Impasse escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar esse capítulo quero deixar um enorme Obrigada para a linda da Luh Melark, que fez a primeira recomendação de Impasse, o que ela escreveu me arrancou um sorriso enorme e me encheu de orgulho.
Luh, lindas, maravilhosas e perfeitas foram suas palavras e eu espero que esse capítulo te devolva pelo menos um pouquinho da felicidade que eu senti ao lê-las. Mais uma vez, muito obrigada!



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A hipótese apresentada por minha mãe ficou rondando minha cabeça diversas vezes durante os próximos dias, e cada vez ela fazia mais sentido.

Eu estava relutante, porque admitir que tenho ciúmes é o mesmo que confessar a mim que tudo que eu acho que sei sobre meus sentimentos não é verdade e que estou mentindo para mim mesmo sobre isso.

É tão confortável e seguro manter tudo isso na zona de conforto da nossa relação fácil e descomplicada de amigos que eu me recusava até mesmo a pensar mais a fundo na questão, e toda vez que o assunto insistiu em vir a tona eu o espantei como a uma mosca.

—Quem é? - Jefrey me surpreendeu com a pergunta e eu rapidamente apertei o botão que deixou a tela do meu celular escura.

—Uma amiga. - Respondi vagamente deixando o aparelho em cima da mesa e voltando a fixar os olhos na tela do meu computador.

—Anna morreria de ciúmes se eu tivesse uma amiga gata assim e mantivesse uma foto dela no meu celular. - Comentou com um tom de quem claramente duvidava da minha resposta. - E se soubesse que eu fico olhando pra foto dela com essa cara, seria eu a morrer.

Eu ri da sua explicação e tentativa de sondar um pouco mais.

—Então sorte minha nesse momento não ter uma Anna, certo? - Tentei me desviar do assunto.

—O nome dela é outro, então? - Insistiu, se aproveitando da minha deixa.

Achei graça de sua tentativa e tentei voltar minha atenção ao trabalho, mas ele insistiu alguns minutos depois.

—Qual é, Harry, só perguntei o nome. - Defendeu-se antes mesmo que eu dissesse algo.

—Como se a primeira coisa a fazer quando eu te falar não fosse entrar no meu perfil e procurar entre os meus amigos, não é? - Supus, e o jeito como deu de ombros me fez saber que eu estava certo.

—Só estou curioso, oras. - Acrescentou ao gesto.

—Você a conhece, Jefrey.

—Impossível, eu me lembraria. - Seu tom não negava que ele se referia a como Ginny estava bonita na foto que tirou dela mesma com o meu celular na última vez em que estivemos em uma balada, logo depois de Ron sair com Hermione.

—Conhece sim, ela estava comigo aquele dia em que encontrei você e Anna na saída do cinema, lembra?

—Já tem uns três anos que isso aconteceu, não? - Comentou em dúvida e eu assenti. - Agora me lembro, mas você me disse que era uma amiga de infância. - Acusou em dúvida.

—E é. - Reafirmei minha resposta.

Ele abriu a boca para dizer algo mais, mas no exato momento a voz de McGonagall soou me chamando para ir à sua sala e ele rapidamente voltou sua atenção para a caixa de entrada do próprio e-mail.

—Ginny Weasley. - Falei alto o suficiente para que só ele ouvisse.

—O que?

—O nome dela, é Ginny Weasley. - Repeti e ele negou com a cabeça sorrindo de um jeito que me lembrou muito o Rony.

Apanhei meu caderno na gaveta ao lado da minha mesa e atravessei o corredor até a sala da direção. Dei uma batida leve na porta e entrei sem esperar resposta, uma vez que havia sido convidado até ali.

—Com licença. - Pedi e me senti quando ela apontou a cadeira em sua frente.

—Como vai, Potter? - Perguntou apenas por cortesia.

—Muito bem, obrigado, e a senhora? - Repeti a gentileza.

—Bem, obrigada. Chamei o senhor aqui para acompanhar o andamento do projeto sob sua responsabilidade, não recebi nada por enquanto e estou preocupada porque é uma conta importante para nós.

Nossa diretora tinha fama de ser uma pessoa objetiva e bastante exigente com prazos, e isso fazia com que algumas pessoas não gostassem de trabalhar diretamente com ela. Esse foi o primeiro projeto que assumi e que era importante o suficiente para que ela supervisionasse pessoalmente, e de minha parte eu estava gostando da responsabilidade a mim creditada.

—Desculpe, estou acostumado a enviar tudo de uma vez quando pronto. Mas tenho já todo o esboço concluído, estou trabalhando na adequação às expectativas do cliente. Se tiver um tempo eu posso buscar meu computador e te mostrar agora mesmo. - Me desculpei e ofereci como uma maneira de me retratar.

—Eu gostaria, por favor. - Aceitou minha sugestão e eu me apressei a ir até minha mesa e voltar com meu notebook e alguns desenhos.

Passei a próxima hora e meia apresentando o que já tinha desenvolvido até agora e compartilhando minhas ideias para as próximas etapas da implantação. Eu sabia que meu prazo de entrega se esgotaria no final da próxima semana, e a tranquilizei apresentando meu cronograma pessoal de trabalho que indicava que eu estava um dia e meio adiantado.

Ela elogiou meu progresso e minhas ideias dizendo que estava muito satisfatório e dentro de suas expectativas e aproveitou a reunião para me dar algumas sugestões de como fazer algumas coisas, o que acatei sem pestanejar visto sua experiência e tirando disso a possibilidade de aprender com alguém tão bom no que faz.

Saí da sala dela com a informação de que ela gosta de receber atualizações semanais sobre tudo o que gerencia e nossa próxima reunião já agendada para a quarta-feira seguinte.

Ao menos profissionalmente minha vida não poderia estar melhor do que nesse momento.

Como raras vezes até então, precisei trabalhar no final de semana e por isso neguei todos os convites que me fizeram: o de Ron para tomarmos uma cerveja no sábado porque Mione, Luna e Ginny tinham saído juntas e ele estava sem nada para fazer, e o da própria Ginny para a estreia de um filme no domingo, e que particularmente me deixou muito tentado a aceitar, mas eu realmente precisava ter foco na conclusão do meu projeto nesse momento.

Meus pais acharam estranho me ver em casa novamente no sábado, mas entenderam que eu tinha coisas importantes a concluir e não me questionaram mais.

Minha reunião com McGonagall foi repleta de apresentações, elogios e pequenos erros apontados que eu corrigi nos dois dias restantes até a entrega final ao cliente.

Na sexta-feira feira saí do escritório satisfeito com meu desempenho e feliz por ter tido sucesso, assim a primeira coisa que fiz ao pisar na rua foi tirar o telefone do bolso e enviar uma mensagem a Ginny contando como foi.

Sua resposta veio imediata em forma de muitos parabéns e a famosa frase ‘eu tinha certeza que você se daria bem nesse projeto’. Liguei para ela quando entrei no carro para dirigir até minha casa e ativei o auto falante do aparelho para poder conversar durante todo o caminho. Não era a primeira vez que nós fazíamos isso, mas foi a primeira vez que eu notei que o caminho fica mais divertido assim.

Ginny passou boa parte do percurso me contando sobre um livro que está lendo e que aborda as peculiaridades super interessantes de pessoas com diferentes níveis de psicopatia, e eu só conseguia pensar nela deitada em sua cama com as pernas dobradas, usando provavelmente um short curto e camiseta larga, o telefone no ouvido e gestilando para o teto enquanto falava comigo com a maior naturalidade possível.

Sim, era comigo que Ginny Weasley agia espontânea e naturalmente, seja pessoalmente ou por qualquer outro meio de comunicação. E agora, Colin, seu idiota, quem tem mais pontos a favor?

Eu ri de mim mesmo quando esse pensamento ridículo e infantil invadiu minha mente, e ela ouviu:

—O que foi?

—Nada, só é legal ver você falando tão empolgada sobre isso. Desculpe, Gi, mas não consigo achar um psicopata fascinante. - Menti sobre o motivo da risada, mas fui sincero na última parte.

Ela riu da minha resposta também antes de se pronunciar:

—Psicopatas não me fascinam, a mente deles sim. - Corrigiu.

—Sua estranha. - Comentei e ela riu.

—Você vai fazer algo hoje a noite? - Quis saber, mudando o foco do assunto anterior.

—Vou jantar com a minha mãe, e você?

—Nada, hoje vou ficar por aqui mesmo. Minha cama está mais atrativa que qualquer programa. - Respondeu preguiçosamente.

—Quer vir conosco? Passamos aí pra te pegar. - Convidei mesmo assim.

—Não Harry, obrigada. - Negou antes de se explicar. - Hoje não estou com vontade de sair, e além disso não vou atrapalhar o jantar de vocês.

—Você nunca atrapalha. - Afirmei enquanto estacionava o carro em frente à minha casa.

—Eu sei. - Falou convencida e me fez rir. - Mas é melhor não, obrigada pelo convite.

Fiquei ainda mais alguns minutos dentro do carro antes de avisar que já estava em casa e nos despedirmos. Como iria sair dali a pouco não vi necessidade de usar a garagem, e quando abri a porta de casa minha mãe já estava me esperando.

—Demorou para entrar. - Comentou despretensiosa enquanto me dava um beijo.

—Estava conversando com Ginny. - Respondi casualmente, mas já prevendo as perguntas.

—Ah, sim. - Disse apenas, como se isso explicasse tudo. - E ela está bem?

—Sim, está bem. Te mandou um beijo. - Passei o recado e me sentei ao seu lado.

—Obrigada, quando vê-la diga que mandei outro. - Pediu e eu assenti concordando. - Eu gosto muito de Ginny, sabia?

—Sim, você sempre me diz que os Weasleys são pessoas exemplares. - Respondi enquanto tirava do bolso a carteira e a colocava na mesa de centro a nossa frente.

—Sim, eles são mesmo. Mas eu gosto particularmente de Ginny, acho que ela faz bem à você. - Explicou o que quis dizer.

Eu também achava que ela fazia bem a mim, mas os amigos em geral fazem bem para as pessoas, não?

—E desde quando você acha isso? - Questionei me preparando para ouvir que desde há um mês, que foi mais ou menos quando minha mãe começou o que eu já chamava de obsessão por nós dois juntos.

—Desde quando você era criança. - Falou com sinceridade, quebrando todas as minhas expectativas. - Você sempre agiu diferente quando ela estava por perto, não sei explicar como exatamente, mas me parecia que ajudar o Rony a destruir os brinquedos dela não era provocação de irmãos, e sim um meio de chamar a atenção dela pra você.

Não soube o que falar sobre isso, mas ela claramente esperava uma resposta então eu optei por uma brincadeira em tom irônico para mudar a direção dessa conversa:

—Achei que você fosse dizer que era desde um mês atrás. - Ri ao final da minha frase sarcástica, mas ela não me acompanhou.

—Não, foi bem antes. Mas só há um mês vi motivos para te contar isso. - Falou com naturalidade, matando minha tentativa de descontrair.

—Vamos? - Convidei, vendo nisso a única alternativa de mudar se assunto.

—Vamos! - Aceitou meu convite com um sorriso repentino e se levantando de um salto do assento ao meu lado. - Não vejo a hora de ver o lugar que você escolheu.

—Fique tranquila, te garanto que ele está à altura de Lily Potter. - Falei como um elogio, e assim embrenhamos por assuntos mais leves.

Não tivemos pressa para voltar para casa, assim meu pai há muito já havia chegado quando finalmente entramos pela porta da sala de estar. Minha mãe se deitou ao seu lado no sofá, eu me despedi e fui direto para o meu quarto me deitar.

Devido a correria que enfrentei no trabalho nos últimos dias acabei deixando algumas coisas para resolver no sábado, então não pude dormir tanto quanto gostaria. Passei boa parte da manhã no centro da cidade, então decidi almoçar lá mesmo.

Pedi meu lanche no balcão do fast food menos ruim e fui com minha bandeja para uma mesa com vista para a rua e em frente à saída de um dos shoppings que havia em nossa cidade.

Comi sem pressa aproveitando o som ambiente que tocava e olhando o movimento na rua em frente à mim. Terminei meu sanduíche e continuei sentado bebericando meu refrigerante, até que avistei o que descobri não estar de forma alguma preparado para presenciar: Ginny e Collin saindo do shopping de mãos dadas e ele sorrindo encantado enquanto ela dizia algo.

Eles caminharam despreocupados até a calçada e pararam de frente um para o outro. Ela ajeitou a sacola que estava segurando em uma das mãos enquanto dizia algo e ele assentiu antes de puxá-la para um abraço carinhoso. Depois disso eles se separaram alguns centímetros e então se beijaram.

Eu não queria ver aquilo, mas não consegui desviar os olhos dessa cena, a inveja me matando. Mais do que não querer ver, eu não queria que aquilo acontecesse, e eu queria também estar ali no lugar dele.

A cena não durou muito, e no fim cada um foi para um lado. Acompanhei Ginny com o olhar até que ela sumiu de vista e então me concentrei em controlar minha respiração e afrouxar o aperto em torno do meu copo. Eu sentia o monstro rugir dentro de mim, e pela dor que se espelhava ele também deveria estar me arranhando.

Me levantei um tempo depois, apanhei minhas sacolas e fui para casa. Durante todo o caminho eu revi aquela cena, os braços dele em torna dela e a maneira encantado com que a olhava. Se algo em tudo isso ainda me deixava minimamente animado é que ela não o olhava da mesma forma, pelo menos durante o período que os observei.

Coloquei o carro na garagem e passei direto pela sala para o meu quarto. Ouvi da cozinha quando minha mãe me chamou, mas apenas respondi:

—Sim, já cheguei.

Deixei as sacolas de qualquer jeito sobre a minha escrivaninha e não me preocupei em tirar a roupa que estava vestindo antes de me jogar na cama. Coloquei os braços sobre meu rosto para tapar a luz e esperei que a dor passasse, mas isso não acontecia.

—Está tudo bem? - Ouvi a voz da minha mãe e abri os olhos para vê-la parada ao meu lado.

—Sim. - Menti e voltei a me esconder, e ela ficou em silêncio esperando que eu decidisse falar a verdade. - Não. - Me rendi por fim.

Antes de continuar a conversa senti o colchão afundar ao meu lado quando ela se sentou.

—O que foi? - Os próximos segundos de silêncio indicaram que talvez eu não quisesse falar sobre o que aconteceu. - Não quer falar sobre isso?

Respirei fundo e tirei os braços de cima do meu rosto para olhar para ela, e então contei o que era de um jeito que apenas Lily Potter seria capaz de entender:

—Dói, mãe. Dói pra caralho.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal! Como estão?
Harry está assumindo o que sente, e o que será que vai acontecer daqui para frente?
Como dica eu posso dizer que os próximos dois capítulos dividem muito minha opinião: ao mesmo tempo em que são muito importantes para o desenvolvimento da história eles me deixam com um pouco de raiva... hehe
Quero muito saber o que estão achando de tudo, então não deixem de comentar e me dizer!
Obrigada por acompanharem!
Beijos e até o próximo.



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