A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 16
Dezesseis


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap! Boa leitura.



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Haruno Sakura

Era Ascendente: doze de outubro de 1523, Segunda-feira.

 

Fora extremamente difícil dormir à noite. Depois de ficar horas e horas ao lado de Sasuke-kun a procura de Konan meu cérebro havia ficado a mil. Principalmente quando ela havia dito para que ele encontre com não sei quem no distrito dois, sem escolta. O que Sasuke-kun faria? Não houve tempo algum para que eu perguntasse qualquer coisa, já que assim que Konan terminou de falar, vários guardas revelaram o seu lugar e cercaram-na com armas em suas mãos. O mais estranho fora o seu sorriso, como se nada daquilo fizesse diferença alguma em sua vida. Logo após de levarem-na embora para provavelmente os calabouços do castelo, Naruto aparece com o rosto esbranquiçado e diz que seu pai havia contado ao rei o acontecimento. Pela primeira vez vi resquícios de medo no rosto de Sasuke-kun, apenas por alguns segundos, no entanto. Logo ele havia ido embora sem Naruto, e o loiro riu para mim, comentando sobre como Sasuke-kun levaria um sermão de horas por ter deixado o rei fora do assunto.

Batidas no meu  quarto desvencilham-me dos devaneios sobre ontem e levanto de forma preguiçosa, quase arrastada, até a porta.

— Sakura-san? — a voz hesitante de Hinata soa no momento em que abro a porta.

Dou espaço a Hinata para que entre no quarto e ela continua a me observar com resquícios de preocupação em seu rosto, que normalmente é sereno. Sento-me na cama, esperando que ela comece a falar, mas continua a olhar-me sem jeito. Decido por fim perguntar o que estava acontecendo para que ela alivie a sua tensão.

— Hinata. Aconteceu alguma coisa? — franzo o cenho meio confuso e preocupada com a sua reação.

Talvez ela soubesse o que havia acontecido com Konan, que agora com toda a certeza está aprisionada em algum lugar do castelo? Os guardas escutaram o recado da garota para Sasuke-kun, de ir ao distrito dois? E ele iria, ou não, afinal?

— Sakura-san, você parece... Péssima. — ela finaliza o seu comentário olhando para mim preocupada.

Péssima, eu? Bom, provavelmente ela deveria estar referindo ao excesso de olheira no meu rosto, o que não é costumeiro. Realmente eu não tinha dormido muito, preocupada com Sasuke-kun, já que ele não havia dito o que faria no caso da Konan e sinceramente nem sei se eu ousaria perguntar, já que ela mesma, de uma forma grosseira, havia dito-me que não era da minha conta.

— Só não consegui dormir muito à noite, estou bem. — asseguro para Hinata, que continua a olhar nos meus olhos, ainda parecendo ligeiramente desconfiada de algo.

— Fico feliz por ti, então. — ela sorri de forma dócil e assinto com um balançar de cabeça.

— Mas você não veio exatamente para ver se eu havia dormido muito. — afirmo para a Hyuuga, que dá um sorriso um tanto sem graça.

Pela expressão que a morena faz com o seu rosto, não seria um assunto que ela realmente quisesse falar, o que deixa-me um tanto curiosa. Não pressiono Hinata a falar,  no entanto. Sei bem que ela é uma garota extremamente tímida, e isso poderia afetar o diálogo drasticamente.

— Bem... — ela inicia e logo começa a ficar tão vermelha quanto um tomate.

O que será que ela gostaria de contar para mim? Há algo na sua expressão familiar, no entanto não consigo lembrar-me o que me faz pensar assim.

— Hinata? — tento mostrá-la que está tudo bem, seja lá o que ela for contar.

— E-eu... Eu queria pedir desculpas pelo meu comportamento ontem! — sua voz vai ficando cada vez mais alta, mas suspeito que ela nem ao menos tenha notado esse fato.

Comportamento, ela queria dizer sobre... Oh, sim. Sobre quando Naruto havia feito com que ela ficasse completamente gaga. Um sorriso divertido aparece no meu rosto e não consigo contê-lo. Coitada... Será que ela já percebeu o motivo da sua vergonha extrema perto dele?

— Está tudo bem. Não precisa agir como se fosse algo realmente incômodo, porque não foi. Aliás, você não deveria estar pedindo desculpas para mim, e sim para o Sasuke-kun, mas tenho certeza de que ele não se importou com isso.

Hinata não parece ter dado muita atenção ao que eu havia dito a ela, pois a Hyuuga ainda não conseguia me olhar nos olhos e continua vermelha de um jeito que apenas ela conseguiria.

— Cla-claro que precisa! — ela exclama exasperada, e fico em duvida sobre o que fazer.

Devo dizer alguma coisa para ela agora? Ou, então, apenas manter-me calada até que ela conclua o seu pensamento? Droga! Acabo ficando frustrada comigo, já que como não tive amigos, tirando o Itachi, é claro, não sei realmente como agir em situações como essa.

— Eu deixei a Sakura-san explicar tudo para ele! Não foi justo com você... Ainda mais quando quem tinha melhor conhecimento do assunto era eu.

Fico encantada com a sua preocupação genuína para comigo, no entanto, nesse momento essa preocupação absolutamente não era necessária. Decido então pensar em fazer com que ela entenda que eu não estou com raiva nem nada do tipo.

— Hinata, já disse que está tudo bem, sério. — sorrio para a Hyuuga, que apenas agora parece relaxar ligeiramente.

Bom, parece que a tática do sorriso fora um sucesso. Será que isso valeria apenas para ela, ou para outras pessoas também?

— Isso, é sério? Você não vai me punir? — ela parece surpresa com a minha reação, e eu com a dela.

Quando escuto o que ela disse sinto uma compaixão maior crescer por minha amiga. Parece que ela havia passado por maus bocados em sua casa, provavelmente assim como eu, com seus pais. Sabe se lá o que as famílias mais clássicas do país passavam para os seus filhos... Definitivamente eu não gostaria de saber o que era a tal "punição". O que seria isso, afinal? Uma sura de vara como meus pais davam-me quando era pequena? Não, isso parece banal para pessoas da classe suprema. Mas certamente coisa boa não seria.

— Claro que não! Por que eu faria isso? Deu para perceber que o Naruto deixa você absolutamente... Hinata? — paro de falar ao perceber que ela havia ficado ainda mais vermelha.

Fora o seu tom de pele avermelhado, a Hyuuga também havia praticamente corrido em direção a porta. Mas por que disso?

— Eu... Preciso ir! — tão rápida quanto chegou, Hinata se foi.

Mas o que diabos foi isso?!

♦♦♦

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Sasuke-kun não me deu aula hoje. Não sei bem o que isso significa, mas ao menos ele pediu ao professor de literatura para me ajudar, e Naruto acabou aparecendo também, já que ele disse que têm aulas com esse mesmo professor. Foi bem mais difícil entender o que o Kakuzu-san dizia, ainda mais porque ele tinha que ensinar tanto a mim quanto a Naruto coisas distintas. E ele não tinha paciência com as brincadeiras do Uzumaki.

— Naruto — o chamo assim que saímos juntos da sala do professor Kakuzu. — Sabes o porquê do Sasuke-kun não ter aparecido hoje? — o meu tom de voz sai ligeiramente curioso e apreensivo.

O Uzumaki dá um sorriso maldoso direcionado a ninguém em particular – provavelmente pensando em alguma coisa estranha sobre o Sasuke-kun – e começa a rir sozinho. Ergo uma de minhas sobrancelhas e espero pacientemente ele terminar de rir para contar-me o que houve, afinal.

— Sakura-chan, você se lembra do que aconteceu ontem, certo? Bom, o Teme não contou para o seu pai o que estava acontecendo, apesar de ele ser o rei. É claro que Fugaku-sama descobriu... — e ele volta a rir.

O que será que havia acontecido com Sasuke-kun? O rei, mesmo adoentado, com toda a certeza ainda teria aquela aura de imponência... O rei Fugaku não parecia ser também uma pessoa muito paciente ou misericordiosa com todos os tipos de erros,  ainda mais algo que o fizesse ser feito de tolo.

— E então? Vossa Majestade deixou Sasuke-kun de castigo?

Não entendi bem a reação do loiro, porque ele deu um grito parecido com um silvo e depois literalmente caiu no chão rindo descontroladamente, como se eu tivesse dito algo muito engraçado.

— Castigo... — ele disse no meio das suas risadas. — Oh, céus, por que eu não havia pensado em dizer isso para ele antes? Isso vai render-me muita gozação...

Gozação?! O que Naruto pretende fazer? E o que isso tem a ver com castigo?! Sasuke-kun estar ou não estar de castigo não me parece algo engraçado, de forma alguma. Castigo é algo doloroso, pelo menos os meus, na época da minha infância, era.

— Não estou entendendo a graça... — comento ainda sentindo-me estranha com a crise de risos do loiro.

Mas Naruto decide ignorar tudo o que eu disse após a palavra castigo.

— SAKURA-CHAN! — assusto com a altura de sua voz, que sai como se ele estivesse berrando; e provavelmente estava. — Se você não fosse uma das candidatas do Sasuke eu casava contigo, é sério. Tu és brilhante!

Dito isso ele vai embora, ainda rindo. Não entendo muito bem o motivo da graça ainda, mas espero que Sasuke-kun não fique com raiva de mim por causa disso...

E, é claro, graças a Deus que Hinata não escutou o comentário de Naruto, mesmo que fosse uma brincadeira. Certamente a magoaria.

♦♦♦


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— Perdão! — digo após esbarrar acidentalmente em um dos guardas.

Ele se vira mim, e retira o peculiar capacete no qual estava usando. Para a minha surpresa, trata-se de Sasori, o guarda no qual havia procurado a irmã de Naruto dias atrás.

— Eu que peço desculpas, senhorita. — ele faz uma reverência meio robótica por causa de suas roupas, mas isso não me impede de ficar corada com o ato.

Por que diabos ele faria uma reverência para mim? Tantas pessoas mais importantes, tantas pessoas mais inteligentes e mais interessantes... Vai entender... Talvez isso fosse apenas para deixar-me desconcertada? Bem, mas por que ele faria isso? Não faz sentido algum.

— Bem... A culpa foi minha. — dou um sorriso ainda meio sem graça com o seu respeito à minha pessoa, que é uma reles camponesa.

Sasori dá uma pequena risada e fico encantada com a tranquilidade exalada dele, que é um guarda. Sempre havia pensado que pessoas como ele fossem sempre sérias e tensas.

— Não precisa ficar com essa faceta envergonhada, eu quem deveria estar assim, diante de uma jovem tão bela como ti.

Acho que fora a primeira vez que alguém fora galanteador comigo, e isso me deixa ainda mais vermelha e nervosa. Sasori novamente acha graça do meu espanto e pega uma de minhas mãos, depositando um simples beijo.

— Sakura... Não é esse o teu nome? Combina muito contigo.

Não o respondo, ainda espantada com as suas ações. Como ele poderia ser tão encantador logo comigo, que não tinha nada de especial, exceto talvez pelo excêntrico cabelo rosado?

Sasori pega novamente uma das minhas mãos e parece esperar por alguma reação verbal minha, que não havia vindo ainda.

— Uhm... O-obrigada? — falo para o guarda que continua a me olhar com um sorriso arrebatador.

Antes que Sasori responda a minha resposta um tanto tosca, escuto alguém pigarrear e sinto as minhas mãos serem soltas pelo guarda com brusquidão. Olho para trás e vejo Sasuke-kun nos observando com uma expressão não muito boa.

— Akasuna. — ele diz com a sua voz rouca e ainda mais rude do que o usual. — Espero que não esteja matando serviço. Tenho certeza de que Haruno Sakura não tem nada a ver com a sua patrulha.

Sasori faz uma reverência ainda mais travada em relação a que ele havia feito para mim e babulcia um “perdão, Vossa Alteza” entredentes, antes de sair com uma expressão assustada e um tanto contrariada. Não sei ao certo o motivo, mas tenho medo de encarar os olhos negros de Sasuke-kun agora, devido ao seu humor estar péssimo.

— Cuidado, Sakura. — ele adverte, mas o seu tom sai bastante irônico. — Caso alguém lhe veja flertando com alguém como ele, terei que deixá-la de castigo. — algo extremamente irônico e intenso no seu tom de voz, principalmente na palavra “castigo”, faz-me lembrar imediatamente de Naruto.

Oh, droga, Naruto contou para ele o que eu havia dito. E ele está furioso.


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Notas finais do capítulo

Taí a pergunta que não se cala: Sasuke está com ciúmes ou apenas raiva de ela ter dito que ele estava de castigo para o Naruto? Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar.