A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 20
Vinte


Notas iniciais do capítulo

Hey gente! Milagres a parte, consegui escrever esse capítulo no sábado, heheh. Espero que gostem. ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/660000/chapter/20

Haruno Sakura

Era Ascendente: Dezessete de outubro de 1523, Sábado

Eu não estava aceitando aquela ideia muito bem. O suposto encontro entre Sasuke e alguém relacionado a rebelião seria amanhã, em um domingo, e isso está me matando de todas as formas possíveis. Talvez fosse estranho preocupar-se com alguém a quem eu conhecia pessoalmente por poucos dias, no entanto, eu nunca tive ninguém de verdade para preocupar-me. Meus pais são irrelevantes, e ainda que Itachi fora uma ótima pessoa, nosso contato não passara mais de um dia. Sasuke e Hinata eram diferentes. Eles eram reais e presentes. E eu não conseguiria imaginar mais a minha vida sem aqueles dois.

Hinata era a melhor amiga na qual eu jamais poderia ter imaginado. É simplesmente o tipo de pessoa que eu sempre sonhei em ter quando era criança – ou adolescente – e com esse sonho realizado, a minha felicidade preenchia o meu ser durante as nossas conversas, ou apenas a companhia silênciosa.

E Sasuke-kun, bem... É mais complicado. O tipo de amigo homem no qual eu imaginava era exatamente como Itachi fora comigo. Ele não é assim, ainda que eu percebesse alguns traços similares de personalidade entre os dois. Sasuke-kun é uma pessoa introvertida ou reservada, mas sem sombra de dúvidas bondoso. Ele havia realizado o meu maior sonho sem que eu houvesse pedido, e sem requisitar nada em troca. Ficaria grata a ele por toda a minha vida. Fora isso, ele também é uma ótima companhia. Meu dia parece incompleto quando não o vejo, o que é extremamente peculiar.

“Sakura-san.” a minha voz paira sobre os meus pensamentos.

Bem, por que eu iria pensar o meu nome agora? Isso não é importante... Ainda mais com um honorífico.

— Sakura-san! — apenas na terceira vez na qual escuto o meu nome que percebo o óbvio: não era um pensamento e sim Hinata. — Estás roendo toda a sua unha.

Bom... E daí? Preocupar-me com a unha não faria sentido nenhum agora, já que em questões de horas, Sasuke e Naruto sairiam para outro distrito. Também nunca fiz muita questão de tentar arrumá-las, já que não tenho uma condição financeira muito boa. É claro que no castelo isso já é outro assunto, mas não tenho interesse.

— Estou nervosa. — contasto  o óbvio.

Qualquer pessoa em plenas condições de visão perceberia a tensão palpável em minhas expressões, respirações e possivelmente a fina camada de suor sobre a minha nuca.

— Vai ficar tudo bem. — a voz de Hinata não sai confiante.

É claro, ela não poderia ter certeza de algo que não aconteceu ainda. E tenho certeza de que ela também está preocupada, afinal Naruto iria também. E mesmo que ela não se importasse com o Uzumaki, no fundo sinto que a Hyuuga, assim como eu, não saberia bem o que dizer para consolar uma pessoa.

— Eu vou dar um jeito de seguir eles. — afirmo para a Hyuuga, que arregala os olhos, alarmada.

— Sakura-san, nem tente! — ela exclama, exasperada. — De forma alguma tu irás conseguir passar da guarda.

Dou um sorriso debochado para a garota, que ainda me encara com uma preocupação visível.

— Eu sou ótima em pular muros. — zombo, dando alusão à minha infância, muito embora Hinata não soubesse de minhas peripécias no passado, e ela fica ainda mais horrorizada. — Eu vou conseguir. Konan obteve sucesso em esconder por horas nesse castelo, não vai ser tão dificil.

Parecia uma piada de mal gosto, os guardas a procuraram durante horas – com a ajuda minha e de Sasuke-kun, mas não éramos exatamente peritos nessas coisas – e não acharam simplesmente nada. Era só uma pessoa, como fora tão difícil?

— Konan é uma garota treinada para fazer esse tipo de coisas. Além do mais, agora que a guarda voltou para a supervisão de Hatake Kakashi, as patrulhas estão incrivelmente mais elaboradas. — o excesso de detalhes sobre a situação dos guardas me faz pensar se ela tem algum informante no castelo.

Oh, mas é claro que sim. Ela é uma Hyuuga.

— Você poderia ajudar. — declaro para a garota, que tampa a sua boca, em surpresa. — Estou falando sério, não precisa de esboçar uma expressão tão teatral. — rio do horror de minha amiga.

Hinata não responde de imediato. Ela dá alguns passos para trás, bastante assustada, e depois nega fazendo movimentos vidrados em negação com a sua própria cabeça.

— N-não p-posso fazer isso! — ela começa a gaguejar, como faz sempre quando está muito nervosa.

Suas mãos trêmulas demonstram que Hinata não lida bem com esses tipos de situações. Fico imaginando como exatamente teria sido a vida dela antes do castelo. Não parecia nada legal, observando os  resquícios, claramente vindo de situações traumáticas, de sua personalidade.

— Claro que pode, és uma Hyuuga. — resmungo um pouco decepcionada.

— Mas não devo fazer algo assim. É muito perigoso.

O nervosismo de Hinata é algo quase contagiante. O seu temor na voz me assusta.

— E é exatamente por isso que eu quero ir. Por favor. — imploro para a morena, que permanece impassível.

— Estou apenas ajudando, Sakura-san. Não posso deixá-la em perigo.

Há algo no seu tom de voz que deixa-me com um sentimento estranho. Como se Hinata soubesse o que poderia acontecer nesse encontro. Bem, se ela tivesse algum contato na rebelião, com toda a certeza iria dizer algo, certo? Ela é uma pessoa confiável, e se importa com os dois. Principalmente com Naruto.

— Sasuke-kun também disse algo assim. — resmungo contrariada. — Mas eu sei bem cuidar de mim mesma.

— As vezes isso não é o suficiente. — o comentário obscuro de Hinata me dá calafrios.

♦♦♦

— Você? — a voz de Hanabi soa em seu quarto provisório do castelo, ligeiramente surpresa.

Tenho certeza de que o quarto dela é muito maior e luxuoso do que o meu ou que das outras participantes. Bom, não que eu realmente me importe com isso.

— Bem, estou sem opções. — confesso para a irmã de Hinata, que sorri como a irmã.

É claro que o sorriso, vindo dela, sai um pouco bizarro, levando em considerações aos comentários nada agradáveis de sua irmã mais velha.

— Pois diga o seu motivo, então.

Ótimo, serei direta.

— Preciso de sair do castelo amanhã.

Ela sorri com o meu comentário, agora um sorriso mais malicioso.

— Precisa? Por quê? — o seu tom inocente faz com que eu me sinta raivosa.

Tento não demonstrar a falta de paciência para a enrolação, contudo.

— Por favor, pulemos a parte da conversa embusteada de que tu não sabes de nada sobre os rebeldes e o encontro de amanhã. — ela ri do meu comentário com gosto, e comparo a pequena garota com os vilões das poucas estória que minha avó havia me contado.

— Eu gostei de você. — ela assume depois de rir. — Diferente da minha irmã, tens um pulso forte, devo admitir.

Ela não diz mais nada depois disso, embora eu fique esperando alguma reação em relação ao meu pedido. O silêncio paira sobre o grande e luxuoso quarto de Hanabi e sinto a tensão tomar conta dos músculos de todo o meu corpo.

— Então? — indago, acabando com o silêncio.

— Digamos que eu saiba um pouco mais dos rebeldes do que a minha irmã, e tenha deixado a entender que seria muito perigoso ela ir. Por que eu te ajudaria?

Quando escuto Hanabi falando de Hinata, fico tão assustada que acabo esquecendo da sua pergunta final. Então era esse o motivo da Hyuuga mais velha estar com tanto medo?

— O que você fez com ela?!

Seu rosto fica levemente enfurecido, e ela suspira.

— O quê?! Estás insunuando que fiz algo com a minha irmã? — ela pergunta ofendida, e eu não a respondo. — Não sei que tipo de pessoa pensas que sou, mas jamais faria algo a ela. Hinata é meu sangue.

Somando sua indignação verbal e sensorial, percebo que apesar de Hanabi parecer ter ideais e personalidade diferente de Hinata, ela ainda se preocupava com a irmã. E isso é algo bom.

— Então assustou Hinata para protegê-la.

— Certamente. — ela concorda com a minha suposição suavizando sua expressão. — E agora voltemos ao que interessa: por que eu te ajudaria?

Isso era uma boa questão. Eu não tinha muitas ideias para convencê-la, verdade seja dita, só havia mesmo pensado em uma. Usaria todo o meu esforço para que desse certo.

— Porque mesmo que tenha algum tipo de contato em relação aos rebeldes, você não concorda com eles. — digo e ela continua a me olhar, sem expressão.

“Você tem os mesmos ideais que o seu pai e todos os Hyuugas. Não querem que tenha guerra contra o império de Orochimaru... Eu não sei bem o que significaria a guerra dele, Hinata explicou-me bem resumidamente em relação a isso.

Os rebeldes gostariam de um acordo com o Imperador para que eles vendam os minérios do distrito de Konan, e isso é inviável devido aos ideais macabros de Orochimaru... E é só isso que pude saber. Mas percebi no tom de voz de Hinata que seria algo ruim tanto para o país quanto para a sua família em geral, que tem certo controle em cinco países contra os ideais do Imperador Cobra. Se eu fosse com eles, na cidade da raiz da rebelião, talvez eu pudesse descobrir algo que ninguém sabe.”

Ela não diz nada de imediato, mas a surpresa em sua expressão é praticamente palpável. Torço para que isso seja um bom sinal.

— Tens uma mente brilhante. — ela assume ainda com o semblante estupefato.

É um pouco assustador alguém como ela me elogiar dessa forma, mas reprimo o meu medo.

— Pois bem. Irei ajudá-la, mas com duas condições.

— Quais? — pergunto ficando ansiosa.

Eu não faria nada contra os meus princípios, que isso fique bem claro. Tento deixar isso em meu olhar decidido, e ela parece captar, pois dá uma curta risada nasalada. Nada elegante, aliás.

— Primeira: pare de tentar procurar alguma brecha no caso Kurenai e Matsuri. — o meu olho arregala com o seu comentário.

Desde o dia em que as duas haviam ido embora, eu e uma relutante Hinata procuramos vários indícios de que era tudo uma mentira. As evidências e testemunhas eram todas inválidas, tinha certeza disso. E com o seu comentário só me dava mais certeza ainda.

— É claro que eu sabia. Hinata obviamente não disse nada, mas não sou burra. Enfim, não mexa em meus assuntos, a não ser que sejas envolvida.

— Eu não sei se posso prometer isso. — falo a verdade. — Não posso deixar com que faça nada de cruel com as candidatas, e nem a Sasuke-kun.

Ela não parece muito satisfeita com o que digo.

— Defina cruel.

Ela parece pensativa com o que acabo de fazer. Bem, tenho certeza de que as nossas opiniões sobre crueldade são divergentes.

— Violência verbal ou física, ameaças, coisas assim. — respondo com os braços cruzados.

Seu rosto me diz que ela esperava algo assim.

— Eu não vou fazer isso. — ela garante. — Mas tenho que dizer: o que fiz com Matsuri não foi uma ameaça, foi uma promessa. — realmente, ela não havia dado um aviso prévio.

Cruel da mesma forma. Talvez mais.

— Irei ficar quieta, a não ser que uma delas me ameacem. — volto a ficar tensa com a sua declaração, afinal, talvez eu pudesse ser a próxima. — Ah, eu não me sinto nem um pouco ameaçada por você. Não é necessário esse medo, por enquanto.

Não sei se posso ficar muito feliz com o seu comentário.

— Sem agressões e crueldades sem motivos. Posso lidar com isso. — digo de mal gosto, ignorando o seu último comentário. — E quanto a outra condição?

Mal pressentimento em relação a isso. O que, exatamente, ela iria me pedir? Nada muito cruel ou complicado, por favor. Não faria nada disso.

— Sobre isso... Você vai ficar me devendo uma.

Fico alerta com isso. Poderia ser algo futuro e bastante problemático.

— Eu não vou passar por cima dos meus ideais. — digo decidida.

Que ela fique sabendo disso, pois não voltaria com as minhas palavras ao fazer o acordo com a Hyuuga mais nova. Tenho palavra.

— Eu reparei. — ela suspira, incomodada. — Temos um combinado?

Hanabi estende uma de suas mãos em minha direção sorrindo.

— Sim. — assim que eu aperto a mão de Hanabi, sinto como se tivesse feito um pacto com o demônio.

Hinata ficaria horrorizada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Com o intuito de postar mais rápido e porque não estou com mais tempo, decidi postar sem revisar o capítulo. Perdoem os erros de concordância/gramática/digitação etc, se acharem alguma coisa estranha ou sem sentido, podem me avisar! Espero que tenham gostado. O que acharam da decisão da Sakura de pedir ajuda para a Hanabi?