A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 12
Doze


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me por não ter postado ontem. Eu realmente esqueci de terminar de escrever, sério. Faltavam poucas frases e o sono não estava me deixando pensar direito. Enfim, espero que gostem.



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Haruno Sakura

Era Ascendente: Nove de Outubro de 1523, Sexta-feira

— ... E hoje eu aprendi um pouco mais do que o primeiro dia. — um sorriso escapa de meus lábios demonstrando a minha felicidade e animação. — Agora estou aprendendo a escrever as letras e em breve começarei a formar sílabas! — exclamo para Hinata, que ouve com atenção todas as pelavras que dirijo a ela.

Tenho que admitir... Jamais pensaria que fosse achar uma garota tão simpática e confiável como a Hyuuga. Mesmo sendo um poço de timidez, a garota dos olhos perolados sabe como manter uma boa conversa – ou seja, algo que não envolva assuntos superficiais como espartilhos ou algo parecido – além de mostrar-se uma mulher com grande sabedoria em diversos campos distintos.

Hinata me observa atentamente com um belo sorriso, digno de uma rainha, estampado em seu rosto. Ela parece realmente feliz com o meu aprendizado e isso deixa-me cada vez mais agradecida por ter a oportunidade de conhecer alguém que realmente se importa comigo.

— Isso é muito bom, Sakura-san.

Tenho que concordar com Hinata. É realmente algo incrível aprender a ler, ainda mais quando se é o seu sonho desde criança. Em breve irei começar a ler diversos livros, como faço em meus sonhos e devaneios!

— Sim! Acho que eu nunca estive tão feliz na minha vida! — minha empolgação é quase palpável.

Hinata parece querer dizer algo sobre o meu comentário animado, mas algo a interrompe. Franzo o cenho quando escuto muxoxos sendo dados e procuro o dono do som. Acabo por encontrar uma garotinha de aproximadamente cinco anos de idade, usando um vestido de diferentes tons alaranjados. Ela parece um pouco cansada, pois ofega enquanto retira goticulas de suor por entre a testa e a franja das suas madeixas loiras.

— Eu não entendo a graça em que você vê em aprender a ler! É tão chato... — a criança cruza os braços enquanto encara-me com um olhar intrigado.

O que dizer a uma garotinha de cinco anos na qual você nem conhece? Ela parece um pouco irritadiça – embora tenha quase certeza de que não seja culpa minha ou de Hinata – e ansiosa por alguma resposta plausível. Não tenho nenhuma, no entanto.

— Hã... Quem é você? — é a única coisa na qual consigo balbuciar.

Por incrível que pareça, a garotinha fica bastante satisfeita com a minha pergunta. Eu e Hinata erguemos a sobrancelha, leventemente intrigadas pela ação da criança, enquanto ela dá um sorriso mostrando os seus dentes de leite.

— Meu nome é Naruko! — sua voz sai em um tom confiante e orgulhoso. — E eu sou filha de um dos conselheiros do rei. — embora parecesse bastante satisfeita com o título de sua família, algo no que ela mesma fala a desagrada, e o seu sorriso desaparece.

— É um enorme prazer em conhecê-la, Naruko-san. — Hinata dá uma pequena reverência em direção a menina loira, parecendo alheia ao fato da pequena estar irritadiça.

Por mais que Naruko estivesse nervosa com algo, seria uma enorme falta de compostura não a cumprimentar, já que é filha de alguém tão importante como um conselheiro. Imagino que ela não esteja mentindo sobre isso, já que mora no castelo da família real e utiliza roupas elegantes, por mais que os tons alaranjados ainda sejam peculiares.

— Prazer, Naruko. — faço, assim como Hinata, uma reverência para a garotinha, que volta a sorrir.

— Qual é o nome de vocês duas? — ela pergunta realmente interessada, o que me deixa um pouco surpresa.

Sempre acreditei que as pessoas mais importantes do país eram mais sofisticadas em questão de conversa – o que não parecia ser o caso de Naruko – e fossem também mais esnobes, por terem uma condição financeira muito melhor do que a maioria da população do país.

— Eu me chamo Hinata e esta é a Sakura. — a morena se prontifica a responder a garota enquanto permaneço levemente surpresa com a atitude da garotinha.

— Que legal! Espero que possamos ser amigas. — ela diz e apenas agora observo que a garota está manchada com tinta negra nas duas bochechas.

O que diabos era aquilo? Três linhas em cada lado do rosto, como se Naruko fosse algum tipo de felino. A menina não parecia notar ou se importar com a sujeira de seu rosto, no entanto.

— Mas é claro! — Hinata dá um de seus belos e contagiantes sorrisos para a garotinha.

A menina bate palmas para nós duas e olho de esguelha para a Hyuuga, que também não entende o motivo disso. Não falamos nada em relação a isso, contudo.

— Aí podemos brincar de esconder com os guardas. — ela fica realmente animada e a qualquer momento a imagino pulando feito uma criança travessa, visto o seu sorriso com um misto de inocência e travessura.

— Como é? — indago surpresa com o tipo de brincadeira que ela sugeriu.

Não sei bem o que me deixa mais surpresa: o fato dela não sugerir uma brincadeira como brincar de bonecas e chá ou a semelhança que vejo em suas atitudes. Eu era exatamente assim quando criança. Podia não brincar com os guardas – até porque não tinha quase nenhum em meu distrito e eles provavelmente dariam-me uma bela surra – mas meu tipo de brincadeira sempre fora algo relacionado a uma boa adrenalina.

— Alí está ela! — escuto a voz grave de algum guarda e ele logo se aproxima de nós três.

— Oh! Droga. — os olhos azulados como o céu arregalam-se ao ver a proximidade dos homens. — Até mais Hinata, Sakura! — acena para nós duas e antes de sequer piscar meus olhos, a menina corre como um furacão.

— ... Que menina estranha. — comento para Hinata, que parece estar se divertindo com a situação.

Estranha talvez pelo fato de ser extremamente parecida comigo quando eu era criança, exceto pelo fato de vir de uma família muito rica, diferente do meu caso. A Hyuuga fita-me ainda sorriso e dá de ombros.

— Eu a achei adorável. — confessa para mim e ergo a sobrencelha.

Adorável seria uma pessoa mais calma, não é mesmo? De acordo com os meus pais, isso seria a definição de alguém assim. No entanto, não parecia ser esse o caso de Hinata. E bem no fundo, eu concordo com a morena.

— Tens um gosto bem peculiar, Hinata. — dou uma risada fraca após fazer o meu comentário.

As bochechas da herdeira dos Hyuuga começa a ficar avermelhadas, e seguro a minha vontade de rir. Sei bem que ela é uma pessoa deveras tímida em algumas situações – assim como eu, mas de forma mais amena no meu caso – o que é engraçado, já que ela vem de uma família muito conhecida e prestigiada.

— Não sei o que responder.

Não respondo ao seu comentário, até porque eu também não tenho nada a dizer no momento. Hinata não se incomoda com isso, muito pelo contrário, a garota parece até aliviada, já que assim lhe dá tempo para recompor-se e voltar a sua cor original. Observo a garota relaxar até o momento em que ela franze o cenho, pensativa.

— Não acha que deveríamos ter ido atrás dela? — pergunta para mim, preocupada. — Os guardas parecem estar tendo problemas.

De fato, eles parecem com grandes problemas em encontrar com a pequena Naruko. Depois que ela tratou de correr, os guardas pareciam desnorteados e procuravam se rumo nenhum.

— Tenho a impressão que se fóssemos atrás da menina, ela iria aprontar com a gente, assim como está fazendo com os guardas. — confesso para Hinata, porque isso seria algo que eu faria, em minha época de criança.

— Não acho que seria assim. — ela discorda e ergo a sobrancelha — Ela pareceu gostar de nós, não achas?

Sim, Hinata tinha um ponto. Ela pareceu ser amigável com nós duas, diferente dos pobres guardas, então talvez ela pudesse ser convencida de voltar aos seus aposentos, finalizando a brincadeira do dia.

— Bem... É uma possibilidade. — digo para Hinata.

— Estou tentada a ir atrás de Naruko. — ela vira-se em direção às portas que levam até o jardim. — Vejo-te mais tarde, Sakura-san.

E após dar um breve aceno em minha direção, a Hyuuga praticamente corre – mas de um modo elegante – em direção às portas que levam ao jardim.

— Tudo bem. Boa sorte! — digo em um tom mais alto para que ela possa ouvir, mesmo que um pouco longe.

Assim que Hinata ultrapassa as portas, penso no que poderia fazer nesse momento. Eu poderia rever as letras do alfabeto que Sasuke-kun havia escrito para mim, no entanto eu já as decorei e isso seria sem sentido. Talvez um passeio na parte externa do castelo?

Assim abro uma das portas e vou até o jardim oposto ao que Hinata havia ido, encontro uma voz feminina e um pouco familiar.

— Vossa Alteza, eu não acredito que irei dizer isso a ti, mas estou com saudades daquele idiota! — escuto a voz dizendo em um tom risonho e encontro o local na qual a garota está.

Ela tem cabelos avermelhados e parece bastente satisfeita por estar na companhia de Sasuke-kun. O nome dela... Qual era mesmo? Karina? Não consigo me lembrar.

— Hn. — por mais que a Alteza tenha sido monossílaba com a garota, ele não parecia entediado ou incomodado com a sua presença.

De fato, parecia estar até apreciando a companhia, na medida do possível, o que é um pouco estranho. Sasuke-kun sempre me pareceu muito sem jeito perto de mulheres, diferente de agora. Quem sabe não tinha visto algo em comum com ela?

— Embora ele nos irrite direto, não achas que a companhia de Naruto seja algo divertido? — o tom de voz da menina sai novamente divertido, e suspeito que ela esteja segurando para não cair na risada.

Naruto... Esse nome é muito parecido com Naruko. Seriam os dois parentes? Talvez. Bem, não que isso fosse da minha conta. Na verdade, eu nem deveria estar ouvindo essa conversa...

— Prefiro não responder. — o cenho de Sasuke-kun está franzido, mas os seus lábios estão levemente repuxados para o lado, mostrando um pequeno sorriso.

Como ela havia feito isso? A Alteza é uma pessoa que com toda a certeza não consegue sorrir com muita facilidade. Eu já tinha o feito sorrir? Bem, eu não me lembro de ter acontecido isso. Coisa na qual supostamente eu deveria mudar, já que tinha prometido a mim mesma que o ajudaria no que fosse.

— Bom, isso diz muita coisa! — a garota disse por fim para o Uchiha.

Os dois continuaram a conversar tranquilamente e senti-me uma intrusa por estar observando uma conversa sem ser chamada. Eles não haviam me visto e tampouco desejo que vejam-me bisbilhotando a conversa – talvez Sasuke-kun ficasse irritado comigo? – então dou meia volta e entro para o castelo, sentindo-me cada vez mais culpada por ter presenciado o diálogo dos dois, mesmo que não tivesse acontecido algo de extraordinário.

— Com licença... Por acaso a senhorita avistou uma garotinha passando por aqui? — um dos guardas me pergunta com um semblante cansado.

Oh, então eles ainda não acharam a menina? Não estou muito surpresa, a criança havia sido bastante rápida na hora de fugir e também não deve ter sido a primeira vez que fez esse tipo de coisa.

— Cabelos claros como o sol e olhos azulados? — pergunto segurando o sorriso divertido.

O guarda pareceu animar-se com a minha pergunta e sorriu, logo após de retirar uma parte dos seus cabelos extremamente vermelhos de sua testa suada. Seus olhos cor de mel fixaram-se em mim, deixando-me um tanto desconcertada.

— Precisamente. Ela é a filha de um dos conselheiros, mas não age como tal. — pareceu um pouco envergonhado ou preocupado com o prórpio comentário sobre Naruko. — Preciso encontrá-la... Desculpe-me encomodar, bela dama, mas caso tenha a visto, pode me informar em que direção ela partiu?

Olho para cima, lembrando-me em qual porta exatamente Naruko tinha ido. Fora uma porta que levava para o jardim, mas qual deles? Haviam três.

— Eu não tenho muita certeza sobre isso. — confesso para o guarda. — Ela conversou há pouco comigo, no entanto, assim que apareceram os guardas ela correu... Creio que tenha ido em direção àquele jardim. — indico a porta por onde lembro Hinata ter seguido a pequenina.

E por falar nela... Estaria ainda procurando Naruko? Hinata é o tipo de pessoa esforçada, então creio que sim, ela ainda está a procura da garota. Talvez eu devesse ajudá-la.

— Agradeço-lhe imensamente.

Tomo um pequeno susto, porque já havia esquecido que estava na companhia de outra pessoa. Como posso desviar a minha atenção a outra coisa de uma forma tão rápida?

— Oh. Não há de quê... — respondo um pouco distraída com meus pensamentos.

— Até mais ver, senhorita.

Após despedir-se, o guarda vai na direção da porta na qual eu havia apontado. Bom, pretendo procurar Hinata também, então por que não ir com ele?

— Uhm, espere. Acho que irei ajudá-lo a procurar. — falo, imaginando a Hyuuga procurando a criança em vários lugares diferentes, sem sucesso.

O guarda observa o meu rosto com interesse, parecendo ponderar alguma dúvida mentalmente. Talvez pensasse que eu não seja uma boa ajuda?

— Tens certeza? Ela sabe ser criativa nos esconderijos. — confessa para mim, abrindo um sorriso mesclado de irritação e divertimento.

— Não há problema. Eu já conheci pessoas assim. — conto a ele.

Na verdade, eu não havia conhecido alguém assim. Eu havia sido. Mas isso ele não necessitaria saber, de forma alguma.

— Se você diz... — dá de ombros, abrindo um sorriso gentil. — Conto com a sua ajuda.

Não demoramos a entrar no jardim onde Naruko havia se escondido. Estaria ela ainda por aqui? Provavelmente, ou os guardas teriam visto ela entrando no hall do castelo.

Após alguns minutos procurando, acabo perdendo-me do guarda no qual descobrir chamar Akasuna Sasori – um nome deveras peculiar, na minha opinião – mas em contrapartida avisto uma Hinata ofegante, olhando fixamente para uma árvore com um certo interesse.

— Hinata... — murmuro para a Hyuuga, e ela olha para mim abrindo um belo sorriso.

— Sakura, por aqui! — ela me chama mais animada.

Provavelmente havia achado a criança, graças a Deus. Não que eu não quisesse procurá-la ou algo assim, mas Naruko poderia acabar se machucando no meio de tanta árvore, assim como eu havia feito em minha infância. Cair de cima de uma planta alta dói muito.

— Naruko? — ouço uma voz masculina chamando incerto pelo lugar.

Reconheço aquela voz. Era a voz do rapaz que Sasuke havia conversado antes de termos a primeira aula de leitura.

Assim que chego até Hinata, olho para a árvore na qual ela estava tão fixada. Naruko estava lá, encolhida com uma expressão nada boa.

— Por favor, não falem a minha localização para aquele homem! — ela aponta na direção onde ouvi a sua voz ser chamada.

— Naruko?! — o homem chama agora mais alto, perdendo a paciência.

— Ele parece preocupado, Naruko-san... — sussurra Hinata, devidamente preocupada tanto com a garota quanto com o rapaz que parecia procurá-la.

Ela cruza os braços e bufa com o comentário da Hyuuga.

— É uma farsa. — responde com uma voz sombria. — Irmãos são malígnos!

Azar o dela, porque quando começara a falar sobre irmãos, a sua voz aumentou um tom considerável, chamando a atenção do rapaz. Ele nos olha com curiosidade e depois seu rosto fica pálido. Resmunga algo como “o teme vai me matar por isso” e depois olha para a árvore na qual a criança está escondida.

— Ah, aí está você, sua peste! — ele aponta acusadoramente para a menina. — A nossa mãe está quase enlouquecendo a sua procura! — exclama irritado e depois resmunga mais alguma coisa que não escuto. — Deuses, nem mesmo eu era tão engenhoso em achar esconderijos. — acaba confessando – e sinto uma pontada de orgulho na sua afirmação – para a sua irmã.

Ela dá uma risada debochada logo após de descer da árvore num pulo. Por sorte, a sua roupa não estava tão suja e nem tão rasgada.

— Isso porque você é burro, Naruto-nii-san. — então era esse o tal Naruto, na qual a garota estava comentando para Sasuke?

— Como é?! — o loiro grita irritado com o comentário de sua aparente irmã, fazendo-me tampar os ouvidos.

Tenho a impressão de que nesse momento irá acontecer uma pequena discursão entre família.


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Notas finais do capítulo

Dessa vez não teve interação entre o casal principal, mas não se preocupem: isso será uma coisa não muito usual de acontecer, eu acredito. Espero que tenham gostado e contem-me o que acharam nos comentários! Beijos.