A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 27
Vinte e sete


Notas iniciais do capítulo

oi



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Haruno Sakura

Era ascendente: vinte e quatro de outubro de 1523, sábado.

Não conseguiria ficar alheia aos comentários de Kin sobre o que acontecera no encontro com Sasuke nem se eu estivesse praticamente desprovida de audição. As vozes de todas variavam entre raiva, excitação, felicidade e principalmente inveja. Hinata e eu éramos uma das poucas nas quais estávamos caladas, porém, o sentimento de frustração – e até mesmo um pouco de raiva – pairava dentro de mim.

— Sasuke estava tão aéreo! — Kin constata mais uma vez com convicção e orgulho. — Acho que ele nem ao menos percebeu o que estava acontecendo no início.

Kin realmente não tem medo de uma retaliação das outras garotas? Algumas risadas foram escutadas no salão onde a maioria das garotas costumam se encontrar. Não consigo entender bem o motivo pelo qual Kin está contando sua “conquista” às suas rivais. Talvez para provocar? Se gabar? Bom, sei que isso não me deixa satisfeita. Qual o proposto de contar isso para os outros? Sasuke não parecia bem na última vez que eu havia o visto e isso poderia contar em suas ações. Claramente não é uma atitude típica dele...

— A meu ver, você apenas se aproveitou do príncipe. — o sorriso de escárnio de Hanabi é visível e, por incrível que pareça, concordo com o seu ponto de vista.

O rebuliço fica cada vez maior aos o comentário da Hyuuga mais nova, fazendo a garota apenas rir com gosto, enquanto as outras continuam com uma calorosa discussão sobre o acontecido. Decido que não quero ouvir mais sobre o assunto e vou em direção à sala onde estou finalizando o meu aprendizado de leitura, alguns minutos adiantada.

♦♦♦

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“... ele nem ao menos percebeu o que estava acontecendo...”

Pela primeira vez, a aula de leitura havia passado com demora. Não consegui me concentrar bem, pensando na conversa das garotas, mesmo que isso não fosse realmente da minha conta. Era difícil saber se eu sentia raiva de Sasuke ou preocupação pelo seu estado sobrecarregado de problemas.

— Sakura. — ouço a voz de Sasuke-kun e acabo me assustando, afinal, estava pensando nele segundos atrás.

O herdeiro dos Uchiha aparece em minha frente assim que saio da sala de estudos. Ele segura dois pergaminhos grossos nas mãos com firmeza enquanto me fita.

— Oh, Sasuke-kun. — tento forçar um sorriso, mas acabo me sentindo um pouco estranha em sua presença após saber do beijo com Kin.

Talvez eu estivesse com um pouco de ressentimento, afinal. Ele ergue uma de suas sobrancelhas, estranhando o meu comportamento, mas não tece nenhum comentário sobre isso. Acabo percebendo que o seu semblante me parece ainda mais cansado que no dia anterior, devido a seus olhos estarem praticamente afundados em olheiras espessas.

— Parece cansado. — digo a ele um pouco preocupada.

De fato, a aparência do príncipe não parece como sempre. Ele continua com roupas bem passadas e escolhidas, no entanto, vejo um erro considerável em seus sapatos. Sasuke de forma alguma iria fazer algo assim por pura e espontânea vontade.

— Você não faz ideia. — ele diz após suspirar. — A decisão sobre o que fazer para conseguir uma audiência com o Rei de Suna não está muito fácil, e ainda tem a investigação com Tsunade...

Assusto com o comentário dele. Parecia realmente aéreo e suspeito que ele não quisesse dizer tanto sobre o assunto, pois ergue a sobrancelha novamente, confuso com algo.

— Pensei que Tsunade-sama estivesse apenas ajudando com a doença do Rei... — comento, ligeiramente surpresa com a tal investigação.

Minha fala parece acertar Sasuke em cheio, pois a sua expressão fica ainda mais sombria.

— Ela está. — a sua voz parece dura e os seus punhos ficam imediatamente cerrados.

É óbvio que algo importante de forma negativa havia acontecido. Não pergunto nada a Sasuke, no entanto. É melhor deixá-lo a vontade para que fique menos estressado ou então ele acabaria surtando. Sasuke é um príncipe, de fato, mas ainda sim é uma pessoa qualquer. E ele pode explodir a qualquer momento. É visível isso.  

— Sasuke-kun, você precisa imediatamente de um tempo.

— Eu não tenho tempo para isso. — ele resmunga mais irritado com a situação em si do que comigo.

Oh, droga, por que ele tem de ser tão teimoso? Maldito seja o ego de 

— Então arranje um agora! — exclamo, e ele me olha assustado. — Qual é a dificuldade de entender que você também é um ser humano? Já olhou para o espelho hoje? Viu suas olheiras?

Ele não me responde, ainda assustado com a minha atitude. Sim, eu estava dando um sermão em Uchiha Sasuke. Eu, uma mera camponesa, dando um sermão no futuro rei da nação. E ele parecia me escutar.

— De que adianta ficar inteiramente ocupado com situações difíceis se você está tão sobrecarregado a ponto de usar dois sapatos diferentes?

Mais uma vez o silêncio. Porque é verdade. Sasuke olha para os próprios sapatos e seu rosto começa a ficar mais pálido e doentio do que já estava.

— Eu não sei mais o que estou fazendo. — a sua constatação me assusta pois o conheço suficientemente bem para

— Sasuke-kun, você precisa descansar para conseguir pensar direito. — mudo o meu tom de voz para um mais calmo e macio, e ele assente silenciosamente.

— Irei ver o que posso fazer. — a sua resposta remete a desinteresse, mas sei que ele irá seguir o meu conselho. — Obrigada.

O seu agradecimento, no entanto, não era esperado por mim. Sasuke não é mal agradecido, mas ele não tem o costume de receber conselhos e colocá-los em prática. Dou um sorriso para ele, e decido me despedir.

— Espero que siga mesmo o meu conselho, Sasuke-kun. Até a próxima. — toco a sua testa, imitando o seu gesto.

Depois de tocar a sua testa como ele havia feito no dia anterior comigo, Sasuke fica alguns segundos estático e assustado com alguma coisa. além de deixar cair os pergaminhos de suas mãos. A culpa me corrói por ter feito uma atitude.

— Sasuke-kun, eu não deveria... — mas ele me cala com um beijo.

Muitas pessoas fantasiam sobre como o primeiro beijo é algo inacreditável, perfeito como num conto de fadas. Eu nunca fui como nenhuma dessas garotas. Sempre tive os pés no chão sobre relacionamentos em geral, e talvez justamente por isso o momento me parece ainda mais extraordinário.

— Sasuke-kun. — eu sussurro ainda sentindo os meus lábios formigarem. — Eu não sou a Kin.

Tenho certeza de que ele sabe exatamente a o que eu me refiro. Não quero nenhum tipo de relação de distração, e ainda que eu houvesse gostado do que acabara de acontecer, o medo parece me preencher completamente.

— Você não é como nenhuma delas.


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Notas finais do capítulo

Bom carnaval para vcs ♥



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