A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 18
Dezoito


Notas iniciais do capítulo

E aí gente :3 Mais um capítulo. Pra variar, não deu tempo de postar no sábado, mas está aí. Espero que gostem *-*



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Haruno Sakura

Era Ascendente: Quatorze de outubro de 1523, Quarta-feira.

Os cochichos das garotas sobre Karin estavam oficialmente começando a me irritar. Tudo havia começado dois dias atrás, – o dia em que Sasuke-kun havia pensado que eu estava flertando com o guarda real – quando ouvimos soluços vindos do salão no qual todas nós compartilhávamos para arrumar nossas madeixas. Tratava-se da ruiva e de acordo com Kin, ela estava sendo apenas dramática. A questão é: uma pessoa ficaria no estado dela se fosse um simples drama?

Talvez ela tenha feito Sasuke-sama ficar irritado.” – algumas, ousadas apenas quando Sasuke-kun não estava perto para chamá-lo pelo nome, comentaram ao ver a garota no seu estado choroso.

Bom, e se estivesse ficado irritado mesmo? Era da conta delas para ficarem conversando animadas sobre o assunto? Tudo bem que todas são, de certa forma, concorrentes. Mas isso é realmente necessário?

Uhm, não sei. Parece ser mais algo pessoal, como uma briga. Ela sempre fica ainda pior quando Kin sorri. Vocês não veem?” – este, sem dúvidas, parecia ser o comentário mais inteligente de todas, vindo surpreendentemente de Ino.

Acho que ela apenas quer chamar a atenção de alguém.” – a maioria simplesmente achava isso.

Chamar atenção? Por que diabos alguém iria fingir algo como ficar deprimida, chorar e não comer junto com as outras pessoas, com o intuito de ficar só?!

— Chega! — finalmente digo quando não suporto mais a falaria sobre Karin. — Será que não dá para vocês simplesmente perguntarem para ela, em vez de ficarem cochichando como cobras no cio?

Todas olham para mim como se eu fosse algum tipo de louca. Algumas reviram os olhos, outras, após refletirem por alguns segundos, abaixam a cabeça. Ino, no entanto, começa a rir.

— Eu não sabia que cobras entravam no cio. — ela diz como se isso fosse o ponto da minha fala.

Quem em sã consciência citaria cobras no cio ao invés de colocar em foco uma fofoca desagradável? Ino, com certeza, tinha certos traços de loucura.

— Não era esse o meu ponto. — resmungo para a Yamanaka.

Ela olha para o além com uma expressão desgostosa, provavelmente pensando em algo desagradável.

— Eu sei, mas pensar em cobras transando foi traumatizante.

A sinceridade na voz de Ino faz com que eu segure o meu riso. O susto levado por algumas, no entanto, apenas conclui que a Yamanaka era uma pessoa, no mínimo, diferente.

— Ino! — exclama a voz esganiçada de Hinata, que a essas alturas já estava completamente avermelhada. — Isso lá é coisa de uma dama dizer?!

A garota crava seus olhos azuis como o céu em Hinata, analisando a minha amiga como se ela fosse algum tipo de joia rara. Segundos depois, seu rosto abre-se em um sorriso dúbio.

— Eu não sei como você foi criada, Hinata, mas eu só preciso ser polida perto de pessoas importantes.

Entendo o que ela quis dizer, ainda que a maioria não concordasse com a sua linha de pensamento. Temari bufa, irritada, e sai acompanhada de uma sorridente Kin e uma entediada Tenten. Provavelmente as três ficaram incomodadas com o comentário da loira, que parecia alheia a isso.

— Estás insinuando que não somos importantes?! — a voz de Tayuya soa como um trovão.

Tensão é o que predomina no local. Tayuya fica tão nervosa quase consigo ver fumaça saindo da sua cabeça. Outras como Matsuri e Kurenai, apenas crispam os lábios em um sinal de puro desagrado.

— Que eu saiba nem eu nem vocês têm dinheiro e poder o suficiente para controlar o país ou parte dele. Em outras palavras, sim.

Eu até concordo com Ino. Mas dizer isso em voz alta parece algo deveras rude, e pelas expressões das garotas presentes no salão agora – Hinata, Hanabi, Kurenai, Tayuya e Matsuri – elas concordam comigo.

— Na verdade, eu tenho esse poder. E a minha irmã também. — o sorriso cínico de Hanabi espanta algumas garotas.

Claro, todas sabem que é verdade. Os Hyuuga têm tanto poder quanto os Uchiha, – senão mais, talvez – mesmo não governando o país. Suas conquistas eram espalhadas entre diversos países, aliados a Konoha ou não.

— Mas não tenho interesse algum em você, ou em sua irmã. Que eu saiba, pretendo me casar apenas com Uchiha Sasuke. — sorte ou não, Hanabi não decide dizer mais nada em relação à fala de Ino.

Hinata parece ficar mais aliviada com tudo isso. Dá um suspiro inaudível, demonstrando a sua satisfação com a atitude da sua irmã, que não era algo muito usual. De acordo com a Hyuuga mais velha, a sua irmã sabia bem ser alguém diabólica, na maioria das vezes.

— Só eu que acho estranho vocês duas serem irmãs e serem selecionadas de dois distritos diferentes?! — Matsuri se pronuncia pela primeira vez no salão, enquanto penteia suas madeixas castanhas.

O sorriso sombrio de Hanabi chega até os seus olhos claros e não preciso olhar para Hinata; sei que ela está com medo do que sua irmã pode fazer. O clima tenso paira sobre o cômodo e sinto um fio estranho entrar em todo o meu corpo. O que a irmã de Hinata faria.

— Continue dizendo asneiras, minha querida, e verás como o arrependimento é amargo. — o mais assustador de tudo, era que a voz da Hyuuga mais nova saíra tão doce quanto a de Hinata.

♦♦♦

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— Alguma coisa ela vai fazer. — Hinata repete isso pela terceira vez, logo depois que saímos do salão.

Ela parece muito nervosa com o que poderia acontecer a Matsuri, ainda que as duas não fossem muito amigas. Deveria eu, então, ficar nervosa também?

— Então vamos fazer alguma coisa também. — ainda que no fundo, eu ache que Hinata está se preocupando demais, tento ajudar.

Seus olhos, pelo contrário do que eu imaginava, arregalam-se para mim e ela nega com um movimento de cabeça feroz. Por que será que ela teme tanto a irmã?

— Não, não! — seus olhos continuam com um quê de susto. — Isso sobraria para você, Sakura-san.

Fico feliz de certa forma. Ao menos Hinata não havia dito algo como “ isso sobraria para nós duas”. No fundo, as duas deveriam gostar uma da outra.

— Hinata, por que você tem tanto medo da sua irmã? Quer dizer, você é a mais velha, não era para ser o inverso?

Ela suspira e depois olha para o alto, como se estivesse lembrando de algo doloroso. Seria alguma lembrança dela e de sua irmã mais nova?

— Hanabi nunca foi como eu. Ela é astuta, sabe como lidar com tudo e o principal: aceita tarefas gananciosas que nosso pai lhe dá. Uma perfeita Hyuuga, na visão de Otou-san.

Isso provavelmente significava que Hanabi iria tirar Matsuri de jogo, certo? Não que eu tenha algum tipo de afeição a garota, que nunca se deu o trabalho de sequer dar um mero “olá” para mim...

Ainda sim parecia meio injusto.

No fim das contas, decido não responder nada para Hinata, para que ela esqueça um pouco esse assunto. Ela precisa relaxar por alguns minutos, ou surtaria.

— Daqui a alguns minutos irei ter aula com o Naruto. Por que não vem comigo?

A expressão de Hinata é impagável.

♦♦♦

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A Hyuuga decidiu não ir comigo, o que, de certa forma, fora melhor. Hoje não fora o professor de literatura do Uzumaki que havia dado aula para mim e sim Sasuke-kun em pessoa. Durante o tempo em que ele me ensinava, – ainda que estivesse sendo um bom professor – parecia-me um tanto aéreo, o que me deixa um tanto curiosa.

— Sasuke-kun. — assim que termina de me explicar tudo o que tinha para hoje, decido chamá-lo.

Ele olha para mim interrogativo, esperando que eu continue a dizer. Nos poucos segundos que o observo pensativo, após a aula, percebo finalmente o motivo de tanta reflexão. Só podia ser o que Konan havia falado: o encontro.

— Konan disse alguma coisa? — pergunto, ainda que receosa em receber algum sermão por ser petulante.

Graças aos deuses, Sasuke-kun não demonstrou nenhum resquício de raiva ou sentimento negativo para mim em relação a minha pergunta. Talvez agora ele confiasse mais em mim, ou apenas não se importaria de falar desse assunto com quem havia visto a cena.

— Não. — ele não demora a responder, com uma expressão mista entre cansaço e frustração. — Ela não disse nada.

Fico bastante incomodada com o estado em que vejo Sasuke-kun. Ele realmente parece não estar muito bem com isso, provavelmente preocupado com a segurança de Konoha. Algo dentro de mim deseja o abraçar e dizer que tudo vai ficar bem, mas não posso assegurá-lo de algo que eu não sei.

— Entendo.

Ele não me responde. Continua olhando para a frente, sem nenhum foco em especial, pensando em coisas nas quais eu queria muito saber do que se trata. No entanto, não pergunto nada disso. Torço a barra do meu vestido esverdeado, incomodada com o silêncio, e decido perguntá-lo o que eu queria saber há alguns dias.

— Sasuke-kun. — assim que o chamo, os seus olhos focam-se em meu rosto, embora sua expressão continue distante.

Oh céus, espero que ele não fique com raiva do que eu vá perguntar! Ele espera pacientemente pela minha pergunta. Será que ele sabe o que vou perguntar? Provavelmente não.

— Sobre o que a Konan disse aquele dia… Você… Não vai. Certo? — a minha pergunta sai um pouco hesitante pelo fato de que eu estava tanto preocupada quanto indecisa, afinal, os problemas de Sasuke-kun em relação aos rebeldes não era mesmo da minha conta, assim como Konan havia me dito naquele dia.

Uma das sobrancelhas dele arqueia provavelmente surpreso com a minha pergunta. Seu rosto agora se vira em minha direção e, além de surpreso, Sasuke-kun tem um quê de frustração na sua expressão.

— Vossa Alteza! — três guardas, bastante ofegantes, o chamam com semblantes sobressaltados.

Vejo que um deles é Sasori. Ele não aparenta estar muito sem graça por ficar na presença de nós dois. Os outros dois estão completamente eretos e sérios, olhando para Sasuke-kun, a espera de uma resposta.

— Pois não? — Sasuke-kun muda a sua postura imediatamente para a de um bom soberano, analisando com cuidado seus três súditos.

O guarda do meio parece ficar meio sem jeito ao falar perto de mim, o que é completamente compreensível, já que não uma mera civil. Olho para eles e dou um sorriso gentil. De certo seria muito melhor para eles caso eu me retirasse por algum momento.

— Eu já vou indo. — falo para Sasuke-kun e ele assente com um acenar de cabeça.

— Isso não é necessário, senhorita. — Sasori se pronuncia. — Acho que você vai saber mesmo o que vai acontecer de uma forma ou de outra…

O cenho franzido de Sasuke-kun é visível para qualquer um, embora não saiba se é de raiva por Sasori ter falado comigo ou se é porque ele está impaciente pelo que poderia ter acontecido.

— Então diga. — o tom rude e rouco do futuro rei de Konoha soa pelo corredor e os guardas acabam assustando-se.

Os outros dois guardas parecem bastante alheios em relação ao modo como Sasuke-kun falou com Sasori, o que não é estranho.

— Não sabemos os detalhes concretos. — Akasuna no Sasori olha para Sasuke-kun, agora com uma postura mais profissional.

O rosto de Sasori vira-se para o guarda do meio, que provavelmente era o que mais sabia sobre o assunto. Ele assente para o ruivo e vira-se para Vossa Alteza após fazer uma curta continência.

— Mas houve uma briga entre duas concorrentes. Alguns guardas já as separaram, mas ambas ficaram levemente machucadas.

No final das contas, não espero mais nenhum detalhe dado pelos guardas – não precisaria de qualquer forma, já que isso era assunto do Sasuke-kun – e vou praticamente correndo em direção ao salão das candidatas. Quase esbarro em alguns guardas no meio do caminho, mas não dou muita importância a esse fato. Eu precisava muito saber o que realmente havia acontecido, e se foram mesmo apenas duas garotas envolvidas. De uma forma ou de outra, sabia muito bem que isso tinha a ver com Hanabi e Matsuri. Mas será mesmo que a Hyuuga poderia ter se envolvido em uma briga? Não era algo típico de alguém da elite, por assim dizer. Provavelmente outra pessoa teria feito o trabalho sujo para ela. Mas quem?


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Notas finais do capítulo

Quem será as duas que brigaram? Acho que ficou claro que uma delas é a Matsuri... Ou não? Hehehe. Postem a suas opiniões sobre. Caso alguém acertar dou spoiler sobre qualquer coisa dessa história. Kisses ;3