota do distrito e caso elas aceitem, irão até o palácio.”

Isso não parecia nada ser algo aleatório, obviamente. Duas Hyuugas e uma filha do duque. O quão estúpidos esses sujeitos achariam que sou? Tsc.

— Acompanhe-me até o jardim. — disse tentando, sem sucesso nenhum, a não ser seco.

A morena não parece ter problemas alguns com a minha postura perante a ela, o que consegue deixar-me um pouco incomodado. Mais um ponto a menos para a garota. Preciso de alguém que não deixe ser rebaixada, mesmo sendo alguém com o status acima.

Enlaço sem vontade alguma um de meus braços no dela enquanto caminhamos até um dos bancos do jardim e a morena abre um sorriso presunçoso.

— Gosta de tulipas, Vossa Alteza?

Olho para Kurenai, que parece encantada com as flores ao lado do banco em que havíamos acabado de sentar. A morena alisa o vestido distraidamente, tentando tirar alguma ondulação desnecessária da parte de baixo da veste.

— Não tenho muito conhecimento sobre flores. — não quis ser rude, era apenas a verdade.

Nunca havia entendido o motivo da maioria das mulheres encantarem com os diferentes tipos de flores, – sejam do palácio ou de qualquer outro lugar – elas parecem iguais a mim, apenas com cores diferentes. Não posso negar que são bonitas, no entanto.

— Entendo. — sua voz parece mecânica, um tanto artificial. — Gostaria de saber mais?

Não sei o que dizer. Não quero saber sobre mais, mas parece ser algo rude a se fazer com uma mulher. Por deus, por que havia negado ajuda ao loiro maldito mesmo?

Nem acredito que acabei de cojitar a ajuda de alguém como o Naruto...

— Prossiga. — incentivo Kurenai sem realmente querer saber sobre tulipas ou qualquer outra flor que ela gosta.

— Tulipa é um gênero de plantas angiospermas. Com cerca de cem espécies, as túlipas têm folhas que podem ser oblongas, ovais ou lanceoladas (em forma de lança). Do centro da folhagem surge uma haste ereta, com flor solitária formada por seis pétalas. Cores e formas são bem variadas. Existem muitas variedades cultivadas e milhares de híbridos em diversas cores, tons matizados, pontas picotadas, entre outros. — a menina explica com um olhar vazio, e procuro inutilmente algum livro ao seu redor.

Por que é tão estranho o seu jeito de falar? Parece decorado... Antes que eu faça algum tipo de comentário sobre o assunto que eu fora praticamente obrigado a escutar, escuto um baque vindo de uma árvore.

— Vossa Alteza! — escuto a voz da menina do distrito um, Tenten. — Kurenai.

A menina dos cabelos cor de chocolate usa mais uma vez dois coques como penteado e parece querer sorrir mais do que já está. Mas de onde, exatamente, essa menina brotou? Do chão? Olho para ela um pouco incomodado com o aparecimento repentino e vejo que Kurenai faz a mesma coisa.

— Eu não havia a visto. — confesso intrigado com a menina do um, que alarga o sorriso com o meu comentário.

— E nem eu. — Kurenai diz com o cenho franzido. — Mas se quer nos dar licença, Tenten, Vossa Alteza estava escutando animadamente — animado, eu? — a minha sabedoria sobre tulipas.

— Eu estava em cima da árvore... — comenta a garota em um tom divertido, analisando-me de um jeito estranho. — Não sabia que a Vossa Alteza tinha interesse em flores. Pensei que fosse como eu.

— Vossa Alteza não tinha, até agora. — Kurenai dá um sorriso estranho. — Mas é sério que você, como uma dama — enfatizou dama com a voz. — não sabe absolutamente nada sobre flores?

— Eu não! — responde animada. — Prefiro a política.

Dou um sorriso satisfeito com a resposta de Tenten, aprovando a sua resposta. Se era verdade ou não, não faço ideia, mas é por aí que uma pessoa deve agir. Sua resposta fora rápida e satisfatória, sem nenhuma reação exagerada para entregar que era uma mentira.

— Muito bem, Tenten, por que não se junta a nós? — indago a garota.

♦♦♦

— ... E então Mitsashi Tenten começou a falar sobre política. Tenho que concordar que seus conhecimentos são promissórios. — finalizo de contar a Naruto sobre o meu passeio com as duas morenas.

A sonora gargalhada do loiro invade o meu quarto e olho para o menino com o cenho franzido. Será que tudo era uma brincadeira para esse idiota?

— Teme, você está fazendo errado. — ele diz em meio às risadas. — Para de olhar as belas damas — eu não estou mais aguentando ouvir as baboseiras dele. — apenas como governantes de Konoha! Lembre-se de que uma delas será sua esposa. Para sempre.

Mas para que eu deveria lembrar disso? Eu sei muito bem o que elas serão. Fito o Uzumaki intrigado com o seu comentário.

— Eu sei que uma delas irá ser. E?

— Sasuke... Falando sério. — não, Naruto não fala sério nunca. — Você já parou para pensar que irá... Fazer filhos com a escolhida?

— E o que tem demais nisso? — pergunto com a minha paciência começando a esvair, mais uma vez, na presença dele.

Mais uma gargalhada soa de Naruto e ele olha para mim com um sorriso contendo malícia.

— Quanta inocência... — ele estala a língua três vezes enquanto balança a cabeça em negação. — Elas precisam ajudar você em outras coisas...

A primeira coisa que penso é em Haruno Sakura e seu pseudo altruísmo exagerado, querendo ajudar-me com sei lá o quê. Era isso que Naruto sugere? Não sei o motivo disso, todavia.

— Eu não preciso disso. — respondo rispidamente.

— Claro que precisa! — ele parece assustado com a minha resposta. — Que tipo de homem não aprecia deflorar uma mulher?

Deflorar... Satisfações carnais...

Lembro-me de Yamanaka Ino dizendo no nosso primeiro encontro algo sobre satisfazer os meus desejos sexuais. Era isso que ele estava querendo insinuar? Fulmino Naruto com os olhos tentando tirar – completamente sem sucesso – Yamanaka Ino com as suas provocações nos nossos dois encontros e também o fato de ela aumentar o decote de suas vestimentas quando via-me, mesmo que de longe.

Droga, por que está ficando calor?

— Naruto. Fora do meu quarto!

♦♦♦

Massageio as minhas têmporas com desespero após tomar mais uma xícara de café enquanto leio o livro sobre as leis da política de Konoha. Com o adoecimento de meu pai, Minato Uzumaki – surpreendentemente inteligente, diferente de sua cria – estava ajudando a governar o país enquanto eu terminava de ler livros e livros sobre leis, histórias e até mesmo as origens de Konoha e como fora a minha família a deixá-la próspera – em sua maioria, ao menos – como é atualmente.

Isso é completamente desgastante. Não sei ao certo se sequer precisarei aprender sobre o passado da minha família antes de reinar o país em que eu morava, mas como era um dos livros que meu pai havia pedido para ler, o grosso e antigo “A família Uchiha e sua ascenção” está em cima da enorme escrivaninha de meu luxuoso quarto.

— Tsc, acho melhor dar uma pausa. — provavelmente o excesso de leitura havia deixado-me desorientado, visto que estava falando meus pensamentos em voz alta.

Termino de tomar o café com um generoso gole e vou até a varanda do escritório de meu pai, que logo infelizmente seria minha, dando uma bela vista da parte mais triste do jardim do palácio. O local onde a minha família havia sido enterrada.

Não compreendo ao certo o motivo, mas gosto de observar em plena madrugada a sepultura de meu irmão. É como se ele estivesse, de alguma forma, comigo e pudesse ajudar-me a ter força e intelecto o suficiente para governar um país tão grande como Konoha.

Fico a olhar por alguns minutos o túmulo até que vejo uma visita inusitada no cemitério. Cabelos rosas...

Mas por que diabos Haruno Sakura está colocando flores na sepultura de Uchiha Itachi?


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Notas finais do capítulo

JURO QUE NO PRÓXIMO TERÁ MAIS INTERAÇÃO SASUSAKU. ): Eu só queria colocar alguns capítulos aparecendo as outras garotas, porque, até o 6, o Sasuke não tem um interesse realmente grande na Sakura. Mas isso tá pra mudar. Espero que comentem mesmo tendo ficado parado. ;; kisses